De longe, Estrela Matutina viu-os chegar. Junto dela, um
grupo de mulheres e crianças recebeu com alvoroço Coração Valente a quem
receavam já não voltar a ver. Bill picou de esporas o cavalo, adiantando-se ao
companheiro, ansioso por chegar junto da sua «squaw».
- Viva, Estrela Matutina – saudou alegremente, apeando-se de
um salto. – Sonhava com o momento de voltar a ter-te nos meus braços..
A mulher não respondeu uma única palavra. Avançou
lentamente, como se receasse chegar a seu lado; depois, apertando-se contra
ele, mergulhou a cara no seu peito e rompeu em soluços que lhe agitavam o
corpo. Bill julgou compreender e sentiu o coração esmagado pelo peso de uma
rocha enorme. Angustiado, perguntou:
- Que aconteceu, Estrela Matutina? Será que Coração Valente
continua a não ter o filho prometido?
- Coração Valente tem um filho – respondeu a mulher em voz
triste, sem erguer a cabeça nem deixar de soluçar.
- Quero vê-lo – exigiu Bill, que não percebia nada do que
tinha acontecido. – Mostra-mo, Estrela Matutina.
- Sim, mostra-o – suplicou Hurricane que se tinha juntado ao
grupo. – Deixa ver o teu filho.
Os três avançaram para a tenda. As mulheres e as crianças da
tribo abriram alas num impressionante silêncio. Assim que entraram, ouviram o
choro insistente de um menino pequeno. Bill aproximou-se e ergueu-o nos braços.
Era uma criança magra que chorava constantemente. Colton olhou para ele e
soltou um grito de surpresa:
- Tem os olhos verdes, como eu.
Era verdade, mas não era só isso que Bill notava. O menino
era raquítico, tinha a pele pegada aos ossos e uma cabeça enorme sobre um
pescoço que parecia incapaz de aguentá-.la. Lançou à mulher um olhar de
interrogação.
- O filho de Coração Valente está mal, muito mal – explicou
Estrela Matutina entre soluços. – Algum inimigo deitou-lhe mau olhado. Está
embruxado! Embruxado!
(Coleção Pólvora, nº 46)
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