Salvar a mulher e o
filho de Peter foi tarefa difícil, longa e trabalhosa, pois o parto
apresentou-se cheio de complicações; mas triunfou na empresa.
Enquanto se lavava, depois de tudo terminado, ouviu o
recém-nascido chorar ao pé da mãe e pensou, sem querer, no seu colega Davis.
Estava certo de que, se a operação tem caído nas mãos deste, o panorama daquele
casebre seria agora bem diferente.
Peter murmurou, a medo:
- Bom, doutor… o senhor dirá quanto lhe devo. Não lhe
poderei pagar agora, mas…
- Imaginas que me alimento do ar?
- Não, claro que não.
- Alimento-me de satisfações, principalmente, e esta é uma
delas. Parece mentira que um tipo como tu possa ser o pai de uma criança tão
formosa.
Os olhos do interessado brilharam.
- É verdade que sim?
- Mais formosa do que tu e a tua mulher juntos. Dizes que
não me podes pagar, hem? Gostaria de saber o dinheiro de que dispões.
- Oito dólares. As coisas andam mal. Fiquei sem trabalho…
mas ofereceram-me emprego para a semana que vem.
- E entretanto o que fazes? Pensas que com oito dólares
poderás alimentar a tua mulher sem que vocês morram de fome?...
- Bem…
- Toma! – estendeu-lhe umas notas. – Isto fazem os médicos
idiotas de que falam as novelas sentimentais. Eu devo ser um deles. Mas não
julgues que te dou o dinheiro! Depois mo devolves quando tiveres de sobra e
então saldaremos a conta.
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