Fecharam a porta por dentro e Alan sentiu uma espécie de arrepio pela espinha acima, sem sequer corresponder à cortês saudação do médico, ao passar por ele.
Ali estava Kirby! Tinha-o, finalmente, ao seu alcance. Por nada, no mundo, deixaria de fazer justiça.
Deitou fora o cigarro e apalpou as armas, como era seu costume. Avançou até à porta do quarto e, com os nós dos dedos, bateu na madeira.
Kirby abriu e ficou hirto. O seu único olho brilhou de terror e o rosto enrubesceu para depois ficar branco como cera.
Alan avançou mais, enquanto o banqueiro retrocedia, assustado, sem sequer pensar em empunhar a arma que lhe pendia da cintura. Gregory fechou a porta com o pé e aproximou as mãos dos revólveres.
— Não, Alan! Não faças isso! — A voz de Kirby, como a de todos os cobardes quando estão em perigo, era aguda e chorosa. — Dou-te o que quiseres...! O documento, a sociedade no Banco... Tudo que peças… mas não me mates! Não podes fazê-lo!
— Dê-me a vida de meu pai, a de Bertha... a de Anne. É tudo quanto peço para não o matar como um cão.
— Por Deus, Alan! Não o faças! Sou um pobre velho! Não! Não...!
O rapaz sentiu náuseas perante tanta cobardia. Não teve ânimo para disparar, para o crivar de balas, conforme tencionava. A angústia que estava causando àquele homem bastava-lhe para vingança. Mas, por isso, quis acentuá-la mais ainda e, com gesto pausado, tirou um revólver e engatilhou-o ruidosamente.
O grito de Kirby ouviu-se certamente muitas milhas em redor. O aterrorizado indivíduo caiu de joelhos, proferindo palavras ininteligíveis. Depois, tombou como um saco vazio.
Alan inclinou-se sobre ele, e auscultou-lhe o coração, verificando que não batia. Aquele homem que, com a nua desmedida soberba, se julgara senhor de El Paso e de todo o Texas, acabava de morrer de algo ignominioso que uma bala; tinha morrido de Medo!
(Coleção Bisonte, nº 47)
Sem comentários:
Enviar um comentário