segunda-feira, 7 de outubro de 2013

PAS103. O cavalo foge com as roupas de Judy


Guiou o cavalo para o bosque. A profusão de arbustos produzia o efeito duma torrente de esmeraldas, debruçando-se pelos ingentes paredões de rocha. Todo aquele verde-esmeralda, ao chegar ao fundo do desfiladeiro, parecia fundir-se e uma superfície brilhante como estanho derretido aparecia à vista, quase formando um círculo que os penhascos rodeavam. Era um lago.
Quase ao mesmo tempo em que Red associava aquele lugar com a imagem de Judy, ouviu a voz da rapariga:
- Olá, Red! Era você? Porque corria tanto?
A rapariga tinha os braços em forma de jarra, com as mãos nas ilhargas, vestia umas calças curtas e estava descalça; o busto, coberto por uma camisa de cor, mal apertada, a cabeleira molhada caindo em desordem sobre os ombros… Assim lhe apareceu sobre um penhasco que bordejava o caminho.
- Que faz aqui? – espirrou Red, colérico. – Veio sozinha?
- Não – respondeu ela, contendo o riso. – Vim com o meu cavalo… Mas ferrou-me uma grande partida.
- Que aconteceu?
- Foi-se embora… O pior é que levou toda a minha roupa. Do mal o menos, porque ficaram aqui as minhas botas! Quer fazer o favor de mas dar? Estão ao pé dessa rocha…
- Como pôde subir para aí descalça, agora desça – respondeu com marcada aspereza.
Ela ficou a olhar para ele, admirada daqueles modos bruscos.
-Que tem você, Red?
- Quando estiver cá em baixo lhe contarei… Vamos! Tenho pressa!.
Judy, pelo contrário, não parecia tê-la. Tardou bastante em descer, calculando com muito cuidado onde havia de pôr os pés nus.
Quando chegou abaixo, sentou-se. Red, que se apeara, empurrou com o pé as botas da rapariga, pondo-as ao seu alcance. Dentro de cada bota, estava uma meia. Ela inclinou-se para as apanhar. Red, que a contemplava, desviou repentinamente o olhar do pescoço da rapariga. Uma onda de fogo abrasou o seu rosto, espicaçou-lhe o sangue…

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