sábado, 29 de novembro de 2014

COL029. Apenas um pistpleiro



(Coleção Colorado, nº29)
 
Joe Mogar é sempre um autor que nos faz surgir mulheres cheias de beleza e valentia capazes de abaterem o mais rápido dos pistoleiros. Será este o caso?

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

COL028. Chuva de chumbo no vale



(Coleção Colorado, nº28)

Um político procura um seu antigo sócio, depois de lhe ter chegado aos ouvidos que este se dedicava a um conjunto de negócios que prejudicavam os que viviam na região. Foi o que bastou para o político aparecer morto. Mas isso não trouxe a paz ao vale que se converteu num local cheio de chumbo.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

PAS404. O primeiro dia da vida de um pastor

Encontrou as ovelhas mais sossegadas e dóceis do que na vespera. Tirou o rebanho do desfiladeiro como lhe dissera Todd e conduziu as reses para uma meseta acidentada e coberta de relva, atravessada por numerosos barrancos e bosques pinheiros.
Começou assim o primeiro dia de pastor de Hebert. A tarde estava coberto de pó e cansadíssimo que mal comeu e deixou-se cair no leito de caruma que arranjara.
Quando acordou de manha as suas mantas estavam húmidas e cobertas de geada.
Levantou-se, desentorpeceu os músculos e afastou-se para ir buscar lenha e acender a fogueira. Mais tarde, enquanto tomava o pequeno-almoço junto da fogueira, Herbert Garner pensou admirado na profunda mudança que se dera na sua vida.
Realmente, só tinha uns restos do antigo médico afogado em trabalho, em preocupações que fora em Nova Yorque.
Riu-se imaginando o assombro de alguns do seus amigos da cidade se o vissem por um buraco. Sim, a sua vida mudara muito, e o mais surpreendente nesta mudança era a falta total de nostalgia e de qualquer outro sentimento de pena por tudo o que ficara no passado. Aqui era feliz e era-o por muitas e pequenas coisas que fariam sorrir os seus amigos de Nova Iorque. Era feliz pelo simples facto de estar vivo, de poder dormir no chão duro, sob as estrelas. Por poder preparar o seu próprio almoço e aspirar o cheiro dos pinheiros. Por ver o sol erguer-se todas as manhãs, por poder galopar todo o dia.
E era feliz porque se sentia jovem, vigoroso e apaixonado... Aquele dia foi igual ao anterior. Era uma antecipação ou amostra do que seriam os outros dias que passou pastando o gado: almoçar, cavalgar, e descansar a sombra dos pinheiros a hora do calor. Depois tornar a cavalgar atrás do rebanho, procurar um sítio para acampar, comer junto da fogueira ao escurecer, deitar-se e sonhar a olhar para as estrelas.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

PAS403. Sinais de traição

— Com mil raios— rugiu Hecht, tirando o «sombrero» e atirando-o ao chão. — Você enlouqueceu? Você nao pode empregar todos os que vierem pedir-lhe trabalho! Quer-se arruinar? E que trabalho lhes vai dar?
— Vamos inventar um trabalho qualquer.
— Meu Deus, você está mais doido do que eu pensava!
— Já disse isso há bocadinho. Está bem. Se sou um louco, devo portar-me como um louco, nao acha?
— Oh! Oh! — gemeu Hecht, puxando pelos cabelos, e virando-lhe bruscamente as costas, afastou--se e entrou em casa.
— Podem ficar, amigos — disse Bert aos mexicanos em inglês.
Mas os mexicanos perceberam-no perfeitamente a julgar pela alegria de que deram mostras.
Dentro de casa, Clifford encontrou Grace que punha a mesa para o almoço.
— Viu isto? — exclamou Clifford. — Pelos vistos, Garner tenciona tornar isto um asilo para mexicanos pobres e crianças. Não sei como o poderei convencer, Grace. Você não tem a menor influência no seu marido? Nao o podia fazer compreender que se McKeever voltar aqui pegará fogo a esta casa e Garner arderá com ela?
— Tenho muita pena, Clifford. Nada posso fazer.
— Parece-me antes que você é que nao quer.
— E nao quero, é verdade.
— Então é porque o detesta tanto como eu e espera que seja esta a maneira mais rápida de fazer com que McKeever o mate. E isso Grace?
Os olhos cinzentos da jovem mostraram surpresa. Depois horror.
— Você nao fala a sério, Clifford.
— Claro que não falo a serio — suspirou Hecht. — Você não é capaz de tais cálculos, e no entanto a maneira mais segura de se livrar de Garner é deixá-lo continuar a sua loucura, até McKeever se irritar e pegar fogo a esta casa.
Ela ficou calada e Hecht olhou-a, sentindo que a irritação, a impaciência e o desejo se misturavam de uma maneira diabólica capaz de o levar a cometer qualquer loucura.
— Grace, — disse com a voz rouca. — não posso suportar isto. Você sabe que se estou aqui é por sua causa, mas nao sei se poderei resistir ate ao fim. Garner agora esta mais forte do que antes e ainda que nao se cure, pode viver muitos anos... Porque nao o deixa e foge comigo?
— Hecht! — exclamou a jovem, erguendo os olhos assombrados.
— Grace, com certeza que nao vai fingir que a minha declaração a apanha de surpresa. Bem sabes que estou doido por ti! Ou julgas que aturo todas as impertinencias e loucuras do teu marido por me ser simpático e fazer pena?
— Clifford, por favor!
Ele abraçou-a e atraiu-a para si. Os lábios da rapariga estavam tão perto de Clifford que ele sentia o seu hálito no rosto. Hecht inclinou-se e beijou-a selvaticamente.
— Hecht! Hecht! — exclamou a jovem, esquivando-se.
Nesse momento, Grace viu que Garner entrara e olhava para eles com ar sombrio.
 Grace reagiu e deu um empurrão a Clifford que o fez retroceder até à mesa. Hecht reparou então no olhar assustado da rapariga e seguindo a direção do seu olhar voltou-se e viu Herbert de pé à porta, parado. Houve um grande silêncio durante o qual Grace, corou ate a raiz dos cabelos, enquanto Clifford empalidecia. Clifford gritou furioso:
— Está bem Garner, diabos me levem se me importo que saiba. Gosto da sua mulher e só estou a espera que você morra para a levar comigo para longe deste inferno.
Bert avançou na direção de Hecht, mas mudou de direção bruscamente e foi direito a Grace. Parou diante dela, levantou a mão e deu-lhe uma bofetada. Ela não fez nada para evitar o golpe e cambaleou olhando para Garner.
— Oiça, Garner — gritou Hecht, agarrando medico por um bravo e obrigando-o a virar-se para si. — Se quer bater em alguém, faça-o comigo!
O punho de Hecht abateu-se no rosto de Garner que recuou ate chocar com a comoda. Hecht avançou com os punhos cerrados, mas Grace pôs-se entre os dois.
— Nao! — soluçou. — Nao lhe batas! Está doente...
Clifford deixou pender os braços envergonhado sob o olhar de Herbert.
— Tenho pena, Herbert. Mas não é razão para bater em Grace. Beijei-a contra vontade dela. A culpa é só minha.
Bert olhou para um e outro. Viu Hecht arrependido e Grace esforçando-se por não chorar. Bert pensou que nao tinha o direito de privar Grace de esperança de construir a sua felicidade quando ele morresse e ao mesmo tempo sentia pena de si próprio. Desapareceu toda a sua fúria.
Endireitou-se, passou a mão pelos lábios.
— Sente-se, Hecht.
Clifford olhou-o admirado. Teria compreendido melhor Garner se este o tivesse mandado sair imediatamente de casa, mas a frieza, a sensatez e a calma do doente, que nao conseguia compreender, punham-no doido.
— Bert, se quiser que me vá...
— Primeiro vamos falar, Hecht. Depois resolveremos o melhor.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

PAS402. O médico e a serviçal

Grace apareceu e disse
- Senhor Garner. Está aqui um homem ferido que precisa de si com urgência
Bert largou o livro, soltando uma praga. Grace tinha desaparecido, sem lhe dar tempo a responder e Clifford observou interessado, as reações de Garner. Era curioso, muito curioso mesmo, que a esposa desse ao marido o respeitoso título de «senhor», da mesma maneira que Herbert se dirigia a ela, com a autoridade de um patrão, para com uma criada com muitos anos de casa.
— Está i visto que nao há maneira de uma pessoa estar tranquila, nem sequer no deserto, onde nao devia haver ninguém a nao ser as serpentes cascavéis — murmurou Bert, levantando-se.
Clifford viu-o desaparecer pela porta da cozinha. Simpatizava com ele. Admirava-o pela sua aguda e clarividente inteligência. Gostava de observar o seu tom grave e repousado, os seus ares de grande senhor. Devia estar bastante doente, a julgar pela pálida transparência da sua tez, os pómulos salientes e o seu queixo proeminente. E nao devia ter ainda trinta anos, apesar de já ter cabe-los brancos. A sua figura era, nao obstante, digna e cheia de distinção natural.
«Um autêntico cavalheiro» pensava Clifford. — Pobre homem, tao novo e com um pé na sepultura.
Clifford pensou a seguir em Grace, e involuntariamente, estabeleceu a correspondente diferença entre um e outra.
Grace, loira e resplandecente como um raio de sol, delgada embora forte e bem proporcionada, ao gosto próprio de Clifford, era uma bonita rapariga. Apesar disso nao «dizia bem» com Herbert. Nao era uma verdadeira senhora.
Clifford tinha tido ocasiões de sobra para observar as mãos da jovem senhora Garner. Eram umas mãos largas, fortes e ásperas. Mãos de criada, coma eram de serva as suas deferências para com o marido, a distância respeitosa do seu trato. Uma larga convivência com pessoas bem-educadas tinham-na tornado bem-educada também. Mas esta educação nao era natural, como no marido.
Naquela tarde, sentado na varanda, Clifford imaginou a provável aventura romântica do casal. Um médico distinto, tuberculoso, enamorado da sua criada, casa com ela contra a vontade paterna... e como recurso, foge para o Oeste, com o pretexto da sua doença.
Era esta provavelmente., a história dos Garner, embora Clifford nunca viesse talvez a saber se seria autêntica.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

PAS401. Formas de gratidão

O dinheiro era uma coisa péssima na profissão de Garner. Quando um paciente lhe pagava em moeda, automaticamente desligava-se todo do sentimento de gratidão para com o médico que o tinha curado.
Outra coisa muito diferente acontecia quando o paciente era tão pobre que nao podia pagar os serviços do médico. Nessa altura, o enfermo restabelecido sentia-se devedor para com o seu benfeitor de um tipo de divida que nunca chegaria a um saldo completo: a gratidão.
Foi isso que aconteceu a Garner com os mexicanos de Triangle.
Como nenhum tinha dinheiro, pagavam-lhe os seus serviços, enchendo-lhe a casa de frangos, ovos e toda a espécie de legumes que cultivavam nas suas hortas. Cedo se tornou uma figura popular em Triangle, sobretudo entre os mexicanos.
Em compensação nada disso sucedeu com os brancos que Garner teve que tratar.
Também era verdade que Garner nunca tinha aspiração a ganhar a confiança e a amizade dos habitantes brancos de Triangle, ate porque, poucas ocasiões tinha tido para isso.
Segundo Herbert observava, as caras renovavam-se continuamente em Triangle Town. A chegada e a partida de cavaleiros era frequente, mas à exceção de uns quantos que regressavam sempre depois de uma ausência mais ou menos prolongada, a maioria destes homens permaneciam um dia ou dois na cidade e voltavam a partir.
Ninguém sabia donde vinham nem para onde iam. Desvaneciam-se como fumo na parda imensidade do deserto e ninguém voltava a saber deles.
Eram aves de arribação, simplesmente; foragidos, vagabundos, homens de passado duvidoso, a caminho de um futuro mais tormentoso ainda.

domingo, 16 de novembro de 2014

PAS400. Caminhada para uma região desértica

Estendido num colchão, no fundo da carreta, Bert Garner só conseguia ver, através da abertura do toldo, os penhascos avermelhados das montanhas que avançavam sobre o desfiladeiro, com alguns pinheiros tortos, destacando-se na profundidade do céu azul, a beira do abismo. Naquela manhã, Bert tinha visto a inquietante silhueta de um cavaleiro índio contemplando-os com uma imobilidade de pedra do cimo de um rochedo.
— Não tenhas receio — tinha dito Rainbow, o condutor da carreta onde Bert viajava. — Os índios estão tranquilos, depois da última tareia que o Exercito lhes pregou.
Bert voltou a deitar-se sobre o colchão. O ar estava extremamente quente e tao abafado que ele tinha que recorrer, com frequência, ao cantil que tinha pendurado sobre a sua cabeça. Os vaivéns da carreta, sobre o terreno, acidentado e desigual, faziam oscilar o cantil como um pendulo e quando não tinha outra coisa que contemplar, Bert ficava a ver o seu movimento, ate acabar, invariavelmente por adormecer.
A sede fazia-o despertar com uma agoniante sensação de asfixia.
Nao estava tao doente que nao pudesse levantar-se da cama, mas ao fim de três dias de marcha desde Yuma tinha verificado ser aquela a postura mais cómoda para viajar. La fora, ao lado do condutor, o sol ardente do deserto caia a prumo, fazendo-o enjoar. O pó que os cavalos levantavam, formava uma nuvem que o asfixiava...
Bert tinha voltado a adormecer, quando foi acordado por uma paragem brusca do carro e pelo grito de Rainbow:
— Soo, mula! Soo!
— É um homem— disse a voz de Brace Cornell, por detrás de Bert. — E parece ferido…
— Parece-me mais que está morto — disse Rainbow. — Segure-me nas rédeas, senhora Garner. Parece-me que de qualquer maneira teremos que acampar aqui...
As molas da carreta gemeram, ao se livrarem do peso do corpulento condutor. Michael Hogan, que guiava o segundo veículo, perguntou:
— Que aconteceu, Ted? Por que paramos?
Rainbow respondeu:
— Vem cá... Está aqui um homem ferido...
Bert levantou-se sobre um cotovelo, atento aos ruídos vindos do exterior.
— Grace! — chamou — Grace!
Uma mão feminina afastou as cortinas da frente do carro, e o rosto de Grace, esbranquiçado devido a poeira, assomou por entre as lonas.
— Que aconteceu?— perguntou Bert.
— Está um homem estendido no caminho — disse a jovem, muito excitada. — Não sabemos se está morto, ferido ou simplesmente desmaiado. Rainbow está a examiná-lo. — A jovem voltou a cara para fora e anunciou: — Parece que ainda está vivo. Rainbow esta a fazer sinais...
 A voz áspera de Rainbow ouviu-se:
— Dá-me cá um cantil, Michael! Este homem está a delirar... Tem uma bala na espádua. Grace deixou escapar um pequeno grito. Bert disse:
— Vou descer, Grace.
Quando saltou do carro, Bert verificou que se encontrava à saída de um profundo desfiladeiro que tinham percorrido durante a manhã.
O caminho que as carretas percorriam estava situado entre a torrente pedregosa e a ladeira de um talude, entre cujos rochedos cresciam alguns pinheiros. O homem sobre o qual Rainbow estava inclinado devia ter rebolado por aquele talude e estava estendido quase no meio do caminho, mas estava de tal forma coberto de pó, que o condutor só o descobrira ao se encontrar muito perto dele.
Bert avisou Michael que se aproximava com o cantil:
— Não lhe deem ainda água.
Bert era médico e de tal maneira se achava familiarizado com a vista de sangue, que não fez o menor gesto de surpresa ao inclinar-se sobre o homem ferido. Procurou-lhe o pulso e disse:
— Perdeu muito sangue. Veja se o vira, Rainbow.
O condutor obedeceu.
— Rasgue a camisa, senhor Rainbow. Grace, fazes o favor, dás-me a minha maleta?
Rainbow puxou por um punhal. A camisa rasgada deixou ver a larga e bronzeada espádua do homem e nesta, o orifício sangrento aberto pela bala.
Herbert, depois de examinar a ferida, levantou os seus olhos para o sol.
— Teremos que trabalhar depressa, senão nao temos luz para extrair a bala— murmurou. A jovem tinha chegado com a maleta e Hogan continuava de pé com o cantil na mão.— Vai buscar uma manta, Grace. Você, Hogan, ajude o senhor Rainbow.
Grace chegou com uma manta e Hogan e Rainbow puseram o desconhecido em cima dela.
— Grace, põe água a ferver mal o senhor Hogan acender uma fogueira — ordenou o médico.
Hogan afastou-se e a rapariga também. Entretanto, Rainbow tirava ao ferido o pesado cinturão. Tirou a pistola do coldre. Era um «Colt», calibre 45, uma arma bastante antiga e ao que parecia, usada.
Rainbow, que era baixo e forte, mostrou o revólver ao doutor.
— Que aconteceu, senhor Rainbow?
— Vi já morrer muita gente, doutor e nao acredito que a este restem maiores invernos. Porque nao o deixamos esticar o pernil em paz?
— Pensa que o devíamos fazer, senhor Rainbow?
— Veja a sua pistola. Seis marcas na coronha. Sabe o que isso significa? Este revolver tirou, pelo menos, a vida a seis homens.
— E depois?
— Estou pronto a apostar que se trata de um «pistoleiro», reclamado pela justiça.
Herbert Garner contemplou largamente o ferido. Depois, o seu rosto pálido no qual as feici5es corretas pareciam talhadas sobre marfim, voltou--se para o carreteiro. Os seus olhos, verdes e inteligentes, cujo notável contraste com os seus cabelos negros e ondulados, tanto surpreendia Rainbow, brilharam.
— Senhor Rainbow — disse, delicado mas energicamente, com aquela sua correção que o qualificava como homem culto e tanto agradava aos seus carreteiros — só a Deus compete decidir sobre a vida de um homem. Eu não sou Deus, nem sequer um juiz. Sou apenas médico. De qualquer forma, tratarei deste homem. Fá-lo-ei, porque é meu dever, percebeu?
Esta forma clara e brilhante de expor qualquer assunto, era outra das características surpreendentes do médico. Rainbow encolheu os ombros e afastou-se.

sábado, 15 de novembro de 2014

EXTRA002. Terra para lutar


Um médico, Bert Garner, parte para a cidade de Triangle Town no Arizona, com o objetivo de procurar melhores ares e condições para menor sofrimento, já que tem um diagnóstico de tuberculose e as perspetivas sobre a sua vida são as piores. É acompanhado pela esposa, Grace, com a qual celebrou um estranho contrato: ela assisti-lo-á na fase final da sua vida e será herdeira universal dos seus bens.
A caminhada vem a introduzir alguns grãos de areia na relação do casal, já que, perto do objetivo encontram um homem ferido a quem Bert e Grace prestam assistência, levando-o para a futura residência.
A narrativa de George H. White começa a fazer-nos sentir a formação de um triângulo amoroso e um processo de recuperação de Bert suportado no clima local, na excelente relação com alguns dos habitantes e até nas novas condições de vida. O médico, que nada conhecia daquela vida, para além do exercício de medicina, levanta e conserta cercas, aprende a disparar, é pastor de ovelhas e ganha um ânimo completamente diferente, considerando que encontrou uma terra para lutar.
Esta novela é muito interessante, fazendo lembrar o magnífico «Filho do Deserto» do mesmo autor, pertencendo-lhe algumas das passagens que passaremos a apresentar.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

PAS399. Beldade apaixonada por vagabundo

Tinha a certeza que um terrível perigo a ameaçava. E não era só o medo que a fazia aborrecer, mas também pensar que não voltaria a ver a figura de Jim, porque, talvez o jovem tivesse abandonado a cidade. Começou a andar em direção da loja, ao passar pelo poste sentiu um desejo instintivo de o acariciar.
Faltava pouco para chegar à loja, quando conteve um grito de alegria. Acabava de ver «Calamidade» Jim que vinha na sua direção, e parecia que não a tinha visto ainda, ou não prestava atenção à sua presença. Isto produziu-lhe uma grande contrariedade, fazendo morder os lábios de despeito.
A figura do jovem dava a impressão de ter sofrido uma grande transformação, não sabendo o que era, pois a única coisa a mais eram os revólveres que levava no cinto; o resto da sua indumentária era idêntica, não levando lenço ao pescoço, e a camisa desabotoada.
Sem dúvida, o seu rosto era diferente e já não tinha aquela expressão de indiferença, mas sim mostrava agora uma firmeza extraordinária. Sim, agora tinha a certeza de que Jim podia ser um excelente vaqueiro, sendo capaz de realizar todos os trabalhos.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

PAS398. Uma utilidade para o vagabundo


O sheriff saiu ao seu encontro, sorrindo afável. Conhecia a jovem desde garota, e tinha-lhe uma grande amizade. Perguntou-lhe:
— A que devo a tua visita, Gladys?
— A uma nojenta questão.
— Suponho que não me vens participar outra notícia de roubo. Estes atuaram no rancho de Harry Radford.
— Não, nesta questão não fomos prejudicados. A nojenta questão refere-se precisamente a Harry Radford.
E explicou o que se tinha passado. O sheriff indignou--se perante a conduta do rancheiro, mas a jovem insistiu:
— Peço-lhe que não diga nada a meu pai. Radford é um mau inimigo, o papá enfurecia-se e não quero que se defronte com ele.
— Não te preocupes, pequena. Mas deves ter cuidado, pois, tu própria o disseste, Harry Radford é um mau inimigo. Nunca gostei desse homem apesar de se ter comportado até agora de forma impecável.
— Não se alarme, sei defender-me.
E deixou o revólver sobre a mesa. O sheriff examinou-o com um sarcástico sorriso e comentou:
— Radford não me explicou isto. Tenho curiosidade em ouvir a sua explicação.
— Aceite a sua recusa.
— Fá-lo-ei para te ser agradável, embora gostasse de lhe partir a cara pela sua maneira de proceder.

domingo, 9 de novembro de 2014

PAS397. No carro com o canalha


-- Assisti à tareia que ele deu em Pete Kinton. Pode explicar-me o que faz um homem tão perigoso em Los Hoyos ?
— Não o compreendo.
— É muito simples. «Calamidade» Jim é um verdadeiro diabo a lutar e, durante mais de um ano permaneceu no povoado bebendo sem cessar, e parece que sempre bêbedo. Não vê nada de suspeito?
— Não, só estranho. Mas conheci há muitos anos um tipo semelhante que tinha as mesmas características que «Calamidade» Jim e o seu afundamento moral devia-se a' um fracasso que teve. Estava convencido ter sido o causador da morte de vários homens. E esse pensamento jamais saía da sua mente, e atormentava-o sem cessar.
— Não creio que esse seja o caso de «Calamidade Jim— negou Radford desdenhoso. — Que sabemos da identidade do chefe dessa quadrilha de ladrões?
— Nada em absoluto. Deve ser um homem muito hábil.
— Sobre isso não pode haver a menor dúvida, pois que demonstrou conhecer a fundo a sua profissão. Mas isso dá lugar a suspeitar de «Caridade» Jim. Não pode existir maior oportunidade que fingir estar sempre bêbedo? Já ninguém se fixava nesse bêbedo, e isto dava-lhe uma série de oportunidades para inteirar-se do que se passava na região. Se permanecia alguns dias sem vir à cidade, ninguém suspeitava dele.

sábado, 8 de novembro de 2014

PAS396. Ascenção e queda do vagabundo


Durante dois dias Jim, «O Calamidade», andou pelo bosque. Agora não tinha necessidade de caçar, pois possuía carne suficiente para vários dias, mas aquele lugar acalmava-lhe os seus excitados nervos. Andar pelo bosque e tomar banho num pequeno riacho representava um sedativo para ele. Antes de regressar a Los Hoyos sentou-se numa pedra e acendeu um cigarro.
Relembrou o motivo que o fez beber sem cessar. Aquilo passou-se dois anos atrás, e sem dúvida para ele parecia muito mais tempo. Nunca poderia esquecê-lo, era como um castigo que caíra sobre ele, e não obstante estava inocente. Não pôde fazer nada para o evitar.
Encontrava-se então no Arizona, juntamente com o seu irmão Gene, trabalhando num rancho. Gene tinha três anos menos do que ele e considerava-o como um filho, tendo com ele toda a classe de cuidados.
Celebrava-se um rodeo, vencendo ele as provas de tiro e de domar, e o seu triunfo, brilhantemente conseguido foi acolhido com alvoroço pelos vaqueiros da sua equipa, conseguindo que este fosse superior aos outros ranchos. Os rapazes, loucos de entusiasmo, celebraram o acontecimento bebendo em grande quantidade.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

PAS395. Encontro de vagabundo com beldade em dificuldades


Jim já se dirigia a uma taberna, quando se deteve e se apoiou a um poste, adotando uma das suas posições características. Acabava de ver chegar uma carruagem, e esta sobejamente conhecida, sendo talvez a única coisa porque mostrava interesse, embora tratasse de dissimular na perfeição.
A ligeira carruagem deteve-se e uma bela jovem saltou para o alpendre. O olhar de Jim, «O Calamidade», estava fixo nela. Talvez nem ele mesmo dava conta do seu interesse; fazia-o de forma instintiva. Franziu o sobrolho, ao ver como um homem alto e corpulento se aproximava dela.
Também Gladys Stone olhou preocupada a poderosa figura de Pete Kinton, o famoso pistoleiro que se aproximava dela, e isto nao lhe causava nenhuma alegria. Detestava aquele homem, pois sabia que nao vacilava em matar, abusando da sua habilidade com o Colt. Sempre disposto a provocar, fazendo alarde da sua potência física.
A jovem tratou de desviar-se para o lado, mas Pete Kinton colocou-se na sua frente, inclinou-se ligeiramente, enquanto levava a mão ao chapéu e dizia:
— Bons dias, menina Gladys.
— Bons dias.
Respondeu com azedume, como manifestando o seu desagrado pela inoportuna presença do pistoleiro diante dela. Kinton limitou-se a sorrir; já estava convencido de ter esta receção. Depois acrescentou:
— Menina, percorri muitos Estados, e posso garantir--lhe que em nenhum vi uma mulher tao bonita como você.
— É muito amável. Quer fazer o favor de deixar-me passar?

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

CLT027. Jim, "O calamidade"


(Coleção Colt, nº 27)

 
Jim, "O Calamidade" tinha caído no mais desprezível dos vícios. A sua forte constituição evitava que se convertesse num farrapo humano, embora ninguém duvidasse que isso não tardaria a acontecer.
Chegava à mais servil atitude a fim de conseguir um dólar para beber, embora nunca ninguém o visse pedir uma moeda. Realizava pequenos recados, pois jamais quis aceitar um emprego que os rancheiros dos arredores lhe tinham oferecido. Jim, "O Calamidade" vestia como um vulgar vaqueiro, embora no seu cinto não se visse arma alguma, coisa muito estranha naquelas regiões da fronteira...
As palavras anteriores são narrativa de Orland Garr centrada nesta figura que um dia haveria de se transformar completamente na presença de uma jovem bonita e de um pistoleiro sem escrúpulos.
É no entanto de salientar alguma facilidade do autor em fazer entrar e sair a personagem principal neste horrível vício. A história de Jim é a história dos seus encontros com Gladys e da sua progressiva regeneração.
A capa, de A. Bernal, mostra um dos aspectos da luta do ex-vagabundo para limpar a região de assassinos e ladrões.

CLT026. "Matá-los-ei, bandidos"

(Coleção Colt, nº 26). Capa e texto indisponíveis

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

PAS394. Duelo mortal

Jim guardou as suas armas c colocou-se no centro da porta do armazém. No outro lado, na Saloon Azul apareceu Rex Curtiz.
Contemplaram-se durante um minuto e começaram a andar ao mesmo tempo, como se fossem movidos pela mesma máquina.
Caminhavam lentamente com os braços caídos relaxando-os como se estivessem cansados.
Ao, chegarem a beira do alpendre pararam. Os curiosos escondiam-se per toda a parte, assomando para a rua só a cabeça, julgando que o duelo se desenrolaria nas posições em que se encontravam os dois inimigos. Mas de repente viram que um deles, Jim Taylor, descia do alpendre.
Rex Curtiz sorriu e desceu também. Entre os dois antagonistas havia uma distância de vinte jardas.
Um passo mais! Outro!...
O tempo pareceu parar.
As aves ao chegar a rua soltavam agudos piares e retrocediam espavoridas como se notassem alguma coisa misteriosa, terrivelmente trágica, qui desabava sobre Wharton City. E era a Morte que estava suspensa, abrindo os seus braços para aprisionar uma vida.
Dezasseis jardas!
Os dois sacaram ao mesmo tempo o revólver, mas Jim, Taylor disparou um décimo de segundo primeiro. Essa insignificante medida do tempo foi o bastante para que quando Rex Curtiz apertasse o gatilho ja o fizesse fora deste mundo. A bala de Taylor tinha-lhe acertado no coração; e a que saiu do revólver daquele roçou-lhe a cabeça.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

PAS393. Dupla recompensa

— Porque faz tudo isto? Se o êxito lhe sorrir, temos que devolver o ouro. Se fracassa...
— Talvez seja o meu temperamento. Tom e eu vimo-nos envolvidos amiudadas vezes em assuntos parecidos... Gostamos de sarilhos; é essa a resposta.
Jeanne levantou-se dizendo:
— Nao acredito.
Ele sorriu e aproximou-se dela.
— Tanto faz; mas gostaria de receber uma recompensa pelo meu sacrifício...
— Que recompensa? Jim tomou-a nos bravos, atraindo-a a ele e beijou-a com loucura na boca. Ao separarem-se, ela murmurou:
— Cobre agora o prémio do seu amigo...
Jim voltou a beija-la, mas desta vez baixou as mãos agarrando-a pela cintura.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

PAS392. O ouro dos confederados

Contexto da passagem: Cleo não foi longe. Os dois amigos acabaram por a encontrar em Wharton City e ficaram a saber que o mapa era bem mais importante do que se julgaria.
 
 
 
As lágrimas voltaram de novo aos olhos da radiante dama.
— Escute-me Jimmy— suplicou;— acreditar-me-á se lhe contar a história desse plano?
Taylor avaliou a proposta durante meio minuto e disse:
— Não prometo acreditá-la. Mas se quer perder o seu tempo nesse relato posso ouvi-la. Ela moveu afirmativamente a linda cabeça e murmurou num sussurro:
— De acordo. — Antes de fazê-lo, uma pergunta. Quantas partes do plano tem em seu poder?
— Só uma, a que tinha você.
— Outra vez a começar?
— Juro-lhe que unicamente possuo a de Elmer Tucney.
 — E a de você?
— Eu nunca tive nenhuma.
Jim passou a mão pelo rosto e disse:
— Creio que ficarei louco, Cleo.

domingo, 2 de novembro de 2014

PAS391. Argumentos duma mulher bonita para encontrar um mapa

Contexto da passagem: Um homem, Elmer Tucney, procura o apoio de Jim e Tom e deixa-lhes parte de um mapa sem os informar a que se refere. Vem a aparecer assassinado e os dois amigos decidem decifrar o que se passou para o que puseram um anúncio no jornal «o Clarim» com o objetivo de contatar familiares de Elmer. Nem sabiam no que se estavam a meter nem como os interessados lhes iriam aparecer.



Jim e Tom estavam estendidos, cada um na sua cama. Eram seis horas da tarde.
Havia dois dias que estavam em Tacoma e os amigos do defunto Elmer Tucney não apareciam.
Sabiam que tinham que estar preparados e por isso os seus revólveres descansavam sobre as mesinhas de cabeceira e muito próximo das suas mãos.
Só saíam à rua para comer, salvo Jim, que tinha voltado duas vezes à redação de O Clarim para pagar o novo anúncio.
— Já te disse que não daria resultado— dizia Tom.
— Pode ser que tenhas razão. Mas foi a única coisa que me ocorreu com possibilidades de dar algum resultado.
— Quando partimos?
— Amanhã, às primeiras horas.

sábado, 1 de novembro de 2014

CLT025. Os abutres do ouro


(Coleção Colt, nº 25)
 
Atenção:
uma garrafa de whisky deve ser segura pelo gargalo e uma mulher pela cintura.
Se um indivíduo se confundir podem surgir complicações.
(Podia tê-lo dito Sócrates, mas como era abstémio, disse-o Jim Taylor, protagonista desta novela).
 
Trata-se de um texto muito interessante de Keith Luger.
O tema central tardou a definir-se e prende-se com a luta pela posse de um remessa de ouro ao exército Confederado em momento em que este já tinha assinado a rendição. Homens de honra quiseram devolvê-lo aos que tinham contribuído para a sua reunião, outros pensaram numa distribuição mais interesseira e egoísta, todos se envolvendo numa luta brutal pela junção de um mapa sobre a localização do dito.
A capa de António Bernal, reflete o terror de uma jovem perante o corpo de alguém que acabava de ser morto, enquanto procura descortinar as intenções do executor relativamente à sua pessoa.