Havia na povoação um rapaz, atrasado mental, que não se
metia com ninguém, e ao qual chamavam «Sansão». Quase todos sentiam pena dele,
ajudando-o a viver por meio de esmolas.
Era sabido que «Sansão» não podia cheirar sequer o álcool.
Prová-lo equivalia a ficar meio louco. Certa noite, Andi Quersboll quis
distrair-se e obrigou-o a beber, entre os olhares e palavras reprovadoras de
todos quantos assistiam.
«Sansão», frenético, lançou-se sobre o «gracioso»,
cravando-lhe os dentes com tal afinco no ombro que pouco faltou para lhe
arrancar um bocado. Foi difícil separá-los. Quando Andi se viu livre, arremeteu
contra o infeliz, dando-lhe uma tareia fenomenal.
Turban chegara nesse momento À taberna em que se havia
desenrolado a cena. Ciente desta, prestou os seus cuidados a «Sansão».
Quersboll chamou-o:
- Eh, Bradley! Deixe esse idiota e ocupe-se de mim. Veja
como ele me deixou!
Como se não tivesse ouvido, o médico prosseguiu no
tratamento da verdadeira vítima. Andi insistiu:
- Está surdo? Terei de o obrigar a cumprir o seu dever?
Turban olhou-o com dureza:
- És uma besta e eu não sou veterinário!
O pistoleiro apontou-lhe a arma.
- Tens cinco segundos para obedecer à minha ordem.
Bradley teve um sorriso e um olhar desdenhoso. Voltando
ainda mais as costas a Quersboll, continuou a curar «Sansão».
Talvez a ideia do «gun-man» não fosse outra senão amedrontar
o médico; mas mesmo que o fosse nunca a teria podido levar a cabo: cinco homens
caíram-lhe, atacando-o pelas costas, e reduziram-no à impotência. O interesse
despertado pelo novo doutor era imenso para se resignarem a uma tragédia. Andi
foi atirado lá para fora, intervindo nisso todos os fregueses.
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