domingo, 22 de dezembro de 2013

PAS198. O ataque da cascavel


Contexto da passagem: Alan, Soledad e Dick, unidos por acaso a partir da Missão do Socorro, após o padre ter desvendado o segredo do mapa, partiram à procura do tesouro. Ao fim de algum tempo o cansaço chegou


Ao meio-dia, fizeram alto para descansar um bocado e dar repouso aos cavalos. Alan julgou perceber várias vezes o ruído característico do galopar de cavalos, mas não conseguiu ver qualquer ser vivo até onde a sua vista alcançava. Além deles próprios, ninguém parecia ter-se aventurado por aquelas paragens.
Todavia, quis certificar-se melhor e empoleirou-se num rochedo altíssimo donde conseguia observar uma enorme extensão de terreno crestado e árido. Mas só descobriu árvores definhadas e esqueléticos arbustos.
Acautelando-se para não escorregar na rocha lisa, Alan Gregory deixou o seu posto de olbservação e decidiu reu­nir-se a Soledad. A cerca de uns quinze melros da rapa­riga deteve-se, horrorizado com o quadro que se lhe deparava. A mestiça, com o chapéu caído sobre os olhos, estava placidamenlbe deitada à sombra de uma rocha, tendo como almofada a jaqueta de couro..
Alan conteve a respiração. Uma gigantesca cobra cascavel balançava a cabeça achatada e repelente sobre o peito da jovem, pronta a prendê-la nos seus poderosos anéis. Gregorv olhou para os cavalos, um pouco afas­tados do local da cena, com medo de que eles se aper­cebessem da presença do terrível réptil e com o seu re­ linchar assustado precipitassem algum desenlace funesto.
Rapidamente, procurando não fazer o menor ruído, o rapaz tirou um dos revólveres e disparou três vezes consecutivas, com a certeza e precisão que seriam de esperar de um homem que tão desembaraçadamente ma­nejava 09 «Colts», e os pesados projéteis esmigalharam a cabeçorra da serpente. Soledad acordou sobressaltada e ergueu-se de um salto.
— Que aconteceu ? — perguntou, empunhando a arma.
Não foi necessária qualquer resposta. A seus pés jazia o cadáver do peçonhento bicho e com um simples olhar compreendeu tudo. Quase instintivamente, mais por re­pugnância do que por medo, recuou um pouco.
— Caramba, amigo! — resmungou. — Você retri­buiu com juros o favor que lhe fiz. Se hei-de morrer calçada, ao menos que seja de outra forma qualquer. Não me agradaria ser esmagada jjor um destes animais asquerosos. Obrigada, Alan. Nunca esquecerei isto.
— Não tem importância, Soledad.
Olharam um para o outro e foi ela quem primeiro baixou os olhos.
(Coleção Bisonte, nº47)


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