Pelo cérebro de Bill desfilavam aqueles seis anos
maravilhosos. Na companhia de Lewis e Kit tinha deambulado de um lado para o
outro, numa constante viagem por novas terras, dormindo debaixo de céus
diferentes. Com eles, tinha transposto dez vezes as Montanhas Rochosas, indo
pelo Oeste até Às montanhas da costa, subindo o curso do Snake e do Aslmon,
descido pelo Sul a Fort Utach, onde agora se tinham instalado os mórmones, à
margem do Great Salt Lake, subido pelo Norte até às frias terras do Canadá, com
os seus bosques cheios de caça; conhecia as terras banhadas pelo Clark, o Milk
e o Marias, o Teton e o Wind River.
Aprendeu quatro dialetos que lhe serviam para se entender
com os índios das diversas tribos espelhadas pelos bosques e pelas montanhas.
Conhecia à distância a diferença que havia entre um «pé negro» e um «shoshone»,
entre um «assiniboia» e um «sioux», entre um «dakota» e um «kootenaki». Tinha
entre eles inimigos que o odiavam e amigos que lhe queriam, mas não era
desconhecido para nenhum o nome de Coração Valente, amigo de Atirador Seguro e
Companheiro Leal.
Ao fazer o balanço daqueles seis anos, tinha de reconhecer,
satisfeito, que havia realizado todos os seus desejos. Todos, exceto um:
encontrar Estrela Matutina. Isolados nas montanhas, refratários a todo o
contato com os brancos, os «shoshones» pareciam distantes e inacessíveis. Os
guerreiros de outras tribos negociavam com os rostos pálidos, recebiam-nos nos
seus povoados e fumavam com eles o cachimbo da paz. Os «shoshones», não.
E Estrela Matutina estava entre eles…
(Coleção Pólvora, nº 46)
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