quinta-feira, 30 de junho de 2022

FBV026.06 A fuga de cavalos que enganou os perseguidores

Era já noite quando avistaram as primeiras casas de Candelaria. A povoação parecia calma.

— Temos de chegar ao escritório do xerife, sem ser vistos — disse Dave, em voz baixa.

Começou a andar, seguido pelo companheiro. Tinham adotado um ar descuidado, como se fossem dois pacíficos vizinhos, mas levavam as mãos caídas ao longo do corpo, perto dos revólveres. Andaram algum tempo sem encontrar vivalma, até desembocarem na rua principal.

Quando cruzavam em frente duma taberna, as portas batentes abriram-se. Era demasiado tarde para se esconderem.

— Calma — recomendou Dave a "Niño".

O bebedor, um tanto alegre pelas variadas libações, fixou-se em "Niño", não reparando em Dave. Avançou para o mexicano e deu-lhe uma palmada familiar no ombro. "Niño” voltou-se rapidamente, cravando-lhe o cano do revólver no estômago.

quarta-feira, 29 de junho de 2022

FBV026.05 "Loira" Jane recupera o dinheiro e... mais algum

 Dispunham-se a colher as selas, quando Jane se acercou deles.

— Aproxima-se um homem — disse ela.

Efetivamente, lá em baixo, um indivíduo subia a encosta da montanha. Dave ficou observando o seu lento caminhar, enquanto "Niño" descia a encosta e se colocava em posição de pôr o visitante debaixo de fogo. Quando estava a poucos metros, gritou:

— Mãos ao ar! Senão, agora mesmo, te transformo num defunto!

O outro obedeceu com presteza.

— Não dispare! Só queria encontrá-los.

terça-feira, 28 de junho de 2022

FBV026.04 Tiroteio ao amanhecer

Clareava o dia, quando Dave acordou.

Olhando à sua volta, viu "Niño” Gallardo que dormia, pesadamente junto à apagada fogueira. Jane descansava com as costas apoiadas na rocha e a cabeça inclinada para o lado esquerdo.

Dave, enquanto se espreguiçava, observava-a, recreando-se com a contemplação daquela beleza, que tanta desgraça trouxera ti sua dona. Estava nisto, quando uma voz ressoou, fortemente, nas concavidades da montanha.  

— Rendam-se! Estão cercados!

Dave atirou-se logo para o chão, ao mesmo tempo que "Niño" e a rapariga acordavam sobressaltados.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

FBV026.03 A história de "Loira" Jane

Quando chegaram junto de um grupo de rochedos, donde se avistava todo o vale, decidiram passar ali a noite. "Niño" acendeu uma pequena fogueira e, por momentos, descansaram. A rapariga fixou o olhar em Dave e perguntou:

— Não pensam entregar-me de novo, pois não?

A sua voz mostrava incredulidade, como se fosse impossível admitir que, depois de a terem salvo, a entregassem.

— Sim — confirmou Dave —. Não gostamos de linchamentos. Mas você deve responder pelo seu crime.

— Não fui eu — disse Jane, acrescentando: —. Sei que é difícil acreditá-lo, mas é a verdade.

— Conta, linda, como isso se passou — pediu "Niño".

domingo, 26 de junho de 2022

FBV026.02 Perseguição e tiroteio

Os dois amigos galopavam pela planície, sem rumo determinado, somente com o desejo de se colocarem fora do alcance dos perseguidores.

Dave, que fechava a marcha, voltava, de vez em quando, a cabeça para ver se surgia no horizonte algum perseguidor, pois estava convencido de que eles não se conformariam com a fuga.

De súbito, gritou para o companheiro:

— Vêm atrás de nós, "Niño"!

O mexicano cerrou os dentes, sentindo que o cavalo não respondia ao esforço que lhe exigia, pois levava sobre si uma dupla carga, e a fadiga da longa viagem pesava sobre o animal. Seria outra coisa, se ele e Dave se encontrassem sós. Soltou uma praga e olhou para trás.

— Pisam-nos os calcanhares, Dave.

A planície estendia-se à sua frente, inóspita, interminável.

sábado, 25 de junho de 2022

FBV026.01 Candelaria, um povoado mui tranquilo

Dave Doston e “Niño” Gallardo trabalhavam num rancho perto de Hawthorne, ao norte de Candelaria há muitos anos. Juntos tinham passado muitos bons e maus momentos. Por isso, o patrão os havia escolhido para ir a Santa Fé buscar doze bois "Hereford", para sementais.

Depois de uma longa jornada, quando se encontravam perto de Candelaria, Dave disse para o companheiro:

— Vais gostar de Candelaria. E uma terra tranquila.

Algumas horas depois, avistavam as casas da povoação. Entardecia. Gallardo picou esporas ao cavalo. Estava cansado, tinha sede e fome. O mexicano era jovem, de mediana estatura, e gorducho, e Dave Doston era alto e seco de carnes.

Ao trote dos corcéis alcançaram as primeiras casas de Candelaria. Todas se encontravam fechadas não se observando vivalma por ali perto. Dave sorriu para o companheiro.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

FBV026. Enforquem a "Loira" Jane

A "Loira Jane" foi injustamente acusada do assassínio de Tony Madigan, um jovem, filho de um rico rancheiro, que se julgava o dono do Mundo. A população de Candelaria, enfurecida, preparou-se para a linchar, roubando-a à guarda do xerife.

Dave Doston e “Nino” Gallardo passavam por aquela povoação, conhecida do primeiro que a julgava pacífica, e ao se aperceberem do que a população pretendia fazer, resolveram ajudar a loira para que pudesse ter um julgamento justo. E fizeram-no contra tudo e contra todos, mesmo disparando contra os que representavam a Lei.

Começaram assim as perseguições e as fugas e as múltiplas tentativas de encontro com o xerife para procurar uma solução.

A bela “Loira" Jane acabou por convencer Dave da sua inocência o que foi reforçado pelo testemunho do homem da cocheira, a única pessoa de Candelaria que acreditava na rapariga. Assim, foi montado um ardil para que o verdadeiro assassino de Tony se desmascarasse. E não se tardou a descobrir que estava muito perto dele.

Trata-se de uma novela com alguns momentos engraçados, embora por vezes o seu desenrolar seja difícil de acreditar. O resumo a que terá sido sujeita não a terá beneficiado e a rapidez com que o senhor Argo teve de escrevê-la terá tido as suas consequências em algumas inexatidões como por exemplo a confusão entre Las Vegas e Santa Fé como ponto ao qual se dirigiam os dois vaqueiros.

Vai ter publicação integral ao longo dos próximos dias. Se preferir ler já tudo aqui fica «Enforquem a Loira Jane» em ebook. Perdoem alguns traços inesperados no texto

quinta-feira, 23 de junho de 2022

CWB079. Rios de sangue


(Coleção Cow-Boy, nº 79)

Um traficante, que comerciava armas com os índios em troca de peles, concebeu o maquiavélico plano de semear monumental conflito que os levasse à expulsão daquelas terras, para nelas estabelecer o seu rancho. Os seus planos quase foram coroados de êxito, tendo sido contrariados por um jovem índio que assistiu ao massacre por ele desencadeado. Mas isso não evitou que, antes de a paz regressar, se tivessem formado rios de sangue.
De acordo com a edição espanhola da editorial Toray com o nome «sangre en la pradera», o nome do autor é Vic Adams e não Vic Cidams, pelo que na etiqueta será por aquele nome, já nosso conheecido, que designaremos o autor. Eis Rios de Sangue tal como foi publicado em Novelas do Oeste Distante. As ilustrações são de Jobat.


quarta-feira, 22 de junho de 2022

CWB060. A montanha dourada


(Coleção Cow-boy, nº 60)


A ação desta novela passa-se no Estado de Nevada num momento de paixões exacerbadas pela descoberta de ouro, isto é, no início do século XX.
Aqui se retrata a ação de vários homens, um dos quais de raça índia que recorriam a todos os instrumentos para se apoderar do vil metal.
Uma novela interessante assinada por Kid Manner publicado no número 60 da Coleção Cow-boy que encontramos no blog Novelas do Oeste Distante.

sábado, 18 de junho de 2022

BRV013.12 EPILOGO


Lex desmontou em frente da entrada da casa. Um denso silêncio envolvia o «rancho» de Maxey Brady. Como se o próprio vento pressentisse que estava a chegar o fim daquela história dos bisontes e do caminho de ferro.

—Joan! Joan!

Houve uma pausa um tanto prolongada. Intrigado, Lex abriu ligeiramente a porta e repetiu a chamada.

— Joan!

A figura feminina surgiu, por fim. Transpôs o umbral de um golpe e saltou ao pescoço masculino num gesto impulsivo.

— Lex, querido! Conseguiste já arranjar tudo? Posso contar com as terras da reserva e a indemnização do governo?

De súbito, verificou a rigidez daquele corpo que, umas horas antes, vibrara junto do seu. E olhou-o, surpreendida.

— Posso saber o que se passa contigo?

sexta-feira, 17 de junho de 2022

BRV013.11 O resgate do amuleto «Shoshone»

Entrou sem bater, mas arrependeu-se imediatamente de o ter feito. «Shoshone» e Nalinle estavam nos braços um do outro, arrulhando amorosamente. Lex tossicou, um tanto confuso, e ambos interromperam o beijo que trocavam para olharem com certa surpresa.

— Não te esperávamos tão cedo — disse «Shoshone», um tanto ruborizado.

— Vê-se. Mas tenho notícias urgentes e importantes.

Nalinle começou a arranjar mecanicamente o cabelo. Lex dirigiu-se a um armário e abriu-o. Enquanto retirava um rifle e munições, disse:

— Joan acaba de me proporcionar a prova de que andávamos à procura para mandar para a prisão esse grupo de ladrões.

— Joan?

— Sim. Adivinha de quem eram as terras que o Governo concedeu aos «shoshones» como reserva?

quinta-feira, 16 de junho de 2022

BRV013.10 Maldita a ambição que conduz ao crime


Maxey Brady parecia muito aborrecido naquela manhã. Olhando Lex por cima do ombro, disse-lhe:

— Vá ao meu escritório e traga-me os papéis que estão em cima da secretária. São as faturas deste mês e preciso de lhes passar uma vista de olhos.

Lex Norman assentiu em silêncio e meteu pelo corredor. No lado oposto apareceu, de súbito, a figura de Joan. A rapariga envergava um dos seus melhores trajos de montar. Blusa encarnada e calças pretas. Tudo tão colado ao corpo que parecia ir rebentar. No entanto, ela movia-se com toda a desenvoltura. Parou no meio do corredor, cortando a passagem ao guarda-costas de seu pai.

— Não é costume as pessoas cumprimentarem-se, Lex?

quarta-feira, 15 de junho de 2022

BRV013.09 Uma noite na cabana


Era uma cabana situada dentro das terras de Brady.

Uma cabana pequena, com um candeeiro de petróleo em cima de uma mesa e tudo perfeitamente ordenado. A escuridão tornara-se mais densa ainda em torno dos dois homens quando estes desmontaram em frente da porta.

— Entra. Vou tratar-te dos ferimentos.

«Shoshone» começou a sentir uma espécie de estranha flutuosidade. Como se vogasse no meio de um mar de nuvens. Que o agitavam de um lado para o outro. Que o embalavam.

Resultava agradável deixar-se conduzir.

Abandonar-se.

Entregar-se à mais completa inércia.

terça-feira, 14 de junho de 2022

BRV013.08 Bala que silva é bala inofensiva. O ataque à aldeia ferroviária


Era de noite quando «Shoshone» e os seus dois prisioneiros chegaram ao acampamento ferroviário.

Mal se distinguiam, no meio da escuridão, dois candeeiros de petróleo pendurados à entrada das tendas. No «saloon» havia a algazarra do costume.

«Shoshone» levou para ali os dois caçadores e desmontou em frente da porta. Ninguém os vira chegar.

— Entrem, passarões.

Um deles murmurou, incrédulo ante a insólita ordem:

— Mas, se nos veem entrar assim...

— Pensarão que sois dois néscios por vos terdes deixado caçar. Vamos.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

BRV013.07 Como arrancar uma confissão com método eficaz


Eram cinco.

Cinco cavaleiros, dispostos em leque, que isolavam agora um grande macho da manada e o desviavam cerca de duzentos metros dos companheiros. Desse modo evitavam que os disparos, deflagrados muito de perto, dispersassem os restantes animais.

«Shoshone» apertou os dentes. Lamb não estava entre os cinco Cavaleiros, mas o índio reconheceu todos eles. E no fundo dos seus negros olhos entendeu-se aquela perigosa chispa que pressagiava o princípio da violência à sua volta.

Um dos caçadores elevou o rifle, apontando ao grande macho que corria agora enlouquecido, sem saber que direção tomar. Durante uns segundos, a imobilidade do homem foi completa.

Até que soou o estampido.

domingo, 12 de junho de 2022

BRV013.06 Irmãos de sangue por Nalinle


Ela estava sentada na margem da lagoa, como o esperasse. Como se estivesse certa de que ele não faltava. «Shoshone» desmontou lentamente e chamou-a:

— Joan.

Ela voltou a cabeça. Vestia um trajo de montar azul-escuro, que fazia realçar extraordinariamente a sua beleza branca e loira. E bailavam-lhe no fundo das pupilas mil diabinhos dourados.

— Olá, «Shoshone».

O índio não estava naqueles momentos para nada não fossem os seus próprios problemas. Nem ele mesmo seria capaz de explicar a si próprio por que comparecera à entrevista.

sábado, 11 de junho de 2022

BRV013.05 A prova de desprezo do chefe índio


Era um límpido, calmo entardecer.

«Shoshone» estendeu o olhar por todo o acampamento. Os homens descansavam depois da dura jornada. Havia-se terminado um novo troço no traçado do caminho de ferro. Assim, metro a metro, se chegaria ao final da linha. A custa de mortos, de atentados, de problemas para os quais às vezes era necessário recorrer ao revólver como solução única. Mas o caminho de ferro avançava. E a civilização com ele. O que já era alguma coisa.

«Shoshone» começou a fazer um cigarro, como sempre.

Os homens conversavam em grupos. Mas ninguém o convidou a participar na conversação. Era um estranho. Como em toda a parte. Mas agora já pouco lhe impor-tava isso. Tinha Nalinle e era suficiente.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

BRV013.04 Chacina de bisontes / proveitos ilegítimos


Geo Lamb empinou-se sobre os estribos, contemplando o horizonte com atenção. Os seus homens estavam a realizar um bom trabalho na zona marcada para aquele dia.

Sorriu, enquanto extraia um cigarro do bolso da camisa e o acendia.

Gerald Sharp' podia estar satisfeito. Tudo caminhava sobre rodízios. Nem mesmo a presença daquele novo caçador, esse tal «Shoshone», impediria o termo feliz da operação. Apesar de tudo, não conseguia compreender a razão por que Gerald Sharp contratara aquele maldito índio. Não fazia falta alguma. Ou talvez fizesse, embora o motivo lhe escapasse. Teria de pedir a Sharp uma explicação a tal respeito.

quinta-feira, 9 de junho de 2022

BRV013.03 A mulher de olhar incendiário


... E sentiu um profundo, selvático desejo de matar os responsáveis daquilo.

Quando se aproximou mais, Winstonah «Shoshone» pôde-os ver. Centenas de bisontes estendidos para sempre sob o sol intenso. Centenas de bisontes mortos a tiro, sem proveito para ninguém, pelo simples motivo de serem necessários aos índios.

A «Shoshone» deparara-se-lhe já muitas vezes aquele problema. Alguns caçadores brancos odiavam os peles--vermelhas e procuravam escorraçá-los das suas próprias terras. Especialmente quando existia qualquer possível riqueza de permeio. E ali estava a confirmação...

Os bisontes mortos.

Amontoados.

Apodrecendo sem que ninguém os aproveitasse. Nem sequer a sua pele.

quarta-feira, 8 de junho de 2022

BRV013.02 O mistério de White Rock

Lamb passou a vista pela fila de cavaleiros que tinha à sua frente. 

«Shoshone» destacava-se poderosamente entre todos eles, graças à sua tez cobreada e às duas tranças que lhe caíam sobre os ombros. 

O capataz fez uma careta. Aquele índio não devia tomar conhecimento de certas coisas, sob pena de se tornar furioso. 

Muito bem. Havia uma zona onde não poderia inteirar-se de nada e caçar uma ou outra peça sob atenta vigilância. 

O «rancho» de Maxey Brady. 

terça-feira, 7 de junho de 2022

BRV013.01 Nalinle, dez anos depois


— Posso entrar, senhor Sharp? 

— Entre, «Shoshone». 

A elevada figura do índio entrou no gabinete e fechou a porta atrás de si. 

— Olá. 

— Olá, «Shoshone». 

Era um indivíduo de raça pura. Um índio alto e desenvolto, de ombros largos e ancas estreitas... vestindo como um branco. E com dois revólveres impressionantes abaixo da cintura. 

— Atrasei-me? 

Gerald Sharp sorriu, enquanto movia a cabeça de um lado para o outro. 

— De maneira alguma, «Shoshone». Foste muito pontual. Mais do que eu pensava. Não queres sentar-te e fumar um cigarro? 

segunda-feira, 6 de junho de 2022

BRV013.00 Encontro com "Dois Renegados"

Neste documento, o autor chama a atenção para a necessidade de ler as linhas dos contratos em letra pequena. Através disso, a beldade Joan descobriu que os terrenos que o pai tinha libertado para a reserva índia lhe seriam devolvidos caso estes um dia abandonassem a reserva. 

Um dia, num momento em que o caminho de ferro estava para passar por aquelas paragens e com o beneplácito dos responsáveis da aldeia ferroviária, teve a miraculosa ideia de fazer a vida negra aos índios, contratando um bando para lhes matar os bisontes e tornar a sua existência insustentável. Julgava assim que eles abandonariam o local e ela acabaria por receber a indemnização relativa à expropriação por as terras voltarem à sua posse.

O azar do bando formado em torno destes interesses foi a existência de dois renegados, um índio e um branco, que integrados no meio da outra raça acabaram por lhes descobrir, denunciar e destruir o maquiavélico plano.

«Shoshone», assim era chamado o renegado índio, ao voltar à sua terra reconquistou Nalinla e conseguiu um acto nobre perante os seus, vindo a ser reintegrado.

Está bem arquitetada esta obra de Ros M. Talbot, embora tudo pareça um pouco forçado. De qualquer forma, a escrita é agradável e o relato prende-nos do princípio ao fim. Aqui fica para leitura integral ao longo dos próximos dias.