sábado, 5 de outubro de 2013

PAS101. Caída sobre o pó da cidade

-Ela ( Louise) era a verdadeira dona do local. Ela e Cardigan. Este colocara Carmen, uma antiga amante sua, na direção. E Carmen sabia demasiadas coisas. Não sei como Louise se inteirou da visita que eu lhe fiz, mas o caso é que o soube e decidiu suprimi-la quanto antes para evitar que falasse. O mau para ela foi que Carmen já tinha falado. E eu sabia tudo – disse, encarando a viúva – E entre o que Carmen me contou e as minhas suspeitas, pude ver bem claro o teu plano, Louise. Um plano perfeito, mas que falhou num simples detalhe: eu nunca te quis na realidade, e estou enamorado de outra. Por isso, não cerrei a boca.
O que ocorreu então sucedeu com velocidade de um relâmpago. Sabendo-o inutilizado, haviam-se descuidado de vigiar Cardigan. Haviam-se esquecido que o ódio e a ânsia de vingança podiam dar insuspeitadas energias. Com um gesto incrivelmente veloz, dado o seu estado, arrancou o revólver do coldre de um mineiro e empunhando-o com ambas as mãos, encarou Louise Hughes.
-Toma, cadela! – rugiu, ao mesmo tempo que apertava o gatilho. – A tua paga!
Louise gritou horrorizada, tentando escapar À morte. E quando o chumbo se cravou no seu ventre emitiu um gemido aterrorizado, levando a ele as suas mãos crispadas.
Um segundo depois, dez pares de punhos se abatiam sobre Cardigan, desarmando-o e arrastando-o até às árvores mais próximas. Os seus ajudantes, aqueles que não haviam podido fugir, estavam seguindo o mesmo caminho para aplacar a fúria vingativa da multidão. E Louise Hughes, com duas balas no ventre, caía sobre o pó da cidade de que sonhava ser dona.
(Coleção Bisonte, nº 30)

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