terça-feira, 30 de abril de 2019

COL005.06 Provocação mortal

O encontro deu-se à porta do hotel. Durking ia a sair distraído, pensando ainda na sua última conversa com Jayne. De repente... Iria jurar que fora o sujeito que se pusera à sua frente. O certo é que tropeçou e quando ia formular uma desculpa, conteve-se ao ouvir:
—Animal! Veja onde põe as patas!
Durking, que estava de mau humor, replicou:
— Oiça... Animal é você. E possivelmente, mais do que você, é o seu pai. Porque não se concebe que uma pessoa normal tenha engendrado uma besta do seu quilate.
A coisa não se podia apresentar mais ao gosto de Benson Rudd. Imaginava que lhe custaria provocar a reação violenta do homem, cujo assassínio lhe fora encomendado por Teddy e afinal a coisa tornava-se fácil. Nada sabia de Durking, senão o que o seu companheiro lhe dissera. Naquela tarde tinha-lho apontado de longe, dizendo-lhe: «Não te fies muito. Sabe manejar uma pistola. Claro que, comparado contigo, não passa de um aprendiz, mas...» Benson tinha-lhe replicado, gabarola: «Conta-o já no número dos mortos. É pena que vá acompanhado agora. Mas é igual. Virá o momento oportuno...» E o momento oportuno acabava de surgir.
Ao ouvir a resposta da sua pretensa vítima, soltou uma espécie de rugido:
—Vou-te desfazer...!

segunda-feira, 29 de abril de 2019

COL005.05 A versão do cínico

Na manhã do dia seguinte, anunciaram-lhe a visita de Teddy. A sua primeira reação foi a de o não receber, pois a história contada por Jayne tinha-lhe calado fundo; mas quando a criada já ia a sair, deteve-a:
—Espere. Diga-lhe que vou já.
Levantou-se da cama. A primeira coisa que fez, foi ver-se ao espelho. Assustou-se perante o sofrimento que o seu rosto revelava.
—Se me visse assim!... Oh, estou horrível!
E apressou-se a retocar a sua maquilhagem meticulosamente. O medo de que a achasse feia, era superior a tudo. Depois, vestindo um roupão, correu à saleta onde Teddy a aguardava. Deteve-se à porta, fitando-o, acusadora. Ele, como se não se apercebesse da dureza daquela expressão, disse sorrindo:
—Bom-dia. Achas bonita esta hora para te levantares? — não obteve resposta e continuou: —Uf! Que gesto! Parece que me queres fulminar! Reconheço que ontem à noite me demorei mais do que o costume. A culpa foi dos negócios. Nunca imaginei que me veria metido tão cedo numa empresa de tal envergadura. Surgiu sem o esperar e não pude desaproveitar. Quando cheguei ao saloon já tu tinhas partido. Senti-o. Julgava que não sairias.

domingo, 28 de abril de 2019

COL005.04 A história de Jayne

Já tinha acabado há um bocado o espetáculo, quando Durking se despediu de Sidney. Atravessou o saloon onde se encontrava ainda muita gente, bebendo e jogando. Sentia-se moralmente cansado. Uma sensação de repugnância, perturbava-lhe o espírito.
Chegado ao hotel, o porteiro anunciou-lhe que, na sala de espera, tinha uma visita. Achou estranho. Aborrecido, foi ver de quem se tratava.
—Jayne!
—Olá, doutor.
—Combinámos em que me trataria pelo meu nome próprio e tem cumprido o combinado. Porque muda agora?
—Fá-lo-ei se, depois de me ouvir, achar que mereço essa deferência. Não quis marcar esta entrevista. Os acontecimentos precipitaram-na e... suponho que não se incomodará em me ouvir. Esta manhã, no cais, disse-lhe que falaríamos um dia, sobre o que tanto o surpreendeu...
—Não, não me importo nada de a ouvir, mas... tem a certeza de que o deve fazer?
—E preciso que o faça!
—Bom. Não a convido para subir ao meu quarto, porque depois do que disse o «cavalheiro» Egan, não me atrevo. Não podemos alimentar a maledicência.
—Estou imunizada contra isso tudo. De qualquer modo, aqui está-se bem.
—Como queira.
Sentou-se.

sábado, 27 de abril de 2019

COL005.03 A hiena ameaça e conspira

Jayne entrou no seu camarim. Embora ainda faltasse um pouco para o seu número, começou a vestir-se. Sentia arrepios precursores da febre e o medo de se deixar cair, fez com que saísse do hotel antes do tempo. Acabou de se pintar e sentou-se.
A porta abriu-se lentamente e Teddy entrou no pequeno quarto. Já não trazia nos lábios o sorriso sedutor que tantos êxitos lhe proporcionava. Trazia-os fortemente cerrados, dando-lhe a todo o rosto uma expressão de dureza. Jayne levantou-se, furiosa:
—Tu! Como te atreves...?
— Cala-te! Doris está perto. Será melhor que não nos oiça.
— Melhor para ti!
— E para ti também.
Fez menção de fechar a porta e Jayne exclamou:
— Deixa-a estar como está!
— Mas...
— Deixa-a ou então chamo alguém para te pôr fora. Está bem — limitou-se a encostá-la.
Depois, cruzando os braços, continuou:
— O nosso encontro de hoje surpreendeu-me tanto como a ti. O mundo é tão grande e acabamos por nos encontrar num lugar e numa circunstância em que significas para mim o maior dos estorvos.
—Não precisas de o dizer.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

COL005.02 A hiena que chega

Estavam à espera, um tanto afastados da multidão. Doris mostrava-se nervosa, desassossegada. Estava prestes a chegar Teddy Egan, o homem dos seus sonhos! Tinha pedido a Jayne que a acompanhasse: «Quero que sejas a primeira pessoa a quem o apresente, para que sejas também a primeira a felicitar-me, quando o vires». E Jayne, embora sabendo que os apaixonados não gostam de companhia, acedeu, resolvida a afastar-se passadas as primeiras efusões.
A impaciência fez com que Doris se levantasse cedo. Acordou a sua amiga e chegaram muito antes da hora a que se aguardava que o barco atracasse. Doris falava sem cessar dos seus projetos para o futuro.
—Casar-nos-emos imediatamente. Teddy deseja-o e eu, tanto ou mais do que ele. Abandonarei o palco e consagrar-me-ei só ao meu marido.
—Não te seduzem os aplausos?
—Agradam-me, não o nego; mas penso que o lar deve ser mais atraente. Viver junto ao homem que se ama, ter filhos... Não gostarias de estar na mesma situação do que eu?
Jayne mordeu os lábios, sustendo um suspiro e respondeu:
—Claro que sim! Pena que o não tivesse feito no momento oportuno!

quinta-feira, 25 de abril de 2019

COL005.01 De como a artista decadente reencontra o sucesso

Nicholas Joy, representante da «Empresa Concessionária do «Paraíso», o saloon mais importante de São Francisco da Califórnia, fez um gesto de mau humor ante a insistência da mulher:
— Não tenho pretensões de espécie alguma. Conformar-me-ei com o que me derem. Posso fazer um número para preencher o vosso programa.
—Já tenho de sobra.
— Mas é possível que o meu agrade. Nada perde em experimentar —o representante tamborilou com os dedos na mesa, mas a artista, simulando não ver aquele gesto de impaciência, continuou: — O trabalho é bom e eu sou uma autêntica profissional. Há alguns anos obtive grandes êxitos neste mesmo saloon.
—Mas isso foi há alguns anos. O tempo não passa em vão—a porta abriu-se dando passagem a Doris Campbell, a «estrela» da casa.
Nicholas Joy, dirigindo-lhe o melhor dos seus sorrisos, disse melífluo:
—Entre, menina, entre.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

COL005.00 Reencontro com «O rei dos pistoleiros»



Uma jovem artista está apaixonada por um homem que procura obter rendimento através do enlace com ela. Uma mulher mais velha, uma artista decadente, que tinha passado pela mesma situação, reconheceu-o e denunciou-o à jovem que julgou estar a ser vítima de mentira e inveja por parte da colega. Mas a realidade veio a demonstrar-lhe que afinal tudo aquilo era verdade e "o rei dos pistoleiros" acabou por ser dominado por um médico com uma capacidade de lutar notável apesar de o disparo definitivo ter sido feito pela jovem.
Na capa, a artista decadente acaba com «o rei dos pistoleiros», mas ela própria tem o seu fim anunciado por um beijo.
Nesta novela, Raf Segrram mostra mais uma vez todo o seu humanismo no tratamento de temas do Oeste. Apesar disso, as brigas e os tiros surgem quando necessário e os heróis são tão eficazes quanto os de outros autores.

terça-feira, 23 de abril de 2019

CLF141_CLF150


Capa e texto indisponíveis para a maioria dos seguintes livros da Coleção Califórnia:



141 Foi um Homem Duro
Keith Luger
142 Grupo de Indesejáveis
M. L. Estefânia
143 Os Puritanos
Meadow Castle
144 Coração da Pedra
Keith Luger
145 Segredos Para Foragidos
Keith Luger
146 Duas Armas de Prata
M. L. Estefânia
147 Um Para A Forca
Keith Luger
148 Consciência Culpada
M. L. Estefânia
149 Contrabandistas de Drogas
M. L. Estefânia
150 Não Sou um "Gun-Man".
Alar Benet


sábado, 20 de abril de 2019

CLF131_CLF140

Capa e texto indisponíveis em alguns livros da Coleção Califórnia:
131 "Zorro" Benson………………...M.L.Estefania
132 Cavalgada Para a Liberdade…...A. Rolcest
133 Trazia A Morte………………...Mikky Roberts
134 A Rainha Da Festa...…………...M. L. Estefânia
135 Um "Cow-bou" Á solta...………Joe Mogar
136 A Febre Do Oiro………......…...Fidel Prado
137 Equipa de Pistoleiros…...…...….M. L. Estefânia
138 Xerife Texano…………………..Meadow Castle
139 24 Horas Na Cidade Morta……..John Lack
140 Bando de Abutres…...………….A. Rolceste

sexta-feira, 19 de abril de 2019

KNS141_KNS150

Capa e  texto indisponíveis para os livros seguintes da Coleção Kansas:

141 Tumbas Para os Mortos……….. Rogers Kirby
142 O Passado de Jim Carol……….. Cliff Bradley
143 Marcados Como Cobardes……. M. L. Estefânia
144 Vendo o Meu Cadáver………... Silver Kane
145 Conversa de Chumbo…………. M. L. Estefânia
146 Duas Mãos Para o Verdugo…… Rocco Laser
147 Marcas de Morte………………. M. L. Estefânia
148 A Fronteira……………………. M. L. Estefânia
149 Capturem o Enforcado………... Peter Debry
150 Terrível Matança……………… M. L. Estefânia

terça-feira, 16 de abril de 2019

BUF004.12 Cavalgada para demonstrar a inocência e perseguição

Barry Meeker aguardava na sua cela da prisão de «Três Árvores», sob a guarda de um subordinado do xerife Imber. Haviam já decorrido várias horas da noite, e o sono chegou aos olhos do descuidado vigilante. Não resultou difícil, portanto, para «Mustache», deslizar pelo interior da prisão e reduzi-lo à impotência, ameaçando-o com o revólver.
— «Mustache»!... Como se atreve?
— Cala-te! Cerra o bico… e abre a gaiola ao pássaro!
Em poucos minutos, Barry Meeker se viu fora do calabouço, passando a substituí-lo o seu carcereiro.
— O culpado disto é Imber por me deixar aqui só! — protestou o homem.
E deixou de o fazer ao ser convenientemente amordaçado e sujeito com cordas ao catre da prisão.
— Vamos, em marcha!
— Correu tudo bem? — quis saber Barry.
— Muito bem. Há meia hora que efetuaram a tentativa contra Tommy.
— Tex Glendin?
— Sim. E Don Crater. Este está agora num lugar afastado, para ser interrogado convenientemente. Falará.
— E Tex?
— Tex, não. Não é fácil que fale.
— Está...
— Sim. Tal como o meu avô.
— Evelyn sabe-o?
— Ainda não. Mas saberá a seu tempo.
— E «Grand Fox»?
— Desapareceu da povoação com os seus homens. Vamos.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

BUF004.11 A defesa

— Não é verdade! Não é verdade!
— Isso é negar-se a evidência. Tu eras uma garotinha quando Milo abandonou o rancho. Florence, pelo contrário, era uma mulher. Estava em condições de o recordar perfeitamente. Pôde notar a impostura e soube imediatamente que esse homem não era teu irmão.
—Porque não mo disse?
— Disse-me a mim e julgámos conveniente calar-nos durante algum tempo. Seguir-lhe o jogo até averiguar o que ele tentava.
Evelyn moveu a cabeça teimosamente.
— Não posso crê-lo! Não posso! Contra essas razões, tenho eu a minha razão para saber que é meu irmão. Tem de ser!... Não pode ser de outra maneira!
Tex Glendin fingiu um gesto de desdenhosa comiseração, mas estava iracundo e a ponto de perder a paciência.
— A tua razão! — disse, irónico. — E que razão podes tu ter?
— Que lhe quero! — respondeu ela com apaixonada veemência. — Que lhe quis desde que o vi diante dos meus olhos!... Tudo me estimula, me arrasta para ele! E isso não podia acontecer se ele não fosse meu irmão.
— Estás louca!... Sabes que assassinaram Florence.
— Ele tem uma explicação para isso. Diz que o atacaram.
— De algum modo tem de se defender! Sabe que está perdido, que o enforcarão, a não ser que prevaleça a sua versão do sucesso. É réu de um crime que aqui não se perdoa: a morte de uma mulher.
— Ele não o sabia!
— Também acreditas nessa história da mascarilha? Florence disfarçada como um bandido? Repito que estás louca!
— Não, não o estou! Agora sei que não estou! Antes, sim, julguei-o muitas vezes. Antes, quando se repetiam aqueles atentados que eu não conseguia explicar! Queria convencer-me a mim mesma de que eram acidentes; mas não eram, não eram!
O marido lançou-lhe um olhar terrível.

domingo, 14 de abril de 2019

BUF004.10 A Acusação

Por um breve lapso, permaneceu Barry imóvel, fazendo trabalhar furiosamente o cérebro. Estava de posse de todos os fios da intriga. Só precisava de os unir para que a verdade resplandecesse.
Na sua mão conservou o lenço que servira a Florence para ocultar o rosto. A tensão mental foi a causa de que, pela segunda vez, se deixasse surpreender naquela manhã. O cavalo não deixou, no entanto, de o avisar.
— Aqui está! Não se mova! Estava cercado por meia dúzia de homens e todos lhe apontavam os seus revólveres.
Daquela vez não havia tentativa de escape, e assim o compreendeu Barry, instantaneamente.
— Meu Deus, o que fez... este criminoso! Florence, Florence! Matou Florence!
Tex Glendin contemplava horrorizado aquele espetáculo de sangue. Voltou-se para o homem que estava junto dele e que ostentava no peito a estrela metálica que o acreditava como Xerife de «Três Árvores».
— Convenceu-se agora? Este homem é um criminoso! — afirmou o dono de «Doble Z» — Pôde enganar a minha mulher, mas não a mim, nem tampouco a Florence. Ela soube imediatamente que não era Milo Kerigan. Por isso ele não perdeu tempo em lhe selar os lábios. Vamos, Imber, tem de agir!
O xerife — um rosto magro de traços enérgicos, e um corpo atlético, sem uma onça de gordura supérflua — aproximou-se de Barry e colocou-lhe uma mão sobre o ombro.

BUF004.09 Uma lição de vida para o jovem Tommy

Viu Evelyn entrar nos Correios, passada já meia manhã. Minutos mais tarde viu-a sair e abandonar a praça por uma rua lateral. Gostaria de a ter seguido; todos os impulsos o empurravam para ela; mas revestiu-se de paciência e permaneceu no seu posto, vigiando.
Pouco depois, observou como um jovem de pouco mais de dezassete anos abria a porta da repartição oficial e olhava à direita e esquerda.
— Quem é? — perguntou a Trimmer.
— Aquele? Tommy, o filho do encarregado dos Correios.
— Que espécie de rapaz?
O taberneiro formulou um gesto de desprezo.
— Que posso dizer-lhe? — respondeu. — Que me alegro de que seja filho de quem é?
— Porquê?
— Assim não poderá ser meu.
— Não é bom, então?
—É uma rata. São boas as ratas?
O rapaz, entretanto, havia adotado uma decisão e começou a andar rapidamente para a direita. Entrou no amplo portal de uma cavalariça.
— Onde irá?
— Vai buscar um cavalo, sem dúvida, para ir até ao campo. Costuma fazê-lo algumas vezes.
— Sim?... E até onde costuma ir?
— Para o Oeste, para aquelas montanhas.  Vê-as?
Barry fez um gesto de assentimento.

sábado, 13 de abril de 2019

BUF004.08 Barry escusa-se e dececiona os corajosos habitantes

Atento como o nosso jovem estava aos movimentos dos que iam chegando, não voltara a olhar para Stan Trimmer. Ouviu-o nas suas costas, exalar um profundo suspiro que, estranhamente, lhe pareceu de alívio.
— Graças a Deus! — exclamou depois o taberneiro.
Barry também se sentiu aliviado. Não se arriscou, no entanto, a voltar-se para interrogar Trimmer.
— Graças a Deus! — ouviu novamente. — Que susto me pregou!
— Que se passa?... Não são eles? — inquiriu o rapaz, voltando um pouco a cabeça.
— Não. Não são eles — murmurou o taberneiro. — São os outros.
— Gente da povoação?
— Sim.
—E que fazem aqui? Que esperam?
— Não sei. Talvez esperem alguém mais importante.
Novamente se abriram as portas do estabelecimento, dando passagem a um homem já de idade, com aspeto de rancheiro retirado. Usava enormes bigodes, quase tão grandes como os de «Mustache». E, atrás dele, entrou o próprio «Mustache».

sexta-feira, 12 de abril de 2019

BUF004.07 Uma frase que anuncia o perigo: «Milo, és tu!»

«Três Árvores» era uma povoação sem nenhuma característica especial que a diferençasse de outras povoações conhecidas antes por Barry Meeker.
O edifício dos Correios encontrava-se na praça: um quadrilátero não muito regular rodeado. de alpendres e varandins. E, também na praça, elevava-se o estabelecimento — mistura de hotel e taberna — que constituía o ponto de reunião dos rudes habitantes da região.
Quando penetrou no salão da taberna, Barry notou-se alvo de um furtivo exame. A dissimulada atenção com que o taberneiro o examinou dos pés à cabeça não foi suficientemente encoberta.
— Bons dias, forasteiro — saudou-o o homem — Ou não?
— Ou não, o quê — perguntou Barry, secamente.
— Refiro-me ao forasteiro. Talvez não o seja.
— Interessa isso para o seu negócio?
— Não. Simples curiosidade. «Whisky»?
— Qualquer coisa, desde que não seja veneno.
O taberneiro pareceu ofendido, mas imediatamente mudou de expressão e começou a rir.
— Veneno? — repetiu —. Há muito tempo que deixei de o servir. Os fregueses começavam a queixar-se.
Piscou um olho e riu-se do seu próprio gracejo.
— O meu nome é Trimmer, Stan Trimmer —informou seguidamente.

quinta-feira, 11 de abril de 2019

BUF004.06 Encontro com o pessoal do «Doble Z»

O cavalo de Barry obedeceu imediatamente ao assobio do seu dono, e juntos, os três cavaleiros encaminharam-se para o rancho «Doble Z».
— Porque disse aquilo o homenzinho? — perguntou a jovem, que parecia intrigada e pensativa.
— O quê?
— De que ele não estaria seguro de que sejas meu irmão.
— Ah, isso! Crê ter motivos para explicar outra coisa, mas está enganado. Já lhes explicarei, assim que chegarmos ao rancho.
Tex Glendin dirigiu-lhe um olhar desconfiado. Permanecera silencioso e carrancudo desde a partida de «Grand Fox». Evelyn notou-o.
— Porque estás com essa cara, Tex? — perguntou-lhe —. Ainda não disseste a Milo que te alegras com a sua chegada.
Glendin teve um súbito gesto de ira, imediatamente dominado. Encolheu os ombros.
— Essas coisas supõem-se — alegou —. Alegro-me com a tua chegada, Milo, se é necessário exprimi-lo com palavras.
— Obrigado. Não fiz bem em vir? Aparte o que te possa alegrar.
O jovem rancheiro tornou a encolher os ombros.
— O tempo o dirá. Já tínhamos bastantes dificuldades.
— Oh, agora tudo será diferente! — protestou Evelyn — Milo se encarregará de as resolver. A única coisa que me preocupa são as ameaças desse homem. Precisarás de te enfrentar com ele?
— Depois veremos. Até lá podem ocorrer muitas coisas. Não penses nisso.
À porta do rancho, encontravam-se um homem e uma mulher.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

BUF004.05 Encontro com o terrível «Grand Fox»

De acordo com as informações do velho «Mus-tache», o rancho devia encontrar-se apenas a uma milha de distância. Vê-lo-ia após a próxima elevação. Barry permitiu que o cavalo, já fatigado, andasse a passo lento.
— É este!...
Barry ouviu a exclamação, ao mesmo tempo que três homens surgiam diante dele, obstruindo-lhe o caminho. Os três apontavam-lhe os revólveres.
A reação do nosso jovem foi instantânea e resultou inesperada para os três indivíduos que o ameaçavam. Deitou-se para a frente abraçando--se ao pescoço do animal, enquanto fincava as esporas bruscamente no animal. Surpreendido pelo castigo, ergueu-se nas patas traseiras formando com o seu corpo uma barreira protetora para o cavaleiro.
Barry havia reconhecido dois daqueles homens: eram, dos quatro assassinos do jovem Catesby, os que haviam escapado ilesos. O terceiro era um indivíduo de mísera estrutura física, minguado de estatura e fraco até parecer que os seus membros eram feitos de arame. No entanto, era o mais perigoso dos três, aos olhos de Barry. Desprendia-se da sua pessoa uma aura de vibrante ameaça. O arame dos seus membros devia ser de aço... As suas mãos eram garras, e os seus braços, molas. Vestia totalmente de negro, dos pés à cabeça como um coveiro... ou um carrasco.

terça-feira, 9 de abril de 2019

BUF004.04 Encontro com o velho «Mustache»

Barry formulava o propósito de se dirigir à povoação para efetuar indagações, mas agora mudava os seus planos. O que primeira devia fazer era falar com Evelyn. Ela o informaria.
Calculava que o rancho «Doble Z» devia estar integrado naquele imenso vale, mas ignorava onde dirigir os seus passos. Cavalgou, pois, deixando que o cavalo orientasse a marcha de acordo com o seu capricho. O instinto levá-lo-ia, sem dúvida, até um lugar habitado, onde houvesse cavalariças, e feno para seu regalo.
Após duas horas de caminho, ao transpor uma elevação de terreno, divisou a mancha escura de uma enorme manada de gado vacum. O pasto era muito abundante naquele lugar. Pareceu-lhe, no entanto, que os animais estavam demasiado apinhados, tendo em conta a vastidão de terreno.
«Bem, onde há vacas, há vaqueiros,» pensou Barry, encaminhando os seus passos naquela direção. Atravessava uma ligeira elevação quando uma voz o sobressaltou:
— Olá, forasteiro!
Num gesto instintivo, a mão direita do jovem deslizou até ao coldre do revólver.
— Não, não, rapaz, deixa isso!... Tenho-te sob alva! — tornou a dizer a voz.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

BUF004.03 O perigo de se chamar Milo

Barry Meeker rezou uma breve oração sobre a sepultura do seu amigo perseguidor, antes de se afastar dali para iniciar a sua viagem até ao lugar onde aquele nascera.
Numa das algibeiras transportava Barry os papéis do morto. Milo Kerigan era natural da povoação de «Três Árvores», situada a grande distância de Loonkey, e Barry pensou que dificilmente encontraria ali alguém que conhecesse a sua verdadeira personalidade.
— Vai ser uma situação do demónio — murmurou.
Pela centésima vez releu a carta que encontrara na carteira de Kerigan, embora já soubesse o seu conteúdo de memória. Estava datado do rancho «Doble Z», perto de «Três Árvores», e rezava o seguinte:
«Milo querido: Recordas-te da pequena Evelyn?... Eu não te pude esquecer em tantos anos e sempre suspirei pela tua presença. Foste o herói da minha meninice e continuas sendo o da minha juventude. Ninguém sabe que te escrevo, mas... tinha de o fazer. Preciso de ti, Milo. Estão acontecendo coisas muito estranhas aqui, no rancho, e eu estaria mais tranquila, se o meu herói estivesse comigo. Vem. Vem depressa. Esperam-te muitos, muitos beijos da tua,
Evelyn»
— Muitos beijos... Diabo! — murmurou para consigo.

domingo, 7 de abril de 2019

BUF004.02 Dois camaradas até à morte

Desmontaram. Os animais mostravam-se inquietos, como se se apercebessem do perigo que os seus donos corriam.
— Compreenda, Kerigan. Não há maneira de sair da situação... pelo menos para mim — observou o prisioneiro.
— Que queres dizer com isso?
—É muito simples. Esses selvagens não estão realmente em. pé de guerra. Pretendem somente vingar o seu companheiro. E então?
— Nada têm contra si. Portanto podia muito bem sair daqui... só. Eles deixariam que seguisse o seu caminho. Sim, estou certo disso. Porque não o tenta, Kerigan? Deixe que eu me entenda com eles. Agradecia-lhe, isso sim, que me soltasse as mãos e me deixasse fazer uso das armas. Não quererá que me arranquem a cabeleira sem que eu me possa defender.
O jovem xerife olhou duramente para o seu prisioneiro.
— Teria entendido bem? — perguntou em tom irado —. Queres que te liberte em troca de só eu escapar daqui?
—É o único meio que tem de sair desta ratoeira.
— E pensaste que o faria?
Barry suspirou.
— Não. Não o julguei, na realidade, mas... valia a pena tentar.
— Pois já o sabes. A minha resposta é não! Merecias uma boa sova pela tua proposta, e livras-te por teres as mãos atadas.
O prisioneiro sorriu, parecendo satisfeito.

sábado, 6 de abril de 2019

BUF004.01 A captura

Milo Kerigan havia chegado ao final daquela longa e acidentada perseguição. O fugitivo estava ali, ao alcance dos seus olhos e dos seus revólveres.
Contra sua vontade, teve de o olhar com certo respeito. Chamava-se Meeker, Barry Meeker, e era um esplêndido exemplar humano. Era corpulento e, no entanto, nem uma onça de peso supérfluo: uma máquina de lutar, feita de músculos e de fogo.
Agora, que estava dormindo, o seu rosto parecia suavizado e os seus traços eram corretos e agradáveis, desaparecidos os rasgos de dureza impostos por uma vida acidentada.
Era olhado como se olham os lutadores e, antes de nada, viam-se os seus olhos azuis gelados como dois diminutos lagos na época invernal. O único frio naquele ardente ser. Mas Barry Meeker tinha agora os olhos cerrados.
Kerigan aproximou-se, pisando suavemente, e deu-lhe uma pequena pancada com o pé.
A reação de Barry foi semelhante à de um explosivo ao fazer contacto com o fogo. Ergueu-se como uma lâmina de aço que se soltasse repentinamente, com a arma já na mão, disposta para entrar em ação. Kerigan, no entanto, encontrava-se prevenido e encostou-lhe a sua própria arma.
— Larga o revólver! — ordenou com voz firme.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

BUF004.00 Revisitando «Intriga no rancho»


Uma compra tardia permitiu-nos voltar a um dos primeiros volumes da Coleção Búfalo, um dos que conserva todo aquele esplendor das primeiras novelas do Oeste que por cá apareceram.
Neste particular, deparamo-nos com Barry Meeker, um jovem detentor de incrível capacidade de luta, que, perseguido pelo xerife Milo Kerigan, acaba por ter de lutar ao lado deste contra índios apaches.
O xerife é atingido fatalmente durante a luta e pede-lhe que ele assuma a sua identidade e se dirija ao rancho da sua irmã que já não vê há bastantes anos para a apoiar perante roubos e outros factos desagradáveis que a afetam.
Barry encontra em Evelyn, a irmã do xerife, um carinho que nunca tinha sentido antes e acaba por demonstrar que muitos que a parecem apoiar são os seus maiores inimigos.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

POL171_POL180

Não dispomos de capas e texto para os livros seguintes da Coleção Pólvora:
171 Um Par de Botas  Don Carter
172 Um Homem de Palavra  Uriah Moltan
173 O Implacável  Uriah Moltan
174 " Estouvado "  César Torre
175 Montes Tenebrosos  Peter Kapra
176 Uma Questão de Honra  Vic Logan
177 " Vau dos Canalhas "  Lou Carrigan
178 Dupla Vingança  Vic Logan
179 A Ponte  Vic Logan
180 Sementes de Ódio  John Palmer

quarta-feira, 3 de abril de 2019

KNS131_KNS140

Capa e texto indisponíveis para os livros seguintes da Coleção Kansas:
131 Suspresa em Cronin Kin M. L. Estefânia
132 Aprendiz de Pistoleiro Keith Luger
133 Um Homem de Ferro Alar Benet
134 Mortos no Pântano M. L. Estefânia
135 O Revólver na Mão Clark Carrados
136 O Rio do Abutre Keith Luger
137 A Caravana Morta A. Rolcest
138 Bom Dia Pistoleiro Keith Luger
139 A Rota dos Valentes Fidel Prado
140 Abutres no Vale Joe Sheridan