Guiou o cavalo para o bosque. A profusão de arbustos
produzia o efeito duma torrente de esmeraldas, debruçando-se pelos ingentes
paredões de rocha. Todo aquele verde-esmeralda, ao chegar ao fundo do
desfiladeiro, parecia fundir-se e uma superfície brilhante como estanho
derretido aparecia à vista, quase formando um círculo que os penhascos
rodeavam. Era um lago.
Quase ao mesmo tempo em que Red associava aquele lugar com a
imagem de Judy, ouviu a voz da rapariga:
- Olá, Red! Era você? Porque corria tanto?
A rapariga tinha os braços em forma de jarra, com as mãos
nas ilhargas, vestia umas calças curtas e estava descalça; o busto, coberto por
uma camisa de cor, mal apertada, a cabeleira molhada caindo em desordem sobre
os ombros… Assim lhe apareceu sobre um penhasco que bordejava o caminho.
- Que faz aqui? – espirrou Red, colérico. – Veio sozinha?
- Não – respondeu ela, contendo o riso. – Vim com o meu
cavalo… Mas ferrou-me uma grande partida.
- Que aconteceu?
- Foi-se embora… O pior é que levou toda a minha roupa. Do
mal o menos, porque ficaram aqui as minhas botas! Quer fazer o favor de mas
dar? Estão ao pé dessa rocha…
- Como pôde subir para aí descalça, agora desça – respondeu
com marcada aspereza.
Ela ficou a olhar para ele, admirada daqueles modos bruscos.
-Que tem você, Red?
- Quando estiver cá em baixo lhe contarei… Vamos! Tenho
pressa!.
Judy, pelo contrário, não parecia tê-la. Tardou bastante em
descer, calculando com muito cuidado onde havia de pôr os pés nus.
Quando chegou abaixo, sentou-se. Red, que se apeara,
empurrou com o pé as botas da rapariga, pondo-as ao seu alcance. Dentro de cada
bota, estava uma meia. Ela inclinou-se para as apanhar. Red, que a contemplava,
desviou repentinamente o olhar do pescoço da rapariga. Uma onda de fogo abrasou
o seu rosto, espicaçou-lhe o sangue…
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