quinta-feira, 31 de outubro de 2013

BD0005. Tomahawk Tom em Reg Tooper, o renegado

Eis o primeiro fascículo da Coleção Condor, publicado em 1 de Maio de 1951,  que veio resolver o problema da publicação de histórias completas pela APR. A aventura publicada de Tomahawk Tom manifesta, à semelhança dos Quadros da História dos EUA, publicada no MA, uma articulação difícil entre texto e imagem com as palavras a surgirem sob as vinhetas elaborando-se extenso texto que às vezes não tinha a ver com aquelas, mas que era imprescindível ler. Isto era normal nesta altura para mais com dois colaboradores como estes: Péon estaria numa fase inicial da carreira, tal como Caygill, e qualquer deles viria a ser preponderante na sua área.
A história não é tão engraçada como a que viria a ser publicada no terceiro fascículo. O desenho ainda é muito miúdo levando a uma visualização imperfeita e a espetacularidade, tão rica em Péon, surge apenas nas páginas 23 e 25.
 
(Para ver a BD clique sobre Ler Mais)

BD0004. Tomahawk Tom em O Mistério da Diligência

A partir do número 240 e durante treze semanas, o MA publicou outros tantos pequenos fascículos com histórias completas ou desdobradas por dois números. Cada um destes pequenos fascículos tinha oito páginas.
Procurava-se com isso combater a aversão que alguns sentiam pelas histórias em continuação e que acabou por ser resolvida com a Coleção Condor.
O primeiro desses fascículos, trazia uma aventura de Tomahawk Tom. Nada de especial, o espaço também não dava para muito mais, ali se nota a luta do herói para impor a justiça e conseguir um bom relacionamento entre brancos e índios.

HBD002. Assim nasceu Tomahawk Tom

Há muitos textos sobre este herói da BD. Que é um mestiço que, após encontrar Jackie, percorreu o Oeste na busca de aventuras, sempre procurando impor o bem, esta uma súmula... Não tenho disponibilidade para procurar tudo o que li sobre este herói e reproduzi-lo aqui.
Mas há uma página do Mundo de Aventuras, número 61, onde tudo parece esclarecido: parece que o jornal andava com dificuldade para ter um «cow-boy» nas suas páginas. E alguém ajudou a resolver o problema. Claro: Vitor Péon e Edgar Caygill.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

PAS150. Tão perto da fortuna...

Estavam diante do cofre forte e Joss iluminava com a lanterna de petróleo. Ferris tateou o botão, em cuja periferia estavam gravadas todas as letras do alfabeto.
- Achas que se abre? – perguntou-lhe o amigo.
- Veremos. Tenho seis palavras para experimentar.
As palavras estavam escritas num papel. Ferris consultou-o num lance de olhos, e começou a fazer girar o disco.
- Erre… e… pê… u… ele… esse… e… - terminou, pronunciando a palavra completa: - «Repulse» - e juntou uma oitava letra, que era simplesmente a repetição da última da palavra. – Foi sempre o truque desde os tempos do velho Kerchival – explicou ao companheiro. – Empregar uma palavra apenas com sete letras e repetir a última.
Depois, tirou uma chave da algibeira – uma chave pequena, que não pertencia àquelas que, minutos antes, estavam em poder do guarda – e meteu-a na fechadura do cofre forte. Fez força sobre a lingueta, procurando levá-la para baixo… Mas a lingueta permaneceu firme.

POL032. Armadilha Fatal


(Coleção Pólvora, nº 32)
 
 
«Barry Larsen e a sua quadrilha. Toda a gente falava deles, embora ninguém os conhecesse. Barry tapava o rosto com uma máscara durante a execução dos seus assaltos e o nome que usava era provavelmente falso, o que constituía outra máscara para ocultar ao mundo a sua verdadeira identidade.
Havia quatro anos que vinha realizando-se uma série de roubos com a sua assinatura, efetuados sempre dentro de um perímetro bastante redduzido, que compreendia a povoação de Pinetown e arredores. As empresas prejudicadas tinham sido a Pinehill Railroad Company (Companhia dos Caminhos de Ferro de Pinehill) a Benton Transport Company e outras companhias igualmente oderosas, que concordarm em estabelecer uma grande recompensa em dinheiro destinada a quem lhes fornecesse uma pista capaz de levar à captura de Barry. Mas até ao presente tudo resultara inútil.
Certamente o ladrão não era bastante odiado por aqueles a quem os seus roubos não afetavam de maneira directa. Os seus assaltos realizavam-se sem violência; nunca derramara sangue inocente e utilizava a astúcia em lugar das armas.
Os habitantes de Pinetown sorriam ao ouvir o nome de Barry Larsen, e sentiam-se orgulhosos, em certa medida, da sua personagem pois em maior ou menor grau a consideravam sua». - escreve Rufus None.
É neste contexto que um médico já bastante idoso, mas extremamente perspicaz, vai oferecer os seus serviços a uma destas poderosas companhias com o objetivo de apoiar a captura de Larsen e obter a devida recompensa.
Ironia do destino, tendo descoberto a verdadeira identidade de Larsen, acabou por o ajudar a escapar à mão pesada da lei e a reorganizar a vida com uma sua sobrinha bastante formosa.
Esta novela de Rufus None é bastante agradável de ler, tem passagens bastante engraçadas, mas as motivações dos jovens assaltantes nunca foram bem definidas. Ao princípio pareciam querer enriquecer facilmente, mais tarde, apareceram a oferecer dinheiro roubado. Enfim, uma certa confusão.
 
Passagens selecionadas:
 
 

 
 

NOV002. Amanhã dia de BD no Passagens


Amanhã, é dia de BD no Passagens. Será totalmente dedicado a Tomahawk Tom, uma criação de Vitor Péon e Edgar Caygill.
Para já, uma curiosidade: os MAs 104 da primeira e segunda série foram inspirados na mesma ilustração. Ora vejam a diferença que uns vinte anos trouxeram para além daquela "primeiro em continuação, depois em álbum"...

PAS149. Convidados pelo medo

O revólver do «Tarefas» disparou três vezes seguidas e outras tantas garrafas ficaram sem gargalo, começando o líquido a gotejar pelas prateleiras abaixo.
- Vá, O’ Hara, sobe e traz para baixo essas garrafas. Não dirás que não te ajudamos. Assim não tens necessidade de lhes tirares as rolhas.
Os outros três bandidos riram-se da graça e até alguns entre o público esboçaram sorrisos ou se riram a meia voz, sem demasiado entusiasmo.
O’ Hara voltou a subir pela escada de mão até às garrafas, que se encontravam na prateleira superior.
Nesse instante, Noel Logan entrou no estabelecimento. Ninguém deu pela sua entrada, atentos como estavam à cena em que o dono da taberna servia de protagonista e aos comentários dos quatro bandidos.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

PAS148. Soluços de uma jovem desesperada

Depois de meditar alguns instantes, resolveu levar a cabo um reconhecimento na casa que daí em diante ia habitar, a residência daquele que fora o representante da Lei.
Ao chegar à porta, empurrou-a com decisão, certo de que lá dentro não estaria ninguém. Mas uns soluços que escutou fizeram-no deter-se no umbral. Os soluços cessaram acto contínuo, talvez porque se tinham apercebido da sua chegada.
Reparou que havia movimento no quarto do lado e deu dois passos nessa direção. De novo se deteve, surpreendido.
Barrando-lhe a passagem, acabava de surgir uma rapariga. Era alta, morena, de extraordinária beleza, com uma cabeleira comprida que lhe caía pelas costas como uma catarata de ébano brilhante e sedoso.

POL031. Mãos ao ar, xerife


(Coleção Pólvora, nº 31)
 
Noel Logan era um humilde vaqueiro, muito jovem, que ousou olhar para a menina mais bela do povoado e convenceu-se que o seu sorriso era uma promessa da felicidade futura. Um dia, encheu-se de coragem e procurou-a para lhe propor casamento, tendo sofrido notável desilusão na presença do noivo da menina, filho de uma abastado rancheiro da região.
Ferido, mortificado, resolveu partir em busca da fortuna. Esta foi um pouco madrasta com ele e, quando estava no seu acampamento, com os seus parcos haveres, um grupo de quatro indivíduos assaltou-o, roubando-lhe tudo, inclusivamente água. Seguiu-os com a força dos danados e atravessou o deserto, tendo chegado faminto e desidratado à mesma povoação para que eles seguiram e onde se dedicavam ao crime organizado protegidos por um notável. Não o reconheceram, felizmente para ele.
No desenvolvimento da atividade criminosa do grupo, o xerife foi abatido e, como mais ninguém se oferecesse para o lugar, Noel foi nomeado xerife pelo notável.
Começa aqui a desenrolar-se a feliz história de Noel que, pouco depois, se encontrou com a bela filha do xerife assassinado e ambos começaram a colaborar para eliminar os bandidos. Imagina-se o final da história: o xerife impôs a lei e bela menina ficou com ele.
 

ARZ040. Terra de Fogo

(Coleção Arizona, nº40)
Pela Primavera começará a ceifar-se o trigo no Texas. Em cada Primavera, milhares de homens e centenas de grandes máquinas "conjuntos" iniciam os seus trabalhos no Sul, para transportar nos sacos o trigo que doura os campos...
É o braço humano, o esforço e coragem humana, que faz todos os anos o milagre de encher os celeiros de um grande país e de pôr em marcha uma das primeiras riquezas do mesmo...
...Esta história fala da vida desses pioneiros e do Llano Estacado, o lugar desértico que eles converteram num mar de ouro.
Cesar Torre é um autor de escrita emocionante com 110 obras registadas em Portugal quase todas através da Agência Portuguesa de Revistas. Na presente retrata a luta difícil de alguns homens para transformar esta terra de fogo no celeiro atrás mencionado.
Na capa, de autor desconhecido, é representado o encontro de um desses agentes da transformação com uma detentora de terras que se opunha ao projecto. Nota-se que algo falará mais forte


 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

PAS147. Revólver de Prata


O nome Revólver de Prata fazia estremecer, havia muito tempo, os que escarneciam da lei.
Quem era, na realidade, aquela misteriosa personagem?
Os poucos que o tinham visto fixaram-se, mais que em qualquer outro pormenor, nos seus revólveres, cujos canos brilhantes e prateados fique o alcunhassem com aquele estranho apodo, «Revólver de Prata».
Era um inspetor doa agentes rurais? Um federal enviado especialmente pelo Norte para lutar contra os criminosos, cada vez em maior número no Oeste? Um aventureiro sem escrúpulos que apenas procurava o roubado para se apoderar mais facilmente dele? Um ser sanguinário, um «gun-man» sem lei e sem consciência que não pensava noutra coisa a não ser em matar?
Ninguém podia responder a tão angustiosas perguntas. O certo era que, durante vários anos, «Revólver de Prata» havia deixado um rasto de sangue entre os bandidos e assassinos do oeste. Só o seu nome fazia empalidecer os meliantes de muitos Estados.
(Coleção Arizona, nº 39)

 

ARZ039. O xerife silencioso

 
(Coleção Arizona, nº 39)

Ainda muito jovem, Richard ausentou-se do seu rancho para ir à cidade fazer umas compras. Foi a sua sorte. Quando regressou, as suas duas irmãs e os pais tinham sido assassinados e todo o gado tinha sido roubado por um facínora de nome Harness.
A sua vida modificou-se completamente e ganhou um novo sentido: reencontrar Harness e vingar os seus. Mas o bandido era extremamente poderoso. Quando o encontrou, sofreu um cobarde ataque de um dos seus sequazes que lhe provocou graves ferimentos e o colocou numa perigosa, dolorosa e longa fuga em que nas paragens pedia a piedosos vaqueiros que o tratassem.
Ainda fraco, voltou a procurar os bandidos, chegando a El Paso onde se ofereceu para o lugar de xerife já que o anterior havia sido morto, e simulou uma aproximação ao bando que tinha procedido ao assassinato.
El Paso sentiu então a ocorrência de factos estranhos. Um justiceiro que se intitulava "Revólver de Prata" fazia justiça à sua maneira dilacerando as mãos de bandidos, abatendo-os seguidamente. Richard manifestava-se alheio a este facto e portava-se como um xerife silencioso...
Que relação existia entre ele e "Revólver de Prata"? Será que conseguiria chegar ao criminoso Harness?
Eis as questões q que este livro não muito interessante de E.L.Retamosa responde, apimentando a resposta com os encontros de Richard e uma formosa rancheira.

Passagens selecionadas:
 
PAS147. Revólver de Prata

domingo, 27 de outubro de 2013

PAS146. A morte chegou com a tempestade

Foi o raio que os uniu.
A luz do raio, deslumbrante como o sol. A linha quebrada e azul-violeta da sua trajetória. Depois, o odor a enxofre. E o trovão aterrador, tal como se a terra tivesse explodido.
- …!
O raio impressionou os três. Caíra muito próximo e afetara-os demasiado.
Frank, o filho, resguardara-se instintivamente atrás da grossa coluna de madeira e ficou ali, dobrado sobre si mesmo. Podia lutar contra os homens, mas não contra a Natureza cruel. Tremia.
Jane, a mãe. Ela, que experimentava um terror sobre-humano em face das tempestades, foi a que menos reagiu. Viu o raio cair sobre a enorme árvore e rachá-la de meio a meio. Ouviu o trovão ribombar instantaneamente. Dobraram-se-lhe as pernas e caiu. Mas refez-se imediatamente. Toda coberta de lama, ergueu-se e correu para o edifício. Ali, gritou com quanta força a sua garganta foi capaz:
- Frank! Harold!
Harold, o pai, apenas verificou que a vida se lhe extinguia.
Notava como as forças o abandonavam, pouco a ouco. Sentia as cataratas de água fustigarem-lhe o corpo que jazia, agora, num leito macio de lama. Tinha os sovacos e o ventre suados e doía-lhe o ferimento que lhe atravessava os pulmões, trazendo-lhe à boca uma fina espuma avermelhada cada vez que respirava.
Pensava desordenadamente, prestes a mergulhar na inconsciência:
«Jane, não consegui chegar a tempo… mais uma vez fui um inútil… Jane, perdoas-me?... Sim, passou demasiado tempo… Quem cuidará agora de ti? Jane, recordas-te?... Não, não te recordas… Passou já tanto tempo… tanto… Perdoas-me?... Frank, vou ter contigo, Frank, meu filho… Que sabor tem o sangue!... Cá vem outro vómito… E outro…».
Golfadas de sangue inundavam a sua boca. Cuspiu sobre si próprio, incapaz de maior esforço.
Foi-se inclinando e repousou a cabeça na lama barrenta. As coisas, o mundo, pareciam tremer, ondulando na retina do homem.
«Que era aquilo?... Jane… Perecera-lhe ouvir um grito… Estava tudo tão escuro e tão silencioso!...»
Através da sua agonia ouviu um débil e agudo grito de mulher. Depois, entre as trevas, viu-a chegar. Distinguiu a mancha cinzenta do seu vestido no meio da escuridão.
«Que alto que está Jane!... E eu que não posso subir até ela!... Jane, cheguei… demasiado tarde… Perdoa-me…».
Não viu a corrida louca da mulher que se arrojou sobre ele e o chamou pelo nome.
- Harold!
Não viu o seu filho, que se aproximou também, atónito, como um sonâmbulo.
- Harold!
O grito chegou ao corpo de Harold Brown, rodeou-o, revolteou-o em seu redor, mas só encontrou a frialdade da morte.
Continuava a chover. E ao cair na terra, a água convertia-se em lama, em barro…
(Coleção Pólvora, nº 27)

ARZ038. Violência City

(Coleção Arizona, nº 38).

sábado, 26 de outubro de 2013

QST001. A questão da autoria de Cadeias de Sangue

O número 37 da coleção Arizona exibe na sua capa, em lugar de autor, o nome Buffalo Valley. O mesmo acontece na página 3, onde vulgarmente essa informação surge acompanhada do título da coleção, da obra e do responsável pela tradução (neste caso, Alice Chaves).
A mesma informação sobre autoria existe no registo da Biblioteca Nacional.
Acontece que mais nenhuma obra existe publicada em Portugal com este nome de autor. Por outro lado, no interior da obra nota-se que Buffalo Valley designa a região onde inicialmente residia “o herói”.
Pusémos assim em causa a autoria reconhecida pela APR. Procurámos nas listas de títulos disponíveis, mas nesta fase a Arizona não publicava o nome de autor nessas listas à semelhança do que acontecia noutras coleções da APR (Búfalo, Bisonte e Pólvora).
Admitimos que o autor fosse o responsável pela tradução, mas Alice Chaves era um nome que surgia com alguma frequência na tradução de obras nesta fase. Por outro lado, o livro indicava como título original “Cadenas de sangre”, sugerindo a sua proveniência de Espanha o que era comum a estas obras publicadas no nosso país.
O trabalho de catalogação de títulos da literatura popular do século passado e sua divulgação na NET está muito mais avançado em Espanha do que no nosso país e uma base de pesquisa indispensável é o blog Bolsilibros (http://bolsilibrosbruguera.wordpress.com/) da autoria de Nicolas Solvarin.~
Realizámos aí uma pesquisa. A coleção mais parecida com a Arizona é Salvage Texas, mas nesta nada existia de parecido com a obra em causa. Em contrapartida o número 199 da Bisonte da Bruguera tem o título “Cadena de Sangue” e tem como autor Fidel Prado. Não nos repugna associar esta obra a este autor dado que o seu estilo tem muito a ver com a mesma. A reforçar esta ideia, o facto de ter sido autor do número 36 da Arizona. Assim, procedemos a esta modificação, com algum risco é certo, mas parecendo-nos o mais correto.

PAS145. A mensagem do moribundo

 John abriu os olhos e fitou o rosto da jovem. O sangue, em abundância, afluia-lhe aos lábios. Sílvia, que o sustentava, notava a frialdade que se ia apoderando dele.
- Obrigado… - sussurrou John, com voz quase extinta – Eu… não… quis… alvejá-lo – e o seu moribundo olhar pousou no agente, afastado uns passos, ainda envaidecido por haver caçado o famoso «Rapid John» tão facilmente.
Sílvia captou a desesperada mensagem do  moribundo. Aquele homem de vida atormentada, no decorrer da qual roubara as vidas de outros semelhantes, queria expressar que nunca matou por capricho e que até naquele derradeiro momento não disparou contra o agente, tendo tempo de sobra para o fazer.
- Sim, John, todos nós vimos isso – disse ela, com os olhos arrasados de lágrimas. E, num impulso indomável, aproximou os lábios para beijar o rosto de John.
Ele ainda viu acercar-se aquele rosto maravilhoso e sentiu a cálida e doce carícia dos seus lábios. Depois, o belo rosto esfumou-se para dar lugar a outro rosto querido e nunca olvidado, as feições amoráveis da mãe, que se debruçava sobre ele, com o sorriso doce com que o acarinhava em pequenino.
Depois… nada.
(Coleção Arizona, nº 37)

ARZ037. Cadeias de sangue


(Coleção Arizona, nº37)
 
 
Lendo as histórias das fronteiras americanas na sua época mais tumultuosa, chega-se ao conhecimento de que, ao ser exterminadas, pelos agentes federais e Batedores do Texas, algumas famosas quadrilhas de foragidos, que operavam nos estados norte-americanos do sul, os escassos sobreviventes fugiram para as regiões situadas mais a norte.
Uns prosseguiram no caminho da violência até serem inexoravelmente caçados pela Lei. Outros desapareceram misteriosamente, não voltando a saber-se nada deles.
A narrativa que segue poderia muito bem ser a história de um desses fugitivos «fora da lei»
(Em: coleção Arizona, nº 37)
E juntamos nós: Rapid John atirado para a cena do crime por canalhas usurpadores das suas terras estava quase a cair no esquecimento, a encontrar aquela que o converteria num honrado cow-boy quando se encontrou com a lei e foi obrigado a pagar a sua dívida com a vida.
Deste livro extraímos uma passagem e deixamos uma questão relacionada com o "autor" Buffalo Valley:


PAS145. A mensagem do moribundo
QST001. A questão da autoria de Cadeias de Sangue
 
 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

PAS144. Lincoln

O país atravessava uma época de inquietação. Harold, que jamais se preocupara com assuntos de política ou problemas sociais, ouvia sem interesse aparente, nas reuniões a que ia acompanhado da noiva, opiniões apaixonadas que se prendiam com a questão da escravatura.
O problema dos escravos que durante largo tempo não fora mais que um tema de discussão, limitando-se cada um a expandir os seus pontos de vista sobre o assunto, ameaçava agora tornar-se numa bandeira suscetível de separar o país em duas poderosas fações. A controvérsia tornava-se cada vez mais acesa entre os que defendiam e atacavam a existência da escravatura. Harold Brown não odiava nem simpatizava com os negros. Simplesmente, ignorava-os. Não compreendia, portanto, que, por tal motivo, uma nação pudesse chegar à guerra civil. Sim, porque as paixões em digladiação haviam chegado a um ponto caótico, ameaçando pôr o país a ferro e fogo.
Foi nessa altura que Harold Broen viu pela primeira vez Abraham Lincoln. Fora com Jane por mero desfastio a um comício, no qual estava anunciado que falaria Stephen Douglas, democrata de Spingfield. Nessa reunião, pediu a palavra um homem alto, extremamente magro, com profundas rugas e uma expressão de melancolia no rosto.
Subiu ao estrado em mangas de camisa e o suor corria-lhe pela testa. Começou a falar e havia tal paixão e eloquência nas suas palavras, que os assistentes escutaram-no, atentos e respeitosos. Empregava imagens bíblicas e punha um fogo escaldante nas frases que proferia. Harold Brown tirou por conclusão, ante aquela arrebatada oração, que era necessário considerar o negro como um ser humano igual a qualquer outro.
Quando o singular orador acabou de falar, os assistentes começaram a discutir acaloradamente os seus apaixonados conceitos.
(Coleção Pólvora, nº 27)
 

PAS143. Reencontro

Saiu para a rua soalheira. Durante alguns momentos teve de caminhar de olhos semicerrados, acostumado À penumbra do bar e incomodado agora pela crueza causticante da claridade exterior. Dirigiu-se para o largo que o taberneiro lhe indicara. Não tinha fome, mas queria descansar e dormir uma boa sesta. Continuava a sentir-se deprimido por aquela transpiração pegajosa que lhe colava a roupa às carnes. Caminhou pelo passeio do tabuado, sob a proteção da cobertura de madeira, que o resguardava do sol.
Foi então que tropeçou. Passava nesse instante em frente de um armazém de comestíveis, e a mulher saía apressadamente, com um volume nos braços. Ele olhava para outro lado, observando com indiferença como um velho mineiro carregava algo num burro, e não reparara na mulher antes de tropeçar com ela. Instintivamente, estendeu os braços e susteve-a. Viu, num segundo apenas, uns cabelos loiros muito próximos e o revoltear de umas saias brancas.
- Perdão, senhora!
A mulher ergueu o rosto. Um rosto pálido, naquele momento alterado pela surpresa do encontro. Aparentava uns trinta e cinco anos e era bastante atraente. Olhou o homem com quem tinha tropeçado e este olhou-a também.
Há sempre qualquer coisa que nos sacode fortemente! Como ver assassinar um ser querido. Assistir À agonia de uma criança. Sentir o adejar da morte em torno de nós mesmos. Saborear o gosto do veneno no copo servido por um amigo. Tocar nas feridas purulentas de um leproso. Algo que nos sacode fortemente! Tão forte que paralisa o coração…
A mulher fitou-o com os olhos transtornados, nos quais se refletia uma estupefação infinita. Abriu e fechou a boca várias vezes e o seu rosto empalideceu como se o sangue deixasse de correr nas suas veias. O seu olhar, aturdido, is das feições do homem para o volume que lhe caíra dos braços. Depois, soltando um grito apavorado, baixou-se rapidamente e, após agarrar no embrulho caído no solo, lançou-se numa corrida através da rua poeirenta.
O homem ficou imóvel sobre as tábuas do passeio. Durante um instante o seu cérebro esteve paralisado e o coração pareceu deixar de lhe bater no peito, para logo se precipitar num ritmo galopante que lhe sufocava a garganta.
«Jane!... Jane!... Jane!!!...»
Não conseguia mais do que repetir o nome que lhe afogava a alma. O céu, a terra, o pó, o calor, nada contava para ele.
- «Jane!... Jane!... Jane!...»
Encostou-se a uma coluna das que sustinham o tejadilho, pois sentia que as pernas lhe fraquejavam. O seu corpo parecia subjugado a um estranho peso adicional. Experimentava uma angustiosa sensação na boca do estômago e a terra começou a tremer diante dele.
Passou-lhe a vertigem, mas qudou-se como que oco, vazio, incapaz de um racioicínio. Não sabia que fazer. Deu alguns passos no caminho que seguia, mas voltou-se e regressou ao bar.
«Jane»… e o nome repercutia-se num eco infindável no seu cérebro.
(Coleção Pólvora, nº 27)

ARZ036. Barreira de chumbo


(Coleção Arizona, nº 36)
 
 
 
O velho mineiro seguia de diligência para sítio seguro, mas dois homens que conheciam os seus propósitos seguiram-no. A diligência teve estranho acidente presenciado por um engenheiro de minas e pelo seu fiel criado os quais planeavam integrar-se na pesquisa de ouro na Califórnia.
O mineiro aproveitou a ocasião para fugir, mas foi perseguido pelos dois energúmenos que o balearam, tendo sido socorrido pelo engenheiro e criado a quem contou pormenores sobre a localização e família, tendo falecido pouco depois.
Myron e Sam, o criado, decidiram partir em busca do filão e de uma filha do velho mineiro para lhe restituírem o que lhe pertencia. Em breve foram cercados pela quadrilha e, após os ludibriarem na fuga, conseguiram descobrir e denunciar a raiz do problema. Sam, no desenrolar da luta, acabou por bater com a cabeça numa pedra e ficou delirante, mas os cuidados da filha do mineiro em breve o fizeram recuperar e acabaram por lhe trazer a felicidade.
A narrativa de Fidel Prado é calma, bem conseguida, apesar de integrar extensos monólogos. Não se percebe como foi possível ao velho mineiro estar moribundo e contar a sua história por mais de duas páginas.
 


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

BD0003. Aguia Branca em "O feiticeiro negro"


Águia Branca era o índio branco protagonista de inolvidáveis aventuras. Aqui fica uma delas, desenhada por Joe Certa e John Belfi, publicada no fascículo 15 da Colecção Condor (uma colecção que antecedeu o Condor Popular e o Mundo Aventuras de histórias completas, isto é, iniciado no número 512) em 1-7-1952...
A publicação integra ainda uma aventura de Lone Ranger (Máscara Negra, Bronco Bustin), desenhada por Charles Flanders,  com a qual se completa o fasciculo da Condor.

(Clique sobre Ler Mais para ver o resto da BD)

BD0002. Aventuras de "Águia Branca"

Eis uma grande aventura de "Águia Branca" publicada em oito fascículos consecutivos do Mundo de Aventuras com início no 164, em 2 de Outubro de 1952, terminando em 20 de Novembro do mesmo ano, no número 171. Nela, encontram todos os elementos já referidos a nível da sua caraterização: a figura de Steve Adams, a sua transformação no índio justiceiro na gruta secreta, o seu fácil relacionamento com índios e brancos, o magnífico Palomino Fury e o seu sócio Patrick.

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HBD001. Águia Branca

Águia Branca (Straight Arrow), filho de um grande guerreiro Comanche, ficou órfão aos 10 anos de idade, quando foi o único sobrevivente do massacre da sua aldeia por bandidos brancos apoiados por outra tribo indígena.
Ferido, foi para o rancho da Adams que o criou como se fosse seu filho. Após a morte de Adams, ele herdou a fazenda a que atribuiu o nome Broken Bow Ranch (1), no fundo a única coisa que possuía quando lá chegou (isto é uma conjetura, não há qualquer história original a referi-lo).
Para todos, ele é apenas Steve Adams dono de uma pequena fazenda de gado. No entanto, quando os malfeitores, quer sejam brancos ou vermelhos, agem contra a justiça, Steve entra numa caverna escondida no seu rancho e surge Águia Branca (Straight Arrow), montado no seu palomino dourado Fúria, para fazer justiça. A única pessoa que sabe que Águia Branca e Steve Adams são a mesma pessoa é o seu fiel sócio de cabelo grisalho, prospetor Packy McCloud.
 
(1) Rancho do Arco Quebrado




 

HBD000. Falemos de alguns heróis da banda desenhada

Um pedaço importante do Oeste que nos chegou veio através da banda desenhada. Por isso, aqui incluímos algumas criações, não tendo este blog por objetivo apresentar sistematicamente esta forma de arte. Justifica-se, por isso, que para além das criações e dos criadores, falemos em alguns dos heróis da BD que tanto nos tocaram.
Fá-lo-emos com base em textos que encontremos na NET procurando juntar neste blog pedaços de conhecimento que se encontram dispersos. Temos consciência do pouco que podemos levar aos nossos amigos, mas mesmo isso poderá ser útil a todos.
Surge assim o radical "HBD" com o qual referimos "Herói da Banda Desenhada". E o nosso primeiro texto será relativo a Águia Branca (Straight Arrow, na origem ou Flecha Ligeira, no Brasil).

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

PAS142. O «Ninho dos Abutres»

- Quando se puder levantar, vamos ao «Ninho dos Abutres» - dizia Sylvia. – Os meus ovelheiros construíram lá uma cabana muito cómoda que até tem uma nascente dentro e à porta floresce uma passiflora.
Mas Tony não a escutava. Ferido pela recordação da medalha perdida, o seu pensamento perdia-se naquela noite em que uma bala traiçoeira o tinha derrubado do cavalo.
- Não me ouve? – perguntou Sylvia, colocando a sua mão sobre a dele.
Ao suave contato, Tony estremeceu, exclamando:
- Quê? Como?
- Será melhor que o deixe descansar um pouco. Não convém fatigá-lo demasiado.
- Mas eu não me canso.
- Voltarei depois. Lembre-se que temos de ir ao «Ninho dos Abutres».
- Para quê?
- Há uma lenda dos antigos «navajos» que diz o seguinte: «Se duas pessoas de sexo diferente beberem juntas a água da fonte que ali existe, e o fizerem ao pôs do sol, serão felizes!»
Não existia tal lenda, pois era fruto da imaginação de Sylvia, que procurava todos os recursos imagináveis para distrair Tony. Este sentiu-se interessado por aquele pormenor romântico e respondeu:
- Iremos à fonte do «Ninho dos Abutres»…


Antevê-se o romance... Será Tony alguma vez capaz de desistir de Sylvia? A resposta está em “O Novato”.
(Coleção Pólvora, nº 26)

PAS141. A arte de domar um potro


Rex era um homem um pouco vaidoso e estava acostumado a impor a sua vontade. Por ser filho do patrão, os vaqueiros toleravam-no.
Tony não lhe foi simpático.
Rex despendurou um laço entrançado e, indicando-lhe o curral, disse, entregando-lhe a corda:
- Vou soltar aquele potro ruão, para ver se és capaz de laçá-lo; mas, para isso, terás de montar o teu cavalo pois esse bicho corre como um comboio.
Os vaqueiros tinham-se aproximado, curiosos, desejando presenciar aquela prova. Todos sabiam que o potro era veloz como a luz a galopar e sempre dava imenso trabalho a fechá-lo. Além disso, tratava-se de um cavalo indómito e cheio de manhas.
Tony nada respondeu, limitando-se a pegar no laço e a montar no seu baio.
Rex, com um maligno sorriso nos lábios, subiu pelas traves do curral e, abrindo a portela, fez sair o potro. Este, apenas se viu livre, soltou um relincho e, sacudindo a cabeça, partiu a galope.
- Olha que ele foge, «boy»! – gritou um vaqueiro.
- Não irá muito longe – replicou Tony.

ARZ035. Cartazes Trágicos


(Coleção Arizona, nº 35)

terça-feira, 22 de outubro de 2013

PAS140. Salva pela criada

Ela pusera-se muito pálida. Olhava fascinada para o marido.
- Silêncio. Sei tudo, ouves? Tudo. Estás satisfeita da tua ação, não é verdade? Atraiçoares o teu marido para ajudar essa cabeça perdida do teu irmão!...
A mulher, apesar do medo que dela se apoderara, teve o suficiente sangue frio para se levantar.
- Estás a dizer tolices, Joe. Nada tenho a ver com a fuga de Frank.
- Senta-te e ouve-me até final.
Exaltado, Joe empurrou com violência a mulher que, perdendo o equilíbrio, caiu de costas sobre o cadeirão do qual acabara de se erguer.
- Estiveste a beber, Joe. Mais vale que vás para a cama.
- Mas não estou embriagado…
Os olhos dele estavam injetados de sangue. Peggy sentiu medo. Nunca tinha visto Joe daquela maneira. E o receio deu-lhe ânimo para acabar definitivamente com aquela situação. Pôs-se de pé.

PAS139. Pesadelo

As sombras tinham-se desvanecido. Era dia e o sol brilhava. Uma gritaria ensurdecedora. E uma sucessão de rostos patibulares, de feições a transpirar ódio. E ele, Frank, no meio dela. Empurravam-no.
- Pendurai-o de uma vez!
Uma forca. Uma corda que pendia de um ramo da única árvore que se erguia na praça da povoação, em frente da Câmara.
Mais empurrões. Mais gritos. Depois, Joe Scarlett. Diante dele, gigantesco, com os braços cruzados sobre o peito. Cínico!
- Vou enforcar-te como a um cão. Disse-te isso uma vez, Frank. Lembras-te?
Novos encontrões. A corda pendia sobre a sua cabeça prestes a ajustar-se ao seu pescoço. Um puxão violento. Asfixiava. A escuridão era completa…

ARZ034. Donald voltou!


(Coleção Arizona, nº 34)

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

PAS138. Investida de reses enlouquecidas

Naquele entardecer, chegou ao rancho dos Mikel um estranho viajante. Montava um cavalo malhado, de grande porte, e trazia cruzada nas costas uma guitarra adornada de belos arabescos. Na montada, em vez de espingarda, trazia um cavalete e, num saco de mão, como puderam comprovar mais tarde, pincéis, tintas e paletas… Vestia roupas de vaqueiro, muito gastas e, à cintura, trazia um imponente «Colt 45».
Aproximou-se de Una Mikel, que saia naquele momento, precipitadamente, do interior da casa e cumprimentou-a levando a mão ao largo chapéu coberto de pó.
- Boas tardes, senhora… É a senhora a proprietária? Queria falar consigo…

PAS137. Recuperar o tempo perdido

Jameson olhou a rapariga. Ela estava a  seu lado com o olhar perdido no horizonte. Mas o jovem percebeu que Una não via nada do que tinha na sua frente.Parecia estar na expetativa de algo muito mais belo ainda. Talvez uma palavra de amor…
- Una…
- Que é?...
Ela voltou-se e os olhos de ambos encontraram-se
- Queria dizer-te…
- Não me digas nada, Gary, não mo digas!...
Passou-lhe um braço pela cintura e atraiu-a a si… Com os olhos muito juntos, olharam de novo o horizonte.
- Cinco anos perdidos! – murmurou ele cheio de ternura.
E ela, com lágrimas nos olhos:
- Cinco anos! Deus meu, quanto, quanto tempo!
Ela ofereceu-lhe os lábios…
Foi então que viram três cavaleiros que, de modo suspeito, se aproximavam do rebanho…
(Coleção Pólvora, nº 15)

ARZ033. Um dia será enforcado


(Coleção Arizona, nº 33)

domingo, 20 de outubro de 2013

PAS136. Uma sombra na noite

Quando o ruído das ferraduras do cavalo deixou de ouvir-se na noite, estranhamente silenciosa após a borrasca, ela fechou a porta e trancou-a. Depois, foi às janelas e fez-lhes o mesmo. Quando chegava à última, precisamente a dos seu quarto, deteve-se, como se tivesse ficado pregada ao solo. Lá fora, do outro lado da vidraça, havia uma sombra mais escura que as outras. Aquela sombra nunca estava ali, ela sabia-o bem.
O coração começou a pulsar-lhe em ritmo acelerado e ela levou  a mão ao peito. A sombra movia-se, aproximando-se cada vez mais. Frances Lowrie sabia que as janelas fechavam mal, a não ser que se tivesse muito cuidado ao fazê-lo, e ignorava se o mexicano teria tido essa precaução. Precipitou-se para a janela, num ímpeto que não provinha da sua vontade consciente, e fechou-a. Do outro lado, a sombra imobilizou-se. Então, as nuvens separaram-se e deixaram passar um pálido raio de luar.
A sombra tinha um rosto triangular e as pálpebras pesadamente caídas sobre as comissuras exteriores dos olhos o que dava a estes um aspeto oblíquo e particularmente maligno.
(Coleção Pólvora, nº 14)

PAS135. Uma mulher na tempestade

Os relâmpagos rasgaram as trevas. Ainda não começara a chover, mas o vento trazia o cheiro a terra húmida do alto dos montes. Quando as rajadas abrandavam, um peso sufocante desabava sobre todas as coisas.
A mulher elevou os olhos no céu e cerrou-os quando um novo raio abriu passagem entre o negrume. O vento chegou de novo até ela, que apertou o colarinho da camisa que vestia. Por fim, nervosamente, sentou-se no tronco caído de uma árvore.
A paisagem, ao clarão dos relâmpagos, parecia um confuso amontoado de pedras e árvores. Uma fonte cantava perto dali e o solo estava coberto de erva espessa. Um lugar ideal para encontros amorosos, quando o luar derramasse sobre ele a sua poalha prateada. Porém, naquele momento tornava-se sinistro, soturno.
- Meu Deus! Meu Deus! – repetiu várias vezes a rapariga, em voz baixa.

ARZ032. O gun-man do fato preto


(Coleção Arizona, nº 32)