sexta-feira, 29 de abril de 2022

CLF057.10 A morte de um facínora

Rollins assim que viu os dois rapazes que saiam do Banco, pressentiu que ia haver barulho e num movimento rápido tentou meter-se no seu armazém. Mas de pronto, pensando melhor, e confiando em que talvez Shannon não o tivesse visto, começou a andar pelo passeio e meteu-se no «saloon». 

Um minuto depois, Wiley e Clayton entravam, empurrando o guarda-vento do «saloon». Rollins, vendo em Evan Haskell a salvação providencial, acercou-se do balcão onde ele estava. O empurrão de Rollins, fez com que o «whisky» do copo de Evan se entornasse na altura em que ele o ia levar aos lábios. 

— Maldito estúpido! — gritou Evan, já um pouco bêbado —. Por que não olhas o que fazes? 

Rollins agarrou-se ao braço de Evan. 

— Tens que me proteger, Evan. Wiley já sabe do vale que seu pai me tinha assinado e vem aí... 

Neste momento, depois de se ter acostumado à penumbra do «saloon», Wiley acabava de ver Rollins junto de Evan Haskell, ao lado do balcão. Evan deve ter considerado um privilégio ser o defensor de Rollins que se encolhia cheio de medo junto dele. Evan estava suficientemente bêbado naquele momento para se sentir valente e agressivo. 

Wiley estendeu a mão agarrando Rollins por uma orelha, enquanto dizia: 

— Anda cá, que te vou sacudir o pó! 

Evan Haskell agarrou o pulso de Wiley. 

— Não tão depressa, rapaz. Se tens alguma coisa contra Rollins, podes falar comigo. 

Wiley não tinha esquecido a conta que tinha pendente com Evan Haskell. Ele não podia evitar que só a vista de Evan pusesse em ebulição todo o seu sangue, e como das outras vezes, teve que fazer um grande esforço para se conter. 

— Não te metas nisto, Evan... 

— Oh, claro que me meto. Tu não lhe tocarás nem num cabelo! 

A mão de Evan fazia pressão sobre o pulso de Wiley. Este dando um brusco safanão libertou-se da presa, retrocedeu dois passos e ficou olhando para Haskell com cautela. 

— Queres barulho, Haskell? É isso que pretendes? 

— Algum dia tu e eu nos encontraremos no meio da rua, de pistola em punho, e só ficará o mais valente dos dois — disse Haskell com uma voz cheia de ódio. 

— Se isso acontecer alguma vez, Evan, terás que beber muito para afogar no álcool a tua cobardia. Ou talvez necessites como da outra vez, que um par dos teus pistoleiros me agarre pelos braços, enquanto tu disparavas impunemente sobre mim... 

Evan Haskell fez menção de se lançar sobre Wiley, mas Clayton deu um passo em frente e interpôs-se entre os dois, empurrando Haskell para trás. Evan retrocedeu uns passos afastando-se de Clayton, olhando para este gritou: 

— E tu para que te metes, Tompkins? Será que o teu cunhado perdeu a confiança na sua rapidez e precisa de te levar para que o ajudes? 

Clayton, completamente calmo, respondeu: 

— Se puder, quero evitar que Wiley te meta uma bala no coração. Porque se Wiley fizesse isso, uma mulher da tua família iria chorar muitas lágrimas e sentir-se a rapariga mais infeliz da Terra. 

— Não mistures a minha irmã nisto! — rugiu Haskell, deitando espuma pela boca —. Proíbo-te que pronuncies o nome da minha irmã neste lugar! 

— Isso já me parece bem — disse Clayton —. Não o pronunciarei. Vamos Wiley. 

Clayton agarrou o seu cunhado com força por um braço e puxou-o em direção da porta. Wiley deixou-se arrastar de má vontade. 

— Desgraçados! — gritou Haskell, brandindo o punho, no centro do «saloon». — Hão-de fugir desta região como coelhos. Serão escorraçados todos, e aquele de vós que não fugir, arderá na sua cama, como o velho Tompkins ardeu... 

Já perto da porta, Clayton estacou de repente e voltou-se, fixando Haskell. A pele do rosto de Clayton tinha-se tornado da cor da terra. As suas mandíbulas estavam apertadas com força e os seus olhos negros brilhavam como carvões. Mas Haskell estava demasiado bêbado para notar tudo isto. 

— Sim, como teu pai — gritou na cara de Clayton—. Ou julgavas que ia ficar sem vingança o que fizeste a Barclay na montanha? Uns atrás dos outros irão caindo como coiotes! Todos, todos estão na lista! e chegará a vossa vez a seu devido tempo! 

— Repete isso, Haskell — disse Clayton da porta. 

— Ora bem. Que queres que repita, Tompkins, pobre diabo! Diz o que queres saber? 

— Só uma coisa, Haskell. Quem morreu primeiro, meu pai, ou o mexicano? 

— Teu pai... 

Evan, ainda que bêbado, descobriu logo a ratoeira em que tinha caído. O seu rosto tornou-se lívido, os lábios tremiam-lhe e a sua mão crispou-se na coronha do revólver. Foi talvez esse movimento instintivo que o perdeu. Talvez o seu propósito fosse «sacar», mas aquele pequeno gesto foi-lhe fatal. Clayton Tompkins empunhou o «colt» e fez fogo. Evans Haskell deu um salto, uma volta rápida e caiu de costas no chão. Na mão tinha o seu revólver e entre os olhos um orifício vermelho. 


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