Perry dirigiu os seus passos para a vivenda do juiz. Não
tinha nenhuma razão especial para fazê-lo, mas sabia que ela o receberia bem e
que a seu lado ia encontrar a coragem que necessitava para continuar a luta em
defesa da paz na cidade.
Deteve-se em frente da porta de casa. Apenas tinham trocado
entre si algumas palavras, jamais houvera entre eles a menor confidência.
Parecia absurdo que o rapaz se propusesse vê-la, que pretendesse encontrar
naquela desconhecida a amizade que nunca tivera.
No entanto, tinha a certeza de não se ter equivocado. Nos
olhos da jovem descobrira uma compreensão que não encontrara em ninguém. Assim,
sentia, quando estava a seu lado, a corrente de simpatia que os unira desde um
princípio.
Bateu, esforçando-se por acalmar-se, temendo ter-se enganado
mais uma vez. A criada abriu a porta, inclinando-se com um sorriso. O jovem
ficou um momento indeciso. Que havia de dizer? De que maneira iria explicar que estava
só e que precisava de falar com alguém a quem o unisse alguma coisa mais que
uma simples amizade?
- Bom dia – cumprimentou. – Queria falar com…
Interrompeu-se, sem saber exatamente o que pretendia dizer.
De dentro, uma voz fresca e decidida exclamou:
- Entre, «mister» Latimer!
A criada afastou-se e o rapaz cruzou o umbral, dirigindo-se
para onde estava a jovem, que o esperava com um sorriso. Helga parecia mais
formosa que nunca. Sorridente e amável, estendeu a mão a Perry. Nesse momento o
jovem compreendeu que não precisava explicar-lhe os motivos porque fora
visitá-la: ela compreendia-os de sobra.
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