terça-feira, 31 de janeiro de 2023

CLT017.07. A última esperança reside numa mulher apaixonada

 Peter fez uma careta de estupefação.

— A própria noiva do morto?... Por cinquenta mil garrafas de «whisky»! Se foi ela precisamente quem teve a culpa de te apanharem em sua casa!... Que classe de loucura é essa?

— Escuta, Peter. Tu sairás daqui esta noite à meia-noite. Restam-me ainda seis horas. E quando I ousares os pés na rua, vais direito a casa de Lídia Howells e contas-lhe as minhas suspeitas.

— Dirá que sonhaste.

— Lídia conhece perfeitamente os sentimentos de Ronald Donovan a seu respeito. Quem sabe, talvez julgue interessante a minha ideia. E a minha última oportunidade.

— Nunca ouvi maior disparate em toda a minha vida. Como vai ela prestar-se para uma coisa dessas? Teria de entrar no escritório com um revólver escondido debaixo da roupa, surpreender Smilles e Luke, apanhar as chaves e abrir-te a porta. Como vai ela fazer isso, quando se trata precisamente do homem que está condenado por ter matado o seu futuro marido?... Oh, não!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

CLT017.06. Condenado à forca

 — Levante-se o acusado para ouvir a sentença do Júri— disse o juiz Arthur Frinch.

Tony Trevor pôs-se de pé. O escrivão do tribunal aproximou-se do estrado do Júri e recolheu do presidente um papel dobrado, que entregou ao juiz. Este desdobrou o papel e leu o conteúdo do mesmo por cima dos óculos. Em seguida, anunciou:

— Os doze homens que constituem o Júri declaram culpado o réu.

Houve uma ligeira agitação na sala e o juiz deu duas marteladas na mesa.

— Silêncio ou ordeno que a sala seja evacuada.

Quando os rumores se extinguiram Frinch olhou para Tony Trevor e disse:

— De acordo com as leis deste Estado, eu te condeno, Anthony Trevor, a ser pendurado numa árvore e enforcado até que o teu corpo exale o último suspiro. A sentença será levada a cabo no próximo dia catorze às seis horas da manhã. Está encerrada a sessão.

domingo, 29 de janeiro de 2023

CLT017.05. Uma noiva desesperada e armada

Tony Trevor sentiu um calafrio pela espinha. Fechou a porta que tinha na sua frente e voltou a cabeça enquanto levantava a pistola um pouco. A voz dela soou outra vez forte e seca:

— Tem dois segundos para deixar cair a arma no chão!... Um!...

Tony abriu a mão e o «Colt» caiu no chão.

— Muito bem — disse Lídia. — Agora volte-se.

Tony girou sobre os calcanhares e contemplou a outra parede do quarto. Os olhos de Lídia relampeavam de ira e o seu peito agitava-se. Por cima da sua cabeça, pregada á parede, havia uma vitrine. Nesta notava-se o sítio onde tinha sido tirado o revólver que a jovem lhe apontava.

— Que se passa, senhora? — disse Tony. — Não compreendo a sua atitude.

Ela abanou a cabeça e sorriu sem vontade.

sábado, 28 de janeiro de 2023

CLT017.04. Um javali acossado por cães

Tony Trevor deu conta perfeita da sua situação. Antes de cinco minutos encontrar-se-ia encurralado.

Enquanto corria junto à parede de uma casa, olhou até ao fundo da rua, pedindo ao céu que houvesse ali um cavalo, mas não teve sorte. A rua estava deserta.

Podia travar uma luta de morte com os seus revólveres, mas, que ganhava com isso? Mataria meia dúzia de homens e em seguida... se não sucumbisse também na luta, não havia poder divino nem humano que o livrasse da forca.

Mordeu o lábio inferior até fazer sangue.

Nesse momento viu uma janela aberta. Foi algo instintivo. Não se deteve a pensar. Passou uma perna para o outro lado e logo a outra, deslizando silenciosamente para o interior.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

CLT017.03. Fuga frustrada

Soou um estampido.

Ronald soltou um grito e deixou cair a arma. Em seguida Tony deu um salto para trás enquanto movia o revólver em forma de leque.

— Quietos, todos!... Todo aquele que se mover leva um tiro!

A sua mão direita não ficou parada. Puxou a pistola .do mesmo lado. Luke largou o revólver antes de Tony acabar o seu aviso.

Carrol mostrou-se mais teimoso, mas ao ver o olhar frio do forasteiro, estendeu o braço e encostou a espingarda a uma cadeira. Somente Smilles conservava a sua pistola, mas continuava a apontar para o chão.

Na janela não se via ninguém. Aquela parte da rua havia ficado deserta ao dar-se o disparo.

Ronald agarrou na mão esquerda e soltou uma ameaça:

— Maldito!... Hás-de pagar isto caro!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

CLT017.02. Uma sela suja de sangue seco

Trevor ficou com a mão no ar, e o dinheiro entre os dedos, e voltou os olhos observando o revólver que o «sheriff» apontava.

— Que se passa? — inquiriu com surpresa.

— E você que vai responder a umas perguntas. E sou eu quem as vai fazer.

— Que mosca lhe mordeu?

Trevor começou a baixar o braço. Ronald e Luke avançaram cada um empunhando um revólver.

— Cuidado, Trevor! — advertiu-o Smilles. — E possível que chegue a tocar num dos seus revólveres, mas antes que possa apertar o gatilho o seu corpo ficará crivado de balas.

O jovem observou os três negros canos, que convergiam para o seu corpo e sacudiu a cabeça.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

CLT017.01 A chegada de um homem enerva as autoridades da pacífica Pau Verde

Tim Farr varria, pela terceira vez, naquela manhã o passeio fronteiro à barbearia. Era o trabalho que menos gostava, mas o seu patrão, Carrol Larsen, não podia vê-lo parado ou sentado numa cadeira esperando um cliente e Tim agora resmungava baixo parque o tinham mandado para a rua precisamente quando tinha mais interesse em estar lá dentro.

Gostava de falar com o «sheriff» Smilles, e era o representante da Lei a quem nesse momento o seu patrão estava fazendo a barba.

Tim tinha só dezasseis anos. Não gostava da sua profissão e Deus sabia bem que estava ali à força. Sua mãe era muito amiga de Carrol e aquele velho rabugento, necessitando de um empregado, conseguira convencer a velhota para ter a sua colaboração. E, tudo por dois dólares por semana! Maldita sorte! Que raio de justiça havia na terra! Carrol enganava-se ao pensar que ele aguentaria muito tempo aquele negócio.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

CLT017. É altura de conhecer «Um para a forca»

 

Um homem de honestidade inquestionável, excelente no manejo de armas, que gozava das simpatias da população de Pau Verde, uma pequena aldeia perto de El Paso, e que exercia funções financeiras na Anaconda Company, desapareceu sem deixar rasto.

Depois de buscas infrutíferas, foi com enorme surpresa que os habitantes da aldeia viram chegar um forasteiro montando o seu cavalo o qual, ainda por cima, ostentava manchas de sangue na sela.

Tanto bastou para o considerarem culpado do desaparecimento do conterrâneo e tentarem apanhá-lo para o julgar por assassínio o que indubitavelmente o conduziria à forca. Mas, apesar das suas tentativas, o presumido homicida escapou com estranha cumplicidade e tudo fez para não ser «Um para a forca».

Eis um livro interessante de Keith Luger apesar de muito centrado nos duelos da personagem central para escapar aos esforços das autoridades e dos populares que o perseguiam. A presença de uma jovem muito bonita que mais tarde se soube ser a noiva do desaparecido dá indubitável sabor à novela. Por outro lado, é algo estranho o início do livro concentrando a atenção num miúdo, Tim Farr, que aspirava a ser ajudante de xerife e que parecia ir ter papel fulcral na história. A verdade é que não voltou a ser falado, mesmo quando o xerife Smilles entendeu mudar de ajudantes.

A tradução de Francisco Silva, não sendo confrangedora, faz-nos lembrar por vezes o português do Brasil.



Deixamos a imagem de algumas páginas deste livro onde podemos recordar os primeiros títulos da Coleção Colt e alguma publicidade a outras obras publicadas pela IBIS.

Na contracapa encontramos mais uma estrela (Virginia Mayo) da chuva de estrelas que então se divulgava amplamente nos livros da IBIS.

domingo, 15 de janeiro de 2023

CWB299.10 Encontro com o assassino de Cheyenne


A rua estava silenciosa. Donkey parou em frente do "Saloon" de Spencer, acendeu um cigarro e entrou.

Olhou à sua volta. Spencer estava sentado numa mesa, acompanhado de dois dos seus pistoleiros. O resto da clientela não oferecia interesse algum para ele.

Donkey pensou no xerife Porter quando se aproximou da mesa ocupada pelo dono do "Saloon". Viu-o empalidecer extremamente, mas reagir de pronto à sua aproximação.

— Com mil demónios, Donkey! Que procura você aqui a estas horas?

sábado, 14 de janeiro de 2023

CWB299.09 How are you, Mistress Donkey?


Porter saltou no seu assento ao ver aparecer-lhe na frente aquele homem coberto de poeira e suor. Tentou ainda levar a mão ao seu revólver, mas já Donkey o alvejava com o seu.

— Quieto, Porter — disse friamente —. Esteja tranquilo... e sentado.

O xerife voltou a deixar-se cair na cadeira, de onde por momentos se erguera.

— Porque fez isso, Donkey? Porquê? E precisamente agora que recebi isto de Cheyenne — mostrou um largo sobrescrito —. É do xerife de Cheyenne, e chegou precisamente quando "mister” Miller se apresentou aqui, para me participar que você lhe raptou a filha. Isso paga-se com uma corda ao pescoço, sabia?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

CWB299.08 Emboscada em La Junta


Ainda dormia, tal como uma criança, quando Donkey abandonou o quarto e foi ao estábulo selar os dois cavalos, trazendo-os, a seguir, para a porta do hotel.
Foi nesse momento que descortinou dois pistoleiros na rua. Não os conhecia, nunca os vira na sua vida, mas Donkey estava certo de terem vindo de Pueblo na sua pegada, talvez enviados por Spencer.
Não se enganava, pois um deles, que nesse instante descia do passeio para a rua, perguntou — lhe ao chegar ao centro desta:
— Joe Donkey, não é verdade?
— Exatamente.
— Eu chamo-me Jones e, na companhia do meu amigo Lass, temos vindo no vosso encalço.
— Sim? E que pretendem de mim? 
— Bem... trata-se apenas de lhe dar um recado. O caso é que não deve voltar a Pueblo, compreende?

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

CWB299.07 Ataque, seguido de rapto e reconciliação


Na manhã seguinte, Donkey abandonava a povoação e tomava o caminho de Arkansas. Sem saber porquê tinha uma predileção especial por aquele lugar.

De uma pequena lomba situada à sua esquerda, Hellen viu-o aproximar-se. O seu belo rosto contraiu-se, indefinivelmente, e, com uma lentidão calafriante, como se tivesse medo de que Donkey a ouvisse, acionou a palanca do rifle. Aguardou atentamente, durante mais alguns instantes, até que, repentinamente, ergueu a arma a centrou o ponto de mira na mira na cabeça de Donkey. Apertou o gatilho.

Mais além, o cavalo que este montava, pareceu espantar-se, já o pesado projétil viajava naquela direção.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

CWB299.06 Os assassinos conspiram


Elmer Tracy entrou em Pueblo por uma das suas ruelas e desmontou em frente de uma casa de mísero aspeto.

Estava furioso. Hellen fora sua prometida em Cheyenne, até ao dia em que os Donkey se haviam proposto a ajudar os Miller a levantar o seu rancho e a rapariga rompeu o seu compromisso, dispondo-se a casar com Joe. Mas Jim, irmão de Hellen, opusera-se por seu lado ao casamento e houve quem o ouvisse, na véspera da cerimónia, ameaçar Donkey de morte se a mesma se realizasse.

Donkey rira-se da ameaça, mas, no dia seguinte, ele matava Jim Miller pelas costas. O seu "Colt", caído junto do cadáver, assim o testemunhava.

Depois a fuga, a perseguição, na qual ele tomara parte ativa, e, por fim, aquela emboscada nas imediações de Pueblo, que quase lhe custara a vida.

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

CWB299.05 De novo a proposta com argumento bem forte


Donkey voltou a Pueblo caia já a noite. Entrou no hotel, onde Diana o esperava com certa ansiedade. Estavam sozinhos e Donkey não resistiu à tentação de beijar a bonita ruiva. Mas, enquanto, os seus lábios se uniam longa e apaixonadamente, era em Hellen que ele pensava.

E continuava a pensar nela quando começou a subir a escada e se encaminhou para o seu quarto.

Empurrou a porta e ficou parado no umbral com os olhos cravados nos três indivíduos que o aguardavam ali. Um deles era o xerife Porter, cujo "Colt", estava apontado ao seu peito.

— Um acolhimento perfeito, Porter — disse, entrando e fechando a porta nas suas costas. — Posso saber quem são esses dois?

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

CWB299.04 Os encontros da bela Hellen


Por mais de duas horas Donkey esquadrinhou a margem do Arkansas, onde o homem que lhe estendera uma emboscada na noite anterior em Pueblo o deixara meio morto. E pensava ao mesmo tempo em Hellen Miller, a mulher que desejava a sua morte, mas que não tivera coragem para o matar quando o tivera à sua disposição, completamente, indefeso.

De repente, montou a cavalo e empreendeu o regresso a cidade. E, algumas milhas percorridas, viu-a.

O seu primeiro pensamento foi retroceder, mas ela já o tinha visto e era tarde para isso, pelo que foi caminhando, lentamente até deter o animal que montava a poucas jardas do dela. A jovem parecia aguardá-lo, mas foi ele o primeiro a falar, e fê-lo em tom jocoso:

— Parece-me que o caminho é de todos, Hellen. Queres deixar-me passar?

domingo, 8 de janeiro de 2023

CWB299.03 Um xerife de visita ao rancho dos MIller


Efetivamente, Don Porter dirigia-se ao rancho dos Miller. A primeira pessoa que se lhe deparou, quando ali chegou foi Hellen, que envergava um vaporoso vestido branco, o qual fazia realçar mais ainda, as suas magníficas formas. Estava sentada em frente da casa e aproximou-se sorridente ao vê-lo.

— Olá, xerife — saudou-o — Tu por aqui? Com toda a certeza que não me vens prender, não é ver dade?

Porter respondeu com inteira verdade:

— Acredita que, se pudesse, há muito que o teria feito... e para toda a vida. Admiras-te?

sábado, 7 de janeiro de 2023

CWB299.02 A morte de um trapaceiro inicia a limpeza da cidade


Depois de três dias de completa inconsciência, o ferido abriu os olhos e perguntou:

— Onde estou?

— No meu rancho, Joe. Podes estar tranquilo. Aqui nada poderá...

Donkey olhou para o rancheiro. Os seus acerados olhos cinzentos tornaram-se de gelo. Com voz débil, murmurou:

— Não devia ter feito isso comigo, “mister" Miller. Jamais...

Perdeu novamente os sentidos, antes que o rancheiro pudesse dizer fosse o que fosse, e só os recuperou três dias mais tarde. Um mês depois, Donkey foi buscar o seu cavalo ao estábulo e, já sobre a sela, preparado para abandonar, despediu-se.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

CWB299.01 Sem coragem para matar


Loira, pequena, muito elegante e de grandes e rasgados olhos verdes, Hellen Miller era, não só das mais formosas, como das mais ricas mulheres dos contornos das margens do Arkansas.

Os seus lábios furiosamente vermelhos, e a proeminência do queixo, voluntarioso e desafiante, constituíam as notas mais características do seu formoso rosto de jovem mal-entrada ainda nos dezoito anos.

Preparava-se, como era seu hábito, para se banhar nas águas cristalinas do poético arroio quando, antes mesmo de desmontar, viu o cavalo que pastava tranquilamente.

Procurou o respetivo cavaleiro, admitindo que não pudesse estar longe, até que, obedecendo a um impulso repentino, saltou da sela e começou a percorrer a frondosidade das margens.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

CWB299.00 O assassino de Cheyenne

(Coleção Cow-boy, nº 299)

Quem seria o assassino de Cheyenne? O homem que casou com a bela Hellen ou o que ela abandonou? 

Tudo se conjugou para Joe Donkey ser o acusado e perseguido por tão vil acto. Ele várias vezes se tinha confrontado com o irmão da beldade e a arma de Joe apareceu junto ao corpo deste. O presumido assassino teve de fugir, passar a um Estado onde não seria procurado.

A verdade é que houve vários reencontros. Primeiro com o rival que também aspirava à beldade, que lhe enfiou um tiro nas costas, depois com a beldade, que não teve coragem para lhe dar o tiro fatal e, finalmente, com o pai desta que, convencido da sua inocência, tudo fez para lhe salvar a vida.

Joe Donkey, afinal, era um homem de sorte pois alguém aparecia sempre em momentos em que arriscava a vida. E, depois do velho Miller, foi o próprio xerife de La Junta que o ajudou em momentos decisivos, convidando-o ainda para seu ajudante na luta pela limpeza da cidade.

Finalmente, Hellen veio a acreditar na versão de Donkey e o verdadeiro assassino, o rival que ela tinha rejeitado, acabou por ser descoberto.

O maior defeito deste livro de Joe Mogar é ser extremamente resumido, notando-se que lhe terão sido cortadas as passagens mais ricas do ponto de vista literário, dando ao texto um tom corrido onde tudo o que acontece é em velocidade acelerada. Os encontros com Hellen e Diana mereciam muito melhor tratamento tal como o autor já nos tinha habituado em obras como «O regresso de Bob Ó Hara» ou «A orgulhosa de Fowler». Também a definição geográfica não é das mais recomendáveis: o texto corre de tal maneira que nunca sabemos se estamos em Pueblo, La Junta ou Cheyenne… As pressões das editoras deviam ser terríveis…