Amava-a. Amava-a da pior maneira que se pode amar: sem
esperanças. Ele não passava dum pobre xerife com as mãos manchadas de sangue e
um passado misterioso… Era pois muito melhor não acalentar esperanças
impossíveis.
De repente, uns gritos atraíram a sua atenção. Não longe
dele, alguém, uma mulher, gritava desesperadamente. Uma rapariga jovem e bonita
cobria a cara com as mãos enquanto um cavaleiro forte e com ar de triunfo a
sacudia por um braço. Outros dois cavaleiros, de aspeto o semelhante ao
primeiro, contemplavam a cena, rindo rudemente.
Um deles, de revólver na mão, mantinha em respeito um grupo
de pessoas que, impotentes, olhavam para o que se estava passando.
O do revólver ria, dizendo:
- Essa rapariga agrada-nos muito, vamos, pois, beijá-la. E
que ninguém se oponha.
- Já te domino, minha menina.
De repente, um tiro soou acima das vozes e dos risos dos
cavaleiros. O que sustinha o revólver viu a arma voltear e ir cair bem longe.
Os outros dois voltaram-se para ver quem ousava ataca-los.
No meio da rua, via-se um homem alto e esbelto que os olhava friamente.
O que ficara desarmado e o seu companheiro soltaram um grito
apavorado:
- Perry Latimer!
Sem acrescentar outra palavra deitaram a correr desaparecendo
rua adiante, impulsionados por um terror sem nome.
Ficou o terceiro cavaleiro, que não pôde fugir logo por
causa da rapariga que o atrapalhava. As suas feições tinham perdido o ar
fanfarrão que até aí ostentavam. Pálido, compreendeu que estava diante do xerife
e que não conseguiria fugir.
Largou a rapariga, tremendo de medo, e exclamou levantando
apressadamente os braços:
- Não, Latimer, não me mate!
E agora? O que vai o xerife, desgostoso com a sua amada, fazer?
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