O poderoso lavrador de Danville, que juntamente com o coronel Sidney Robertson compartilhava do domínio de todo o distrito, pensava naquele momento num problema que havia algum tempo, o obcecava.
Ainda novo, de boa presença e senhor duma fortuna colossal, Don Herbert não podia esquecer a recusa que recebera de Chris Robertson. Às suas pretensões de casar com a filha do coronel esta respondera sem qualquer hesitação:
-- Nunca me casarei consigo, Don Herbert — e a sua voz era firme e cortante.— Conheço-o demasiado bem e o senhor sabe que é assim. Com o seu dinheiro qualquer mulher se sentirá feliz se o senhor a cortejar. Mas eu não me vendo. Primeiro porque não tenho necessidade disso, e segundo porque nem coberto de oiro conseguiria gostar de si. Repare que lhe falo com toda a franqueza. Faço-o para, que não volte a insistir nas suas absurdas aspirações.
Aquelas palavras trazia-as Don Herbert gravadas na alma havia três longos meses. Sempre que as recordava, apoderava-se dele uma fúria sem limites. Nunca ninguém lhe falara daquela maneira. E muito menos uma mulher. Uma mulher que afiançava conhecê-lo muito bem e que, no entanto, não hesitava em insultá-lo.
-- De acordo, ferazita — murmurou Don Herbert, sempre em voz baixa, enquanto se afastava da janela. - Se de facto me conheces, depressa saberás o erro que cometeste ao desafiar-me. Quando chegar o momento de fazermos contas, veremos se manténs a mesma opinião a meu respeito. De qualquer maneira, hás-de arrepender-te.
Don Herbert, sentado de novo à secretária, pôs-se a escrever. Costumava conferir os salários dos seus trabalhadores e naquele sábado era dia de pagamento. Era um sábado diferente dos outros porque... enquanto fazia as contas, tinha o pensamento absorvido por aquela obcecação constante que mal o deixava ver os números.
Tinham decorrido três meses e Chris Robertson não recebera ainda o merecido castigo!
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