Hughes era um bom homem, engenheiro de profissão e brando de
coração como todos os que chegam aos quarenta sem terem tido tempo disponível
para mulheres. Casou-se com ela e levou-a para o Arizona, sem lhe perguntar
nada sobre o seu passado. Pelo menos, foi isso o que Louise contou a Dan Casey, dez
dias antes da boda, pedindo-lhe que cortassem as suas relações, pois daí para o
futuro, queria portar-se como uma mulher honrada. Ele prontamente acedera aos
seus desejos, comovido por aquela regeneração.
Por isso, agora, ao receber a sua carta, havia acorrido
imediatamente. Àparte as boas recordações que guardava de Louise, revoltava-o
que alguém lhe tivesse inutilizado os seus bons propósitos, matando-lhe o
marido. E agora ela confessava que lhe havia querido…
A mulher separou-se um pouco e perguntou-lhe:
- Quando chegaste, Dan?
- Esta noite.
- Não… não vieste na diligência que…
- Já o sabes? Sim. Vinha nela. Mas não creio qe tentassem
eliminar-me a mim. Como foi isso do teu marido?
Ela libertou-se completamente do seu abraço e a sua voz
tinha agora uma dureza quase metálica.
- Tu já sabes que John era engenheiro. Engenheiro-chefe da
2Independance”. Ninguém tinha qualquer razão contra ele, todos o apreciavam. E
éramos… éramos muito felizes – a sua voz quebrou-se logo voltando a
endurecer-se. – Uma noite, há três meses, trouxeram-mo para casa com uma bala
na cabeça. Disseram que o tinham encontrado assim no escritório da mina. O
xerife afirmou que era um suicídio e todos o acreditaram menos eu. Eu sabia que
John não tinha motivos para se matar. Naquele mesmo dia tínhamos estado a fazer
projetos e ele mostrou-se tão… Bem, como sempre! Ele não se suicidou, Dan!
Começou a soluçar e voltou a procurar refúgio nos seus
braços…
(Coleção Bisonte, nº 30)
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