A uma ordem de Boultby, os negros principiaram a amontoar
palha, ramos e folhas secas junto do edifício.
Scott, olhos a quererem saltar da cara e roxo de fúria,
gritou:
- Boultby, és um pulha! Não faças isso!...
Mas Boultby fê-lo. A chispa do seu acendedor saltou para o
combustível que rodeava a casa. No início, apenas uma pontinha avermelhada na
extremidade de um galho ressequido. Depois, a coisa foi aumentando. As chamas
apoiaram-se nos troncos das paredes e treparam até ao tecto. Num instante o
«Rancho Liberdade» ficou transformado numa fogueira.
Havia outras coisas para fazer. Dali foram para a cabana dos
escravos e lançaram-lhe fogo também. Foi Boultby quem ofereceu o fogo.
Dirigiu-se ao negro doente e entregou-lhe uma porção de ramos incendiados.
- Toma! Deita-os ali!
O escravo recebeu a dádiva e olhou as labaredas que se
erguiam nos troncos. Agora, todos compreendiam que a liberdade era coisa certa.
E os ramos longos e esguios, aqueles ramos que serviam para confecionar
chibatas, levaram o fogo à cabana.
Não acabaram, porém, o que faltava ainda realizar.
Precisavam destruir o trabalho de Scott, aquele tabaco sujo de sangue dos
escravos.
E aqueles homens de pele negra e mentalidade
infantil esmagaram sob os pés as plantas que haviam semeado a chicote, plantas
que eram todo o orgulho de Scott.
(Coleção Pólvora, nº 5)
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