A mulher era muito formosa, morena, de enormes e ardentes olhos. Vestia com modéstia e usava o cabelo apanhado numa trança, enrolada na nuca. Caminhava com a graça das mexicanas, o que era natural, pois Carmen Rode era mexicana.
Carmen entrou na pequena forja. Um homem com o torso nu olhou para ela, sorrindo. Era um homem novo, muito forte, de cabelo avermelhado e olhos negros.
— Carmen! Não me digas que já são horas de comer! Não posso ir, antes de acabar este eixo.
A mulher aproximou-se. Nos seus olhos brilhava o amor. Olhava para o marido com verdadeiro entusiasmo e admiração.
— Não, Juan, a comida ainda não está pronta. E que... veio um homem, de casa do teu pai.
Juan Rode deixou de sorrir.
— Outro? Diz-lhe que se vá embora! Diz-lhe que...
A mulher murmurou, persuasiva:
— Juan, esse homem afirma que o teu pai está muito mal e disse que te queria ver.
— Eu não tenho interesse nenhum em vê-lo!
Carmen cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar.
— Eu não queria separar-te do teu pai, Juan, tu bem o sabes! Eu não queria chegar a esta situação!
Juan acariciou o rosto da mulher.
— Não chores, tu não és culpada de nada, Carmen. Ele é o único responsável. Atreveu-se a ofender-te, do modo mais grosseiro! Então, eu garanti que não voltaria nunca mais a sua casa e não voltarei! Esse homem pode…
Voltou a cabeça e olhou para a porta. Um homem gordo, baixo, que dava voltas ao chapéu de abas largas, estava ali. O homem disse, com rudeza:
—Juan... o teu pai está muito mal, podes crer. Não te diria semelhante coisa, se fosse mentira. Ele quer ver--te, e é preciso...
Juan gritou:
— Vai-te daqui! Não irei! Diz-lhe, da minha parte, que pode morrer só e à vontade! Quando me pôs fora de casa, gritou bem claramente que não precisava de mim para nada! Vai-te!
O homem não se moveu.
— Juan, és o seu único filho. Está muito mal e chama por ti...
Carmen agarrou-se ao braço do marido, dizendo, em tom suplicante:
— Vai, Juan... Deves ir.
Juan vacilou, visivelmente. Com gestos sacudidos, limpou o suor do rosto. Deixou passar alguns segundos e, por fim, disse:
— Está bem. Vai-te arranjar, Carmen, e apronta também a menina. Eu vou preparar o carro.
O homem, à porta, ficou como sufocado. Juan deu-se conta disso e disse-lhe:
— O que se passa, agora?
—É que o teu pai disse...
— Repete exatamente o que disse o meu pai! Repete-o! Disse que fosses só, Juan, que não queria ver a mexicana nem a menina, na sua casa.
Juan agarrou o homem pelas bandas do casaco e abanou-o com força, ao mesmo tempo que rugia ameaças. Juan era muito forte e o homem começou a gritar:
— Larga-me, Juan! Tu pediste-me que repetisse as palavras dele! Foi ele e não eu quem disse o que acabo de repetir.
Carmen tinha parado junto da porta. O seu marido disse-lhe, sacudidamente:
— Vai arranjar a menina. Iremos os três ver o meu pai. Não me importa o que ele disse! Iremos os três!
Soltou o homem, um peão do rancho dos Rode, o qual se encostou a uma das paredes, arranjando as roupas e resfolegando.
— Juan, continuas tão forte como dantes. E tens um génio muito vivo... Não me quero meter em questões de família, porém, se levas a tua mulher, parece-me que...
—Disseste muito bem! Não queres meter-te em assuntos de família. Por isso, cala-te!
Juan apagou o fogo da forja, atirando água para cima das brasas. O local encheu-se de fumo. Depois empurrou o homem para fora, fechando em seguida o portão da oficina. Entrou em casa, que ficava junto da oficina, para sair pouco depois, vestido com uma camisa e um blusão de couro. Na cintura, um cinturão, com os respetivos coldres e dois revólveres.
Tirando o carro da cavalariça, engatou o cavalo. Carmen Rode demorou um pouco mais a aparecer, trazendo nos braços uma menina, e pediu ao marido que a colocasse no assento da carruagem.
—Papá, quero ir ao teu lado — gritou a garota. — Eu levarei as rédeas!
O peão do rancho Rode murmurou:
— Tens uma filha preciosa, Juan.
Juan encolheu os ombros.
— Deixa-te de cumprimentos. E a filha de uma mexicana... Com certeza que tu também pensarás assim, como o meu pai. Vem, minha querida.
Pôs a menina no assento do carro, a seu lado. Carmen sentou-se numa ponta e ele na outra. A menina ria-se, feliz por ir passear. Realmente era encantadora.
O ruído do carro sobre a areia do pátio chegou até ao quarto. O homem que estava estendido na cama endireitou-se um pouco, dizendo, com voz alterada:
—Ë Juan! Abre a janela! Diz-lhe que não se demore!
No quarto estava uma mulher delgada, vestida de preto. A mulher abriu a janela e espreitou, para logo voltar para junto da cama, muito agitada.
— Vem com a mexicana! — exclamou. — O teu filho vem com a mexicana e com a sua filha! Atreveu-se a trazê-las aqui!
O enfermo rugiu um insulto.
— Quer-me ofender, quer demonstrar que é mais teimoso que eu! Não quero ver essa mulher na minha casa! Diz-lhe, Marta, que entre sozinho!
Marta sorriu. Antes de sair, duas crianças, um rapaz e uma rapariga, muito parecidos com ela, entraram no quarto. Pareciam estar muito alteradas, também. Uma delas murmurou:
—Ë Juan e vem com...
— Já sei — interrompeu Marta. — E ele também sabe. Vamos afastá-los, aos três, daqui.
Falava com decisão e firmeza, embora em voz baixa. Rode tinha-se deixado cair na cama, murmurando, num tom queixoso:
— Marta, diz-lhe que entre só ele. Não me importo que tenha vindo com a mexicana. Estou muito mal... Diz-lhe que entre ele só, que não quero zangas, agora. Tenho medo de que seja a última oportunidade! A morte não tardará a levar-me...
A mulher assentiu:
— Está bem, Juan, não te excites. Já vais ver o teu filho.
Marta saiu do quarto, seguida das crianças, que eram seus filhos. Era prima do velho Juan Rode. A filha perguntou, em voz baixa:
— O que é que vais fazer, mãe?
Marta sorriu.
— Para já, não permitir que Juan se encontre com o pai!
Os três chegaram ao vestíbulo, no mesmo momento em que Juan Rode entrava, com a mulher e com a filha, Marta sorriu-lhes, friamente.
Carmen entrou na pequena forja. Um homem com o torso nu olhou para ela, sorrindo. Era um homem novo, muito forte, de cabelo avermelhado e olhos negros.
— Carmen! Não me digas que já são horas de comer! Não posso ir, antes de acabar este eixo.
A mulher aproximou-se. Nos seus olhos brilhava o amor. Olhava para o marido com verdadeiro entusiasmo e admiração.
— Não, Juan, a comida ainda não está pronta. E que... veio um homem, de casa do teu pai.
Juan Rode deixou de sorrir.
— Outro? Diz-lhe que se vá embora! Diz-lhe que...
A mulher murmurou, persuasiva:
— Juan, esse homem afirma que o teu pai está muito mal e disse que te queria ver.
— Eu não tenho interesse nenhum em vê-lo!
Carmen cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar.
— Eu não queria separar-te do teu pai, Juan, tu bem o sabes! Eu não queria chegar a esta situação!
Juan acariciou o rosto da mulher.
— Não chores, tu não és culpada de nada, Carmen. Ele é o único responsável. Atreveu-se a ofender-te, do modo mais grosseiro! Então, eu garanti que não voltaria nunca mais a sua casa e não voltarei! Esse homem pode…
Voltou a cabeça e olhou para a porta. Um homem gordo, baixo, que dava voltas ao chapéu de abas largas, estava ali. O homem disse, com rudeza:
—Juan... o teu pai está muito mal, podes crer. Não te diria semelhante coisa, se fosse mentira. Ele quer ver--te, e é preciso...
Juan gritou:
— Vai-te daqui! Não irei! Diz-lhe, da minha parte, que pode morrer só e à vontade! Quando me pôs fora de casa, gritou bem claramente que não precisava de mim para nada! Vai-te!
O homem não se moveu.
— Juan, és o seu único filho. Está muito mal e chama por ti...
Carmen agarrou-se ao braço do marido, dizendo, em tom suplicante:
— Vai, Juan... Deves ir.
Juan vacilou, visivelmente. Com gestos sacudidos, limpou o suor do rosto. Deixou passar alguns segundos e, por fim, disse:
— Está bem. Vai-te arranjar, Carmen, e apronta também a menina. Eu vou preparar o carro.
O homem, à porta, ficou como sufocado. Juan deu-se conta disso e disse-lhe:
— O que se passa, agora?
—É que o teu pai disse...
— Repete exatamente o que disse o meu pai! Repete-o! Disse que fosses só, Juan, que não queria ver a mexicana nem a menina, na sua casa.
Juan agarrou o homem pelas bandas do casaco e abanou-o com força, ao mesmo tempo que rugia ameaças. Juan era muito forte e o homem começou a gritar:
— Larga-me, Juan! Tu pediste-me que repetisse as palavras dele! Foi ele e não eu quem disse o que acabo de repetir.
Carmen tinha parado junto da porta. O seu marido disse-lhe, sacudidamente:
— Vai arranjar a menina. Iremos os três ver o meu pai. Não me importa o que ele disse! Iremos os três!
Soltou o homem, um peão do rancho dos Rode, o qual se encostou a uma das paredes, arranjando as roupas e resfolegando.
— Juan, continuas tão forte como dantes. E tens um génio muito vivo... Não me quero meter em questões de família, porém, se levas a tua mulher, parece-me que...
—Disseste muito bem! Não queres meter-te em assuntos de família. Por isso, cala-te!
Juan apagou o fogo da forja, atirando água para cima das brasas. O local encheu-se de fumo. Depois empurrou o homem para fora, fechando em seguida o portão da oficina. Entrou em casa, que ficava junto da oficina, para sair pouco depois, vestido com uma camisa e um blusão de couro. Na cintura, um cinturão, com os respetivos coldres e dois revólveres.
Tirando o carro da cavalariça, engatou o cavalo. Carmen Rode demorou um pouco mais a aparecer, trazendo nos braços uma menina, e pediu ao marido que a colocasse no assento da carruagem.
—Papá, quero ir ao teu lado — gritou a garota. — Eu levarei as rédeas!
O peão do rancho Rode murmurou:
— Tens uma filha preciosa, Juan.
Juan encolheu os ombros.
— Deixa-te de cumprimentos. E a filha de uma mexicana... Com certeza que tu também pensarás assim, como o meu pai. Vem, minha querida.
Pôs a menina no assento do carro, a seu lado. Carmen sentou-se numa ponta e ele na outra. A menina ria-se, feliz por ir passear. Realmente era encantadora.
O ruído do carro sobre a areia do pátio chegou até ao quarto. O homem que estava estendido na cama endireitou-se um pouco, dizendo, com voz alterada:
—Ë Juan! Abre a janela! Diz-lhe que não se demore!
No quarto estava uma mulher delgada, vestida de preto. A mulher abriu a janela e espreitou, para logo voltar para junto da cama, muito agitada.
— Vem com a mexicana! — exclamou. — O teu filho vem com a mexicana e com a sua filha! Atreveu-se a trazê-las aqui!
O enfermo rugiu um insulto.
— Quer-me ofender, quer demonstrar que é mais teimoso que eu! Não quero ver essa mulher na minha casa! Diz-lhe, Marta, que entre sozinho!
Marta sorriu. Antes de sair, duas crianças, um rapaz e uma rapariga, muito parecidos com ela, entraram no quarto. Pareciam estar muito alteradas, também. Uma delas murmurou:
—Ë Juan e vem com...
— Já sei — interrompeu Marta. — E ele também sabe. Vamos afastá-los, aos três, daqui.
Falava com decisão e firmeza, embora em voz baixa. Rode tinha-se deixado cair na cama, murmurando, num tom queixoso:
— Marta, diz-lhe que entre só ele. Não me importo que tenha vindo com a mexicana. Estou muito mal... Diz-lhe que entre ele só, que não quero zangas, agora. Tenho medo de que seja a última oportunidade! A morte não tardará a levar-me...
A mulher assentiu:
— Está bem, Juan, não te excites. Já vais ver o teu filho.
Marta saiu do quarto, seguida das crianças, que eram seus filhos. Era prima do velho Juan Rode. A filha perguntou, em voz baixa:
— O que é que vais fazer, mãe?
Marta sorriu.
— Para já, não permitir que Juan se encontre com o pai!
Os três chegaram ao vestíbulo, no mesmo momento em que Juan Rode entrava, com a mulher e com a filha, Marta sorriu-lhes, friamente.
— Olá, rapaz. Afinal, sempre vieste.
Juan nem sequer a olhou, pretendendo dirigir-se para o corredor. Levava a mulher segura por um braço e ela, por sua vez, dava a mão à menina.
— Aonde vais? — perguntou Marta.
Juan respondeu, num tom frio como o gelo:
— Afasta-te, Marta. Sabes muito bem aonde vou.
A mulher fez um sinal ao filho, que se colocou, decidido, entre os umbrais da porta.
— Rapaz... — disse Marta. — O teu pai acaba de me dizer que, já que insististe em trazer essa mulher a esta casa, prefere não te ver.
Carmen, com os olhos marejados de lágrimas, procurou libertar-se do marido, dizendo-lhe, agitada.
— Deixa-me. Esperar-te-ei no carro. Entra só tu, Juan...
— Ele chamou-me! Desta vez, terá de aceitar a minha mulher! — exclamou Juan, com raiva, agarrando Carmen com força, para a manter ao seu lado.
Marta sorria, docemente.
— Por favor, Juan... Não entendeste? Ele viu-te da janela, viu a tua mulher... Na realidade, disse-me que não quer que entres. Acha melhor que te vás embora... está muito excitado.
Juan cerrou os punhos, gritando ao primo, raivosamente!
— Afasta-te dai, ranhoso! Ou julgas que me poderás deter? Vem Carmen!
Com um gesto, afastou o rapaz, que pretendia barrar-lhe o caminho. Marta colocou-se rapidamente a seu lado, dizendo-lhe:
— Juan, ele está muito mal. Se lhe dás um desgosto, mata-lo. Pensa bem, Juan! Sentirás sempre remorsos de teres matado o teu pai. Vai-te embora, que eu tratarei de o amansar. Verás que consigo que ele te chame outra vez.
Juan Rode conteve-se, cerrando os dentes. A, mulher olhou para os filhos com um gesto de triunfo. Juan Rode tinha-se voltado para a mulher. Por fim, decidiu:
— Vamo-nos, Carmen. Foi tempo perdido.
— Juan, entra só tu! Eu não quero que!...
— Ouviste o que Marta disse. Ele não me quer ver. E eu não lhe vou suplicar que me receba. Ele sabe onde estamos. Diz-lhe, Marta, que eu e a minha mulher voltaremos, quando ele quiser.
Tomou a filha nos braços e saiu, com gestos sacudidos. Marta, voltou, então, a sorrir para os filhos. Em seguida, regressou ao quarto do doente, que olhava para a porta com ansiedade.
— Onde está o meu filho? Que se passa? — perguntou o enfermo. — Por que é que ele não entra, Marta?
Marta arvorou no rosto uma expressão de pena.
— Sinto muito, Juan. Não te aborreças, nem te desgostes. Já sabes como é o rapaz. Negou-se a entrar aqui. Disse que...
— Vamos, fala de uma vez, Marta! Eu posso suportar tudo!
— Aquela mexicana endoideceu-o, Juan! — afirmou Marta, com desprezo. — O teu filho disse que não se importa com o que te possa suceder e que não voltará, se não aceitares a sua mulher... Não posso repetir-te tudo o que esse louco rapaz pensa e diz. Riu-se, quando lhe expliquei que... que não estavas bem e que deveria entrar para te ver! Afirmou que ainda um dia ela será a dona deste rancho e que os dois se rirão de ti!
Juan Rode enterrou a cara na almofada, respirando com fadiga.
— Cala-te! — murmurou. — Não continues! Cala-te, Marta!
Marta repetiu, falsamente compungida.
— Disse que se rirá de ti, quando a mexicana mandar no rancho!... Esse rapaz pensa com agrado na tua morte, Juan!
Juan nem sequer a olhou, pretendendo dirigir-se para o corredor. Levava a mulher segura por um braço e ela, por sua vez, dava a mão à menina.
— Aonde vais? — perguntou Marta.
Juan respondeu, num tom frio como o gelo:
— Afasta-te, Marta. Sabes muito bem aonde vou.
A mulher fez um sinal ao filho, que se colocou, decidido, entre os umbrais da porta.
— Rapaz... — disse Marta. — O teu pai acaba de me dizer que, já que insististe em trazer essa mulher a esta casa, prefere não te ver.
Carmen, com os olhos marejados de lágrimas, procurou libertar-se do marido, dizendo-lhe, agitada.
— Deixa-me. Esperar-te-ei no carro. Entra só tu, Juan...
— Ele chamou-me! Desta vez, terá de aceitar a minha mulher! — exclamou Juan, com raiva, agarrando Carmen com força, para a manter ao seu lado.
Marta sorria, docemente.
— Por favor, Juan... Não entendeste? Ele viu-te da janela, viu a tua mulher... Na realidade, disse-me que não quer que entres. Acha melhor que te vás embora... está muito excitado.
Juan cerrou os punhos, gritando ao primo, raivosamente!
— Afasta-te dai, ranhoso! Ou julgas que me poderás deter? Vem Carmen!
Com um gesto, afastou o rapaz, que pretendia barrar-lhe o caminho. Marta colocou-se rapidamente a seu lado, dizendo-lhe:
— Juan, ele está muito mal. Se lhe dás um desgosto, mata-lo. Pensa bem, Juan! Sentirás sempre remorsos de teres matado o teu pai. Vai-te embora, que eu tratarei de o amansar. Verás que consigo que ele te chame outra vez.
Juan Rode conteve-se, cerrando os dentes. A, mulher olhou para os filhos com um gesto de triunfo. Juan Rode tinha-se voltado para a mulher. Por fim, decidiu:
— Vamo-nos, Carmen. Foi tempo perdido.
— Juan, entra só tu! Eu não quero que!...
— Ouviste o que Marta disse. Ele não me quer ver. E eu não lhe vou suplicar que me receba. Ele sabe onde estamos. Diz-lhe, Marta, que eu e a minha mulher voltaremos, quando ele quiser.
Tomou a filha nos braços e saiu, com gestos sacudidos. Marta, voltou, então, a sorrir para os filhos. Em seguida, regressou ao quarto do doente, que olhava para a porta com ansiedade.
— Onde está o meu filho? Que se passa? — perguntou o enfermo. — Por que é que ele não entra, Marta?
Marta arvorou no rosto uma expressão de pena.
— Sinto muito, Juan. Não te aborreças, nem te desgostes. Já sabes como é o rapaz. Negou-se a entrar aqui. Disse que...
— Vamos, fala de uma vez, Marta! Eu posso suportar tudo!
— Aquela mexicana endoideceu-o, Juan! — afirmou Marta, com desprezo. — O teu filho disse que não se importa com o que te possa suceder e que não voltará, se não aceitares a sua mulher... Não posso repetir-te tudo o que esse louco rapaz pensa e diz. Riu-se, quando lhe expliquei que... que não estavas bem e que deveria entrar para te ver! Afirmou que ainda um dia ela será a dona deste rancho e que os dois se rirão de ti!
Juan Rode enterrou a cara na almofada, respirando com fadiga.
— Cala-te! — murmurou. — Não continues! Cala-te, Marta!
Marta repetiu, falsamente compungida.
— Disse que se rirá de ti, quando a mexicana mandar no rancho!... Esse rapaz pensa com agrado na tua morte, Juan!
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