segunda-feira, 25 de abril de 2022

CLF057.06 Uma desilusão que se traduziu em alívio

O Verão continuava com os seus intensos calores, e as suas tormentas quando no fim do mês de Agosto se apresentou a oportunidade que Wiley Shannon esperava. 

Naquela manhã, Wiley tinha ido ao povoado para comprar uma remessa de tábuas para a casa que estavam a reconstruir. 

A diligência de Pecos, que uma vez por semana se detinha para pernoitar em Benton a caminho de Santo António, estava parada em frente dos escritórios da Companhia, justamente ao lado do hotel do qual saíam os passageiros para se acomodarem na carruagem. 

Faltavam escassos segundos para a partida. O cocheiro já se dispunha a tomar assento no seu lugar quando um carro ligeiro apareceu no outro extremo da rua Maior, trotando a grande velocidade. 

Wiley Shannon que estava no passeio do armazém de Rollins, sentiu que o seu coração batia mais rapidamente. Alphens Ludlow conduzia o carrinho tendo ao seu lado a sua esposa Terry Haskell. Dois cavaleiros davam escolta à carruagem; Evan Haskell e aquele indivíduo que respondia pelo nome de Elder McPike. 

Saltando apressadamente do carrinho, Ludlow correu para os escritórios das diligências, enquanto Haskell e McPike desmontavam. Evam Haskell ajudou Terry a apear-se, enquanto McPike tirava do carrinho uma mala de viagem que levou até à portinhola da carruagem da diligência. 

Wiley pensou primeiro que Terry ia viajar com Ludlow, mas pelos vistos só Ludlow se dispunha a partir na diligência. 

Ludlow, com efeito, saiu do escritório. Aproximou-se de Terry e trocou com ela breves palavras. Inclinou-se. Ela levantou o lindo rosto e ofereceu-lhe os lábios. Ludlow beijou-a, subindo rapidamente para a diligência com a mala de viagem que McPike lhe estendia. 

O sangue fervia nas veias de Wiley Shannon, todo aquele tempo até que a diligência partiu, ciumento do beijo que Ludlow tinha dado a Terry. Uma despedida mais íntima, pensou, teria tido talvez lugar aquela manhã no quarto que legitimamente compartilhava Ludlow com a sua esposa. 

Wiley não podia suportar aquilo por mais tempo. As palavras de Josephine, com seu pesar, tinham penetrado no seu ânimo, torturando-o. Wiley pensou, que para ter-se casado à força com Ludlow se tinha resignado bem depressa, a ser para aquele homem odioso uma dócil e amante esposa. 

Wiley propôs-se sair de dúvidas de uma vez para sempre. E pelos vistos, as circunstâncias estavam pelo seu lado. 

Evan Haskell montou no carrinho com a sua irmã, enquanto McPike montava o seu cavalo, levando o cavalo de Evan atado ao carro, todo o grupo atravessou a rua Maior passando diante de Wiley e tomando o caminho do rancho dos Haskell. 

Terry pelos vistos, ia passar uns dias no lar paterno durante a ausência do marido. Ruminando para si os seus despeitos e os seus desígnios de vingança, Wiley acabou de carregar as tábuas e conduziu o carro até ao rancho. 

A reconstrução do rancho ia muito adiantada, se bem que por um preço muito mais elevado do que o velho Shannon tinha calculado no princípio. Enquanto almoçavam à sombra de uns algodoeiros ao meio de um calor tórrido, Stuart Shannon disse: 

— Parece mentira que os preços tenham subido tanto desde que construí esta mesma casa há trinta anos. Tenho receio que não tenhamos outro recurso do que pedirmos um empréstimo ao Banco. 

Depois do almoço, Wiley começou a selar o seu cavalo. 

— Vais outra vez ao povoado? — perguntou-lhe o seu pai. —Esqueci-me de trazer os pregos de três polegadas de que precisava o carpinteiro. 

Wiley não se tinha esquecido dos pregos, simplesmente tinha-os escondido na caixa das ferramentas, de maneira que o carpinteiro os poderia encontrar mais tarde quando ele já estivesse longe. 

Stuart Shannon resmungou qualquer coisa a respeito da pouca memória dos jovens e deixou-o partir. Willey não passou pelo povoado na sua viagem em direção do Norte. 

Pelo pôr do sol estava estendido de bruços por trás de uns arbustos, espiando com um binóculo o rancho de Haskell que se achava apenas a uma milha de distância. 

Há poucos meses atrás, Wiley tinha estado neste mesmo lugar, noutro pôr do sol, esperando o momento em que se aproximaria da janela de Terry para ajudá-la a sair e fugirem juntos durante a noite. Muitas coisas tinham acontecido desde então, e as circunstâncias tinham mudado bastante, mas os sentimentos eram quase os mesmos no coração de Wiley, idênticos a impaciência e o medo com que aguardava a noite. 

Uma hora depois, quando as estrelas brilhavam no céu cinzento e as luzes do rancho luziam na distância, Wiley Shannon tirou as esporas e comprovou o bom funcionamento do seu revólver. Agarrou o cavalo pelas rédeas e contornou o montículo onde tinha estado escondido, aproximando-se com cautela do rancho. 

Quando ainda se encontrava a meia milha de distância do rancho de Haskell, atou as rédeas do cavalo ao tronco retorcido de uma árvore e continuou com crescente cautela. A escuridão era completa quando chegou às proximidades do rancho. 

Deslizou por entre os troncos da cerca e deixou-se cair de bruços, esperando que passasse um vaqueiro que vinha assobiando do curral. Uma vez que o perigo se afastou, saltou com a sua perna inútil de rastos, entrando no estábulo dos cavalos os quais patearam inquietos. 

Escondido atrás dum bebedouro espiou a janela correspondente ao quarto de Terry Haskell. Wiley sabia que quando Terry se deitasse, alguma luz passaria por entre as madeiras da persiana, e este seria o momento de aproximar-se da janela e chamar. 

Enquanto Wiley ali se encontrava, ouviu uns passos que se aproximavam sem pressa, fazendo estalar as pedras do chão. Os olhos de Wiley, acostumados à escuridão, distinguiram a sombra de um homem que vinha segundo lhe pareceu, passeando. 

A débil claridade das estrelas arrancou amortecidos reflexos da placa de prata da culatra de um «rifle» que o homem levava na mão. Os passos continuaram aproximando-se até que se detiveram junto de Wiley. Um fósforo riscado na escuridão fez aparecer o rosto do homem que se tinha aproximado e que tinha um cigarro nos lábios. Era McPike. 

O risco que estava correndo aumentava e compreendeu qual era a missão de McPike naquele lugar. Ludlow tinha-se ausentado, mas desconfiado como bom jogador de «poker», não descuidava a vigilância da sua esposa. Esta era a missão do guarda-costas de Ludlow, rondar a janela de Terry. 

McPike fumou um bocado com as costas contra a cerca. Paciente e imóvel como um índio, Wiley esperou até que McPike atirou ao chão os restos do cigarro e recomeçou a sua ronda. 

Não foi muito longe, assim lhe pareceu. Chegou ao ângulo do edifício, deu meia-volta e voltou, passando por Wiley até ao ângulo oposto do edifício. 

Wiley considerou seriamente na conveniência de se retirar o mais depressa possível. Se McPike o descobrisse ali, primeiro dispararia e depois perguntaria o que tinha vindo ali fazer. Mas por outro lado, Wiley precisava de falar com Terry, e isto quanto antes melhor. Talvez uma oportunidade como esta não se tornasse a apresentar. 

Enquanto Wiley refletia, umas delgadas linhas de luz brilharam através das persianas da janela que ele vigiava. McPike regressou e aproximou-se da janela para espreitar pelas frestas. Quando se aproximou, o seu «rifle» bateu na janela. Ouviu-se uma voz inquieta: 

— Quem está aí? 

McPike afastou-se apressadamente e respondeu: 

— Sou eu, senhora Ludlow. Elder McPike, não tenha medo. Estava a fazer a minha ronda... 

— Pois então afaste-se da minha janela. 

Dentro do quarto ouviu-se correr uma cortina. A luz desapareceu das frestas. McPike retrocedeu até ao lugar onde tinha estado enquanto acendia o cigarro. Wiley ouviu-o resmungar por entre dentes. 

Passados uns minutos, o inquieto McPike esfregou os pés contra o chão e deixou o «rifle» encostado à cerca. Wiley via-o bem agora. Estava a tirar a cigarreira do bolso e dispunha-se a fazer um cigarro. Era o melhor momento. 

Wiley silenciosamente sacou o revólver do coldre e com a respiração suspensa ergueu a coronha do revólver... 

O demónio de McPike deve ter pressentido qualquer coisa nesse instante, pois voltou a cabeça e tentou afastar-se da cerca. O revólver de Wiley apanhou-o na fronte. Soltou um gemido e caiu sem sentidos. 

Willey apressou-se, pois tinha medo de que o pistoleiro tivesse ficado só aturdido e se pusesse a gritar em qualquer momento. Passou por entre os troncos da cerca, inclinou-se e amordaçou-o com o seu próprio lenço. Depois tirou-lhe o cinto, tirou-lhe o revólver arrojando-o para longe e depois amarrou-o fortemente. Em passadas largas, chegou junto da janela na qual raspou levemente com o cano da pistola. 

— É você outra vez, McPike? — disse de dentro uma voz irritada. 

— Sou eu, Terry, Wiley. 

Ouviu-se uma exclamação de surpresa seguida de um longo silêncio. 

— Terry, será que não vens abrir? — perguntou Wiley impaciente. 

— Meu Deus! — ouviu-se de dentro a voz de Terry. 

Ouviu-se o ranger das janelas e o abrir das persianas. Uma mancha pálida apareceu, era o rosto de Terry. 

— Wiley! Estás maluco? Que fazes por aqui? 

— Precisava falar contigo. 

— Mas se te descobrem... Há um homem de guarda por aqui. 

—Eu sei, é McPike. Deixei-o sem sentidos com uma pancada na cabeça. 

Novamente a rapariga deixou escapar um gemido de angústia. 

— Vai-te embora, Wiley, não posso falar contigo... Meu Deus, estás louco! 

— Vim por ti, Terry. Para te ver, para saber se ainda me queres e se estás disposta a fugir comigo como da outra vez. 

— Wiley!... Wiley!... Não compreendes que agora tudo é diferente? Sou uma mulher casada! 

— Casada com Ludlow, mesmo contra tua vontade. Não posso acreditar que ames esse homem... esse porco de cara de gelo. Tens que fugir comigo, Terry. Agora mesmo se tu quiseres! Posso selar um desses cavalos que estão no estábulo. Não demorarei mais tempo do que tu precisas para meter quatro trapos num lenço e saltar por essa janela... Terry! Será que não me ouves? 

A expressão do rosto que se destacava no fundo escuro do quarto, era certamente de ausência. Ela olhava-o fixamente, ainda que pelos vistos não o via a ele, mas aos perigos que se ocultavam por trás da sua arriscada proposta de fuga. 

— Terry! — Wiley estendeu uma mão e tocou-lhe. 

A jovem estremeceu e fugiu com a mão. 

— Vai-te, Wiley, estás louco. Vão matar-te se te descobrem falando comigo, e a mim... Oh! a mim estás-me a comprometer! 

Wiley experimentou uma sensação parecida à de ter recebido um balde de água fria na cabeça. 

— É tudo o que tens a dizer, Terry? Só que te estou comprometendo? 

— Não posso ir contigo, Wiley. 

— Por que és uma mulher casada? 

—E por que vou ter um filho. Um filho do meu marido, compreendes? As coisas mudaram, Wiley... e eu sou uma mulher decente... quero ser fiel ao meu marido... não quero ver-me metida em sarilhos... 

— Amas o teu marido? — perguntou com voz surda. 

Terry guardou silêncio. 

—É então verdade o que a tua irmã me disse de ti? — gritou ele. 

—Não grites. Por amor de Deus que te vão ouvir! -- exclamou a jovem assustada. 

Wiley ouvia-a bater os dentes. Não havia dúvida de que tinha medo, ainda que não por causa dele. Wiley então disse: 

— Sim, agora creio que é verdade. Enganaste-me também no que diz respeito a Muldrow, não é verdade? Tu quiseste fazer-me crer que Muldrow te sequestrou contra a tua vontade, mas é possível que ele seja um bom rapaz... um pobre vaqueiro a quem tu tornaste maluco com as tuas coqueterias... e uma vítima circunstancial de que te serviste simplesmente para dar um desgosto a teu pai e a teus irmãos... e que depois deixaste enforcar inculpado de uma falta que não cometeu. Oh, bem vejo agora a classe de mulher que tu és! 

— Nada tenho a explicar do que aconteceu com Muldrow — disse ela rangendo os dentes —. É certo que deixei que me galanteasse, mas nunca lhe dei nenhuma esperança nem lhe fiz nenhuma promessa... nenhuma! E quanto a ti... 

— Quanto a mim nada tens que explicar. Os teus actos falam por ti. 

— Disseram-me que tinhas morrido... 

—E tu apressaste-te a procurar consolo casando-te com outro homem. Sempre imaginei que te tinham levado atada e amordaçada ante o juiz que vos casou. Gostava de te imaginar soluçando e rechaçando com unhas e dentes o homem odioso que te tinham imposto como marido, mas agora creio que não lhes deve ter custado muito a convencer-te... 

Ela com voz mais calma disse: 

— Agora alegro-me que tenhas vindo. Era necessário que tivéssemos tido esta explicação. Tudo acabou para sempre. Proíbo-te que voltes a procurar-me.… e será melhor para ti que não o faças, se estimas a tua pele. O meu marido é muito ciumento. E agora há mais alguma coisa que precise ser aclarada? 

— Não — disse Wiley com voz surda —. É o suficiente. 

Voltou-lhe as costas com desprezo e afastou-se. Não usou de nenhuma das precauções que tinha empregado ao chegar, nem reparou em McPike que tinha recobrado os sentidos e o olhava com as pupilas incendiadas de ódio. 

Atravessou a cerca e afastou-se rapidamente alcançando a árvore onde tinha deixado preso o seu cavalo. Ao montar e ao olhar para o rancho, viu luzes que corriam de um lado para o outro apressadamente. Deviam ter descoberto McPike e agora procuravam--no a ele. 

Wiley pensou que não era caso para se deixar enforcar por aquela rapariga inconstante que acabava de lhe tirar todas as ilusões. Esqueceria Terry e detestaria a sua lembrança, mas não correria por ela o menor risco. 

Cavalo e cavaleiro perderam-se na escuridão da noite e no silêncio da pradaria ressoou o rítmico bater dos cascos do cavalo que se afastava. 

Wiley esperava que a sua visita ao rancho dos Haskell daria que falar e que o perseguiriam, mas não antes do regresso de Alphens Ludlow. Perto da meia-noite, chegou ao seu rancho. Mesmo usando todo o cuidado não conseguiu evitar que o seu pai acordasse. 

— Pode saber-se onde estiveste? 

—Estive no rancho dos Haskell. 

— Outra vez? Eu já esperava. Viste Terry? 

— Falei com ela. 

Shannon guardou silêncio, depois suspirou. 

—Meu filho, já és suficientemente crescido para decidir por ti mesmo o que te convém. Mas o meu dever é dizer-te isto. Não está bem o que estás a fazer... e o que te propões fazer ainda é pior. Terry é agora uma mulher casada. Fugir com uma mulher casada é ilícito perante as leis de Deus e dos homens. Ludlow estava no seu direito de perseguir-te e matar-te onde te encontrar... 

— Isso acabou, pai. Para sempre. 

Shannon olhou com ar desconfiado para o seu filho, dizendo: 

— Nunca me mentiste, Wiley. Creio que falas verdade e não sabes quanto me alegras. Agora vamos dormir. 

Deitaram-se. O despertar de Wiley no dia seguinte, não foi contra aquilo que ele esperava, um abrir de olhos e uma profunda amargura e solidão de espírito. Era estranho o que lhe sucedia, mas longe de sentir-se triste e acabrunhado sentia-se com um novo vigor, qualquer coisa parecida com um alívio que experimentava ao desprender-se de uma grande carga da sua consciência. 

O carpinteiro disse que precisava de uns certos pregos e que era necessário ir buscá-los a Benton. Wiley disse que estava disposto a ir ele. Atrelou o carro e partiu. 

Era perto do meio-dia quando entrou no povoado sob um sol abrasador. Frente ao «saloon» havia alguns cavalos cujas rédeas caíam sobre o pó. Cheio de calor e de sede, Wiley parou o carro à sombra e entrou r «saloon». 

Uns quantos mexicanos ocupavam um par de mesas tendo à sua frente jarros de cerveja. Como vinha da rua cheio de sol, Wiley não pode reconhecer nenhum dos presentes. As persianas corridas davam ao um ar fresco, criando uma atmosfera que convidava ao sono e a falar em sussurro. Wiley dirigiu-se ao balcão e pediu uma cerveja. 

— Olá, coxo. Muito calor? 

Era a primeira vez que alguém em Benton se permitia falar no defeito da perna de Wiley. este voltou-se de repente para quem lhe tinha acabado de falar. Os olhos de Wiley, rapidamente acostumados à escuridão do local, cravaram-se com desgosto na cara de Elder McPike. 

O pistoleiro estava numa mesa isolada, a dois passos do balcão. Por debaixo do chapéu que conservava na cabeça, via-se uma ligadura em redor da cabeça. Não era um encontro para festejar, e Wiley torce o nariz num gesto de desagrado. 

— Você outra vez? — disse Wiley entre dentes. 

—Na verdade não esperava ver-te tão depressa. 

— Quer isso dizer que abandonou o seu lugar de cão de guarda para me vir visitar? 

McPike tirou o chapéu, tendo, porém, o cuidado cl o fazer com a mão esquerda. Disse, apontando a liga dura que lhe rodeava a cabeça: 

— Sabes quem me fez isto? 

— Creio reconhecer a pedra com que tropecei ontem à noite. 

— Podias-me ter morto. 

— Tropecei sem querer. 

— Eu tinha ontem uma missão a cumprir. Tinha que disparar contra qualquer que se aproximasse de certa janela. Agora, naturalmente, não é o caso. Mas quero que saibas uma coisa: os patrões que me pagar podem confiar em mim, porque nunca deixo de cumprir uma missão. 

— Exceto quando não pode — disse Wiley, irónico. — Nunca, Shannon, mete bem isso na cabeça. 

Wiley olhava para McPike de frente. Provavelmente, pensou, o pistoleiro considerava-se na obrigação de o matar para assim oferecer um feito que apagasse u sua negligência da noite anterior. 

Wiley estava tenso. Os escassos mexicanos que se encontravam no «bar» levantaram-se das suas mesas e começaram a sair com grande rapidez, mas sem fazer barulho. O homem que estava atrás de Wiley junto do balcão deixou cair um copo que tinha entre as mãos o qual se fez em bocados contra o chão. McPike disse: 

— Ouvi dizer que eras um bom atirador com o revólver. 

— Sim. 

— O melhor da comarca? 

—É possível. 

McPike atirando o seu chapéu sobre a mesa, disse: 

— Gostaria de ver o que és capaz de fazer com ele. 

—É possível que tenhas uma surpresa... 

McPike inclinou-se ligeiramente para alcançar o revólver. Estava tão certo da sua superioridade sobre Wiley que nem sequer se dera ao trabalho de se levantar. Tal negligência ia ser-lhe fatal. 

Wiley Shannon empunhou o seu «Colt» ao mesmo tempo que o homem do «bar» se agachava atrás do balcão. Soou o estampido de dois tiros. O grande espelho que havia em frente do balcão, saltou em bocados ao impacto de uma bala. Uma cadeira rangeu. Ouviu-se barulho de um corpo que batia no chão de madeira. 

O homem do «bar» esperou meio minuto mais. E face do silêncio que reinava na sala aventurou-se assomou a cabeça com grande precaução. O que viu não era o que esperava. Wiley Shannon estava de pé com o «Colt» ainda fumegante na mão e debaixo da mesa jazia o corpo McPike sobre um charco de sangue. 


Sem comentários:

Enviar um comentário