John abriu os olhos e
fitou o rosto da jovem. O sangue, em abundância, afluia-lhe aos lábios. Sílvia,
que o sustentava, notava a frialdade que se ia apoderando dele.
- Obrigado… - sussurrou John, com voz quase extinta – Eu…
não… quis… alvejá-lo – e o seu moribundo olhar pousou no agente, afastado uns
passos, ainda envaidecido por haver caçado o famoso «Rapid John» tão
facilmente.
Sílvia captou a desesperada mensagem do moribundo. Aquele homem de vida atormentada,
no decorrer da qual roubara as vidas de outros semelhantes, queria expressar
que nunca matou por capricho e que até naquele derradeiro momento não disparou
contra o agente, tendo tempo de sobra para o fazer.
- Sim, John, todos nós vimos isso – disse ela, com os olhos
arrasados de lágrimas. E, num impulso indomável, aproximou os lábios para
beijar o rosto de John.
Ele ainda viu acercar-se aquele rosto maravilhoso e sentiu a
cálida e doce carícia dos seus lábios. Depois, o belo rosto esfumou-se para dar
lugar a outro rosto querido e nunca olvidado, as feições amoráveis da mãe, que
se debruçava sobre ele, com o sorriso doce com que o acarinhava em pequenino.
Depois… nada.
(Coleção Arizona, nº 37)
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