sábado, 31 de agosto de 2019

ARZ014.14 De bandoleiro a ajudante de xerife

Wickes meteu a cabeça pela porta entreaberta e sorriu.
— Como vai isso, rapaz?
Cliff, da cama, voltou o rosto para ele.
— Bastante bem.
O xerife entrou no quarto.
— Incomoda-o que conversemos um bocado? Suponho que não se fatigará.
— Aproxime uma cadeira e sente-se. Faz-me bem um pouco de companhia.
Wickes instalou-se junto da cama, examinando o aspeto do jovem. Estava mais magro e o seu semblante apresentava sinais de ter sofrido elevadas temperaturas; mas nos seus olhos, todavia, continuava a brilhar o fogo da vitalidade. Umas ligaduras cobriam-lhe o ombro direito e tinha ao peito o braço do mesmo lado.
— Bem, Werfel, quase se pode dizer que você é um homem ressuscitado duas vezes. A morte não se cansa de lhe estender a sua rede, mas você lá arranja maneira de se esgueirar sempre.
— São os outros que arranjam, não sou eu. Primeiro foram o senhor e Nancy; agora, Nancy e o Dr. Graham.
O xerife assentiu.
—É verdade; ambos lutaram sem repouso. O Dr. Graham fez mais do que humanamente possível, esforçando-se a todas as horas por devolver-lhe a vida, e Nancy permaneceu dia e noite junto de si, tratando-o e cuidando-o com uma abnegação incrível. Só consentiu em separar-se de si, quando o médico lhe garantiu que estava livre de perigo.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

ARZ014.13 Enfim, Tonopah e um médico

Havia já umas horas que atravessavam a pradaria.
Nancy ignorava quantos quilómetros teriam percorrido, mas tinha a certeza de serem muitos. Tonopah não podia já estar longe. Pela centésima vez, olhou para Cliff que, sem despregar os lábios, andava ao passo do cavalo. Da sua posição, a rapariga não podia ver o rosto do jovem, oculto pelas abas largas do chapéu. Admiravam-na a força e a resistência à dor daquele homem. Outro qualquer, com uma bala alojada no corpo, não teria andado mais do que uns metros. Cliff, pelo contrário, vinha a andar havia algumas horas sem proferir um simples queixume.
Nancy olhou para o horizonte, procurando ansiosamente algum sinal que lhe indicasse a proximidade de Tonopah. Precisavam chegar quanto antes, não só pelo perigo que representavam os homens de Hudson, mas para Cliff poder descansar e extrair-lhe a bala.
Inesperadamente, Bobby, que ia sentado adiante dela, fez um movimento brusco, ao mesmo tempo que voltava a cabeça.
— Cliff! Cliff!
Nancy, alarmada, olhou também para trás. A uns metros de distância, Cliff jazia no chão completamente imóvel. Devia ter caído quando a jovem perscrutava o horizonte, sem um gemido.
Nancy deteve o cavalo e apeou-se apressadamente, seguida de Bobby. Ambos correram para o jovem, ajoelhando-se junto dele. Com um grande esforço conseguiram voltá-lo e a rapariga depôs--lhe a cabeça no seu regaço. O jovem tinha os olhos fechados, o semblante muito pálido e respirava com dificuldade. Nancy pôs-lhe a mão na fronte.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

ARZ014.12 Nova emboscada durante a fuga

O local estava protegido do vento do Norte por um desnível cortado a pique, e que interrompia a monotonia da imensa pradaria.
Entre uns álamos serpenteava um riacho que proporcionava erva tenra e viçosa aos cavalos. Foi Cliff quem o escolheu para passarem a noite. As montanhas ficaram já muito para trás, mas antes do dia seguinte não chegariam a Tonopah.
O jovem, antes de decidir-se, olhou pensativo para o fatigado Bobby, que parecia prestes a dormir nos seus braços.
— Não o podemos obrigar a seguir. Se se tratasse só de si e de mim poderíamos fazer um esforço e viajar toda a noite até chegar a Tonopah. Mas Bobby precisa dum descanso, não poderia resistir a um esforço tão grande — murmurou Nancy.
Cliff assentiu.
— Tem razão. Teremos de passar aqui a noite.
Depois de comerem uma refeição frugal, deitaram o pequenito imediatamente. Entre o calor das mantas, adormeceu quase em seguida.
Cliff enrolou um cigarro e começou a fumar. As chamas da pequena fogueira iluminavam o seu rosto com resplendores avermelhados. Nancy, sentada um pouco mais afastada, contemplava-o em silêncio.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

ARZ014.11 Ajuda inesperada

Aquilo aconteceu da forma mais inesperada. No momento em que Hudson ia apertar o gatilho, Nancy, a quem o bandido não podia vigiar atentamente por ter toda a sua atenção concentrada no jovem, agachou-se rapidamente e, empunhando uma pedra, bateu com quanta força pôde no pulso direito de Lloyd. O revólver que este empunhava saltou-lhe da mão com a violência da pancada, e foi cair na lagoa próxima.
— Maldita! Eu te ensinarei!... — vociferou Hudson fora de si ao ver como o seu revólver desaparecia na água.
— Lloyd!
Foi tão perentória a ordem de Cliff, que o bandido voltou-se para ele.
Agora encontravam-se frente a frente, desarmados, 'com as mãos nuas. Nancy, muito pálida e com a respiração entrecortada, olhava-os atentamente. Junto dela, Bobby não desviava deles os seus olhitos muito brilhantes.
Cliff deu um passo em frente. O seu rosto endurecera e nas suas pupilas ardia um fogo bélico.
— Estamos em igualdade de circunstâncias, Lloyd. Sem armas e sós. Atreves-te também agora a enfrentar-te comigo?

terça-feira, 27 de agosto de 2019

ARZ014.10 Sem balas na arma

Nancy, debaixo da manta, sentia o corpito quente de Bobby, que se estreitava contra ela para combater o frio. A jovem fechou os olhos, pensando que era preciso dormir para estar folgada no dia seguinte.
— Menina Nancy...
Era a voz de Bobby que, num sussurro, lhe falava junto ao ouvido.
— Que queres? — perguntou ela, também muito baixinho.
— A menina e aquele homem que encontrámos na cavalariça chamam-lhe Cliff Sheridan. Porquê, se o seu nome é Nick Werfel?
Nancy ficou um momento indecisa, mas a seguir respondeu:
— Escuta, Bobby, tens de prometer-me que não o dirás a ninguém, nem mesmo ao xerife; mas a verdade é que o seu nome autêntico é Cliff Sheridan.
— Então porque disse chamar-se Nick Werfel?
— É uma história muito longa, Bobby. Algum dia ta contarei. Todavia, agora, é preciso que guardes segredo.
— Que fez ele? Fugiu da cadeia?
— Não é isso exatamente. Já te disse que outro dia te contarei. Palavra de honra que não o dirás a ninguém? É para bem de Cliff, compreendes?
O pequeno demorou uns momentos a responder. Quando o fez, havia na sua voz uma decidida firmeza:
— Palavra de honra.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

ARZ014.09 Fuga aos bandoleiros

Foi Cliff quem os arrancou do seu assombro.
— Vamos embora daqui imediatamente.
Com mão forte e firme, empurrou-os para a saída. Porém, mal transpuseram a porta, viram um grupo de homens que avançava apressado para eles.
— Rápido! — ordenou Cliff. — Escondam-se atrás do bebedouro.
Nancy e Bobby obedeceram-lhe, ao mesmo tempo que o jovem, antes de os imitar, disparava uns quantos tiros contra os que se aproximavam. Estes apressaram-se a entrincheirar-se detrás de barris, carroças e tudo quanto podia oferecer proteção.
Lloyd Hudson, que era quem capitaneava aqueles homens, empunhava o revólver e, ao abrigo duns grandes caixotes amontoados a um canto, exclamou com a ira a brilhar-lhe nos olhos:
— Ignoro como fizeste para te salvares, Cliff, mas desta vez não escaparás! Hei-de acabar contigo, maldito traidor!
Ao mesmo tempo levantou o revólver acima do abrigo e fez vários tiros contra o bebedouro. Os seus homens imitaram-no, enviando uma chuva de balas contra o lugar onde se escondera o jovem.
Cliff ouviu silvar os projéteis por cima da cabeça e as pancadas secas dos que se cravavam na madeira. Junto dele estavam Nancy e Bobby.

domingo, 25 de agosto de 2019

ARZ014.08 Encontros inesperados na cavalariça

Cliff examinou o cavalo. Era um animal de boa estampa, ágil e resistente, próprio para fazer longas jornadas através do deserto e para grande velocidade em caso necessário.
O jovem acariciou-lhe um dos costados, obtendo como resposta um relincho de satisfação. Demorara vários dias para o conseguir, mas por fim foi mais fácil do que imaginara.
Um dos fugitivos de Clarenceville, a quem um ferimento na bacia impossibilitara de montar para o resto da vida, vendera-lho barato, pelos últimos dólares que restavam ao jovem.
— De modo que está disposto a partir?
Era o xerife quem fizera a pergunta. Encostado ao umbral da sua casa, contemplava o jovem, que fazia os últimos preparativos para empreender a viagem.
— É melhor que me vá embora — respondeu Cliff, apertando a cilha. — Em Tonopah é difícil encontrar emprego, e eu preciso dele para viver.
— Não serei eu quem o retenha, mas sinto-o sinceramente.
O jovem dirigiu-se a ele e estendeu-lhe a mão.
— Obrigado por tudo, xerife. Foi muito generoso comigo.
Deram um forte aperto de mãos.
— Que tenha boa sorte, Werfel. E procure não tropeçar com Hudson.
— Se alguma vez lhe acontecer passar por aqui, não deixe de vir cumprimentar-me.
— Assim farei, esteja certo.

sábado, 24 de agosto de 2019

ARZ014.07 Planos para abandonar a cidade

A notícia correu por Tonopah como um rastilho de pólvora. A quadrilha de Lloyd Hudson atacara uma caravana que se dirigia para Virgínia City, não deixando um único sobrevivente e roubando tudo quanto levavam de valor. Tratava-se dum autêntico assassínio em massa, e toda a gente sentiu que ao receio se juntava a indignação por uma selvajaria de tal magnitude.
Assustadas, numerosas pessoas, aglomeraram-se em frente da repartição do xerife, que se viu obrigado a acalmá-las. Depois Wickes comentou, na presença de Cliff e Nancy:
— A situação está a pôr-se cada vez pior. Se não encontramos um rápido remédio, Hudson em breve se transformará em dono deste distrito. Não compreendo porque esperam as autoridades para intervir.
— O senhor pensa que Tonopah também corre perigo? — perguntou Nancy.
— Naturalmente. A quadrilha de Hudson é demasiado importante para conseguirmos enfrentá-la com êxito. Só o Exército poderia aniquilá-la. Bem viram o terror que só o seu nome causa nesta gente.
— Talvez que a única solução fosse que alguém conseguisse matar Hudson — comentou Cliff.
Wickes fez um gesto de dúvida.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

ARZ014.06 De confederado a bandido

— A Humanidade não é assim tão má, Cliff. Não é justo que despreze desta maneira os seus semelhantes.
Era Nancy quem pronunciava estas palavras. Encontrava-se com o jovem no seu gabinete da escola, enquanto os alunos brincavam ruidosamente no pátio.
— Que sabe você da Humanidade? — perguntou ele com certo sarcasmo. — Imagina que por ser professora me pode ensinar como são os homens?
Ela corou.
— Não pretendo dar-lhe lições de nenhuma espécie. O que quero é convencê-lo de que está equivocado, de que à sua volta nem tudo é maldade. Existem pessoas más, sem dúvida alguma, mas também as há boas.
— Deveras? Aponte-me uma. Olhe, Nancy, a vida ensinou-me uma coisa que não falha: quando alguém te faz um favor, é porque procura alguma coisa em troca.
A rapariga fitou-o nos olhos.
— Pensa que eu também procurava alguma coisa em troca quando me calei sobre a sua identidade?
Ele suportou o olhar e os seus olhos eram duros e frios.
— Não sei. Mas não me surpreenderia se assim fosse.
Nancy fez um gesto de desagrado.
— Você é um homem odioso, Cliff, um homem que desconfia de todos. E penso que a sua desconfiança é porque imagina que todos são como você.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

ARZ014.05 Proposta para um atirador

Cliff regressava naquela noite a casa do xerife Wickes quando, de súbito, soou um tiro nas suas costas, ao mesmo tempo que uma bala passava a zumbir junto da sua cabeça.
Instintivamente, o jovem colou-se a uma das paredes e deitou a mão do seu revólver, tentando perscrutar as trevas com o olhar. Aquela inesperada agressão fizera-o reagir automaticamente, pondo em ação os seus reflexos, o seu instinto de defesa.
Uma nova detonação rasgou o silêncio e desta vez o projétil veio esborrachar-se contra a parede a poucos centímetros do corpo de Cliff. Este encolheu-se, correndo apressado ao longo da parede para proteger-se das balas.
Foi então quando, numa esquina distante, viu a silhueta dum homem que se escondia. Cliff não podia calcular quem fosse aquele desconhecido agressor. Por um momento, pensou que se tratasse dalgum dos sequazes de Lloyd, que, vendo-o vivo, decidisse completar a obra do seu chefe. Mas em seguida afastou a ideia. Que podia fazer em Tonopah um membro da quadrilha? Ainda que a hipótese não fosse realmente descabelada. Se ninguém os conhecia naquela cidade, por que não podiam introduzir-se ali, até mesmo o próprio Hudson, para preparar um dos seus famosos golpes?

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

ARZ014.04 A identidade descoberta

A caravana dos fugitivos chegou a Tonopah, uma típica cidade do Oeste, onde a vida estava concentrada na rua principal.
O xerife Wickes ocupou-se em seguida do alojamento daquele punhado de gente sem lar. A maioria foi instalada em armazéns vazios que, nos vários compartimentos, foram ocupados por diferentes famílias.
Aos pequenos foi destinada toda a ala da escola, onde ficaram aos cuidados de Nancy.
Cliff Sheridan, a quem o pequeno Bobby tomara uma louca amizade desde o dia em que ele viera em sua defesa, ajudou o xerife a instalar os refugiados.
Uma vez tudo pronto, Wickes coçou na cabeça.
— Bom, Werfel, parece que nos armazéns não há lugar para si.
— Não se preocupe com isso. Eu me arranjarei de qualquer maneira.
— Não é preciso. Em minha casa há lugar. Virá viver comigo.
— Não desejaria incomodar.
— Pelo contrário, faz-me companhia. Vivo só e muitas vezes não sei como distrair-me. Até que encontre um emprego onde ganhe algum dinheiro, pode ficar em minha casa.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

ARZ014.03 A mágoa da sobrevivência

— Você deve ser feito de aço, Werfel.
Cliff ergueu a cabeça do prato metálico onde comia a sua ração de toucinho, e olhou para o rosto de Wickes, iluminado pelo vermelho resplendor das chamas.
— Só assim compreendo o seu rápido restabelecimento —acrescentou o xerife.
Depois voltando-se para Nancy, perguntou
— Não lhe parece, Nancy?
A rapariga olhou para os dois homens.
— Sim. Werfel deve possuir uma construção extraordinária.
Havia já um bom bocado que a caravana parara para passar a noite. Em volta dos carros acenderam-se as fogueiras, onde os fugitivos tomavam uma refeição frugal. Os pequenitos já dormiam.
Nos breves dias decorridos desde que o encontraram na pradaria, Cliff melhorara de forma surpreendente. Embora se encontrasse ainda fraco, já podia andar a pé e estava em vias de recobrar depressa todas as suas forças. Todavia, por precaução, Wickes deliberara que Cliff tomasse as refeições com ele e Nancy, para assim o poderem vigiar melhor.
— Não quero que cometa uma imprudência — dizia com frequência. — Seria uma perigosa complicação se os ferimentos abrissem novamente.
Nessa noite, quando os três acabaram de jantar, o xerife pôs-se de pé.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

ARZ014.02 Salvo por uma caravana de fugitivos

— Está a mexer as pálpebras. Creio que não demorará a recuperar os sentidos.
Estas palavras ecoaram no seu cérebro como vindas dum lugar longínquo. De momento não soube o que acontecia, nem onde se encontrava. Depois, pouco a pouco, os seus olhos começaram a ver umas figuras abstratas que permaneciam diante dele como envoltas em bruma.
Sentia-se estranhamente fraco, mergulhado no mais profundo torpor. Que acontecia? Que se passara?
De repente, recordou tudo. Lloyd Hudson, diante dele, disparava o seu revólver, e ele sentia no corpo o choque das balas para depois cair morto. Sim, era isso. Ele morrera... Então quem eram as pessoas que tinha agora ante os seus olhos? Quis mexer-se, mas uma dor terrível percorreu-lhe todo o corpo.
—Está a queixar-se — disse a mesma voz de há pouco. — Isto é bom sinal.
Cliff, fazendo um grande esforço, tentou identificar aquelas duas pessoas. O seu olhar, pouco a pouco, tornava-se mais claro, mais preciso, até que as duas silhuetas tomaram formas mais concretas. Por fim, conseguiu vê-los sem aquela espécie de neblina que os turvava.

domingo, 18 de agosto de 2019

ARZ014.01 Um homem sepultado na fria realidade da morte

Cliff Sheridan, agachado no mato, mantinha-se imóvel, tentando perscrutar as trevas da noite.
A mão direita empunhava um revólver. Com o ouvido atento, esforçava--se por ouvir qualquer ruído suspeito, mas até ele só chegava o ténue silvo do vento nos arbustos.
Todavia, ele bem sabia que ali, nalgum sítio da escuridão que o envolvia, estavam os homens que queriam matá-lo. O seu próprio cavalo jazia com uma bala na cabeça, uns metros mais além. Mas haviam decorrido já várias horas desde que o animal fora alvejado por uma bala certeira.
Cliff sabia muito bem que Lloyd Hudson e os seus não desistiriam do seu empenho de dar-lhe caça. Tivera a ousadia de voltar-se contra eles, e não era gente que perdoasse uma rebeldia. Conhecia-os demasiado bem para que lhe pudesse restar a mínima dúvida. Decidiram acabar com ele, e renunciariam primeiro à própria vida que ao cumprimento duma vingança.
Nalgum sítio da pradaria, ao abrigo da escuridão, na sua frente, à sua esquerda ou à direita, ou quem sabe se nas suas costas, espreitando-o como tigres, estavam Lloyd Hudson, Tim Lawrence, Rock Merril e todos os componentes da quadrilha. Cliff imaginava os seus rostos crispados pelo ódio, pelo desejo homicida.
A detonação duma arma rasgou o silêncio, e Cliff viu a roseta dum fogacho. Rapidamente, ergueu o revólver e fez fogo contra o ponto donde partira o tiro. A resposta foi um grito de agonia. O tiro dera no alvo. O jovem desejou que o ferido fosse Lloyd, por se tratar do mais perigoso de todos.

sábado, 17 de agosto de 2019

ARZ014.00 Reencontro com «Fora da Lei»



Cliff Sheridan era um daqueles homens que, no final da Guerra da Secessão, com a derrota do seu ideal, se viu sem uma alternativa de vida, desapossado dos seus bens e família destruída. Enveredou por isso numa vida, primeiro de guerrilha, depois de bandido, juntando-se à quadrilha do famigerado Lloyd Hudson e praticando infindáveis crimes.
Cliff não era má pessoa, mas o destino tinha sido cruel com ele e não acreditava na bondade da espécie humana. Um dia, num assalto a uma povoação, Clarenceville, perante a ordem do chefe do bando para atacarem uma escola cheia de crianças, revoltou-se contra os seus companheiros. O combate que se seguiu levou à morte de muitos bandidos e o próprio Cliff foi atingido e Hudson abandonou-o pensando ter consumado a sua vingança.
Começou aqui a reabilitação do fora de lei. Assistido por uma jovem, passou a protegê-la e ele próprio organizou a defesa da povoação de Tonopah contra a sua antiga quadrilha.
A capa deste livro, da autoria de Provensal, reflete fielmente um momento da sua luta contra Hudson, momento a que assistiram a jovem Nancy e o pequeno Bobby que o admirava. O conteúdo, elaborada por Cardenas, apesar de muita conversa, é interessante e, por isso, vamos publicá-lo neste blog ao longo dos próximos dias, tornando-se num complemento indispensável a este final de Agosto.

terça-feira, 6 de agosto de 2019

POL181_190

Não dispomos de capa e texto dos livros seguintes da Coleção Pólvora:


POL181
 Quando Chega a Sua Hora 
César Torre
POL182 
O Advogado Defensor 
Silver Kane
POL183 
A Última Façanha 
L. Rock
POL184 
Bonecos de Chumbo 
Sam Fletcher
POL185 
Os Abutres e a Carne Morta 
Vic Adams
POL186 
Missão Perigosa 
Frank Dexter
POL187 
A Vida Por Um Preço 
Jess Mc Carr
POL188 
Quadrilha de Malfeitores 
E. L. Retamosa
POL189 
Tiro Aberto 
Sam Fletcher
POL190 
Uma Diligência Atrasada 
Raf. G. Smith

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

FBV035.10 Um cavalo emprestado


Três dias mais tarde...
Jim Sheldon, capataz do rancho, entrou na pequena sala em que se encontravam Sigrid e seu pai, e anunciou, com uma expressão séria e voz grave:
— Clark Evans está à porta e quer falar consigo. Disse que...
Sigrid interrompeu-o com um pequeno grito, levando as mãos ao seio palpitante, enquanto o seu rosto empalidecia.
— Não...não... Que não entre! Clark julga que tu assassinaste seu pai e vai matar-te. Veio por isso! Eu...
Bolton levantou-se e abraçou a filha.
— Clark não disparará contra mim, sem me ouvir... e quando isso suceder, não o fará jamais. Não, Sigrid, não vai matar-me... —voltando-se para Sheldon, acrescentou: — Diga-lhe que entre, Sheldon.
Enquanto este saía, resmungando entre dentes algo que não se entendia, Bolton separou-se da filha e foi sentar-se onde estava anteriormente. Ambos aguardavam, com os nervos tensos, a chegada de Clark.
— Entre, a porta está apenas encostada.
Evans obedeceu, de semblante carregado. Sigrid retorcia as mãos, nervosamente, sem se atrever a levantar os olhos para ele, pálida como um cadáver.
— Não tem nada para me dizer, senhor Bolton?

domingo, 4 de agosto de 2019

FBV035.09 A vingança do noivo enjeitado

No seu escritório, Pat Carpenter olhou, curiosamente, o rosto de Lassiter, tumefacto até as o inacreditável. Junto deles, encontrava-se a sinistra figura de Lass Overland. Carpenter, com dois "Colts" 45 na cintura, era o braço direito de Lassiter, em Turner. O outro, Overland, era um dos muitos pistoleiros de Lassiter, e acabara de entrar naquele momento.
— O que é? — perguntou-o "patrão".
— Algo muito importante — respondeu o pistoleiro —. Sigrid Bolton e esse pistoleiro chamado Evans, casaram esta manhã!
Lassiter retrocedeu um passo e bradou:
— Repete. isso, Overland.
O outro assim fez, e Lassiter acrescentou:
— Onde se encontram agora? — Na estalagem da Ana. Não é segredo para ninguém em Turner. — Retorquiu o outro, com um sorriso irónico.
— Bolton foi ao casamento?
— Não.
Lassiter pôs-se em pé e começou a percorrer o compartimento a passos rápidos e agitados, enquanto pensava como devia agir. Evans não poderia sair vivo de Turner; depois ajustaria contas com ela. Seria fácil, muito fácil, mesmo, acabar com eles, naquela mesma noite.
Ninguém, e muito menos Evans, com uma mulher como Sigrid, levaria a noite vigilante, de "Colt" na mão, na noite do seu casamento.

sábado, 3 de agosto de 2019

FBV035.08 branca e radiante vai a noiva...

Durante todo o caminho, o rosto de Sigrid permaneceu completamente impassível, no seu trajo todo branco, com luvas da mesma cor, conduzindo a caleche tirada por poderosos cavalos.
Ao entrar na única rua de Turner, não olhou para ninguém, mas estranhou ver toda a gente da povoação na rua, esperando a sua chegada.
"Seria que Lassiter se encontrava em Turner, esperando-a, também, apesar dos tremendos estragos que na sua cara tinham feito os punhos de Evans?"
Conduziu a carruagem até junto da estalagem da terra, local onde combinara encontrar-se com Clark.
A porta estava Ana, sua amiga de infância, a quem perguntou por Evans.
— O xerife veio buscá-lo. Creio que está no seu escritório —. Ao dizer isto, Ana desviou o s olhos da cara da amiga, formulando a pergunta, sem a olhar: — Na verdade, não sabes, Sigrid?
— Que queres dizer...?
A outra encolheu os ombros e não respondeu. Ela então resolveu ir procurar Evans; deu meia volta com o carro e dirigiu-se para o escritório do xerife, sem reparar no silêncio sepulcral que reinava em toda a rua.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

FBV035.07 O dilema da noiva antes do casamento frustado

No dia seguinte, bem cedo, Evans montou a cavalo e tomou o caminho que conduzia ao rancho dos Bolton.
Já dentro da pradaria, viu-a, de repente, galopando, com os cabelos ao vento, junto a um grupo de vaqueiros.
Esporeando o cavalo, Evans seguiu-a, até a encontrar.
Encostada a uma das anfractuosidades do terreno, Sigrid esperava-o, com um frio mortal nos seus olhos intensamente azuis. Mudara muito. Aqueles três anos tinham servido para que o prometedor botão desabrochasse e se tornasse numa linda e fascinante rosa. A crisálida transformara-se numa resplandecente mariposa. A sua beleza selvagem e provocadora esteve a pontos de fazer-lhe perder a respiração, mais que o olhar de fria indiferença com que ela o envolvia, naquele momento.
Lentamente, como se lhe custasse muito trabalho, Evans desmontou e, sem pronunciar palavra, acercou-se.
— Olá, Sigrid — disse —. Como estás?
Ela respondeu com outra pergunta.
— Porque voltaste, Clark?
Ele puxou a bolsa do tabaco, enrolou um cigarro, acendeu-o e depois respondeu.
— Uma rapariga afirmou que ficava à minha espera. Agora, ouvi dizer que vai casar com outro. E verdade? 
Sigrid baixou os olhos, enquanto a blusa acusava o arfar dos seios e da respiração violenta. Sim, nas ela era uma criança e, por isso, talvez não tivesse reparado muito bem no que dizia. Fez uma pausa e acrescentou:
— Porque não te vais, Clark? Aquilo passou. Foi... coisa duma rapariga sem experiência...
— Porque te casas com Lassiter, Sigrid?

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

FBV035.06 Regresso carregado de ameaças

Três anos é um espaço de tempo muito longo. Evans pensava assim, observando a cabana de Bolton do mesmo ponto, onde três anos antes o fizera.
Como estaria Sigrid? Esperá-lo-ia, como tinha prometido? A rapariguita devia ter-se convertido numa deliciosa mulher...
O passado ficara para trás, morto. Evans assim o pensava e assim o desejava.
Minutos mais tarde chegava junto da cabana, e o coração deu-lhe um salto. Triste, vazia, em ruínas. Evans deteve o cavalo junto à porta, quando alguém, nas suas costas, perguntou:
— Procura alguém, forasteiro? Quem assim falara era um vaqueiro, já idoso, que observava, descuidadamente, o pistoleiro, agora vestido como um vaqueiro, exceto na forma como levava o "Colt".
— Procuro Josias Bolton, avô. Vivia aqui há três anos...
—Bolton tem um rancho a menos de quinze mi -lhas daqui, em direção ao Sul. — Fez uma pausa e depois perguntou: — Você é Clark Evans; não é verdade? Apostaria a minha mão direita.
— Sou, efetivamente, quem pensa...