Warrenton, que tinha a sua oficina de ferreiro à entrada da rua Maior, foi o primeiro a cumprimentar os viajantes.
— Olá, Shannon! Caramba, Wiley, tens muito bom aspeto! Como estás, rapaz? E pensar que por cá julgávamos que estavas morto!
Warrenton, evidentemente, naquele dia tinha vontade de falar. Mas ao mesmo tempo, qualquer coisa sabia, mas não se atrevia a dizer aos seus amigos, travava a sua língua e fazia com que só dirigisse olhares de surpresa para os Shannon.
— Bem, Ted, vamos para a frente — disse Shannon saudando com a mão.
A carruagem arrancou levando atrás de si o cavalo de Wiley preso à sua retaguarda. A carruagem apenas se tinha afastado uns metros, quando a senhora Warrenton apareceu e disse, surpreendida:
— Como! São esses os Shannon?
— São. E Wiley vem com eles.
— Mas se disseram que ele tinha morrido numa aldeia do Novo México.
— Pois é, Mary — disse Warrenton, pensativo. —Agora estou a pensar que alguém fez correr essa voz de propósito, mas não está certo.
Marido e mulher guardaram silêncio enquanto viam a carruagem afastar-se pela rua fora. Pouco depois a senhora Warrenton dizia:
— Não contaste a Wiley do casamento de Terry Haskell?
—Não.
— Quem terá coragem para lhe dizer?
— Não te preocupes que não tardará em saber. Há muitas pessoas que gostam de dar essa classe de notícias aos amigos...
A carruagem dos Shannon acabava de passar em frente ao edifício do Banco, quando um homem que saía do armazém de Rollins levantou a mão, pondo cara de assombrado. Era Frank Goldbeck.
— Shannon, por vida de...! O jovem Wiley!
— Olá, Frank — disse Shannon, puxando as rédeas. — Como estás?
— Nós todos vamos bem... Mas, segundo parece acabas de chegar? E Wiley continua vivo e bem vivo! Não imaginas como estou contente, Wiley... É uma verdadeira surpresa!
Goldbeck ficou silencioso olhando para a cara sorridente e um pouco pálida de Wiley. Rube Donnel atravessou a rua, vindo do «saloon» de Rory, e Rollins apareceu ao mesmo tempo à porta do seu armazém.
Tanto Rollins como Donnell se aproximaram da carruagem dos Shannon, expressando-se ambos em iguais termos de surpresa como antes tinha feito Goldbeck.
Rollins, que como merceeiro estava ao corrente dos pequenos mexericos do povoado e gozava da fama de os fazer circular entre os seus clientes do sexo fraco, avançando decididamente, disse:
— Se vocês acabam de chegar devem ignorar o que se passa com Terry Haskell. Wiley, não te disseram ainda?
— O quê, Rollins? — disse Wiley, pálido.
— Que Terry se casou com Alpens Ludlow há um par de semanas. Ou foram três, Rube?
— Frank, isso é verdade? — perguntou roucamente.
— Infelizmente, é, Wiley. Tenho pena — disse Goldebeck triste. Depois com um grito—: E tu, Rollins, maldito linguareiro, podias estar calado!
— Julguei que Wiley já soubesse — desculpou-se Rollins —. Além disso, mais tarde ou mais cedo alguém lhe havia de dizer.
— Pois, e tinhas que ser tu quem o havia de dizer! Wiley, não leves isso muito a peito. Terry é boa rapariga. Provavelmente alguém a enganou dizendo-lhe que tinhas morrido... Isso foi o que todos acreditámos e Terry com certeza também.
Donnell, Goldbeck e Rollins, tinham os olhos fixos na expressão de Wiley. Duas mulheres assomaram à porta do armazém e outros vizinhos cruzaram a rua em direção do carro dos Shannon.
— Quem foi, Donnell? — interrogou —. Quem foi?
— Não sei dizer-te, Wiley. Não sei. — murmurou Donnell.
Mas Rollins apressou-se a dizer:
— Foi Josephine Haskell, ou os vaqueiros que vieram com ela. Josephine disse que te tinha deixado morto nos braços de teu pai, naquele povoado do Novo México...
Wiley ficou calado por alguns segundos. Seu pai, irritado, disse, empunhando as rédeas:
— Obrigado pelos teus bons ofícios, Rollins. Até outro dia, amigos.
A carruagem arrancou bruscamente e os vizinhos que acudiam, de todas as partes ficaram penalizados por não poderem ver a expressão da cara do velho Shannon. O carro passou como uma seta pela rua Maior ante os olhos surpreendidos de muitos vizinhos. Quando já seguiam pelo caminho que ia ter ao seu rancho, Shannon disse:
— Se Alphens Ludlow mantém ainda a sua oferta, vendemos-lhe o rancho e vamos para longe, para outro sítio.
Wiley levantou a cabeça vivamente surpreendido.
— Porquê precisamente a Ludlow?
— Por que é o único a quem agora pode interessar. O nosso rancho confina com o seu pelo lado do rio, e Ludlow parece disposto a reunir a maior manada de reses na extensão mais vasta da comarca.
— Não. — disse Wiley secamente.
Shannon por sua vez acrescentou:
— Estás cheio de ódio e de rancor, Wiley. Isso não é bom, nem conduz a nenhum lugar.
Wiley calou-se e passados uns momentos rugiu por entre dentes:
— Essa maldita Josephine... por que faria correr a boato de que eu tinha morrido?
— Pode ser que ela acreditasse de verdade que tu tinhas morrido. O médico não dava um centavo pela tua vida no dia em que nós chegámos ao povoado.
— Josephine estava lá, não?
— Estava.
— Esperando que eu morresse, como os corvos esperam que a sua presa morra para soltar um grasnido de contentamento.
—Pode ser que estejas a julgar a rapariga com excessivo rigor — advertiu Shannon —. Na realidade preocupou-se de que nada te faltasse enquanto nós não chegávamos.
—Bah! Por que havia de se preocupar comigo?
— Pelo menos tinha uma razão. Se tu tivesses morrido, o seu irmão teria que comparecer frente a um jurado para responder a uma acusação de assassinato.
De novo Wiley se calou para pouco depois dizer:
— Sim. Verdadeiramente era essa a única razão que podia ter. Não posso estar agradecido pelo que me fez. E quanto a fazer correr o boato de que eu tinha morrido... Isso foi um ardil destinado a enganar Terry para a obrigar a casar com Ludlow! Mas a coisa não termina por aqui! Terry gosta de mim. Ludlow terá que pôr arame farpado e canhões em volta da sua mulher..., mas nem mesmo assim poderá impedir que eu lhe roube Terry!
Garcia e Ramón, os dois vaqueiros mexicanos que Shannon tinha deixado para que cuidassem do rancho, receberam os seus patrões com grandes manifestações de alegria.
Como todos os habitantes de Benson, os dois mexicanos também julgavam que Wiley tivesse morrido na aldeia do outro lado da divisória dos Estados.
O rancho dos Shannon estava situado a meia encosta de uma colina coberta de árvores. Com uma bonita paisagem sobre o rio que serpenteava por entre os campos. Não muito grande, construído de madeira o ao estilo espanhol, era cómodo e de construção bem orientada para os fins a que se destinava.
Do pórtico da casa, onde convalescia numa cadeira de repouso, Wiley descortinava por entre o rio, a planície que se estendia até às montanhas, que se erguiam majestosas no horizonte. A partir do rio, até ao pé da montanha, 300 000 acres de boa terra de pastos pertenciam a Haskell.
Para o Sul, Haskell tinha cedido em época recente 60 000 acres de estepe a um tal Alphens Ludlow, a dois dólares o acre, o que era um bom preço, tendo em conta que o preço de custo daquelas terras fora de 50 centavos de dólar, depois da declaração da Independência do grande Estado da Estrela Solitária.
Deste lado do rio, numa região que se ia tornando cada vez mais árida e acidentada em direção ao Oeste, ficavam os restantes rancheiros, nenhum dos quais podia possuir uma manada superior a mil cabe-ças de gado segundo um antigo acordo que tinha acabado com a sangrenta rivalidade daqueles vizinhos.
Agora, e para demonstrar que nenhuma obra humana é eterna, aquele velho acordo entre vizinhos tinha sido denunciado, uma vez, quando um homem chamado Zenón vendeu o seu rancho a Ludlow, havia questão de um ano. Desta maneira, um rancheiro que possuía uma manada com mais de mil cabeças de gado, passava a possuir uma parte dos direitos da comunidade para que o seu gado pastasse a Oeste do rio.
Ao adquirir o rancho de Zenón, Ludlow contraía o compromisso de não aumentar a manada acabada de comprar. Porém, não era isto o que Ludlow estava fazendo, mesmo quando lhe sobravam terrenos do outro lado do rio tinha começado a trazer as suas reses para este lado, com o pretexto de que o compromisso contraído pelo vendedor da pequena manada não o obrigava a ele a respeitar isso.
Até então, tudo tinha ficado em protestos por parte dos pequenos rancheiros. Mas, em princípios de Junho, quando Wiley veio para casa convalescente das suas feridas, o calor do Verão fazia-se sentir intensamente e Wiley via do pórtico da sua casa como a terra começava a ficar amarelenta, formando grandes nuvens de pó que o vento arrastava sobre o rio.
O estio tinha começado no rio, onde já começavam a aparecer grandes bancos de areia, e pronto as estepes de Haskell se tornariam num mar de pó, onde as reses encontrariam sérias dificuldades para se alimentar, tendo que percorrer grandes distâncias sob um sol de fogo em busca de água para aplacar a sua sede.
Quando isto acontecesse, os pequenos ganadeiros do Oeste, encaminhariam os seus rebanhos até aos fundos e húmidos «canhões» da montanha, onde as reses encontrariam ainda humidade e erva até às primeiras chuvas do Outono.
Porém, a capacidade daqueles «canhões» era logicamente limitada, limitando o número de reses que poderiam sobreviver aos rigores do Verão daquele deserto, e aqui começava o problema levantado por Ludlow ao trazer para o deserto um número de reses maios do que aquele que por acordo lhe estava permitido.
Os quatro primeiros dias, depois do seu regresso a casa, foram os piores para Shannon. A ferida do peito parecia ter-se ressentido da dureza da viagem, o calor era insuportável e além disto tudo, ardia numa febre interior, consumido pelos ciúmes e pela sua raiva impotente.
Durante as tardes em que se deitava na sua cadeira de repouso, no pórtico, Wiley via brilhar como espelhos os vidros da casa de Ludlow, casa que ele fizera construir há pouco tempo atrás, sobre o cume de uma Colina distante.
Wiley pensava então que Terry estava lá, prisioneira por detrás daqueles vidros que refletiam os raios do Sol, talvez olhando para ele e, como ele, suspirando por um passado morto, com uma possibilidade remota de ressuscitar nos seus corações.
Mesmo que Wiley tivesse prometido que libertaria Terry, seguramente que agora já não ia ser a mesma coisa, e Wiley não sabia se na realidade queria ou não realizar a promessa. De qualquer maneira, ali estava sentado, com a muleta ao lado, imaginando rasgos de valentia, planos de evasão, com tiros de pistola, cadáveres de homens e o furioso galopar de cavalos ao abrigo da noite.
A imaginação de Wiley não parava um só momento, e como complemento desta atividade mental, dedicou-se com verdadeiro ardor a exercitar a perna que tinha sofrido o ferimento, dando frequentes e esgotantes passeios pelo pátio e sob os algodoeiros.
A lentidão em recuperar o torpe movimento da sua perna irritava-o e encolerizava-o, mas passados momentos voltava a tentar. Experimentou montar a cavalo.
Ao fim de uma semana já conseguia sustentar-se obre a sela, servindo-se do truque de alongar o comprimento do estribo do lado esquerdo de modo que a sua perna lhe servisse de apoio.
Não podia galopar desta maneira sem deixar de sentir dores na perna, mas já foi muito animador poder lar passeios a cavalo, os quais ia alongando dia a dia.
Quando finalmente já podia montar e desmontar sem a ajuda dos vaqueiros, Wiley deu uma manhã um passeio mais comprido do que o costume através dos Pancas do rio até ao pé da colina donde se erguia a pretensiosa mansão de Alphens Ludlow, com a sua pesada arquitetura e o seu aspeto sombrio.
Escondido como um ladrão, armado com binóculo de campanha, Wiley espiou as janelas da casa com a esperança de ver Terry nem que fosse de longe. Repetiu durante uma semana estes passeios e ainda que não tivesse conseguido ver Terry, voltou um dia e outro, até que foi finalmente surpreendido por um cavaleiro de Ludlow quando se encontrava entregue à sua ansiosa espionagem.
—Olá, amigo. — Era uma voz desconhecida a que falava nas suas costas.
Ao voltar-se, encontrou-se de frente com um homem baixo e magro de feições carregadas que lhe apontava um «rifle», era a primeira vez que o via.
— Que faz por aqui? — perguntou o sujeito; respondendo logo a seguir à sua pergunta—. Espia a casa, não é isso?
Wiley não respondeu.
—Venha comigo.
— Aonde? — perguntou Willey, inquieto.
— A casa do senhor Ludlow, naturalmente.
— Acha isso indispensável? Não é delito parar para contemplar uma casa com um binóculo.
— Talvez. Mas já o vi várias vezes fazendo o mesmo, e o senhor Ludlow mandou-me que o levasse à sua presença, se o conseguisse apanhar. Bem, deixe cair os seus revólveres e monte a cavalo. Agora vai ver a casa de perto.
Sob a ameaça do «rifle», Wiley fez o que lhe ordenavam. Durante o trajeto, Wiley sentiu-se envergonhado e furioso. Ao fim e ao cabo, não era muito brilhante a sua posição no papel que estava a representar.
Alguns vaqueiros de Ludlow olharam para ele com ar de troça e de curiosidade, quando ele chegou a casa. O próprio Ludlow saiu à porta e ficou olhando para ele, com as mãos nos bolsos, enquanto eles desmontavam.
O aspeto de Ludlow, como de costume, era irrepreensível.
Não era um homem novo, Wiley já o conhecia há vários anos e sempre o conhecera igual. Elegante, frio, cerimonioso, imperturbável e fleumático como um bom inglês. Ludlow tinha uma estatura normal, de feições regulares, quase belas. Era um tipo atraente, no ponto de vista das mulheres, entre as quais gozava de grande partido... De qualquer maneira era um homem que Wiley não podia suportar.
Ao desmontar e tomar a sua bengala para se aproximar de Ludlow arrastando a sua perna ferida, Wiley Shannon sentiu-se num plano de vergonhosa inferioridade frente a este homem, o que lhe provocou uma surda irritação.
— Gostaria de saber com que direito você mandou que o seu vaqueiro me trouxesse aqui, Ludlow.
— Se McPike o trouxe, foi com certeza porque o encontrou nas minhas terras. Não foi?
— Assim foi, senhor Ludlow. Encontrei-o lá em baixo espiando a casa com este binóculo.
Hélder McPike estendeu os binóculos a Ludlow que os repeliu com um gesto elegante. Ludlow dirigindo-se a Shannon disse:
— Venha por aqui, senhor Wiley, entre e descanse.
A atitude amistosa de Ludlow era desconcertante para Wiley, o qual vacilou uns segundos antes de o seguir ao interior da casa.
O gosto de Ludlow, duvidoso quanto ao estilo da casa que mandara construir, manifestava-se com mais acerto com a escolha dos móveis. A casa estava luxuosamente mobilada, talvez com demasiado luxo para uma fazenda que se destinava à criação de gado. Aquilo não era propriamente um rancho, mas um sumptuoso palácio encaixotado num remoto e poeirento recanto do imenso Estado do Texas.
Ludlow depois de ter tomado assento e de ter indicado um sofá a Wiley, disse:
— Suponho que estava lá em baixo tratando absurdamente de ver minha mulher com esse binóculo. Se era isso tudo o que desejava, por que não veio diretamente cá visitar-nos? Nós tê-lo-íamos recebido com muito agrado.
O incrível desta situação era que Ludlow parecia falar completamente a sério. Wiley, vermelho até à raiz dos cabelos, não conseguia responder. Uma mulher mestiça apareceu no salão e Ludlow ordenou-lhe:
—Maria, veja se a senhora está visível, e diga-lhe que esperamos por ela. Sente-se, senhor Shannon. Toma café com toda a certeza.
Ludlow dominava por completo a situação. Era um homem que podia dirigir qualquer conversação pelo caminho que melhor lhe conviesse.
— Admiro-o, senhor Ludlow. Nunca esperei que tomasse a coisa assim.
— Que esperava então que fizesse, Shannon? Que o expulsasse por ter vindo espiar a minha casa?
— Não me refiro a isso, mas a...
— A sua infortunada fuga com Terry, perseguido pelos irmãos Haskell?
— Bem, Ludlow, a verdade é que não o compreendo. Você não tem o menor motivo para sentir apreço por mim. E eu por minha parte detesto-o. Tirou-me a mulher que eu queria e com a qual eu tinha fugido para casar. Você não julgará que me resigno e que vou deixar as coisas como estão?
— Shannon, por favor — disse Ludlow rindo —. Sei bem quais são os seus sentimentos e por isso desculpo-o. Ao contrário, na realidade estou-lhe reconhecido...
— Está a troçar de mim, Ludlow?
— Falo absolutamente a sério. Quando Josephine regressou da sua viagem e me veio ver, na realidade propôs-me uma venda... Disse que você tinha morrido, e que a honra de Terry ia ficar mal, se alguém não casasse imediatamente com ela...
— Meu Deus! Josephine disse isso? — exclamou Wiley aterrado.
— Eu sabia que ia representar um papel pouco airoso aos olhos da critica, mas isso a mim não me importava. E se me tivesse importado, todas as minhas dúvidas teriam acabado no dia do casamento... quando descobri que a honra de Terry tinha ficado incólume.
Wiley pôs-se violentamente de pé apoiando-se à sua bengala.
— Basta, Ludlow, não quero continuar a escutá-lo!
Tinha a cara vermelha e apertava as mandíbulas de tal maneira que se notava à flor da pele a força que fazia. Ludlow levantou-se também.
— Compreendo que não queira ouvir falar nisto. De qualquer maneira, Shannon, estou-lhe agradecido por se ter portado com a sua noiva como um verdadeiro cavalheiro. Entretanto Wiley, tinha começado a andar para a porta—. Não quer esperar que a senhora Terry desça, senhor Shannon?
Agora sim, Ludlow troçava da sua vítima. Wiley voltou-se irado, levantando a bengala... no momento preciso em que Terry aparecia na escada. Wiley levantou os olhos, fixando-a. Ela também o olhou, envergonhada, quase a ponto de começar a chorar.
— Guarde-a bem, Ludlow, por que logo que possa eu lha tirarei.
Ludlow sorrindo friamente, acrescentou:
— Obrigado pelo aviso. Tê-lo-ei em conta.
Wiley saiu, batendo com a bengala contra o chão. E por uma questão de amor-próprio, fez um grande esforço para que não se notasse que coxeava. McPike esperava-o no pátio, junto dos cavalos.
— Dê-me os meus revólveres — disse Wiley.
McPike fez um gesto negativo.
— Vou acompanhá-lo até ao rio e aí lhe devolverei o seu cinturão.
Furioso, Wiley dirigiu-se para o seu cavalo. McPike agarrou-o por uma perna para o ajudar a montar. Wiley voltou-se, batendo-lhe com a bengala no braço. McPike retrocedeu com um salto.
— Não me ponha as suas mãos porcas em cima — rugiu Wiley.
McPike permaneceu afastado, enquanto Shannon montava com visível esforço. Os olhos de McPike brilharam como carvões.
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