quarta-feira, 9 de outubro de 2013

PAS107. Uma amazona em perigo

Avançava a galope pela pradaria. O vento, fustigando-lhe o rosto, fazia-o sentir forte e dominador. Era como nos seus tempos de vaqueiro, antes de partir para a guerra.
Começava a analisar a sua vida e a considera-la por caminho errado. Mas já era tarde para voltar atrás. Tinha ao seu alcance os que o traíram e vingar-se-ia.
Esporeou a montada, continuando o seu caminho. A cidade estava já distante e começavam a ver-se ao longe os edifícios de troncos e de adobes das fazendas.
Mais perto, via-se uma manada pastando. Tom achou estranho não se verem vaqueiros, mas concluiu que estariam nos ranchos.
De repente, viu um touro que se tresmalhava. Era um típico cornúpeto do Texas. O animal, ou melhor, a fera começou a correr como se alguma coisa a atraísse. O jovem seguiu o caminho do touro com a vista, descobrindo no extremo oposto uma amazona, cuja blusa de cores vivas atraíra o animal.
Tom compreendeu, num momento, o perigo que ela corria. A rapariga não reparara ainda e, quando o notasse, já não teria tempo de evitar que o touro a derrubasse.
Castigou o cavalo e partiu a galope rasgado em perseguição da fera. Sabia quanto era perigoso o que ia fazer mas, no caso de não o deter, a rapariga, a quem não conhecia, podia morrer.
A amazona já notara o perigo e fizera voltar o cavalo disposta a fugir. Era a melhor maneira de o touro não abandonar a perseguição.
Dickens forçou a montada, enquanto pegava no laço que levava na sela. Era o momento preciso para se aproximar do animal e derrubá-lo.
Volteou o laço sobre a cabeça e lançou-o às patas do touro. Em forma de oito, era impossível safar-se daquela ratoeira, aprendida com os charros mexicanos.
O animal tropeçou ao sentir as patas atadas e caiu com estrondo. Tom soltou o laço e correu para a amazona a fim de a tranquilizar. O touro já não oferecia perigo.
Assim que chegou mais próximo da jovem, reconheceu-a. Era Norma Wilson.
Ela, por sua vez, abriu muito os olhos, surpreendida.
- Tom!
O jovem ficou um instante calado.
- Não imaginava quem fosse, – disse – agora folgo muito mais porque nada lhe acontecesse.
A rapariga passou a mão pela fronte.
-Apanhei um susto terrível. Vi essa fera direita a mim, no propósito de me despedaçar.
Dickens compreendia muito bem. Aproximou-se dela tomando-lhe o braço para a suster na sela no caso de ela desmaiar.
- Será melhor acompanhá-la a sua casa – disse o jovem. – Ali poderá descansar.
A rapariga acedeu e empreenderam o caminho da quinta. Norma ia serenando pouco a pouco., mas sentia-se fraca e tonta. Ele não estranhou nada. Ver-se atacada por um touro era de facto horrível. Era mesmo para fazer parar o coração a muitas mulheres. Norma, todavia, era valente. Uma mulher ideal para um colono.

A seguir: duas mulheres

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