quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PAS109. Encontro na planície

A rapariga contemplava a planície, a planície infinita que se perdia nos confins do horizonte. Mais para além… mais para além sempre… Era a planície a convidar à cavalgada, a avançar, a impor na alma uma inquietação e que impedia a vida plácida e tranquila.
Seria esta a razão, perguntava Norma a si própria, dos homens do Texas serem violentos e uma raça de aventureiros?
Em Missouri e noutras partes do Leste, não existia esta maneira de sentir e os homens levavam uma vida tranquila, dedicavam-se ao lar e à família.
No Texas, todos tinham o sangue a ferver, o orgulho à superfície da pele e fácil de queimar. E por isto o Texas era um inferno. Mas ela amava aquela terra selvagem e dura, e sobretudo um dos seus habitantes.
Havia dias que nada sabia de Tom Dickens e a sua ausência revelara-lhe a verdade. Passava horas pensando o que seria dele e o que sentiria por ela. Às vezes, quando a fitava, parecia-lhe que os seus sentimentos eram como ela ansiava; mas outras, quando se absorvia nos seus pensamentos, parecia que se distanciava dela milhares de milhas.
De repente, divisou a figura de um cavaleiro que se dirigia para a quinta. Estremeceu de júbilo e contemplou-o, protegendo-se da luz do Sol com uma mão. Aquela maneira de cavalgar, aquele modo de pôr o chapéu, recordavam-lhe o Tom. Aplicou mais a vista e um sorriso de satisfação inundou o seu rosto.
Era Tom!
Deitou a correr ao seu encontro, agitando a mão no ar.
O cavaleiro viu-a avançar a correr pelo campo. Não pôde evitar um estremecimento ao reconhecê-la. Era tão doce e bonita!
Tom saíra da cidade, metendo-se pelos campos, sem rumo certo, para fugir às sombras negras que lhe envolviam a alma. Quase instintivamente, dirigiu o cavalo para a fazenda dos Wilson.
Mas ele não podia tomar aquele rumo. Aquele era o caminho dos homens honrados, o caminho daqueles que sempre respeitaram a Lei ou, pelo menos, não a desafiaram tão abertamente e durante tanto tempo como ele.
Seria possível enterrar o passado e começar nova existência, uma existência plácida e forte?
Como no primeiro dos rumos que a vida lhe oferecia era atraído pela luz dumas pupilas verdes e fascinantes, ali eram uns olhos claros e serenos que o guiavam. Uns olhos que pareciam nunca ter visto a parte negra e amarga da vida. E, se a viram, souberam manter-se limpos.
Mas que direito tinha ele de sonhar com aquela rapariga? Ela apenas tinha demonstrado uma simples e leal amizade. Mas era difícil sentir-se junto dela sem reparar no recorte dos seus lábios e nos grandes e formosos olhos.

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