quinta-feira, 17 de outubro de 2013

PAS126. Uma justiça superior à dos homens

- Tenho a certeza – afirmou Alf com um gesto severo – de que ele cometeu mais delitos do que os que sabemos. Desde que chegou a Bryan até hoje, conta dezenas de vítimas no seu rol sinistro. Foram pessoas que o importunaram ou que lhe eram simplesmente antipáticas. Esse é o seu tio; por isso desconfiei de si… e continuo a duvidar!
- Dar-lhe-ei ocasião para acreditar em algo mais que em palavras; verá a realidade! – prometeu Jack. – Estou verdadeiramente envergonhado de ser do mesmo sangue desse homem sem entranhas.
O granjeiro deu a conversa por terminada e seguiu para casa sem dizer mais nada. Bastavam-lhe os seus problemas; não podia preocupar-se com os alheios. Tinha de liquidar tudo o que possuía para pagar a hipoteca e salvar o rancho. Via-se forçado a vender os cavalos de piuro sangue, que eram o seu orgulho, os melhores bois e, inclusivamente, os garanhões de raça. Isso representava a ruína, o retorno ao princípio… e ele já não era novo!
O panorama que se desenhava aos seus olhos era o mais negro, o mais desmoralizador: a armadilha para o qual o arrastara Jeff Stevens estava bem planeada e ele devia claudicar nela.
Jack meditou no que podia fazer a favor daquele homem que, tão hospitaleiramente, por duas vezes o recebera no rancho, no rancho que ele queria salvar. Sentia-se decidido a agir para desmascarar o culpado, embora isso enchesse de opróbrio, publicamente, o seu apelido.
Galopou em diração ao povoado, resolvido a assaltar o «saloon» se fosse preciso para queimar a hipoteca dos Moore. Talvez lhe custasse a vida levar a cabo empresa tão justiceira; mas não vacilou!
A tarde avançava tão veloz como ele e não tardou em fazer-se noite. Se Jack fosse detido não teria escusas perante a lei; esperá-lo-ia a forca e a obrigação do xerife seria fazer justiça. Como advogado que era, o próprio réu devia dar-lhe razão e oferecer o seu pescoço à corda de cânhamo.
Mas existe uma Justiça superior à dos homens. O jovem que avançava para Bryan não olhava o céu só para ver as estrelas, cúmplices do seu delito. Murmurava uma oração, pois ia confiar-se a um Juiz infalível, cujo critério estava muito acima do critério dos homens.
(Coleção Pólvora, nº 1)
 
 

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