terça-feira, 31 de agosto de 2021

ARZ107.07 Tentativa de cobrança mal sucedida


O homem que se intitulava cobrador do Imposto Especial votado pela Câmara — George Murphy — dirigia-se acompanhado pelos seus três guarda-costas para o rancho de Mike Taylor, ou, melhor dizendo, dirigia-se para a casa da herdade por que as terras que dele faziam parte já eles vinham pisando havia mais de uma hora montados nos seus cavalos.

— Então, Donald, qual o cálculo aproximado do número de cabeças que possui o nosso contribuinte de hoje? — perguntou o pálido jovem detendo a sua montada, no que foi imitado pelos outros.

O interpelado coçou a cabeça, relanceando os olhos em redor. Olhou em seguida para Reynolds, como a pedir-lhe auxílio, e respondeu:

— Trata-se de um rancho enorme; eu, por mim, diria que... talvez umas cinco mil cabeças.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

ARZ107.06 Uma esposa desaparece misteriosamente


 —Não faça isso, Morton! Vá para junto dos cavalos! — gritava Bragg ao velho que corria em seu auxílio e pondo-se em pé com a mesma rapidez com que tinha caído.

— Diabo de homem! — resmungou Morton ao vê-lo reaparecer velozmente, antes que ele chegasse ao lugar onde supôs que tivesse caldo vítima do segundo tiro.

Uma terceira detonação obrigou-o a não fazer mais considerações e voltar-se em sentido contrário, tal como fizera Bragg que rapidamente o alcançou.

— Vamos, amigo, um 'pouco mais de esforço e alcançaremos os cavalos! — disse o mancebo, animando-o. — Lá em casa já está tudo em pé de guerra e não tardam aí a perseguir-nos nos seus cavalos.

Conseguiram alcançar o maciço de árvores onde ocultaram os cavalos antes que a perseguição se tivesse iniciado e, sem qualquer perda de tempo, afastaram-se a todo o galope, tendo alcançado o acampamento mineiro sem qualquer contratempo. Só depois de entrarem na cabana respiraram livremente. O jovem sorria-se com a maior satisfação.

domingo, 29 de agosto de 2021

ARZ107.05 A história dos amores (e seus frutos) do velho rancheiro enquanto jovem… que despertaram a inveja num capataz ciumento


Quando Sterling chegou ao rancho do seu patrão, seriam duas horas da madrugada.

O edifício estava mergulhando no mais completo silêncio, mas nem Sterling reparou sequer em semelhante circunstância, nem o facto era suficiente para acalmar o estado vulcânico em que a sua mente se encontrava.

Atravessou a sala fazendo soar estrondosamente o metal das suas esporas, subiu a escadaria de forma idêntica, perturbou a tranquilidade do corredor com a sua marcha precipitada e parou diante de uma porta de carvalho cujo fecho fez girar energicamente, empurrando um dos batentes, deparando-se-lhe então o senhor Bragg que acabava de levantar-se de um cadeirão instalado ao fundo da sala, mesmo em frente da porta.

Bragg olhou para o recém-chegado com a maior curiosidade, como se esperasse ver aparecer mais alguém, e logo desviou a vista para de novo voltar a encarar o jovem parado a cerca de dois metros de distância e ainda arquejante pela rapidez da caminhada.

sábado, 28 de agosto de 2021

ARZ107.04 Próxima vítima: o ex-xerife


Os raios agonizantes do astro-rei lançaram os seus derradeiros resplendores como a enviar o seu último adeus à terra.

Uma jovem amazona incitava a sua montada a galgar a suave ladeira cheia de verdura e matizada de vermelhas florinhas, quase invisíveis àquela hora em virtude da rosada tonalidade da luz que lentamente desaparecia para lá do horizonte.

Ao atingir o topo da colina, fez parar o seu cavalo e dirigiu os olhos para o ponto onde o sol agonizava. Foi com pesar que a jovem desviou o olhar de tão maravilhoso espetáculo para prosseguir no seu caminho.

Não muito distante dali parou de novo, mas desta vez definitivamente, e apeou-se. Deixou o cavalo pastar livremente, estendendo-se ela sobre o fofo musgo à beira do pequeno lago formado pelo riacho à sua nascença.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

ARZ107.03 Linchamento abortado no último momento


Novamente no interior da sua repartição, o xerife teve ocasião de verificar que a coragem que pouco antes transparecia no rosto do cobrador tinha desaparecido por Completo para dar lugar ao maior dos pânicos. Tremiam-lhe os lábios e as narinas dilatadas sorviam avidamente a respiração distendendo-se num arfar continuo, enquanto as suas mãos mal podiam sustentar-se agarradas debilmente às lapelas da sua jaqueta.

Os outros tinham os olhos fixos naqueles dois homens, sem, no entanto, se afastarem das janelas nem abandonarem as armas que continuavam empunhando.

— Bonita situação — disse Brown. — A respeito da diplomacia inerente às suas funções, temos conversado... e, quanto ao resto, ocorre perguntar: para que diabo pediu o senhor estas tréguas de quinze minutos?

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

ARZ107.02 O novo imposto traz as primeiras mortes

 

Allen era proprietário de um pequeno rancho nos arredores de Green City. Para a sua manutenção não dispunha de outra ajuda que a de seu filho Peter, um rapaz de quinze anos que punha todo o entusiasmo dos seus verdes anos na tarefa de auxiliar seu pai.

Naquela manhã, Peter Allen corria ao longo da quebrada onde se reuniam as três escassas centenas de cabeças que constituíam todo o património do rancho, quando viu três cavaleiros parados no topo de uma colina observando os vários e dispersos grupos de animais. Peter não gostou da inspeção de que a sua manada estava a ser objeto, pelo que deliberou encaminhar o cavalo na direção dos intrusos.

— Eh! Que pretendem os senhores destes sítios? —gritou ele, quando se julgou a distância suficiente para poder ser ouvido? — Dar-se-á o caso de nunca terem visto vacas?

O mais novo cavaleiro do grupo, vestindo à moda da cidade, respondeu:

— Estamos procedendo a um inventário, meu rapaz. Não queremos que haja dúvidas na hora do pagamento.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

ARZ107.01 Os desacatos chegam a Green City perante a ameaça de um imposto


George Bragg prestou a maior atenção aos recém-chegados e, particularmente, ao jovem quase imberbe que Mike, seu companheiro de mesa naquele momento e seu vizinho no rancho desde que se instalou em Green City, lhe indicava.

Tratava-se de um tipo pálido, enfezado, de cerca de vinte e cinco anos, vestindo à moda da cidade e cujas feições magras e angulosas lhe não agradaram logo de início.

Olhou de relance para os outros três que o acompanhavam e classificou-os da seguinte maneira: vadios, vaqueiros e condutores de gado que abandonaram a sua rude profissão, para se entregarem à tarefa mais cómoda e mais rendosa do manejo das armas.

Passaram em frente da mesa por eles ocupada, parecendo a Bragg que o mais bem vestido e mais jovem dos quatro lhe poisara a vista em cima durante mais tempo do que seria normal.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

ARZ107.00 Texto de «A mensagem da morte»

A Green City, pacata cidade onde todos pareciam dar-se bem, chegou em certa ocasião um estranho grupo formado por um jovem quase imberbe e alguns sujeitos mal encarados com aspeto de cadastrados e pistoleiros.

Bragg e Mike eram velhos rancheiros que sempre se tinham dado bem, mas aquela chegada provocou uma mudança improvável nas suas relações.

É que o jovem imberbe apresentou-se como cobrador dos impostos que ninguém queria pagar e, se a atitude de Bragg num primeiro momento foi idêntica à do seu amigo, subitamente mudou. Que se teria passado? O que teria levado Bragg a querer entregar com tanta facilidade uma boa fatia do seu dinheiro ao cobrador de impostos?

Para o esclarecer, o autor faz-nos voltar à juventude de Bragg e aos seus amores que, apesar de contrariados, acabaram por ter fruto. Mas a verdade é que estava a ser vítima de formidável encenação.

Leia «A mensagem da morte»

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

BRV100. Selvagem e ambiciosa

(Coleção Bravos do Oeste, nº 100). Capa e texto indisponíveis.

BRV099. O xerife de granito

(Coleção Bravos do Oeste, nº 99). Capa e texto indisponíveis.

BRV098.

(Coleção Bravos do Oeste, nº 98). Capa e texto indisponíveis.Total ausência de informação

BRV097. Reses marcadas

(Coleção Bravos do Oeste, nº 97). Capa e texto indisponíveis.

BRV096. Rajadas de morte

(Coleção Bravos do Oeste, nº 96). Capa e texto indisponíveis.

domingo, 22 de agosto de 2021

BRV095. A dança do chumbo

(Coleção Bravos do Oeste, nº 95). Capa e texto indisponíveis.

BRV094. Enquanto me restar alento

(Coleção Bravos do Oeste, nº 94). Capa e texto indisponíveis.

BRV093. Dinheiro fácil

(Coleção Bravos do Oeste, nº 93). Capa e texto indisponíveis.

BRV092. Duelo nas montanhas

(Coleção Bravos do Oeste, nº 92). Capa e texto indisponíveis.

BRV091. Os assaltantes

(Coleção Bravos do Oeste, nº 91). Capa e texto indisponíveis.

BRV090. Vingança diabólica

(Coleção Bravos do Oeste, nº 90). Capa e texto indisponíveis.

BRV089. Um ofício perigoso

(Coleção Bravos do Oeste, nº 89). Capa e texto indisponíveis.

sábado, 21 de agosto de 2021

RB007.16 Reencontro precedido de emboscada sangrenta

 —Fica muito longe?

A pergunta foi feita pela rapariga pela décima quinta vez em poucos segundos.

Durgan desviou os olhos para a olhar. Um par de tranças ruivas, umas pestanas grandes sombreando os olhos intensamente negros, e um corpo que denotava a sua repugnância debaixo das roupas vaqueiras com que vinha trajada. Era tal qual sua mãe. Sadie Farrow.

Replicou imediatamente, quando este pensamento lhe veio à mente.

—Estamos a chegar, Nora. Agora é uma curva. Depois verás umas árvores. Estas estão situadas nos terre-nos de tua mãe.

A rapariga sorriu tenuemente.

— Como é ela? É tão bela como dizes?

Durgan descreveu-lha pela décima milionésima vez desde que empreenderam a viagem.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

RB007.15 Como arrancar uma confissão concedendo uma oportunidade de defesa

A primeira coisa de que Wood teve conhecimento foi que estava estendido por terra, no interior de uma confortável cabana, e completamente desatado, uma vez que quando se mexeu notou que o podia fazer com inteira liberdade.

Então olhou em volta.

O seu rosto tornou-se lívido à luz do candeeiro a petróleo, ante os olhos fixos e sem piedade de Durgan, que, sentado numa cadeira, na sua frente, com o colt metido no coldre e o seu metido na cintura entre a camisa e as calças, não o perdia de vista nem por um segundo.

Wood sentou-se no chão olhando para ele. Depois, aparentando coragem que não sentia, perguntou:

—Que demónios quer de mim, Durgan?

— Resposta a algumas perguntas. Ou melhor, Wood; resposta a uma só.

Não havia saída.

Wood pensou assim ao mesmo tempo que imaginava a resposta a dar.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

RB007.14 Frente ao assassino de Mona

Aparentando não os olhar, mas sem perder de vista ninguém, Durgan aproximou-se do balcão. Dali e depois de pedir whisky, olhou através do espelho os dois pistoleiros, estudando-os, sabendo que se realmente havia algum perigo vinha daqueles dois.

Wood era bastante alto, de cabelo encaracolado, pele-vermelha. O seu rosto era belo de mais para um homem. As suas maneiras eram afetadas e efeminadas em demasia.

Durgan não sabia quem era, mas compreendeu que aquele pistoleiro sem o colt, se comportaria tal como uma dama. Classificou-o num segundo.

Quanto ao outro, Lansing, era outra coisa. Ruivo, alto e forte, felino, também com um solitário colt Frontier pegado ao másculo com o cabo para fora. Perigoso. A sua primeira bala, se as coisas se complicassem, seria para ele.

Durgan bebeu lentamente evitando olhar para o rancheiro, com a cara voltada para ele, a menos de três metros do lugar onde estava.

— Não tem nada para me dizer, Durgan?

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

RB007.13 Ela sonha com o dia em que vai abraçar a mãe

Duma das janelas, e por volta do meio-dia, Sadie contemplava como Durgan no alpendre brincava com a pequena Lina.

Enquanto olhava para ele, os seus pensamentos eram contraditórios. Perguntava muitas coisas a si mesma. Entre elas, se ele lhe teria dito que era seu pai. Claro que a criança não perceberia o verdadeiro significado de tudo aquilo, mas mesmo assim, agradava-lhe sabê-lo.

Incapaz de resistir mais, Sadie abandonou o posto de observação e desceu ao alpendre. A pequena, apenas a viu, correu para os seus braços.

Sadie inclinou-se e agarrou-a.

Depois, os dois, olharam-se silenciosamente. A voz de Durgan não saiu alterada quando disse.

— Queres largar a pequena e vir comigo? Quero falar contigo, Sadie.

Ela não respondeu e seguiu-o até ao interior do rancho. Quando o enfrentou, o rosto de Durgan era uma máscara.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

RB007.12 O dique que aprendeu a voar

— Fale-me de Holland, quer, Powers?

Durgan formulou a pergunta, quando ambos abandonaram a cavalariça. O vaqueiro olhou-o longamente antes de responder.

— Que quer saber, patrão? — perguntou depois.

— Tudo, não sei se me compreende.

— Creio que sim. Portanto, começarei pela noite... —também vacilou antes de acabar a frase, e depois, como se tivesse dor de estômago fez uma careta e disse: — Tenho a certeza de que os homens que fizeram voar o dique pertenciam à máquina de Al Holland. Suponho que já lhe devem ter dito, não?

—Sim; Sadie contou-me um pouco.

Powers olhou-o duvidando durante alguns segundos.

—Explicou-lhe que ele, depois do que se passou, começou a construir outro nas suas terras?

Durgan não pôde evitar um grito de admiração.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

RB007.11 Uma mulher arruinada e... uma filha

 — Quer acompanhar-me ao meu escritório, mister Durgan?

Sentiu um enorme desejo de rir ao verificar que Morley começava a tratá-lo como devia. Então respondeu:

— Oficialmente, sheriff?

— Por agora é uma visita amigável, vem?

Durgan bebeu o resto do whisky, pôs uma moeda sobre o balcão e respondeu:

— Vamos.

Saíram para a tua.

Quando chegaram ao escritório, Durgan recordou a cena de anos atrás, mas de modo diferente. Nada tinha mudado ali durante aqueles seis longos anos.

domingo, 15 de agosto de 2021

RB007.10 Encontro com o representante da lei em Fowler

Chovia torrencialmente.

Apesar disso, o cavaleiro conduzia a passo, sem se importar que chovesse e se molhasse dos pés à cabeça, nem que a água passasse o seu «Stetson» para deslizar pela cara até entrar-lhe pelo peito.

Cavalgava pelas margens do Arkansas, aproximando-se lentamente de Fowler. Mas muito antes de chegar, deteve-se em frente aos mesmos penhascos em que um dia muito distante, alguém emboscado entre as rochas o atacara com tiros de «Winchester».

Olhou em volta por entre a cortina de chuva. Ali estava o dique de retenção. Ou melhor, o que restava das obras, uma vez que tudo o que tinha feito, se era que se tinha feito mais alguma coisa depois da sua partida forçada, estava destruído.

Pensou em Sadie.

Perguntou a si próprio a que se deveria aquele facto tão extraordinário. Seria que ela tinha desistido de continuar o dique depois da sua partida? Então, para que demónios tinha trazido outro engenheiro da capital?

sábado, 14 de agosto de 2021

RB007.09 O rapto da pequena Nora

Olharam-se novamente. Por fim, Jessie, como mulher prática que era, perguntou:

— Quanto ganho se lhe der a informação, forasteiro?

O cavaleiro meteu a mão num dos bolsos da jaqueta de cabedal e tirou um maço de notas que fizeram pestanejar Jessie.

— Cem dólares, preciosa.

— É muito pouco: Ninguém se expõe a levar um tiro por cem dólares. Ouve, encanto, a minha avó sempre me disse que tivesse a boca bem fechada para certa classe de assuntos.

—A tua avó era muito inteligente, não era?

— Sim, bastante.

Estava de pé, em frente dele, olhando-o diretamente nos olhos, quando o cavaleiro se moveu em direção à mesa onde estava a garrafa do whisky. Estendia a mão para a agarrar, quando Jessie deu meia-volta e correu até à porta.

Não chegou lá. O forasteiro alcançou-a com dois passos, agarrando-a por um braço. Jessie voltou-se como uma fera, levantando a mão direita. Porém, não lhe chegou a bater, unia vez que ele se antecipou, atirando-a para cima do sofá, que rangeu, quando aquele corpo de sereia se desmoronou sobre ele.

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

RB007.08 O melhor local para se saber de um homem

SEGUNDA PARTE

CINCO ANOS DEPOIS


O cavaleiro deteve o brioso galope do animal, quando alcançou as primeiras casas de Chino Balley, em pleno território do Arizona.

Depois, avançou a passo, como se não tivesse pressa em ir a qualquer lado. Com os olhos, e à medida que avançava, ia olhando para os letreiros dos estabelecimentos. Mas ao chegar quase ao meio da rua, não foi para um letreiro que olhou com curiosidade, mas para uma maravilhosa anatomia de beleza morena que estava pintada num cartaz, por cima do qual havia outro indicando que se tratava de um saloon.

Desmontou e continuou a olhar para aquela maravilhosa figura que tinha tudo aquilo que um homem pode desejar. Para ela e para dar a outras. Vestindo qualquer coisa que se parecia muito com roupa, mas que não era nem de longe.

Decidiu entrar.

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

RB007.07 A chegada dos federais

Sadie cortou a frase que estava a dizer logo que o viu chegar com o cavalo pela rédea. Desceu as escadas e foi recebê-lo. Com um estranho sorriso nos lábios aproximou-se até parar colada a ele.

— Olá, querido — disse.

Esticou-se sobre a ponta dos sapatos de salto alto, levando as mãos ao seu pescoço.

—Oh, Jack...

Foi a última coisa que disse antes de lhe tapar a boca com os lábios ardentes como fogo. Durante uns segundos, Durgan vacilou, mas depois enlaçou-a pela cintura e correspondeu à carícia.

Separaram-se cansados, ante os sorrisos irónicos dos vaqueiros. Depois de se olharem durante uns instantes em silêncio, Durgan disse um pouco surpreendido.

— Quero falar contigo, Sadie.

— Sim?... Fica para depois, querido. Ou seja, amanhã —apontou para os vaqueiros. — Estão à minha espera, Jack. Temos que transladar uma certa quantidade de gado para uns pastos melhores. Passarei a noite na cabana que está na margem do riacho.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

RB007.06 O fim do contrato

Olharam-se durante longo tempo, enquanto o silêncio que reinava dentro do barracão se podia sentir. Finalmente, e depois de mais uns minutos de silêncio, Holland atreveu-se a interrompê-lo.

—Se quer que lhe diga a verdade, mister Durgan, é tanto o que tenho para lhe dizer, que nem sei por onde começar. Não queria que... — hesitou e acrescentou ainda vacilante. — Veja, mister Durgan, eu...

Calou-se ao olhá-lo. Durgan esboçou um sorriso irónico.

—Ouça, mister Holland—replicou friamente em face do seu silêncio. — Por que não se deixa de evasivas e vai diretamente ao fim? Enfim — continuou depois de uma pequena pausa—, o senhor quer falar-me deste dique e ao mesmo tempo de Sadie Farrow. Não é verdade?

Holland pôs-se lentamente de pé. Guardaram silêncio durante alguns segundos, olhando-se um ao outro, como a tentarem medir-se.

terça-feira, 10 de agosto de 2021

RB007.05 Inspeção aos trabalhos que termina com importante visita

Avistando o rancho, Durgan decidiu-se.

Ela era agora sua mulher. Segundo o que se tinha falado com todas as consequências. Claro que ele também seria obrigado a revelar-lhe o segredo, mas ela tinha ido muito depressa.

Tinha descoberto qual era o seu jogo em relação a ele, jogo que tinha acabado antes de começar, graças a que, tanto o juiz como o sheriff de Fowler, não tinham feito muito caso da sua denúncia.

Parte da culpa era dele. Por que tinha pronunciado aquelas palavras antes de a beijar na noite anterior? Sem conseguir responder satisfatoriamente àquela pergunta, Durgan desmontou junto à entrada, levou o cavalo para o curral e depois, muito lentamente, foi-se aproximando da entrada principal do rancho.

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

RB007. 04 Seria ele um dos violadores?

Durgan avançou diretamente para o saloon de Mona Davison. Entrou perturbado e aproximou-se do balcão, pediu um whisky, que bebeu a pequenos sorvos, e depois olhou para o barman.

— Mona está? — perguntou.

— Em cima. Suponho que no quarto, ou no escritório.

Durgan subiu a escada, alcançou o patamar e voltou à direita. Deteve-se em frente de uma das três portas e bateu com o nó dos dedos. Depois entrou.

Mona Davison levantou-se ao vê-lo. Era uma beleza de mulher. Uma beleza selvagem e provocante dos pés à cabeça. Morena, de cabelo negro, curto e ondulado, e com uns olhos escuros e brilhantes. A sua boca vermelha de lábios carnudos e sensuais, feitos unicamente para beijar, abriram-se num sorriso de boas-vindas.

— Jack, querido...

Imediatamente lançou-se nos seus braços. Depois separou-se dela, suspirou fortemente e veio sentar-se num cadeirão, Mona por sua vez sentou-se na sua frente, olhando-o nos olhos.

domingo, 8 de agosto de 2021

RB007.03 Casamento por vingança

Cavalgando.

Para Fowler.

Os dois muito juntos, mas sem se olharem. Com os olhos fixos em frente. Sem falarem, como se tivessem medo de dar largas aos seus pensamentos. Como se tivessem medo de expressar um ao outro o que sentiam.

Chegaram por volta das onze da manhã. E, como sempre quando os viam juntos, a expectativa crescera por momentos, e ainda mais, quando viram que, sem desmontar, Durgan fazia um sinal ao sheriff Mitchell, que naquele momento se encontrava à porta do escritório.

O representante da lei aproximou-se deles com um sorriso nos lábios. Levou a mão ao «Stetson» para cumprimentar Sadie e perguntou:

— Que deseja do mim, miss Farrow?

sábado, 7 de agosto de 2021

RB007.02 Jantar íntimo e a ameaça de uma arma

Meia hora mais tarde, subia pela estrada serpenteada e estreita, cheia de pedras soltas.

À medida que escurecia, a estrada começava a ser bordeada por uma linha, que, pouco depois, se converteu num precipício, cuja profundidade deixou de ver uma hora mais tarde, quando estava quase no cimo do penhasco.

Cavalgou mais de vinte minutos por entre grandes rochas de granito e basalto, até que, pouco depois, quase no cimo, e quando rodeava uma rocha que quase lhe cortava o passo, explorou o solo.

Lá em baixo, iluminado pelos ténues raios lunares, mais longe, quase a confundir-se com a linha do horizonte, Durgan avistou a massa sombria de um rancho, mas não conseguiu ver um só cavaleiro. Porém, ele tinha a certeza de que o ataque que lhe dirigiram partira dali. Porquê?

Incapaz de responder a esta pergunta, Durgan retrocedeu pelo mesmo caminho, procurando que o cavalo não resvalasse o que seria fatal para ambos. E talvez para Sadie Farrow, pois se lhe acontecesse qualquer coisa, ela jamais saberia aquilo que queria saber.

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

RB007.01 Aquele olhar...

Sadie Farrow sentiu um calafrio quando o olhar dele correu pelo seu corpo, parecendo-lhe mais um insulto que uma carícia.

Desviou o olhar para o rio e deixou de fitar o cavaleiro que até então tinha cavalgado ao seu lado. Estendeu o braço moreno e bem torneado apontando as turbulentas águas do Arkansas. Sem olhar para o companheiro falou.

— É nesta curva que quero que construa o dique, mister Durgan. Não quero que a próxima subida das águas do rio invada novamente o meu rancho, com as consequentes perdas de gado e algumas vezes a vida dos meus homens.

Calou-se, esperando a resposta, que demorou bastante tempo. Mais do que das outras vezes, durante aqueles dias de contínuo cavalgar de um lado para o outro, desde que Sadie fora à capital para o contratar. E não respondeu porque estava a olhá-la. Tal como das outras vezes. Dos pés à cabeça, detendo o olhar na abertura da blusa decotada onde o maravilhoso seio ameaçava romper o tecido que o detinha naquele estreito cárcere de tela e de seda.

Sadie Farrow era alta; ruiva como ouro, e os olhos, em violento contraste com o seu cabelo, negros, grandes e rasgados, maliciosos como uma fogueira no meio da noite. O seu corpo era exageradamente perfeito, cheio de curvas provocantes e malignas. As suas pernas (Jack Durgan via-lhas até ao joelho, uma vez que a saia de montar era extremamente curta), afiguraram-se-lhe outra maravilha de perfeição. Como toda ela. Como tudo o que tinha completamente seu, exceto o maldito orgulho.

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

RB007.00 Recordando «A orgulhosa de Fowler»

Em devido tempo, escrevemos:
 
«Todos os arrogantes têm uma história triste por trás. Isso acontecia com aquela mulher, a orgulhosa de Fowler. Uns anos antes, tinha sido violada, roubada e, não contentes com isso, ainda lhe raptaram a filha... Nunca mais soube dela.
«Um dia, o filho de alguém que participara nesses atos chegou ao seu rancho e contratou-o. Ambos se reconheciam na história do passado, mas tentaram ocultar isso um ao outro. Relacionavam-se, sempre com algo escondido nesse relacionamento.
«Ela conduziu a sua vingança e fê-lo ir parar à prisão...
«A novela desenvolve-se verdadeiramente cinco anos depois. O ex-presidiário procura a menina raptada e, após ter abatido os que efetivamente participaram no vil ato, trá-la para junto da mãe.
«Mas alguém o esperava com más intenções, alguém tinha cometido ações torpes na sua ausência.
«Eis mais uma narrativa de Joe Mogar um pouco complexa, em determinados momentos, com passagens muito comoventes.
«A capa, magnífica, não assinada, mostra o retorno a Fowler com a menina raptada, entretanto vítima colateral do ataque que lhe moveram no regresso.»
Chegou agora o momento em que podemos publicar esta obra, dando a conhecer integralmente o seu conteúdo nos próximos dias o qual ficará a enriquecer o nosso blog dedicado à Coleção Rio Bravo. 

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

BIS245.15 E a verdade trágica veio ao de cima

Martin Palácios, inquieto com aquela demora do xerife, que era insuportável acrescento à sua longa espera de dez anos para verificar o que havia de certo na sua teoria, recorreu a uma argúcia para se afastar de Cormon e Adams, que não suspeitaram de nada.

Não lhe foi difícil introduzir-se num dos salões do rés-do-chão por uma janela que encontrou aberta. Sabia que a sua presença ali em tais condições não podia ser explicada com facilidade, pelo menos em princípio.

A fim de não o surpreenderem com perigo para a sua integridade, antes de conseguir falar, muniu-se de um dos revólveres.

Matias Quintana, de uma das janelas do primeiro andar, tinha visto Martin Palácios afastar-se dos seus dois companheiros e meter-se em casa, quase na vertical do quarto onde se encontrava. Passou revista ao revólver e, pondo o cinturão, desceu quase em bicos de pés, com o colt firmemente empunhado na mão direita. Aproximou-se silenciosamente do salão a que correspondia a janela utilizada por Martin e abriu a porta, que rangeu. Entrou com rapidez e fechou-a com a mão esquerda.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

BIS245.14 A pista do xerife Craig Larson

A ténue claridade matutina empurrava e desfazia as últimas sombras da noite. O xerife Craig Larson e o comissário Adams chegaram à cabana das «Colinas Pardas». Não tinham tido nem uma hora de repouso, porque o xerife não queria expor-se a que desaparecessem os vestígios considerados por ele uma importante pista. Ambos refletiam nos rostos o cansaço e a tensão a que tinham estado submetidos no decurso das últimas horas.

— Repara bem, Adams! — murmurou o xerife, triunfante. — Vês? Aqui, deu a volta o carro. Junto dele, há pegadas de três pessoas, dois homens e uma mulher. Jorge Palácios era um deles, com certeza. Mas quem foram os outros?

As pegadas de regresso e as marcas que deixava a carruagem ao retirar-se dali entrecruzavam-se no pó do caminho, tornando fácil seguir a pista. Ao fim de alguns momentos de cuidada observação durante a qual os olhos de Larson não se desviavam do terreno, o xerife compreendeu, sem margem para dúvida, o rumo dos sulcos. Iam diretamente ao rancho que se chamava El Robledal. Não esperava tal coisa, mas também era certo que não o surpreendia.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

BIS245.13 Frente a frente

— Então... há novidade? — perguntou Adams, acabando por arranjar coragem para quebrar o silêncio que reinava entre os três homens, depois da salda do empregado do armazém.

A pergunta era fruto natural da curiosidade que tanto ele como Hoskins sentiam. O xerife, habitualmente, não gostava de dar explicações dos seus actos, mas fê-lo desta vez, porque tinha uma necessidade especial: a de pensar em voz alta.

— Voltei à cabana das «Colinas Pardas» porque...

— Mas, chefe — interrompeu Hoskins — era de noite…

— Porque — insistiu Craig Larson, desprezando a intervenção do comissário — tinha visto alguma coisa, quando lá estivemos com Adams e o doutor Martinez, que me chamou a atenção e não havia maneira de me lembrar o que fosse.

Os dois comissários escutavam-no atentamente, presos de curiosidade. Larson fez uma pausa. Depois, com gesto triunfal, exclamou:

— Era isto!

domingo, 1 de agosto de 2021

BIS245.12 Reunião no cárcere

Em Corrales sentia-se um ambiente estranho para hora tão tardia. Em geral, as tabernas e cantinas estavam repletas de gente e as ruas desertas.

Naquela noite sucedia quase o contrário, senão o próprio contrário. Havia extraordinário movimento nas ruas, sobretudo na principal. Até os criados dos salões estavam à porta dos estabelecimentos, conversando com as bailarinas. E notava-se maior efervescência nas proximidades da delegacia do xerife Craig Larson.

Tinham-se formado grupinhos e discutia-se o facto de Martin Palácios e Luís Quintana se encontrarem presos lá dentro. Faziam-se comentários de todos os tipos. Havia quem soubesse de fonte segura o que sucedera, mas havia também os que, ignorando-o, criavam histórias fantásticas.

Como acontece normalmente, passando de boca em boca, deformavam-se cada vez mais e, se voltavam aos ouvidos de quem as inventara, já nem estes as reconheciam. Havia algum tempo que Larson não se deixava ver em Corrales e nasceram também fantásticas hipóteses sobre o motivo da sua ausência.