domingo, 29 de junho de 2014

PAS343. Um «abutre» ferido em pleno voo


A passagem entre as colinas surgiu ante os olhos de Frank Daly. Olhou em torno. Não se via vivalma. Era muito experiente em lutas para se deixar cair numa emboscada. Frank apeou-se dum salto, despediu o seu cavalo com uma palmada afetuosa, sacou um dos seus revólveres e seguiu avançando lenta e silenciosamente, quase rastejando entre as altas ervas.

O silêncio que se fizera depois do grito de Niky e da anterior detonação, só lhe confirmava o facto de que ela estava em perigo… ou já deixara de estar por a sua vida ter sido também sacrificada àquela orgia de crimes e de sangue.

Uma cólera surda, fria, se apoderou dele. Se isso se verificasse, Frank Daly ia ser muito mais cruel e vingativo do que anteriormente. Compreendeu que amava aquela rapariga loira.

PAS342. Como destruir um abismo de ódios e rancores


De repente, Frank obrigou o cavalo a suster-se. Diante dele, no caminho para o povoado, surgia um cavaleiro, impedindo-lhe a passagem. Instintivamente, Daly levou as mãos às armas, mas o cavaleiro continuava imóvel. O cabelo flamejante denunciou imediatamente a sua identidade.

— Niky O'Malley — murmurou Daly. — Que faz aqui?

— Olá, Frank Daly. Ou prefere que lhe chamem Dobson ?

— É indiferente.

— Não, não é. Dobson é o homem que beijei. Um rancheiro, como qualquer outro, capaz de amar uma mulher. Daly é uma fera sanguinária, como Nino Saphiro, ansioso de matar. Matar constantemente...

— Indague as causas a seu pai, senhorita O'Malley — respondeu Daly, secamente. — E agora desimpeça-me o caminho. Nada mais há para discutir entre nós.

PAS341. Encontro no cemitério



O cemitério de «Plata» era um pequeno recinto sobre um planalto próximo da aldeia. Alguns cidadãos escrupulosos com a última morada dos familiares tinham rodeado o vasto terreno com uma tosca cerca. O pequeno carro de Danner ia à frente, carregando com o negro ataúde onde repousava Ben. Atrás, a pé, Brett, Marcus, Niky, Luke e Asherson caminhavam silenciosamente.
Ninguém se atrevia a fazer companhia à família, mas muitos curiosos seguiam da vila a marcha da comitiva encosta acima. Todos tiraram o chapéu quando atravessaram a parta de ingresso. A brisa do crepúsculo agitou os cabelos brancos de Brett O'Malley e os caracóis louros de Niky. Danner, completamente de negro e mais solene do

que nunca, desmontou o ataúde, auxiliado por Asherson e Marcus.
De repente, todos se detiveram, rígidos e surpreendidos. Na porta do cemitério recortou-se uma silhueta a que a obliquidade dos raios solares emprestavam uma forma fantástica.

sábado, 28 de junho de 2014

PAS340. A vingança do homem de negro


— Foge, Ben!— implorou a voz da mulher. — Vai-te, por amor de Deus!
Ben limitou-se a apertar fortemente as maxilas.
— Eu vi-o, Ben! Está completamente transfigurado, não é o mesmo homem que tu conheceste! Parece um tigre sedento de sangue, uma fera ansiosa por triturar alguém…
— Tudo isso é aparente, querida, simples fingimento— riu Ben, confiante, servindo-se de outro copo de «gin». — Fingimento provocado por uma dor súbita.
— Não, Ben, escuta-me — gemeu Chris, abraçando-se às suas pernas.

PAS339. Ressuscitar o passado


O armazém de Webber tinha uma janela que não se cerrava completamente: Fess ouvia Webber frequentemente lastimar esse facto. Um ladrão poder-se-ia infiltrar e roubar impunemente toda a mercadoria. .Claro que Webber declarava sempre que só lá havia farinha, toucinho ou tabaco, o que não seduzia ninguém.
Fess Dobson levantou facilmente a tranca de ferro da janela defeituosa, ergueu a vidraça forrada de resguardo metálico e achou-se com o caminho franqueado. Junto do armazém, as luzes da cozinha e do quarto que ele havia ocupado, continuavam acesas. Certamente que Molly e o marido tinham adormecido convencidos da sua presença na cama.

Sorriu amargamente. Se eles adivinhassem os seus atos...

PAS338. Uma fera prestes a devorá-la


Chris Hodges estava muito nervosa. Cada vez que recordava aquele corpo estendido, selvaticamente golpeado até expirar, enquanto ela incitava o assassino, um estremecimento de medo assaltava-a. Apesar de ignorar concretamente aquilo que receava, a noite tinha contribuído para acentuar o terror, como se as trevas se pudessem materializar numa fera cruel, sem forma nem cor, prestes a devorá-la.
Tinha despertado algumas vezes, durante a noite, mas naquele momento estava certa de não ter sonhado aquele ranger da porta do jardim. Escutou. Só se ouviam os roncos de seu tio Clem, na divisão contígua. Não podia contar com ele, pois não despertaria nem com um tiro de canhão.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

PAS337. Na presença da morte


-- Você também parece estar débil. Não.., não entre, suplico-lhe.

Dobson não hesitou mais. Avançou e reconheceu Redfem, no ataúde da direita, ainda com o sangue visível de dez balas. A seguir desviou o olhar para o caixão da esquerda...

Uma bomba estilhaçou-se-lhe na cabeça, ofuscando todo o raciocínio e tingindo de vermelho carregado tudo o que via, ouvia ou pensava. A figura dilacerada, cruelmente golpeada do outro cadáver, dançou-lhe alucinantemente diante dos olhos cegos: o rosto lívido, tenso e imóvel, os olhos piedosamente cerrados sob a pasta de sangue seca e coagulada.

— Harry! — gritou, como uma fera da selva. — Harry, irmão!...

PAS336. Olhos que não veem o sol brilhante do meio-dia


Fess Dobson contemplou melancolicamente a casa. Retornou, encaminhando-se para o tronco onde estavam laçados o seu cavalo e o de Harry. Willy Eates e os ajudantes já tinham abalado. Só ele restava no Rancho. Após um último relance ao edifício, Fess Dobson principiou a desatar as rédeas da sua montada.

Foi nesse instante que ouviu o galope de alguns cavalos. Voltando-se surpreendido, verificando que um grupo de cavaleiros levantando nuvens de pó, avançavam pelo trilho, na direção do rancho. Na frente cavalgava um homem de roupas negras e chapéu de cor igual.

Sorriu sem vontade, apertando o volume causado pelas notas debaixo da jaqueta de pele. Parecia que os O’Malley estavam impacientes para ocupar os terrenos. Reconheceu Luke e alguns ajudantes de Brett, que vinham tomar posse do rancho. Reconheceu também o homem alto e loiro envergando uma gritante camisa vermelha, que galopava ao lado do homem de traje negro. Era Levy Asherson, capataz dos O'Malley e assíduo cliente do armazém de Webber.

PAS335. Agredido sem piedade perante os olhos da traiçoeira namorada


A única rua de «Plata», extensa e larga, parecia ter ficado acabrunhada. Alguém gritou a Harry, com ar de desprezo:
— Vês, rapaz? Tudo isto por teu irmão vender o rancho! Maldito cobarde!
Harry reagiu, querendo enfrentar Webber encarou-o com pouca simpatia. Compreendeu que se replicasse, serviria de bode expiatório à ira de toda a população. Harry cerrou os punhos e desceu a rua. Chegavam a ele as palavras clamorosas e doridas de Wilson, proferidas da sela do seu cavalo:
— Assassinaram Redfem! Mataram o pobre Ike! Esses porcos dos O'Malley...

quinta-feira, 26 de junho de 2014

PAS334. Encontro romântico com uma menina rebelde


A festa de Rory Griswold estava no auge do esplendor. Não era propriamente aquilo que o povo do Este denomina de festa, mas os provincianos habitantes de «Cuenca de la Plata», pensavam de modo diferente. O toldo colocada pelo radiante Griswold era amplo e resguardava uma provisão de bebidas suficiente para todo um regimento. Fora do toldo, debaixo do primaveril céu estrelado do Novo México, um grupo de músicos mal instalados tocava uma série de músicas de dança e canções rancheiras, vagamente parecidas com as suas versões originais.

O recinto estava repleto. Griswold dizia muito satisfeito que toda a «Cuenca» estava ali reunida. Talvez a afirmação fosse um pouco exagerada, mas mais de setenta por cento dos cidadãos de ambos os sexos e de todas as idades ocupavam o espaço destinado à festa.

Era sábado e portanto podiam divertir-se até à madrugada de domingo e ninguém tencionava ir-se deitar, pois tinham um período de descansa no dia seguinte. Fazia seis dias que Griswold tinha vivido o grande acontecimento, quando perfurava um poço num pequeno vale e tinha descoberto o riquíssimo filão de cobre.

CLF005. Homens diabólicos

 
(Coleção Califórnia, nº 5)
 
 

Mais um livro de Donald Curtis. Mais um daqueles livros que nos traz um pistoleiro escondido sob um homem tranquilo que procura paz e sossego no seu rancho, longe da cidade e das lutas, interessando-lhe apenas o seu gado e a tranquilidade de espírito que procura.
Nas primeiras páginas, pode notar-se a preocupação do autor em apresentar a cidade onde decorre a acção como um ponto pacífico, calmo, quase obsediante de estagnação.
Mais tarde, com o aparecimento de uma mina de cobre e o desfecho tempestuoso de um amor juvenil, tudo se modifica: onde havia paz e sossego, passou a existir violência, tiroteios, lutas sem piedade nem quartel. E o homem tranquilo que se refugiara naquele recanto em busca de sossego, volta a colocar os "colts" à cintura e, louco de dor e vingança, aparece tal como é na realidade: um temível pistoleiro.
O desfecho que Curtis incute à novela é completamente inesperado.
A capa, de Bosch Penalva, mostra um pormenor da luta desse homem tranquilo, agora pistoleiro, acossado por uma família cheia de gente corrupta e sem qualidades, gente diabólica, no fundo.

terça-feira, 24 de junho de 2014

PAS333. Gado contra a vedação


-- Oiçam, oiçam ! gritou Henry.

No meio de profundo silêncio ouviram um rumor, ampliado pelas paredes do desfiladeiro, retumbando progressivamente como um trovão.

-- Que diabo vem a ser isto? -- inquiriu Cari Doyle, assombrado.

Chegaram-lhe então aos ouvidas os agudos gritos de AI Rosen:

— Reed lança-nos em cima o seu gado à desfilada!

Era uma manobra com que Desmond não tinha contado. Elmer Reed não hesitava em sacrificar parte do seu gado, se deste modo pudesse abrir uma larga passagem.

-- Isto torna-se sério, muito sério mesmo— afirmou Carl. — Vou ver se acerto nas vacas da frente.

A primeira manada apareceu ladeada por cavaleiros, gritando e disparando para o ar as suas pistolas. A muralha viva de carne estacou, tentando fugir da outra muralha de fogo aberta pelos Doyle e por Desmond. Mas os cavaleiros do «Três Fontes» puseram-na de novo em corrida em direção à vedação. A espingarda nas mãos de Desmond ia aquecendo, e a cada tiro caía urna rês. Mas a manada enlouquecida continuava a avançar, e nada a poderia deter.

PAS332. Bem-vindo a casa, filho!


Brenda Hunter, com a mão direita ao peito, ordenava:

-- Al, tira a carreta. Vou com vocês.

Desmond não disse nada, limitou-se a montar, partindo a trote para a linha divisória de Big Valley com o rancho de Elmer Reed. Desmontou para acender um cigarro, como um viajante fazendo uma paragem agradável, em contemplação da paisagem à primeira luz do alvorecer. Viu aproximar-se a carreta conduzida por Al Rosen, a cujo lado, a tia Brenda se mantinha direita, com o seu aspeto de coruja sábia.

Voltou a montar, e duas horas depois, detinha-se diante da pedra com o martelo gravado, que Duncan Hunter ali tinha colocado em sinal de propriedade. Foi tirando parte da terra em torno da base. Endireitando-se, voltou a olhar fixamente a grande tabuleta: «Três Fontes Proibida a passagem».

segunda-feira, 23 de junho de 2014

PAS331. Um punhal cravado na mão


Brenda Hunter estava sentada, com as mãos apoiadas na mesa. Um xaile de lã negra cobria as suas mãos.

-- Brenda! -- exclamou, aliviado, o sheriff. -- Está bem?

A mulher não o olhou. Contemplou Desmond com ódio... E inclinou o busto e o rosto para a mesa. O movimento deslocou o xaile. E Desmond Hunter conteve uma imprecação de raiva. Um prego atravessava a mão direita da anciã, cravando-a na mesa. A pele morena estava manchada de sangue.

Jack Blecher, fazendo um juramento, girou sobre si mesmo. A sua mão aberta chocou contra o rosto de Desmond.

-- Por tua culpa, maldito cobarde!

A pancada obrigou Desmond a retroceder, e enrubesceu na sua face a marca da bofetada. Steve Clarke lançou-se para conter o sheriff e amenizou:

-- Ele não tem a menor culpa! Deixe-o...

O sheriff sacudiu a cabeça como para se desanuviar. Clarke largou-o, e o sheriff preferiu lentamente:

-- Nunca simpatizei contigo, Desmond Hunter. Mas agora odeio-te.

PAS330. O homem que já não sabia dançar


Estava calor no interior. Os violinistas marcavam o compasso, com os pés, e um vaqueiro abraçado ao seu banjo, cantava gravemente. Uma mão tocou-lhe no ombro, e voltando-se contemplou o sorridente semblante de Nora.
-- Alegra-me que tenhas vindo, Desmond. Gostava muito de dançar esta valsa contigo. Convidas-me?
— Se alguma vez soube dançar, já o esqueci -- disse ele, lentamente.
Ele viu uma cintilação de receio nos olhos femininos. E suspirando ela murmurou:
-- Cometeste um erro. O primeiro... Um homem que soube dançar, nunca o esquece.
— Talvez não te queira ter nos meus braços, demasiado próxima. Talvez tenha medo de recomeçar alguma coisa... que não possa terminar.
-- Gostaria de te acreditar, Desmond. Há recordações que um homem não pode matar, ainda que o tente.
— Dás-me a honra desta valsa, Nora?

domingo, 22 de junho de 2014

PAS329. Uma pedra como limite

Deteve pouco depois o carro num planalto que ligava o vale com outro. Havia estacas presas com arames, e um grande letreiro:

«Três Fontes Proibida a passagem».

O gado pastava no rancho Três Fontes, de Elmer Reed.

-- Esta foi a primeira vedação que cortou Big Valley— disse Brenda, amargamente.

Baixando-se, Desmond viu, um pouco mais adiante da vedação, uma pedra coberta de musgo. Tinha um martelo gravado. Brenda, a seu lado, comentou:

-- Ducan Hunter colocou esta pedra assinalando o limite leste da sua propriedade. Pesava cento e vinte quilos, mas ele descarregou-a do carro e colocou-a sem a ajuda de ninguém. Mas cometeu um erro. A pedra está dois metros no interior dos nossos limites. Portanto, a vedação de Elmer Reed estende-se em terra que pertence aos Hunter.

-- Quer que eu derrube a vedação, tia Brenda? -- perguntou Desmond com entoação irónica.

-- Se fosses apenas a décima parte do homem que era Duncan, esta vedação não estaria aqui.

(Coleção Califórnia, nº 3)

CLF003. O regresso do cobarde


(Coleção Califórnia, nº 3)

Era um homem extremamente tímido, dominado pelo pai, que fugiu da sua terra, abandonando a própria esposa. Um dia, totalmente desfigurado por tortura aplicada por índios, voltou para reclamar o que era seu. Tudo tinha mudado e envolveu-se numa luta sem fim, chegando a ter necessidade de limpar o próprio nome já que a dúvida sobre a sua verdadeira identidade permaneceu até ao final da novela e havia a possibilidade de ser um assassino por cuja captura se oferecia significativa importância.
Peter Debry é uma autor espanhol ainda com um prestígio assinalável ao nível da novela negra. Alguns admiradores mantêm sites (1 e 2) onde divulgam a sua obra e as suas qualidades. Em Portugal tem registo de apenas 50 títulos, 29 dos quais ligados à APR, nos quais predomina a colecção Serviço Secreto. Este é um dos três títulos editados pela Colecção Califórnia da IBIS.

A capa, de autor desconhecido, mostra um pormenor da luta deste homem pelos seus direitos, ao lado de uma pedra com um martelo gravado que marcava o limite da sua propriedade. Conta Debry que, numa extraordinária demonstração de força, levantou essa pedra, a qual pesava mais de 120 quilos, arrancando-a da terra e conduzindo-a para dois metros mais adiante para que os seus limtes ficassem correctamente estabelecidos.</

sexta-feira, 20 de junho de 2014

PAS328. Novos horizontes


Os lábios e as pálpebras de Reg estremeceram. Nunca tinha tido medo de ninguém nem de nada, mas aquele homem impressionou-o. Pela sua serena majestade, o seu porte austero e digno, a dor que havia nos seus olhos. Reg compreendeu que contra aquele homem não poderia lutar. Compreendeu que não faria nenhum dano ao pai de Bud Sherman, embora agora tivesse a liberdade, a felicidade e a vida ao alcance das mãos. Baixou a cabeça e disse:
— Entregue-me ao xerife. A comédia tinha de terminar um dia!
O homem colocou-lhe uma mão sobre as costas. Reg tremeu. Era um gesto de amizade e isso não o conseguia compreender.

PAS327. Declarada inocente


O Juiz, pálido e suado, levantou a cabeça sobre a secretária. O Presidente do Júri fez o mesmo. Ambos pareciam mortos. Trocaram um tímido olhar de inteligência e o Presidente gaguejou:
— Ino... Ino... Ino... Inocente!
— Inocente — sussurrou Irina, enquanto as lágrimas lhe enchiam os olhos — . Inocente!
Reg aproximou-se lentamente dela. As suas mãos compridas e duras, mãos que pareciam feitas para lutar, acariciaram suavemente os cabelos da jovem. E ela apertou essa mão entre as suas, frenética e desesperadamente, e Reg notou como pela sua pele corriam as lágrimas da jovem.

PAS326. Fuga a lobos famintos


Irina Wells tateou a lima, acariciou-a como a um ser vivo. Alguém a tinha atirado pela janela, pouco antes, valendo-se de um laço a cujo extremo a tinham ligado. Esse alguém devia ter uma invejável habilidade, porque conseguiu fazer penetrar a lima por entre as grades sem fazer qualquer ruído. Não a acompanhava nenhuma mensagem, mas um instrumento assim e nas condições de Irina não necessita qualquer classe de explicações. Imediatamente, e aproveitando a hora do crepúsculo, quando os guardas se dispunham a começar a sua inacabável série de partidas de cartas, começou a trabalhar.
Enquanto limava incansavelmente, com ágeis movimentos dos braços, não deixava de pensar em quem lhe poderia ter proporcionado aquela inestimável ajuda. E embora lhe parecesse absurdo e impossível, um só nome vinha à sua memória: Bud Sherman, o promotor implacável e sanguinário a quem, no entanto, segundo via agora, guiava uma verdadeira ânsia de justiça!
Irina chegou a convencer-se de que tinha de ser ele. Ninguém mais tinha demonstrado interesse em a ajudar. Proporcionar uma fuga não era um processo muito de acordo com as atribuições de um promotor, mas...

quinta-feira, 19 de junho de 2014

PAS325. A hóspede do quarto 13


Reg chegou a um pequeno corredor onde havia oito quartos, quatro de cada lado. O último tinha o número 13.
Bateu suavemente à porta. Não obteve resposta.
Voltou a bater e como não ouvisse qualquer ruído, empurrou a porta. O quarto estava às escuras. Dentro sentia-se o cheiro a perfume caro e a roupas de mulher. Um silêncio sinistro imperava na habitação. Mas não havia ninguém no quarto. Talvez a mulher tivesse saído por um momento, mas Reg não se fiava de uma explicação tão simples. Identificou o lugar onde estava o candeeiro de petróleo e acendeu-o, procurando não oferecer as costas à escuridão. Uma luz triste e mortiça estendeu-se pela habitação.

PAS324. Sedução perigosa


O cavalo tinha empreendido já um galope muito rápido através de uma planura deserta. Reg tentou moderá-lo, mas o animal não obedeceu.
— Não compreendo como sai com um cavalo tão nervoso — disse, olhando para Marcia —. Poderá dar-lhe um desgosto.
— Gosto de emoções. Deixe-o correr.
Reg soltou as rédeas. Permaneceram em silêncio enquanto o cavalo galopava. Finalmente, cansado da corrida, deteve-se, ofegante, entre duas ladeiras completamente ladeadas de pinheiros. O ar fresco da noite fazia-os sussurrar, abanando suavemente as suas copas. O rosto de Márcia emergiu lentamente das trevas como se acabasse de nascer delas. O luar iluminou primeiro metade do seu rosto e dos seus lábios vermelhos e entreabertos, até revelar finalmente as suas feições e aqueles olhos que o fitavam de uma maneira obcecante. Os seus lábios vermelhos aproximaram-se de Reg.

PAS323. Procura de provas


A mulher olhou-o. Havia no seu olhar desespero, medo, ou quem sabe, escárnio. Reg não se preocupou em o averiguar, mas notou que não podia suportar a força obcecante do olhar de Irina.
— Porque solicitou um adiamento, senhor Sherman? — perguntou ela —. Não crê que eu esteja suficientemente culpada depois das declarações das primeiras testemunhas?
Reg passou uma mão pelos olhos. Parecia cansado, mas não estava. Mas sentia-se assombrado perante aquela situação diabólica e precisamente para a resolver é que ali estava.
— É verdade o que disseram as testemunhas, Irina?
— Sim.
— Ameaçou de morte o capitão Cyril Roberts?
— Efetivamente, ameacei-o.
— Odiava-o muito?
— Com toda a minha alma.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

PAS322. Uma mulher que despertava ódio


Contexto da passagem: Assumindo a identidade de Bud Sherman, promotor de acusação contra sulistas sem piedade, Reg chega a El Paso onde Irina se encontra presa, à espera do julgamento, acusada da morte do capitão Cyril Roberts

 

Reg tinha vontade de chorar ou de rir. Vontade de gritar. De todo aquele mistério incompreensível não compreendia nada e quanto mais pensava, mais estranho lhe parecia. Simplesmente, de um modo mecânico, para ordenar ideias perguntou:
— Chamas-te Irina Wells, não é verdade?
— Sim, e nasci em El Passo, como muito bem sabes. Mas durante muitos anos vivi em Dallas.
Dallas, a cidade! Wells, o apelido! Nenhuma das duas coisas significava nada para Reg, mas ambas as palavras juntas diziam muito no fundo do seu coração torturado. Sentiu agora o mesmo que quando ouvira pronunciar aquele apelido: «Wells». E, com voz trémula. perguntou:
— Em Dallas... conheceste um homem chamado John Spencer?
— John Spencer? Claro que sim! — disse a rapariga — . John...
Reg levantou-se rapidamente.
— Boas-tardes, Irina. Voltarei a ver-te noutra ocasião. Bateu energicamente na porta, e o guarda, que devia estar do outro lado para ver se apanhava alguma palavra, abriu imediatamente. Reg saiu sem sequer olhar para trás e deixando a jovem imersa na mais angustiosa das perplexidades.
Não sabia exatamente o que sentia naquele momento. Mas sem dúvida era ódio. Um ódio amargo, venenoso, corrosivo. Porque aquela mulher, Irina Wells, tinha sido a causadora, em Dallas, da morte de John, o seu único irmão!

(Coleção Califórnia, nº 1)

PAS321. Perseguição a uma mulher


Este outro tinha algo que punha os cabelos em pé e fazia dilatar os olhos de assombro. Por que de um lado estavam três homens fortes e bem armados, e do outro, uma mulher.
Uma mulher dessas que tiram o sono.
Teria uns vinte anos, não mais. Era loura, de um louro puríssimo, imaculado, quase angélico. Mas nos seus olhos brilhava fogo, e a sua expressão não era precisamente de ura anjo, mas sim de um ser que está disposto a morrer ou matar.
As suas roupas estavam bastante esfarrapadas e mostravam generosamente a perfeição das suas formas. Em El Paso, onde havia mulheres tão belas, talvez nunca se tivesse visto uma que se lhe pudesse comparar. Por isso os olhos dos três homens brilhavam daquele estranho modo, e por isso lhe tremiam os dedos que acariciavam os revólveres.
-- Rende-te — murmurou um deles --. Será melhor para ti, rapariga.

terça-feira, 17 de junho de 2014

PAS320. Reencontro fatal

Ao terminar a Guerra da Secessão, o Presidente Abraão Lincoln procurou por todos os meios apagar as marcas da sangrenta contenda, nas terras e nos lares da jovem nação. Esforçou-se por que as divergências entre vencedores e vencidos fossem mínimas e que os políticos do Sul, que após quatro anos de louca aventura tinham levado o seu país à mais espantosa ruína, não perdessem nenhum dos seus direitos, chamando alguns a formarem parte dos órgãos legislativos e executivos do Governo. Esta sábia política evitou que o país ficasse dividido em dois, no terreno das ideias, talvez para sempre, mas não pôde evitar que entre os homens perdurasse o ódio.

O que as leis olvidam não o esquecem os corações. E assim, meio ano depois de concluída a sangrenta guerra, ainda se matava ou se morria em nome do Norte ou do Sul. E dispostos a matar ou a morrer estavam Bud Sherman e Reginald Spencer.
Os dois homens tinham aspeto idêntico, o mesmo curso e uma educação semelhante. Ambos haviam estudado Leis em Boston e trabalhado nas cidades da costa Atlântica até que a guerra separou os seus destinos.
E agora, haviam-se encontrado outra vez.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

CLF001. Ataúde para uma loira


(Coleção Califórnia, nº 1)

Nesta novela, disponível para download, Kane traz-nos um conjunto de personagens que nos ajudam a formar uma ideia sobre a vida nos estados fronteiros com o México logo após a Guerra Civil Americana. A personagem central assume a identidade de um amigo que foi forçado a abater num duelo de morte desencadeado pelo facto de terem apoiado lados diferentes naquela guerra. Vai encontrar o grande amor da sua vida numa mulher que tem de condenar à forca já que, como advogado, foi designado como promotor da sua acusação e ela tinha morto um homem. Mas seriam as coisas como pareciam? Não teria passado por ali a mão de alguém interessado em condenar a jovem e livrar-se de responsabilidades?
Abater o amigo, condenar o seu amor à forca... é mesmo de Silver Kane
Este foi o primeiro livro da Colecção Califórnia que iniciou a publicação em Portugal no ano de 1959.
A capa, de Bosch Penalva, mostra um duelo perante uma mulher loira, um dos muitos duelos que a personagem central teve de enfrentar para libertar a jovem que tanto o impressionou.

BIS070. Em resgate de sua honra

(Coleção Bisonte, nº 70)
 
 
Tex Membor, filho do chefe de uma quadrilha que se dedicava ao assalto de bancos, aos vinte e quatro anos, sentia que aquele não podia ser o seu futuro. Ele sonhava ser Polícia Rural. Quando confessou ao pai o seu sonho, este resolveu dissolver a quadrilha e Tex partiu para Bismark onde sabia existir um posto daquela polícia.
No caminho, encontrou uma jovem formosa a ser violentada por dois bandidos e salvou-a da perigosa situação. Foi extraordinariamente bem recebido no rancho da jovem pelos familiares desta que incluíam um tio, mutilado da guerra.
Tex foi admitido como vaqueiro no rancho e, em breve, se apercebeu de factos estranhos. Reses misturadas com as de um vizinho com cujo dono se incompatibilizaram… pessoas mortas com facadas pouco firmes.
Sem abandonar o seu projeto de integração no corpo da Polícia Rural, Tex, ajudou o sargento Cardigan a desvendar a situação e sentiu-se a resgatar a sua honra. As coisas foram-se complicando, tudo apontava para a participação de uma jovem filha do rancheiro nos assassínios, mas uma vigilância levada a cabo pelo aspirante a Rural acabou por incriminar o capataz do rancho e chegar insuspeitável culpado.
Como é normal nas novelas de A.G.Murphy, o herói apenas ultrapassou o momento mais difícil desta com ajuda externa, desta vez na figura do seu pai e antigos companheiros que decidiram visitá-lo e encontraram-no a ser atacado por feras…
Enfim, um livro muito agradável de ler, disponível para download, embora sem passagens dignas de seleção

domingo, 15 de junho de 2014

PAS318. A magia do Kentucky


É possível que a sedutora melodia da canção de Stephen Collins Foster, «My Old Kentucky Home», seja mais conhecida do que o hino nacional americano. O que é certo é que muitos «kentuckyanos» têm pelos dois o mesmo respeito, como inalterável é a lealdade pelo seu querido Estado.

O próprio nome de Kentucky é pronunciado pelos seus lábios com um acento quase religioso. Pronunciam-no murmurando docemente, com reverência, de modo que resulta qualquer coisa assim como «caintuqui».

Dito desta forma é uma extraordinária chave mágica que abre todas as portas, incluindo as da sociedade mais mundana e de mais alto prestígio. Um homem não tem mais que dizer que é de Kentucky, para que aos olhos dos que o rodeiam apareça como uma autoridade em questão de mulheres, de cavalos e de «whisky».

PAS319. A recusa de uma mulher


O poderoso lavrador de Danville, que juntamente com o coronel Sidney Robertson compartilhava do domínio de todo o distrito, pensava naquele momento num problema que havia algum tempo, o obcecava.

Ainda novo, de boa presença e senhor duma fortuna colossal, Don Herbert não podia esquecer a recusa que recebera de Chris Robertson. Às suas pretensões de casar com a filha do coronel esta respondera sem qualquer hesitação:

-- Nunca me casarei consigo, Don Herbert — e a sua voz era firme e cortante.— Conheço-o demasiado bem e o senhor sabe que é assim. Com o seu dinheiro qualquer mulher se sentirá feliz se o senhor a cortejar. Mas eu não me vendo. Primeiro porque não tenho necessidade disso, e segundo porque nem coberto de oiro conseguiria gostar de si. Repare que lhe falo com toda a franqueza. Faço-o para, que não volte a insistir nas suas absurdas aspirações.

sábado, 14 de junho de 2014

BIS069. Assim morrem os traidores

(Coleção Bisonte, nº69)



Quando Chris Robertson recusou o pedido de casamento de Don Herbert, estava longe de pensar que este iria desenvolver todos os esforços para lhe criar problemas e ao seu pai com o objetivo de os arruinar.
Perante o avolumar desses problemas, o coronel Sidney Robertson procurou um homem capaz de dirigir a sua plantação e fazer frente aos inimigos que permaneciam escondidos. E o certo é que esse homem mostrou um poder extraordinário para limpar a região e acabou por domar e conquistar a bela Chris.
Eis mais um livro de Rogers Kirby com a eterna referência ao local da novela, desta vez o Estado do Kentucky e a magia que o mesmo constitui para os seus habitantes. De resto, o livro não passa de monumental dose de tiroteio, método pelo qual o novo capataz dos Robertson respondia a quem lhes criava problemas.
 
 
 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

BIS068. Homens marcados

(Coleção Bisonte, nº68)
 
 
 
Larry Cosmo fazia parte de uma quadrilha que se dedicava ao roubo de gado, contando com a colaboração de alguém tido como rancheiro honesto. Juntaram largo pecúlio que ficou guardado em local secreto.
Larry foi preso e uma série de rancheiros quis enforca-lo. A isso opôs-se o xerife Kent Donovan, Larry foi julgado e condenado à prisão. Mas conseguiu escapar-se e desenvolve-se um clima de terror entre os que tinham querido enforca-lo que se julgaram homens marcados para a vingança de Larry. E as mortes começaram…
Para apimentar a novela, Larry tem uma irmã que vem procura-lo à cidade e conhece o xerife produzindo-lhe assinalável efeito. Afinal ele não se chama Larry Cosmo, mas Richard Ferrie e todos o procuram sem saber que ele é prisioneiro do rancheiro que com ele colaborava nos roubos. Este ia executando os «marcados» fazendo crer que a autoria era dele.
A partir daqui, esta novela de Peter Debry é correria de um lado para o outro e tiroteio. Escusado será dizer que o xerife acabou por conquistar o coração da pequena e Richard encontrou um apoio para a reabilitação.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

BIS067. O homem de Dodge

(Coleção Bisonte, nº 67)
 
 
Tinham chegado à cidade conduzindo uma manada com a qual fizeram bom dinheiro. Depois de dois anos sem verem aquele bulício, ficaram fascinados. Um foi procurar a prometida namorada. Outro foi beber uns copos... e houve quem se aproveitasse da sua fragilidade: embebedaram-no, conduziram-no ao jogo, ficaram-lhe com todo o dinheiro e, quando descobriu que tinha havido batota, mataram-no.
Mas a sorte do seu irmão foi um pouco melhor, embora também não fosse boa: a prometida professorinha era agora uma grande senhora, dona de alguns domínios, que aproveitara o bom relacionamento com um batoteiro de boas maneiras, o mesmo que lhe matara o irmão... e começou a vingança... que só terminou quando seguiu o seu caminho de mão dada com a mulher que amara.
Este livro de Mark Halloran é, mais uma vez, notável. Pelo conteúdo e pelo estado: está completamente esfrangalhado, cadernos quase separados; a capa, não assinada, digna do cartaz de um Western dos bons velhos tempos, está cheia de vincos, mas mantém alguma beleza; e, no entanto, está completo o que dá para saborear todo o conteúdo...

Não extraímos passagens. O livro deve ser desfrutado por inteiro. Para tal, proceda ao download de

 

segunda-feira, 9 de junho de 2014

BIS066. Terra queimada

(Coleção Bisonte, nº66)
 
 
 
"O território do Oregon, disputado tempos atrás pela Inglaterra e Estados Unidos, fora já admitido na União como trigésimo terceiro estado. Algumas feitorias britânicas estabelecidas ali anteriormente, mantinham-se adaptadas à nova estrutura política. Mas algumas havia que, segundo parecia, não procediam com lealdade..." . palavras de A. Rolcest.
É neste contexto e no territótio dos mil lagos que toda uma série de feitorias de obediência às leis da União aparecem destruídas, arrasadas e bem assim todas as povoações que as apoiavam. Parecia consequência de ataques de índios, mas isto levou a pensar-se que alguém pretendia jogar no descontentamento entre Yankees e índios.
O autor traz-nos uma obra muito interessante com todo o sabor do ambiente do estabelecimento dos colonos. Na acção, uma jovem tem um papel essencial, mostrando por que razão A. Rolcest é considerado um dos poucos autores em cujas novelas as mulheres não têm um papel secundário, de ornamentação/finalização adocicada.
A capa, não assinada, mostra um pormenor da luta com um bando de traidores que se tinha vendido aos ingleses.

domingo, 8 de junho de 2014

BIS065. Um cínico de respeito

(Coleção Bisonte, nº 65)
 
 
 
Fred Kerr e o seu amigo Bill ficaram numa má situação quando souberam que o negócio do seu patrão em Kansas City tinha sido penhorado e que não iriam receber os trezentos e cinquenta dólares prometidos pela venda de fechaduras «infranqueáveis». No desespero da situação, Fred recebeu a notícia de que um tio tinha falecido e que era o seu herdeiro universal. Partiu para o Texas acompanhado do seu amigo, usando toda a espécie de estratagemas para financiar a viagem. No caminho deparou com a jovem Cleo, prometida de um indivíduo bastante rico em Navasota, terra de seu tio, e sentiu-se apaixonado por ela.
Afinal o rancho que o velho Kerr lhe deixara era uma miserável barraca. Mas para diminuir o seu desespero, Fred veio a ser contatado para procurar ouro que o tio tinha guardado a alguma distância do povoado. Continuando a viver dos seus golpes, Fred conseguiu algum dinheiro do governador, fingindo a organização de uma festa para financiamento de uma estátua a Sam Houston, e partiu à procura do ouro…
Este livro de Keith Luger tem alguma graça, mas não passa de um conjunto de situações mirabolantes, postas à frente de um falido para ultrapassar a sua pobre realidade. O perfil de Fred, o cínico, é bem traçado e o rapaz acaba por ter alguma regeneração conseguindo no final conquistar a bela Cleo…
 

sábado, 7 de junho de 2014

BIS064. A cidade morta

(Coleção Bisonte, nº64)
 
 
Nada parecia poder salvar aquela cidade. O gado, levado pela peste, morreu. As pessoas começaram a adoecer com manifestações corporais repugnantes. Os rios eram depósitos de água inquinida.
Mas tudo isto se tornou suspeito e um grupo de homens resolveu resistir, averiguar o que se passava e defender a sua terra. Para não haver represálias sobre outros que a abandonaram e se instalaram a alguma distância, "esperando que tudo passasse", resolveram cobrir as suas feições. Garantiam assim que a repugnância que despertavam não era estendida aos que acolhiam os seus companheiros mais pacatos...
E aos poucos veio a perceber-se que tudo aquilo fora engendrado por uma mente pérfida interessada em que todos partissem para se apoderar de algo muito rico...
Trata-se de um livro de A. Rolcest que considero um pouco "chato".
A capa, de Bosch Penalva, mostra um dos encapuçados (encapuchados no livro) em acção.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

BIS063. Esta é a minha lei

(Coleção Bisonte, nº 63)
 
 
Neste livro, Keith Luger trata, mais uma vez, as sequelas do fim da guerra civil americana. Um grupo de quatro homens, verdadeiros "desperados", cavalga para oeste procurando afastar-se dos locais de concentração dos soldados derrotados. Usam alguns artefícios para subsistir e um deles é preso na sequência de uma tentativa de assalto a um banco. Como libertá-lo? Tendo conhecimento que um novo juiz se vai apresentar na povoação, um dos elementos toma o seu lugar com o objectivo de proceder ao julgamento do elemento preso e libertá-lo. Assumir outra identidade é tema recorrente em Luger. A sua encenação é convincente e um encadeado de situações fá-lo mostrar que é tão bom nas suas sentenças como a usar os colts.
A capa, de autor desconhecido, reflecte a luta dessa dupla personagem contra os facínoras, que os há em toda a parte...

quinta-feira, 5 de junho de 2014

ADOC001. A índia do Vale da Morte

Abrimos um nova "radical", ADOC, para apresentar livros de um modo casuístico, isto é, sem seguirem a sequência normal de uma coleção. E começamos com uma novela excelente: "A índia do Vale da Morte", que nos traz todas as qualidades narrativas de Joe Mogar.
Atentem nesta passagem com que se inicia o livro:
Os Montes Funeral e Telescopio estavam à vista. Como pétreas sentinelas da sepultura de sal, areia, dunas e rochas, que era o deserto do Vale da Morte.
Como lúgubres e mortais sentinelas que quisessem advertir o viajante, o forasteiro, de que ali, entre as suas salitrosas areias, entre o seu fantasmagórico silêncio, se encontrava a morte.
Uma morte horrível, tanto por falta de água como por outra causa qualquer. Sentinelas mudas, mas que avisavam com a sua presença, desde grande distância, que aquilo, aquele lugar, aquela depressão infernal, não podia ser pisada pelo homem.
O cavaleiro sabia-o, também.