sábado, 5 de outubro de 2013

PAS100. Uma embuçada na noite escura

Fechou a porta e desceu a escada vagarosamente, enquanto colocava outra bala no carregador. Depois de se convencer que a rua estava tranquila, avançou em direção oposta à Main Street. Alcançava a rua Grant quando viu em sentido oposto uma figura feminina embuçada e apressada. Deitou o chapéu sobre os olhos, apesar de não haver luar suficiente para reconhecer o seu próprio irmão e desviou o rosto ao passar pela desconhecida que, por sua vez, efetuou a mesma manobra, passando rápida ao seu lado.
Mas Casey perdeu repentinamente toda a sua pressa… Aquele perfume!
No entanto continuou a andar, sem voltar a cabeça, subitamente apreensivo. O frio da manhã era bastante intenso, mas não foi isso que lhe esfriou o sangue, arrepiando-o.
Acelerou o passo até chegar ao muro das traseiras de Carmen Orozsco e depois de olhar rapidamente para ambos os lados, saltou. O pátio estava vazio e as janelas fechadas. Avançou rápido, com passos de lobo, sobre a erva. Para Casey foi tarefa fácil escalar até à varanda. Tampouco lhe deu trabalho abrir a janela que dava para o comprido corredor. Estava tudo silencioso.
Avançou com a cautela de um gato. A porta dos aposentos de Carmen estava fechada, mas abriu-se suavemente ao empurra-la. O candeeiro emanava uma luz débil. Entrou, fechando-a atrás de si.
Carmen Orozsco, vestida com o traje “grenat” com que ele a havia conhecido, jazia no divã. Sobre o seu coração destacava-se o cabo de um punhal.
 
 
(Coleção Bisonte, nº 30)

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