Agrupados, silenciosos, os escravos olhavam para eles com
uma profunda tristeza. Aquele rancho desconjuntado e solitário recordava-lhes
os passado que desejavam esquecer.
Martyns foi até ao pé dos negros e apalpou os músculos de
todos, dividindo-os, depois, em dois grupos.
- Não valem um caracol! – comentou. – Agora estes… - e
apontou os mais jovens… - Destes faz-se qualquer coisa.
Os negros, fracos e esqueléticos, miravam aquele anão
repelente.
- Eh! Todos valem! – exclamou Scott.
Dirigindo-se, em seguida, aos escravos receosos, continuou:
- Homens livres! Corja de idiotas! Vocês já não são escravos
do velho O’Neill. Se não gostam da palavra «escravos», juro que não tornarei a
fazer uso dela. Chamo-vos aquilo que quiserdes. O nome é o menos… De agora em
diante, tereis todos de trabalhar para nós, de manhã À noite! Nada de
escravidão… Apenas trabalhadores a seco. É muito mais humano e está de acordo
com os tempos que vão correndo. Peter e Martyns já vos dirão o que é preciso
fazer. Nem patrões nem escravos… Claro que isto não quer dizer que vocês deixam
de estar obrigados a uma cega obediência… Quem se negar a cumprir…
Voltou-se para Martyns:
- Anda, mostra-lhes o que sofrerão caso não trabalhem ou
desobedeçam…
Um enorme sorriso esgaçou a bocarra de Martyns. Uma
carantonha de pássaro híbrido… Lentamente, retirou de entre a camisa um
reluzente cavalo-marinho. E, em vez de falar, achou preferível executar uma
demonstração do que sucederia perante casos de rebelião.
O látego rasgou o ar com um silvo e atingiu as costas do
negro mais próximo. O escravo deu um salto para o lado e soltou um grito de
dor.
(Coleção Pólvora, nº 5)
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