Avançava a galope pela pradaria. O vento, fustigando-lhe o
rosto, fazia-o sentir forte e dominador. Era como nos seus tempos de vaqueiro,
antes de partir para a guerra.
Começava a analisar a sua vida e a considera-la por caminho
errado. Mas já era tarde para voltar atrás. Tinha ao seu alcance os que o
traíram e vingar-se-ia.
Esporeou a montada, continuando o seu caminho. A cidade
estava já distante e começavam a ver-se ao longe os edifícios de troncos e de
adobes das fazendas.
Mais perto, via-se uma manada pastando. Tom achou estranho
não se verem vaqueiros, mas concluiu que estariam nos ranchos.
De repente, viu um touro que se tresmalhava. Era um típico
cornúpeto do Texas. O animal, ou melhor, a fera começou a correr como se alguma
coisa a atraísse. O jovem seguiu o caminho do touro com a vista, descobrindo no
extremo oposto uma amazona, cuja blusa de cores vivas atraíra o animal.
Tom compreendeu, num momento, o perigo que ela corria. A
rapariga não reparara ainda e, quando o notasse, já não teria tempo de evitar
que o touro a derrubasse.
Castigou o cavalo e partiu a galope rasgado em perseguição
da fera. Sabia quanto era perigoso o que ia fazer mas, no caso de não o deter,
a rapariga, a quem não conhecia, podia morrer.
A amazona já notara o perigo e fizera voltar o cavalo
disposta a fugir. Era a melhor maneira de o touro não abandonar a perseguição.
Dickens forçou a montada, enquanto pegava no laço que levava
na sela. Era o momento preciso para se aproximar do animal e derrubá-lo.
Volteou o laço sobre a cabeça e lançou-o às patas do touro.
Em forma de oito, era impossível safar-se daquela ratoeira, aprendida com os
charros mexicanos.
O animal tropeçou ao sentir as patas atadas e caiu com
estrondo. Tom soltou o laço e correu para a amazona a fim de a tranquilizar. O
touro já não oferecia perigo.
Assim que chegou mais próximo da jovem, reconheceu-a. Era
Norma Wilson.
Ela, por sua vez, abriu muito os olhos, surpreendida.
- Tom!
O jovem ficou um instante calado.
- Não imaginava quem fosse, – disse – agora folgo muito mais
porque nada lhe acontecesse.
A rapariga passou a mão pela fronte.
-Apanhei um susto terrível. Vi essa fera direita a mim, no
propósito de me despedaçar.
Dickens compreendia muito bem. Aproximou-se dela tomando-lhe
o braço para a suster na sela no caso de ela desmaiar.
- Será melhor acompanhá-la a sua casa – disse o jovem. – Ali
poderá descansar.
A rapariga acedeu e empreenderam o caminho da quinta. Norma
ia serenando pouco a pouco., mas sentia-se fraca e tonta. Ele não estranhou
nada. Ver-se atacada por um touro era de facto horrível. Era mesmo para fazer
parar o coração a muitas mulheres. Norma, todavia, era valente. Uma mulher
ideal para um colono.
A seguir: duas mulheres
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