sábado, 28 de julho de 2018

BUF150.07 As ideias de «Pícaro» Bill

Sheila e «Pícaro» olharam com curiosidade para o recém-chegado.
Iver Clark atravessou rapidamente o aposento e, com o rosto congestionado, apoiando as mãos na secretária e olhando enraivecido para Sheila, explodiu:
— Taylor Adams acaba de prescindir dos meus serviços! Sabe o que isto significa, «miss» Sheila? Que o seu domínio em Dodge City acabou neste momento.
A jovem sorriu-se levemente.
— Vê se te acalmas, Iver. Não estou ainda vencida.
Clark olhou-a apaixonadamente.
— Sheila, deixemos esta cidade maldita. Saiamos daqui com tudo quanto tenha conseguido obter. Eu amo-a. Poderemos ser felizes em qualquer outra parte.
«Pícaro» soltou uma ligeira gargalhada.
— Com um milhão de dólares — comentou, chocarreiro — o amigo Clark acha-se com aptidão para te adorar até aos limites mais inconcebíveis da devoção amorosa. Sinto-me comovido ao contemplar tão elegante «galã». Anda, menina, diz-lhe que sim... e verás como, na primeira oportunidade, este Romeu de cartucheira te torce o pescoço e se fica a rir com a massaroca.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

BUF150.06 Três assassinos

Por mais voltas que desse à imaginação, Sheila Norrit não conseguia compreender a razão por que Elia Wayne a tinha atraiçoado. Acaso não lhe pagava um esplêndido salário?
Como era possível que cento e quarenta mil dólares tivessem quebrantado a lealdade de que lhe era devedor.
Recordava-se de ter escondido o dinheiro e a chave dentro da estatueta na sua presença. Isso não podia negá-lo. Assim como não podia negar que Wayne tinha entregue a Omar a chave que servira para fazer o duplicado e ainda que o xerife tinha encontrado, na presença de quantos ali se encontravam, tanto o dinheiro como a chave, nas algibeiras do cadáver.
Começava a sentir-se inquieta. Porque se tinha comportado com tanta perfídia... um homem que parecia doido por ela? De uma maneira geral, também Accard, Entig, Clark, O'Dwyer e Pícaro se mostravam fascinados por ela. Até que ponto, porém, podia estar segura da paixão que afirmavam ter por si?
Wayne não tinha resistido à tentação de se apropriar de cento e quarenta mil dólares! Qual seria o preço que, daí por diante, os outros iam exigir-lhe pela sua fidelidade?
O único para quem o dinheiro parecia não valer um chavo era «Pícaro» Bill. Esse apenas demonstrava interesse pela sua pessoa.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

BUF150.05 «Pícaro» em ação

Luciano empurrou a porta do comissariado e entrou com o mesmo aspeto de um cachorro vagabundo que tivesse sido espancado.
— Não há direito! — disse, com ar lastimoso.
Cumberlan e Bellamy voltaram-se para ele.
— Que aconteceu, amigo Luciano? Alguém o maltratou?
O pequeno mexicano fingiu que engolia uma lágrima.
— Bill acaba de me desprezar... — declarou, pesaroso.
Os outros entreolharam-se, surpreendidos, e cravaram os olhos em «Colosso».
— Isto traz água no bico... — murmurou Chuck, mastigando as palavras. — Dois homens tão amigos que mais pareciam unha com carne!
— Pois a amizade... desfez-se. E tudo isto porquê ? Por culpa exclusiva dessa maldita mulher do «Sky--Saloon» -- exclamou Luciano. — Bill encontra-se completamente transtornado!
Olhou à sua volta procurando, um lugar para sentar-se. «Doc» sussurrou ao «marshal»:
— Disseste uma vez que «Pícaro» era dedicado e leal com os amigos, mas...
— Disse e repito — afirmou o «marshal», meio carrancudo meio sorridente. — O que acontece é que «Pícaro» é muito mais esperto do que nós pensamos. «Ele não se zangou com Luciano». Isto não passa de um truque de «Pícaro».
— Um truque? Para quê?

quarta-feira, 25 de julho de 2018

BUF150.04 Propostas aliciantes

Sheila murmurou, dengosamente:
— És um homem excecional!
— Não sejas mentirosa, boneca. Dizes-me a mim o mesmo que dizes aos outros.
Ela olhou-o pesarosa.
— Estás convencido que os amei como a ti? Tu és o único que me tens feito vibrar!
— Queres referir-te ao bofetão?
 A jovem abraçou-o apaixonadamente.
— Refiro-me apenas a ti.
— Se é assim… — disse Bill, tranquilamente —, não digas vulgaridades... isso é o mesmo que me dizem todas as outras, que não há no mundo outro como eu! Diabo de mania! Entreolharam-se, sorridentes.
— Parece que começo a conhecer-te, Bill. Levas tudo para a brincadeira.
— Estás a fazer progressos.
— Em compensação, portas-te com a maior hombridade!
Ele sorriu-se ligeiramente.
—Porque dizes isso?
— Porque sei que esta manhã desarmaste O'Dwyer e esta noite puseste fora de combate três dos meus homens, ante os meus próprios olhos. Isto não é fazer pouco, William.

terça-feira, 24 de julho de 2018

BUF150.03 A... "solução"

As salas do «Sky-Saloon» resplandeciam de luzes e de animação. A assistência era qualquer coisa de excecional naquela noite. Por toda a parte se viam as caras conhecidas dos elementos mais representativos de Dodge City.
Archie Skelton atendia delicadamente todos os cavalheiros, enquanto lançava olhares ardentes na direção de Sheila Dorrit que, por sua vez, se desfazia em atenções para com as damas.
Uma orquestra vinda expressamente de Kansas City, para abrilhantar aquele dia memorável, iniciava os primeiros compassos de uma valsa.
Os criados, impecavelmente vestidos, atendiam os convidados o melhor que lhes era possível.
Archie Skelton, pedindo desculpa aos seus amigos e intimamente convencido de que era seguido pelos seus invejosos olhares, dirigiu-se ao encontro de Sheila a fim de a convidar para aquela dança.
— Não posso recusar — disse a jovem sorrindo com galanteria e virando-se, seguidamente, para as senhoras presentes. — Não acham que é assim? Tratando-se, de mais a mais de um meu sócio, parece que deverei manter com ele as melhores relações.
As damas esboçaram um sorriso.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

BUF150.02 As ideias do xerife Chuck Cumberlan

«Doc» Bellamy perguntou, curioso:
— Porque te mostras tão irritado? Sheila Dorrit é a mulher mais encantadora que já existiu em Dodge City!...
As frias pupilas do «marshal» cravaram-se no rosto do médico. Bellamy apressou-se a acrescentar:
— Pondo de parte, está claro, a tua esposa. «Goody» é a mulher mais encantadora que...
— «...que já existiu no mundo inteiro» — interveio Chuck, carrancudo. E prosseguiu: —Oiça, «Doc». A questão não é essa. «Miss» Dorrit, apesar de todos os seus encantos e das suas delicadas maneiras, «constitui um perigo para toda a cidade».
—Como ousas tu fazer uma tal afirmação? — perguntou o médico, escandalizado.

domingo, 22 de julho de 2018

BUF150.01. Julgamento em Besbee

O promotor de Justiça do Condado de Besbee voltou-se para a bancada do júri com solenidade afetada. O juiz-presidente do tribunal incitou-o a prosseguir, num tom de voz lento e ao mesmo tempo áspero:
-- Pode continuar.
O promotor respirou fundo. Era um maravilhoso dia de Julho. O sol entrava a jorros pelas janelas da sala das audiências. As árvores que de ali se avistavam agitavam brandamente as suas ramagens, cujas folhas apresentavam belos reflexos verde-claros. O céu era de um azul-vivo e transparente.

sábado, 21 de julho de 2018

Reecontro com "Um como tantos"

 
A bela Sheila Dorrit, com um passado invejável do qual constavam alguns anos de prisão por ter acompanhado uma quadrilha de ladrões, concebeu o ambicioso plano de se apoderar dos estabelecimentos principais de Dodge City usando para isso os seus encantos e o dinheiro que guardara da sua vida de assaltos.
Mas a chegada à cidade de «Pícaro» Bill e do seu indissociável amigo acaba por frustrar os planos da jovem beldade que acabou por perder uma parte substancial da sua fortuna a favor de obras sociais.
Eis um relato integral sempre no estilo bem humorado de Ricky Dickinson.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

ARZ166.08 Regresso e derrota de «Cabeça de Alce»

Quando os dois sujeitos, meia hora mais tarde, atravessavam o curso de água que corria pelo fundo do desfiladeiro, surpreenderam-se com a autoritária voz que provinha das sombras da vegetação:
— Não façam nenhum movimento. Um de vocês morreria, imediatamente, como morrerão se não me disserem quem planeou tudo isto.
Os dois patifes emudeceram.
— Vamos, falem!
— Quem é você?
— O homem a quem acabaram de «assassinar».
Um dos bandidos reagiu, «sacando» o revólver, lestamente. Sam limitou-se a cumprir o que ameaçara, mas não atirou a matar, contentando-se a desarmá-lo. A bala alcançou a mão assassina e o homem gritou de dor, ao mesmo tempo que soltava a arma.
O outro aproveitou a ocasião para deitar a mão ao revólver. E teria conseguido os seus propósitos se Sam não houvesse atuado tão rapidamente. Talvez por isso, não pôde afinar a pontaria e alcançou o bandido em cheio, derrubando-o do cavalo.
—Não posso perder mais tempo. Mataram-me o cavalo e, agora, terei de me servir desse. Aliás, levarei os dois.

terça-feira, 17 de julho de 2018

ARZ166.07 O agente do Comissário para o assunto dos índios

— Tenho más noticias — murmurou o coronel Morgan.
Sobre a sua mesa de trabalho, encontrava-se um despacho recém-chegado de Washington. Sam franziu as sobrancelhas.
— Que diz esse papel?
— Que vão enviar, expressamente, um agente do Comissário para os assuntos dos índios.
— Um agente?
— Sim... Preferem mandar apenas um homem, até que tenham notícias mais concretas sobre o sucedido... Não tenho a menor dúvida que, a ser verdade isso do ouro, obrigarão os «cherokees» a irem para outra Reserva.
— Não é justo — protestou Johnny.
— Eu não dou ordens, filho — retorquiu o militar. —Limito-me a fazer cumprir as que recebo e, neste momento, estou amarrado de pés e mãos... Pelo menos, até à chegada desse agente.
Sam, de súbito, pareceu tomar uma resolução.
— Falarei com o Presidente, se for necessário. Vou partir, imediatamente para Washington. Há que evitar esta guerra, custe o que custar, e um enviado do Comissário não resolverá nada conforme estão as coisas.
— Estou de acordo contigo, Sam, e oxalá tenhas sorte.
Naquela mesma tarde, Samuel Erikman montou a cavalo e iniciou a sua longa viagem para Washington.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

ARZ166.06 Nirva corre perigo

— Não sei do que estão a falar — replicou o dono da taberna, do outro lado do balcão.
Era Samuel quem interrogava, enquanto Johnny se mantinha na expectativa, observando todos os cantos do local.
-- Talvez precises que te refresque a memória, Brown... Estamos a falar de três tipos que, sem alimentos, já teriam morrido.
— Repito que não sei nada. Sou comerciante.
Sam, inesperadamente, estendeu os braços por cima do balcão e sujeitou o outro pela camisa, atraindo-o, a si e demonstrando, uma vez mais, todo o seu vigor e fortaleza física ainda na plenitude.
— Com quem diabos julgas que estás a falar?
— Larga-me, Sam!
Bem longe de lhe obedecer, Sam puxou-o por cima do balcão, levando Brown a atirar ao chão, e a partir, uns copos e uma garrafa de uísque.
Um tipo, de arma em punho, saiu de um dos cantos da taberna. Johnny deu-se conta do facto e, acto contínuo, disparou o revólver. O desprevenido sujeito viu como a arma se lhe escapava das mãos e, então, procurou a ajuda de um banco, que agarrou e arremessou, violentamente.

domingo, 15 de julho de 2018

ARZ166.05 Ouro... maldito ouro

Era um tipo franzino e com muito mau aspeto, que tinha uma pequena cabana no povoado de Shangow, a uma centena de milhas de Chattahoochee.
Chamava-se Fergusson e eram muitos os que acudiam a ele. Não o faziam por gosto, claro, mas sim por necessidade. Fergusson era como uma espécie de usurário e fora à custa da infelicidade dos outros que amealhara uma razoável fortuna.
Apesar da sua sovinice, ultimamente vinha gastando mais do que o usual na taberna do povoado, um tugúrio muito igual ao que Brown explorava na cidade vizinha.
Inclusive, muitas pessoas o tinham visto bêbedo, o que não era nada normal, já que Fergusson costumava beber
em casa e das garrafas que comprava a qualquer vendedor ambulante por lhe ficarem mais baratas. As consequências das suas bebedeiras não se fizeram esperar. Alguém lhe desatou a língua com a maior facilidade.
— Encontraste algum tesouro, velho avarento ?

sábado, 14 de julho de 2018

ARZ166.04 A taberna dos planos sinistros

Brown era homem de poucos escrúpulos. Nunca se conseguira provar nada contra ele, mas mais de um perdera as suas peles na taberna que possuía nos arredo-res da cidade. Vendia as peles que os caçadores lhe levavam e que ele pagava por baixo preço. Outras vezes, as peles nada lhe custavam, já que, ajudado por um pequeno grupo de indesejáveis, recuperava o dinheiro depois de embebedar o incauto vendedor.
Além dessas façanhas, que nada o abonavam, organi-zava partidas de dados ou de cartas com os «espertos» que nunca lhe faltavam. A sua taberna, no entanto, era bastante concorrida, porque constituía a única diversão de uns quantos homens que trabalhavam do nascer do dia até noite cerrada, labu-tando nas terras onde haviam fundado os seus lares.
Larry era um velho conhecido de Brown e sabia que poderia tratar com ele. Assim, algumas noites mais tarde, quando já se dava por perdida a pista dos três facínoras, o próprio Larry, aproveitando-se da escuridão, chegou até às traseiras da taberna.
Bateu, discretamente, à porta e foi-lhe franqueada a entrada por uma rapariga que usava um provocante vestido e que, pelos seus gestos e maneira de se apresenta denotava a classe a que pertencia.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

ARZ166.03 Romance interrompido por conversa preocupante


 


Chattahoochee, mil oitocentos e vinte e quatro.

Dezasseis anos haviam decorrido desde que «Cabeça de Alce» quase provocara uma nova guerra entre os brancos e o povo «cherokee». Johnny ,entretanto, convertera-se num mocetão, hábil caçador, forte com os punhos e certeiro com os ainda rudimentares revólveres.
Depois de alguns anos de ausência, Sam Erikman decidira ficar, definitivamente, em Chattahoochee. O que antes não passava de uma simples cabana, onde ele e o filho estavam algum tempo todos os anos, trans-formara-se numa pequena granja. E ainda que o forte caçador, a quem os anos pareciam não pesar — contava, à altura, quarenta e sete — conser-vasse o seu antigo vigor, pensou que vinha sendo tempo de assentar em algum lugar, abandonando aquela vida de nómada.
Por outro lado, Johnny, com vinte e seis anos, já tinha idade suficiente para ir pensando em fixar-se num sitio determinado e fora ele, precisamente, quem escolhera Chattahoochee para viverem. Sam conhecia, de sobra, os motivos daquela escolha. Os encantadores motivos que tanto fascinavam o filho.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

ARZ166.02 A derrota de «Cabeça de Alce»

Johnny insistia em acompanhar o pai.
—Nunca nos separámos e eu não tenho medo de «Cabeça de Alce» — disse, com a sua voz infantil.
Sam acabou por aceitar a companhia do filho. Na verdade, desde que a mãe morrera, raras vezes se afastara do garoto. Mais do que seu filho, Johnny convertera-se no seu melhor amigo. Tratava-o como a um homem e ensinara-lhe tudo o que um verdadeiro homem deveria saber. A garota ficou no acampamento, entregue aos cuidados da mulher de «Grande Trovão».
Entretanto... «Raposa Cinzenta», que se adiantara aos Erikman, aguardava-os numa rochosa colina. Via-os galopar pela planície e pensou que já não teria tempo de avisar «Cabeça de Alce». Por outro lado, se fizesse sinais de fumo, seriam vistos não só do acampamento mas também pelos Erikman. Por isso, chegou à conclusão de que o melhor seria deter a marcha dos dois cavaleiros. E, se possível, detê-la para sempre.
Com a ajuda de um pau, começou a remover uma enorme pedra, com a intenção de bloquear o caminho.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

ARZ166.01 Ataque à caravana

Nos princípios do século XIX, as montanhas Cherokees, da Geórgia, foram testemunhas de incontáveis guerras entre os índios e os colonos que acorriam a estabelecer-se no Oeste. Firmaram-se vários tratados de paz, sistematicamente quebrados quer por uma quer por outra das partes.
Um dos homens que mais fizeram pela sã convivência entre brancos e peles-vermelhas foi o caçador Samuel Erikman.
Sam perdera a sua jovem esposa e restava-lhe, apenas, o seu filho Johnny. O garoto crescera sem outra companhia que o pai e, aos dez anos, sabia quase tudo o que um bom caçador deve saber.
Acompanhava, frequentemente, o pai nas caçadas, ou quando ele guiava algumas das caravanas que se aventuravam pelo Oeste.
Alguns emigrantes, confiados no último tratado de paz, atreviam-se a atravessar, sozinhos, as montanhas. Mas, no entardecer de um dia do mês de Maio de 1808... «Cabeça de Alce», à frente de trinta guerreiros, observava a passagem de uma das muitas caravanas, pelo fim do desfiladeiro de Chattahoochee.
— Belos dez carros — murmurou.
«Raposa Cinzenta», envergando uma pele da mesma cor do animal que lhe dava o nome, assentiu:
— Será difícil surpreendê-los.
— Esperem até que eu dê o sinal— continuou o chefe daquele grupo de «cherokees» disposto ao ataque.

terça-feira, 10 de julho de 2018

ARZ166. «Cherokee"!

 
(Coleção Arizona, nº 166)
 
Afastada a influência de um índio rebelde, «Cabeça de Alce», que conduziu a nação «Cherokee» a alguns morticínio, Sam Elkman e o seu filho Johnny viviam em comunhão com os índios. Uma jovem adotada por estes na altura dos massacres era a paixão de Johnny.
Mas a descoberta de pepitas de ouro por alguns indivíduos sem escrúpulos foi a gota de água para esta paz ser quebrada.
Vic Logan faz-nos uma excelente narrativa deste conflito que aqui vamos reproduzir por inteiro.

ARZ165. O pistoleiro enigmático

(Coleção Arizona, nº 165). Capa e texto indisponíveis

sexta-feira, 6 de julho de 2018

BUF169. A fama do outro

 
(Coleção Búfalo, nº 169)
 
Na Califórnia, na região de Soledad um homem utilizava mão de obra de pessoas chinesas em condições semelhantes a escravatura. Chegava ao extremo de os matar e abandonar quando as autoridades lhe apertavam o cerco.
Um representante da lei, Sybil La Platta, procurava por todos os meios contrariar este tráfico e pouco a pouco o seu nome ultrapassou as fronteiras do local onde habitava.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

BUF168.7 O heroi John Pistol

Quatro cavaleiros seguiam pelo caminho que conduzia ao rancho de Liberman. A noite estava escuríssima, e o vento soprava em rajadas. Atravessaram o ribeiro que separava o terreno de Liberman, do de outro rancho confinante. Abrandaram o galope.
— Não há uma única luz... — disse o xerife. — Talvez não esteja no rancho.
— Se não estivesse, tê-lo-íamos visto em San Ângelo... — respondeu John. — Deve estar numa das outras construções.
Chegaram perto das casas. O único ruído que se ouvia era o do vento. Desmontaram e encaminharam-se para a porta. Parrot bateu. Esperaram. Ninguém respondeu. Só o vento continuava a fazer-se ouvir, gemendo entre as ramadas das árvores.
— Olhe, xerife! Há uma luz naquele barracão, à esquerda.
— Já vejo. São os estábulos. Vamos para lá. Não nos ouviu.
Avançaram na direção dos estábulos, em passos cautelosos. Sabiam que em qualquer momento podiam ser alvejados. Aproximaram-se do barracão. As portas eram de correr, e não estavam completamente unidas. Parrot e John olharam para o interior.
— Ali o temos... — sussurrou o xerife. — Não deve saber do que aconteceu na povoação. Julgas que tenha falado com Pericot?
— Com certeza. Combinaram uni plano.
— Que saiu errado. Bem, vamos.
Os quatro homens empurraram as portas e ficaram no limiar, mudos, com as mãos perto das armas.
— Olá, Liberman!

quarta-feira, 4 de julho de 2018

BUF168.6 O chefe escondido

Pericot Bryan olhou desdenhosamente para o xerife. Era o olhar de um homem que se julgava superior.
— Liberman? Lembro-me perfeitamente. Um magnífico jogador, o melhor que passou por Oklahoma. Que há com ele?
— Um acontecimento que se deu há cinco anos. A morte de Nancy.
— Quem foi Nancy?
— Não pergunte, Pericot. Conhece-a bem, isto é, conheceu-a.
— Nancy? O nome é bonito.
— E Glondy? Agrada-lhe?
— Glondy?... — Pericot deu uma palmada na testa. — Homem, conheci uma rapariga com esse nome, que trabalhou no meu saloon.
— Agora está em San Ângelo. ~
— Mestiça, não? Bonita, mas muito arisca. Que faz aqui?
— É noiva de Buck. Casarão em breve.
— Tem sorte, esse Buck. Não sei como conseguiu domá-la.
— Falemos de Nancy. Frequentava o seu saloon...
— Talvez. Passaram muitas por lá.
— Esta era diferente. Tinha relações com você... talvez relações comerciais...
— Não, isso não. Eu trabalho sozinho, nunca admito sócios, nos negócios que faço.
— Recorda-se de Nancy, ou não?
— Não.
— Está a mentir. Nancy testemunhou a favor de você e de Liberman, no caso da morte de um vaqueiro.
Pericot hesitou. Depois levantou a cabeça, pensativo.

terça-feira, 3 de julho de 2018

BUF168.5 A sombra da forca

Parrot não podia consentir naquilo. Se John tivesse de ser enforcado, seria conforme a Lei, depois do julgamento e da sentença. Durante a estranha cena passada no silo, tinham sido descobertas coisas significativas. Ninguém podia afirmar que John Pistol fosse realmente o culpado. A sombra da forca também pairava sobre outros. Sobre Liberman, em especial.
Convinha estudar o assunto, dar tempo ao tempo, convocar os juízes, verificar se havia de facto uma estreita ligação entre os acontecimentos de Oklahoma e os de San Ângelo.
— Larguem esse homem!... — ordenou bruscamente o xerife, tendo tomado a sua decisão. — Será julgado legalmente! Ninguém vai enforcá-lo agora!
Mirriat repeliu a intervenção do xerife, com um gesto resoluto. Sentia ferver o sangue. Gozava acariciando a corda que tinha entre as mãos, e só a largaria quando o suposto criminoso estivesse pendurado pelo pescoço. Encontravam-se perto de um álamo de grande porte, junto do rio.
Agora já não eram quinze os vaqueiros que exigiam a vida de John Pistol. Eram mais de cinquenta. Em todo o terreno, à volta, havia gente à espera de assistir ao enforcamento. As quatro mulheres de Trinity Street também lá estavam, atentas.
— Nada de voltar atrás, xerife. A sentença foi ditada por toda a população. Mais vale enforcá-lo hoje do que amanhã.
— Não! É preciso esclarecer muita coisa.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

BUF168.4 O testemunho das comadres de Trinity

A presença das comadres, à porta do silo, provocou uma expectativa maior do que a odisseia de John Pistol. Expectativa e risos.
Eram quatro mulheres, entre os quarenta e cinco e os sessenta anos. Vestiam severamente de negro, muito embiocadas. Uma delas usava lunetas, outra era coxa, a terceira tinha feições aduncas de ave noturna, e a última sofria de um tique nervoso que lhe contraía a cada momento a cara.
Chegaram acompanhadas por Glondy e por dois vaqueiros, a quem o xerife ordenara que as fossem buscar. Tinham falado umas com as outras e haviam concordado imediatamente em dar o seu testemunho, no original julgamento.
— Suba, senhora Hopi. Nenhum mal lhes sucederá... — declarou o xerife, que tinha descido para as receber.
— Não se preocupe, xerife. Não temos medo. Alegra-nos poder colaborar consigo para esclarecer o crime do rancho de John Pistol.
Subiram as escadas, muito empertigadas, seguidas pela curiosidade de todos. Por vezes uma delas chegava-se mais a outra e dizia-lhe qualquer coisa ao ouvido. E as outras faziam gestos de suficiência.
— Onde está John Pistol?... — perguntou a menos velha das quatro, quando chegaram ao último pavimento.

domingo, 1 de julho de 2018

BUF168.3 Umas horas para demonstrar a inocência

Era uma linda manhã. John tinha assistido ao amanhecer de muitos dias, na planície e na montanha, mas nenhum o emocionara tanto como aquele.
O sol, grande e doirado, surgia majestosamente por detrás das montanhas, iluminando tudo. O céu era de um azul muito limpo e calmo.
John olhava, atento. Deixou escapar um lento suspiro. Tinha dentro de si uma vaga sensação de esperança. Confiava no destino. Tinha-se precipitado ao entrar abertamente na povoação, pensando apenas em descobrir o assassino. E não o desesperava o facto de estar prisioneiro no grande silo. Sabia que, entre aquela gente que o cercava, em baixo, devia estar o assassino que procurava.
— Aí vem Buck, o miserável... — murmurou, vendo que o vaqueiro se reunia ao grupo de Parrot.
Buck falava acaloradamente com o xerife, ao mesmo tempo que esfregava as mãos. A conversa referia-se a John, sem dúvida. Pelos gestos de Buck, parecia evidente que incitava Parrot a acabar de uma vez com a situação. O vaqueiro adiantou-se alguns passos e levantou a cabeça, olhando para a janela alta, que estava aberta.
— Nada ganhas com isso, John!... — bradou. —Assim que soube que estavas aqui, corri a San Ângelo. Vais morrer. Esperei ansiosamente esta hora.