- Compreendi em Malamosa, prisão onde cumpri três anos, que
um homem não pode viver isolado. Precisa da companhia dos seus semelhantes e
eu, se mudasse de vida e para não cair nas mãos da justiça, teria de viver
sempre escondido. Não é possível resistir.
Norma insistiu:
- Se mudasses de vida, encontrarias bons amigos e, além
disso, encontrarias também uma mulher disposta a acompanhar-te e a estar sempre
a teu lado, ainda que tivessem de ir esconder-se no recanto mais abruto da
Serra Mãe.
Tom estremeceu. Poderia existir para ele tamanha felicidade?
Voltou-se para a rapariga que o fitava com infinita ternura e os lábios entreabertos
como prestes a entoar canções de amor.
- Norma… - murmurou.
A jovem não se afastou, sorrindo-lhe com expressiva doçura.
- Tom, meu amor…
O rapaz atraiu-a a si, cingindo-a pela cintura. As mãos
delicadas da jovem, mãos feitas para acariciar e suavizar a dor, ergueram-se
até se aferrarem à camisa de Tom, enquanto cerrava os olhos abandonando-se ao
abraço. Os seus lábios uniram-se num beijo de ternura e amor.
Depois, Norma encostou a cabeça ao ombro do cavaleiro,
dizendo:
- Meu amor, abandona tudo. Se for preciso, fugiremos para o
México. O importante é que estejamos juntos. O resto não interessa.
Tom não respondeu. Sentia uma tranquilidade e uma paz na
alma como nunca julgou poder alcançar.
A seguir: Coleção Búfalo, nº 36
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