— A fonte está a menos de um quarto de milha e ainda que nada se veja de suspeito, o melhor é deitar uma olhadela, antes de acamparmos aqui, porque neste local podemos observar quem se aproxime.
Adams e Finnerty encarregaram-se da missão e em breve voltavam para anunciar que o terreno estava completamente deserto. Fizeram rapidamente os preparativos para acampar, enquanto Skin e o cocheiro levavam os cavalos a beber. Quando voltaram, o cocheiro pingando água da cabeça aos pés, disse:
— Porque não tomam banho? A água está deliciosa... Mesmo as senhoras podiam fazê-lo.
— Oh, não! — exclamou Josie —. Morreria de medo, se tivesse de ir sozinha até ali.
Merry, ao contrário, sentindo-se suja e suada, depois de tão longa viagem, por uma estrada cheia de pó, numa pequena caixa como o interior da carruagem, que era um forno durante a hora do sol mais forte, aceitava a perspetiva dum banho como algo tão delicioso, que não quis renunciar a esse prazer e por isso consultou seu pai, discretamente.
— Não vejo razão para que o não faças — disse este —. Esperemos que seja noite e que a lua nasça.
— Não será perigoso?
— Não. Os índios, se o podem evitar, não atacam nem viajam de noite.
Estavam todos a dormir, ou deitados, pelo menos, exceto Smith, a quem pertencia o primeiro turno de guarda, quando pai e filha, foram até à lagoa, já noite fechada e com luar.
Enquanto seu pai, vigiava junto ao caminho, Merry entrou na água. Era uma noite formosa, cálida e tranquila. A lua, refletia-se nas águas serenas e cristalinas da lagoa, tornando o lugar verdadeiramente encantador.
Não obstante, Merry não teve o prazer que supunha com o banho. A razão era simples: estava com medo. Parecia-lhe que mil olhos, ávidos e ameaçadores, a vigiavam da espessura do arvoredo.
A água estava a uma temperatura deliciosa, mas o seu corpo escultural flutuou só uns momentos, tremendo, e saindo precipitadamente da água, desejando já estar vestida. Chegou aos arbustos onde deixara a roupa limpa de que se tinha prevenido, quando o seu medo se converteu num arrepio de angústia, e ia a gritar desesperadamente, quando uns braços de ferro a sujeitaram pelo pescoço, como se pretendessem estrangulá-la.
Durante uns momentos, que pareceram uma eternidade, ficou paralisada, sentindo-se levantada no ar, a ponto de quase desmaiar de medo e asfixiada. Mas tinha de lutar... lutar desesperadamente ou...
Quis gritar, mas a pressão dos dedos na sua garganta, afogava todos os sons e impedia-a de respirar. Sentia-se perdida. Ia morrer, talvez. E seu pai? Porque não acudia? Oh! Se pu desse fazer qualquer cuido! Avisá-lo de qualquer modo...! E tinha de fazê-lo: Zumbiam-lhe os ouvidos, e uma dor insuportável esmagava-lhe o peito. Asfixiava. Era o fim!
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