quarta-feira, 31 de maio de 2023

MAR070. Um Cavalheiro da Pradaria

  (Coleção Mãos no Ar, nº 70). Capa e texto indisponíveis

MAR069. Sem Escrúpulos

  (Coleção Mãos no Ar, nº 69). Capa e texto indisponíveis

MAR068. Terra de Sangue

  (Coleção Mãos no Ar, nº 68). Capa e texto indisponíveis

MAR067. Os Desperados

  (Coleção Mãos no Ar, nº 67). Capa e texto indisponíveis

MAR066. Canção Para Mortos

 (Coleção Mãos no Ar, nº 66). Capa e texto indisponíveis

MAR065. Um Assassino Com Estrela

  (Coleção Mãos no Ar, nº 65). Capa e texto indisponíveis

MAR064. Mescalero… O Mestiço

  (Coleção Mãos no Ar, nº 64). Capa e texto indisponíveis

MAR063. Um Homem e um Colt

  (Coleção Mãos no Ar, nº 63). Capa e texto indisponíveis

MAR062. Vale Selvagem

 (Coleção Mãos no Ar, nº 62). Capa e texto indisponíveis

MAR061. Enviado Especial

 (Coleção Mãos no Ar, nº 61). Capa e texto indisponíveis

terça-feira, 30 de maio de 2023

ARZ077.15 A chegada ao destino

Os quatro carroções pareciam outros tantos enormes cadáveres, quietos, imóveis, acariciados pelo sol. Era um espetáculo cheio de morte o que se apresentava aos quatro homens que se aproximavam a cavalo.

Paul ergueu a mão e todos se detiveram.

— Um trabalho limpo e sossegado. E com certeza de que os lucros serão bons...

Louis sabia que o comentário lhe era exclusivamente destinado. Porém, ficou indiferente. Os outros limpavam o suor do rosto. Um deles pegou num cantil, dos dois que levava presos à sela, e empapou o lenço, para refrescar melhor. Louis pensou no valor que teria aquela água nos lábios dos que morriam de sede.

— Ainda estarão vivos? — murmurou.

segunda-feira, 29 de maio de 2023

ARZ077.14 Perdidos no deserto… sem água… à espera da morte

O dia decorreu com a mesma lentidão do anterior, com a diferença de que a distância foi muito menor. Já ninguém se preocupava com fustigar os cavalos, nem ninguém pensava no Enclave Jack. Isso desaparecera da cabeça de todos. A única ideia era a de seguir para diante, sem se saber muito bem para quê. Pressentiam que o fim estava muito perto e que a morte os esperava dentro de algumas milhas. O seu afã consistia em andar essas milhas.

Patrick, sentado na boleia, com Claudine a seu lado, entreabria de vez em quando os lábios e maquinalmente murmurava:

— Chegaremos... chegaremos...

domingo, 28 de maio de 2023

ARZ077.13 O negócio dos «desestacadores»

À noite, Louis Bardon deixou-se cair no solo, esgotado pelo cansaço. Mary deitou-se a seu lado e adormeceu, apoiada no antebraço do homem que amava.

Louis não sabia que horas eram quando sentiu que lhe limpavam a cara com algo húmido. Pareceu-lhe um sonho, mas em breve se convenceu do contrário. Os seus lábios entreabriram-se.

— Água... — murmurou.

Sentiu que lhe tapavam os lábios e o obrigavam a calar-se. Aquilo despertou-o por completo. Diante dele, completamente vestido, estava Paul, o irmão.

— Segue-me.

sábado, 27 de maio de 2023

ARZ077.12 Afinal o passado continuou a persegui-los

Ao anoitecer do quarto dia, o Enclave Jack não aparecera ainda no horizonte. De novo o silêncio caiu sobre a caravana. O fantasma da sede sofrida antes do oásis de Clermont assaltou os cérebros. Existia o medo latente de que aquele tormento voltasse. A água não era abundante, mas confiava-se que seria suficiente para chegarem ao enclave, onde tornariam a abastecer-se.

No dia seguinte, as horas passaram lentas. Ao meio-dia, Patrick deu a ordem que todos esperavam.

— Racionaremos a água. Ainda há para três dias e antes disso chegaremos ao enclave. Temos de evitar o que sofremos a semana passada.

sexta-feira, 26 de maio de 2023

ARZ077.11 Um encontro no oásis: mau presságio

Ao meio-dia voltaram a não parar.

— Para a frente!... Comeremos no oásis! — bradou Patrick, descarregando o chicote sobre os animais.

Ninguém fez qualquer comentário. Tinham perdido as forças até para rirem-se do seu próprio destino.

— Para diante! — gritou o escocês, sem conter a sua ira.

Os animais tinham as patas cravadas no solo, o pescoço estendido no ar e aspiravam sofregamente. Patrick compreendeu o que aquilo significava. A fina sensibilidade dos animais captava partículas de humidade suspensas na atmosfera. O oásis ainda estava longe, mas até eles chegava a humidade em proporções mínimas.

— Estamos a chegar! — gritou, louco de alegria. — Os cavalos farejam a água.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

ARZ077.10 O deserto… sempre o deserto…

O deserto mostrou-se em toda a sua crueza aos colonizadores. Era um espetáculo dantesco, quase indescritível, o que se oferecia aos seus olhos. E sempre parecia ser diferente, dentro da monotonia que imperava.

As areias reluziam quando o sol as queimava brutalmente, ou refulgiam ao entardecer. O céu também parecia em fogo. Muitas vezes, a sua cor azul transformava-se em rosa-pálido que, à medida que o sol se aproximava do ocaso, se convertia num vermelho intenso, até ficar todo como uma grande mancha de sangue.

O calor era sufocante.

Parecia inacreditável que o clima mudasse tanto. Milhas atrás, antes de chegarem às areias queimadas, as árvores e as plantas cresciam com vigor. Ali era por completo impossível que sobrevivesse qualquer coisa.

quarta-feira, 24 de maio de 2023

ARZ077.09 O ataque dos índios faz as primeiras baixas

Durante os dias seguintes a caravana continuou rumo a Oeste. Nada parecia diferente. A terra continuava a estender-se até ao infinito, e apenas de quando em quando a sua superfície plana era quebrada por um capricho da Natureza, produzido pela erosão.

O céu, azul e límpido, era vigiado constantemente. Todos esperavam com temor o momento de verem uma nuvem de fumo negro nascer no cume de qualquer daqueles monólitos.

Toda a gente pareceu tornar-se mais reservada.

Os irmãos Huston continuavam com as suas discussões em voz baixa. James emagrecia ainda mais e os seus olhos apresentavam com frequência sinais de loucura.

terça-feira, 23 de maio de 2023

ARZ077.08 Um tiro na noite

A partir daquele dia montaram-se guardas. Contudo, nada aconteceu, até à terceira noite.

O acampamento estava em silêncio. Eram duas da manhã. A lua brilhava intermitentemente, coberta, a maior parte do tempo, pelas nuvens. Pairava uma quietude impressionante, apenas interrompida pelo ruído dos passos do homem de guarda.

Aquele turno tocara a James Huston, que, desde a saída do forte, quase não pronunciara uma palavra. De dia para dia, parecia progredir o seu estado de loucura.

De repente, um tiro quebrou o silêncio da noite. A reação foi imediata. As lonas foram afastadas com um gesto rápido e os homens, como se tivessem permanecido acordados à espera do sinal, saíram de armas em punho. Nos primeiros momentos, reinou a confusão. Todos rodearam James.

— Que aconteceu? — perguntou-lhe Patrick, assim que conseguiu tomar o comando da situação.

segunda-feira, 22 de maio de 2023

ARZ077.07 Começar a ser feliz

Atravessavam um território perigoso, no qual podiam ser atacados a qualquer momento pelos índios. Contudo, o próprio terreno lhes oferecia uma vantagem: a sua amplidão. Não poderiam ser atacados de surpresa, e isso tranquilizava-os em parte.

Uma hora mais tarde, a caravana fechou o círculo formou uma defesa quase perfeita. No centro começou a arder uma fogueira.

Estavam a cear quando o juiz levantou uma questão que ninguém esperava. Até mesmo a si, que era homem dotado de facilidade de palavra, se tornava difícil expor a situação.

— Tenho de falar-lhe de uma coisa... que será uma surpresa para todos, suponho — começou a dizer.

domingo, 21 de maio de 2023

ARZ077.06 O talismã de um militar

Ao entardecer do dia seguinte, quando o sol começava a declinar, o tenente Carrugan ergueu o braço. Os quinze homens que comandava compreenderam o gesto. E também os da caravana.

— Senhor Patrick, tenho de dar a minha missão por terminada. O dia chegou ao fim e em breve serão horas de acamparem. Se partirmos agora, chegaremos ao forte antes da meia-noite.

— Compreendo-o perfeitamente, tenente, e agradeço-lhe a escolta que nos deu.

— Estamos às suas ordens, e se nos encontrássemos noutras circunstâncias acompanhá-los-íamos até ao Fergur. O comandante Gallup pediu-me que lhes repetisse os seus conselhos: abandonem a ideia de desviarem-se da rota assinalada. Não procurem atravessar o deserto pela parte mais larga...E se desejam voltar ao forte, a fim de aguardarem que mude a situação com os índios, tenho ordem de acompanhá-los e de não regressar até amanhã.

sábado, 20 de maio de 2023

ARZ077.05 Uma caravana para esquecer o passado

Ao saírem de St. James os carroções foram revistados. Foi uma operação rápida, que durou poucos minutos. Limitaram-se a levantar as lonas dos carros e a observar o interior. Depois disso, continuaram a marcha.

A caravana oferecia um aspeto estranho. Cada carroção levava, amarradas à volta, quatro pipas vazias, que mais tarde seriam cheias de água. Aquelas pipas deformavam as galeras de modo monstruoso.

A de Patrick McCrowe abria a marcha. O gigante escocês, de rédeas na mão, pensava no futuro que os aguardava, Era um caminho duro e áspero, que poria muitas vezes à prova os nervos de todos. E ao pensar nos membros da caravana, detinha-se em Claudine.

sexta-feira, 19 de maio de 2023

ARZ077.04 Um ferido refugia-se no carroção

Ao anoitecer, Patrick, o velho Gregory, seu irmão. Benton, seu filho e o russo Ivan, foram à povoação, a fim de se despedirem definitivamente do Este. O círculo da caravana ficou quase deserto. Os irmãos Huston fecharam-se no seu carroção, e a francesa e a filha fizeram o mesmo. Catalina Ilivitch e a filha, Susi, ficaram a conversar junto do fogo com os filhos de Gregory e Mary, a neta de Stefan.

Uma hora depois, o grupo desfez-se e todos se encaminharam para as suas galeras. Mary afastou a lona e entrou. Às cegas, procurou um lampião, para acendê-lo; mas o seu gesto foi interrompido por uma voz.

— Não... Não faça isso — murmurou.

quinta-feira, 18 de maio de 2023

ARZ077.03 O juiz «Cospe-Chumbo»

Ao meio-dia os carroções de Patrick, dos irmãos Huston, do velho Gregory e de seu irmão Stefan, e o da viúva francesa, formavam roda, no meio da qual ardia o fogo que aquecia o café. Em monte, viam-se os pratos do almoço.

Patrick opinava que, já que teriam de conviver durante semanas, o melhor era começarem a conhecer-se sem demora.

Quando Patrick bebia a terceira chávena de café e o velho Gregory fumava a sua segunda cachimbada de ervas secas a que chamava tabaco, John Huston levantou--se do grupo e dirigiu-se para os carros. Dali disse.

— Vem aí gente. Duas galeras.

quarta-feira, 17 de maio de 2023

ARZ077.02 Uma francesa na caravana

Na manhã seguinte, depois de o dia romper, Patrick McCrowe julgou chegado o momento de lavar-se. Encheu um balde de água e pô-lo diante do seu carroção. Entrou neste, pegou numa toalha, pendurou-a numa árvore e começou a tirar a camisa. O seu torso de hércules ficou a descoberto.

Pegou no sabão de sebo de porco e cinza e friccionou--se com força. Era um dos seus prazeres de homem solitário, acostumado a levar vida independente e livre. A água, de manhã, encantava-o. Produzia-lhe o efeito de um calmante. E agora, que se aproximava o deserto e, com ele, a escassez do precioso líquido, o seu prazer era ainda maior.

Colhia a água, formando concha com as mãos, e atirava-a contra o rosto, a fim de tirar o sabão. Depois, mergulhou a cabeça dentro do balde e, quando a tirou, de olhos fechados, para preservá-los da espuma, tateou à procura da toalha. Assim que a encontrou, envolveu a cabeça nela e esfregou com força.

terça-feira, 16 de maio de 2023

ARZ077.01 O último documento de um xerife para uma caravana de desesperados

St. James passara, em poucos anos, de enclave do Estado de Missouri a ponto de cruzamento e de partida das caravanas.

Tudo acontecera em pouco tempo. Na costa do Este, as possibilidades de se enriquecer eram cada vez menores. Os descendentes dos primeiros colonos, que todos os dias chegavam, invadiam as povoações e as cidades, lutavam pela vida, e dia a dia as dificuldades aumentavam.

O longínquo Oeste, o brutal e selvagem Oeste, o desconhecido Oeste, transformou-se em válvula de escape. Havia milhas e milhas a percorrer, sempre em direção ao Oeste, sempre seguindo o sol. Significavam sofrimentos, lutas com os índios, com os próprios brancos, trabalho esgotante a desbravar as terras virgens, que nunca sentiram sobre si a carícia do arado, o suor e o esforço do homem...

Porém, essas terras ofereciam possibilidades, e para elas se viraram os pioneiros. Produziu-se um fenómeno migratório que não se tornaria a ver senão muitos anos depois, quando se descobriu o ouro e nasceram como que por milagre povoações, negócios e até um tipo de homem determinado, caracterizado pela violência e pela escassez de sentimentos: o pesquisador.

segunda-feira, 15 de maio de 2023

ARZ077.00 Vamos conhecer mais uma «Viagem Heróica»

«Viagem Heróica» é um livro de John Weiber publicado na Coleção Arizona, número 77 numa fase em que esta coleção denunciava algum desnorte em capas e conteúdos.

Traz-nos a história de um grupo de pessoas muito diferentes, mas quase todos tinham o mesmo objetivo: deixar o passado para trás, esquecer. Se isso foi possível para alguns, o remorso e o medo levaram a que outros enlouquecessem ou fossem sujeitos aos mais inesperados encontros. 

O grupo começou por formar-se em St. James, integrando homens, mulheres, pistoleiros… e pouco depois partia formando uma espécie de «caravana de desesperados». Apesar de tudo iam carregados de esperança.

Resistiram ao ataque de tribos de índios, reforçaram os seus laços de amizade e até desenvolveram histórias de amor, mas, num momento em que já se julgavam a salvo a caminho da terra prometida, mais um negócio malvado se intrometeu no seu percurso: o negócio de seres sem escrúpulos que os faziam enganar-se nas rotas com o objetivo de lhes ficarem com os bens. E foi aqui que, mais uma vez, o amor venceu e fez com que um daqueles que parecia ir participar no massacre dos seus anteriores companheiros tivesse um rebate de consciência e transformasse a expedição num caso de sucesso.

A novela é um relato eficiente de uma expedição muito igual a tantas outras que nos faz pensar em quão dura terá sido a vida dos que se aventuraram pelo selvagem oeste num momento em que por ali não se fazia turismo. Será objeto de publicação ao longo dos próximos dias.

terça-feira, 9 de maio de 2023

CLF054.15 Duelo às nove / Epílogo

A nervosa chamada à porta do quarto acabou com o plácido idílio que se estava desenrolando ali dentro. Rich Nelson levantou-se, enquanto Dixie arranjava o cabelo, perguntando:

— Quem bate?

— Sou... Morris, senhor Nelson. McCoy acaba de chegar...

Dixie respirou profundamente e pôs-se em pé de um salto. Nelson esboçou um sorriso pensativo.

— Obrigado. Espere-me lá em baixo.

Enquanto o nervoso hoteleiro obedecia, voltou-se para a rapariga, que o agarrou com força pela camisa.

— Chegou o momento...

— Sim. E já desesperava. Também os meus nervos se começavam a alterar. E tu como te sentes?

segunda-feira, 8 de maio de 2023

CLF054.14 O assassino do cantor chega a Dodge City

O comboio deteve-se na estação de Dodge às oito e nove minutos da tarde.

Escurecia.

«Killer» McCoy desceu primeiro e relanceou o olhar à sua volta, receoso, perspicaz. Abott e Gaskell seguiram-no em idêntica atitude.

— Isto está muito tranquilo...

— Demasiado. Não me agrada nada. E não vejo Lawson, nem ninguém a esperar-nos. Eh, Browne, vem cá!

O empregado da estação, que tinha saído a entregar o correio ao chefe do comboio, ficou conversando com ele, e o maquinista, olhando para os três, despediu-se dos outros e acercou-se com passo lento.

domingo, 7 de maio de 2023

CLF054.13 Cantar enquanto se espera pelo assassino

Umas horas mais tarde encontraram Raines, quando as primeiras raparigas e os primeiros criados desceram ao local.

Lawson, avisado imediatamente do que ocorrera, apresentou-se de mau humor na companhia do seu ajudante.

— Por onde andam Rhodes, Winckel e Smithers?

Ninguém o sabia. E uma minuciosa investigação levou-os a descobrir que os três tinham picado esporas nas suas cavalgaduras antes do nascer do sol.

— Para mim a coisa é bem clara — disse o «sheriff» ao seu ajudante — Raines não quis deixar passar uma oportunidade de dar um desgosto a Nelson, para se convencer da sua invulnerabilidade. Mandou os seus guarda-costas liquidá-lo. A seguir, quando descobriu que a coisa tinha falhado, o medo apoderou-se dos três tipos. Discutiram, apunhalaram-no, roubaram o cofre e escaparam-se todos ao mesmo tempo. Bem, isso satisfaz-me...

— Satisfaz-te? Não te compreendo...

sábado, 6 de maio de 2023

CLF054.12 Como receber o pagamento apesar de não ter morto o espectro

Lawson ficou a olhar, incrédulo, para Julie Anderson.

A arriscada rapariga do «saloon» encontrava-se encolhida a um canto do quarto, com o rosto desfigurado e o olhar alucinado. Mas, além disso, o cabelo, até então ruivo, tinha-se tornado branco, quase por completo. Parecia que tinham passado por ela vinte e cinco ou trinta anos...

O aspeto de Molly Pitcher também era pouco melhor. Quanto aos dois guarda-costas de Raines, estavam bastante nervosos e a fumar.

Depois de um breve momento de silêncio bastante tenso, o «sheriff» fez a primeira pergunta em tom compassivo.

— Como vai isso, Julie?

Ela olhou-o como se o não visse. Tremiam-lhe os membros, e balbuciou com voz rouca, fraca:

— Não... Não é um ser de carne e osso, como nós... É um fantasma!

sexta-feira, 5 de maio de 2023

CLF054.11 Truques que ajudam a salvar vidas

Depois de ter assustado de tal maneira todas as pessoas, Rich Nelson regressou com toda a calma ao hotel, cumprimentou o evidentemente assustado empregado e subiu as escadas, assobiando uma canção. Uma vez no corredor, chegou à porta do quarto de Dixie e bateu.

— Ainda estás acordada, Dixie?

— Sim. Um momento.

Trinta segundos mais tarde abriu-se a porta. A jovem não se tinha despido e olhou-o apreensiva.

— Que aconteceu? Pareceu-me ouvir um tiro...

— Importas-te que entre?

Dixie vacilou uns segundos. A seguir afastou-se para o lado.

— Entre.

quinta-feira, 4 de maio de 2023

CLF054.10 Dodge City em pânico por causa de um morto

Os homens que entraram no cárcere para averiguar o que Nelson tinha feito ao «sheriff» e ao seu ajudante, tiveram uma surpresa muito maior do que se os tivessem encontrado mortos. Como a cela estava fechada, não havia maneira de se aproximarem dos dois homens inconscientes; só lhes restava esperar, fazendo conjeturas acerca do que poderia acontecer.

O primeiro a recuperar os sentidos foi o «sheriff». Abriu os olhos, sentindo uma forte dor de cabeça, e ficou a olhar incredulamente, primeiro para as pessoas que se encontravam no vestíbulo, e, a seguir, para as mãos que estavam algemadas.

— Que raio aconteceu? — grunhiu —. Quem foi o miserável?...

A meio da pergunta deteve-se, recordando os factos da noite anterior. Com o olhar procurou Nelson... No entanto, não pronunciou o seu nome.

quarta-feira, 3 de maio de 2023

CLF054.09 O desafio do espectro chega ao seu assassino

«Kyller» McCoy encontrava-se naquele momento a bastante distância de Dodge, dedicado à importantíssima tarefa de reunir um pequeno e eficiente grupo de valentes que, às suas ordens, se dedicariam durante o Verão a assaltar as pequenas bagagens dos viajantes, as pequenas equipas de ganadeiros do Texas e os vaqueiros que, embriagados de licor e diversões, deambulavam sozinhos por Dodge durante a noite.

No Verão anterior, tais atividades tinham produzido a «Killer» suficiente dinheiro para levar uma vida de rei, manter abastadamente a sua amante oficial e alguma outra que não o fosse, e ainda guardar algum dinheiro. Tinha passado o Inverno fazendo formosos planos e, agora, falava com o que fazia de seu lugar-tenente, um tal Chuck Abbot, pessoa de absoluta confiança.

terça-feira, 2 de maio de 2023

CLF054.08 O espectro adormece o xerife e beija uma mulher

As pessoas que estavam a beber e a conversar ficaram sem palavras quando a guitarra lançou para o ar os seus acordes. Continuavam assim ainda, quando Rich Nelson abandonou o hotel e saiu para a rua.

Front Street possuía ainda aquela ruidosa e violenta animação que a tornara famosa. Mas já os múltiplos «saloons» começavam a despovoar-se, não faltando luzes e animação pelas ruas.

Nelson encostou-se a um dos salientes edifícios e começou a tocar. Pelo canto do olho, viu o «sheriff» aproximar-se, caminhando apressadamente...

O representante da Lei deteve-se um pouco atrás, com uma das mãos no cinto e a outra levantada, sustendo um cigarro já em meio, à altura do queixo.

segunda-feira, 1 de maio de 2023

CLF054.07 O beijo do espectro

Quando entraram na rua principal, viram-na cheia de gente. E na altura todos os olhares se fixaram nos dois. Mas foi significativo o facto de as pessoas se irem encostando à parede, no meio de um silêncio sepulcral, que nas suas costas se tomava num murmúrio de conversações.

Nelson caminhava erguido, sorridente, alerta. A seu lado, Dixie, caminhava de rosto erguido e um olhar desafiante. Para ela a situação tinha um sabor diferente...

Chegaram ao hotel sem novidade. Havia vários homens no vestíbulo que deixaram de conversar quando eles entraram. O hoteleiro, nervoso, respondeu ao seu cumprimento com um grunhido. E ao estender-lhe a chave, respondeu, sem olhar de frente para Nelson:

— Oiça, Nelson: não o leve a mal, mas... gostaria que procurassem outro alojamento.