domingo, 15 de junho de 2014

PAS318. A magia do Kentucky


É possível que a sedutora melodia da canção de Stephen Collins Foster, «My Old Kentucky Home», seja mais conhecida do que o hino nacional americano. O que é certo é que muitos «kentuckyanos» têm pelos dois o mesmo respeito, como inalterável é a lealdade pelo seu querido Estado.

O próprio nome de Kentucky é pronunciado pelos seus lábios com um acento quase religioso. Pronunciam-no murmurando docemente, com reverência, de modo que resulta qualquer coisa assim como «caintuqui».

Dito desta forma é uma extraordinária chave mágica que abre todas as portas, incluindo as da sociedade mais mundana e de mais alto prestígio. Um homem não tem mais que dizer que é de Kentucky, para que aos olhos dos que o rodeiam apareça como uma autoridade em questão de mulheres, de cavalos e de «whisky».

Igualmente, à mulher menos recomendada basta-lhe fazer alusão à sua ascendência «kentuckyana» para que todos vejam nela a «rainha» do baile, e para que flutue à sua volta como que uma espécie de Perfume de magnólia e um roçar de magníficas sedas.

E se dois «kentuckyanos» se encontram no outro extremo do mundo, em Tombutu, por exemplo, caem nos braços um do outro como dois irmãos que não se vissem há muito tempo, mantendo, em seguida uma animada conversa sobre os seus antepassados e a actual situação do «primo Jim».

Se conseguem arranjar «whisky» Bourbon, a conversa gira à volta de recordações, e há muitas probabilidades de que venha a terminar com os acordes «My Old Kentucky Home» cantada em coro. O próprio Foster, nascido em Plittsburgh (Pensilvânia), deve ter sofrido o bruxedo de Kentucky quando escreveu os seus famosos versos em 1852. Por essa época encontrava-se ele de visita a Federal Hill, em casa dum seu parente, o juiz John Rowan, em Bairdstown, cidade pela qual haviam passado eminentes visitantes, entre eles Henry Glay, os presidentes James Monroe, James Buchanan e James K. Polk, assim como o marquês de Lafayette.

Hoje, Federal Hill está aberta ao público, e não é a sua menor atração o banco de macacaúba do grande vestíbulo de altos tectos, no qual Foster se sentou para escrever o estribilho:

«Não choreis mais, senhora, não choreis hoje mais.
Vamos cantar uma canção em honra da velha casa de Kentucky
da velha casa de Kenitucky
que tão longe de nós está».

 

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