O calor do dia, o calor que tanto se fizera sentir quando
atravessara o deserto, desaparecera e o cavalo parecia beber o vento fresco da
noite. Os seus olhos de animal acostumado à vida selvagem das pradarias sabiam
desviar-se dos obstáculos das rochas e das árvores com precisão de um morcego e
sem diminuir a velocidade prodigiosa que levava.
Jack Stevens nem em sonhos
poderia imaginar uma só vez, quando o escolheu, o maravilhoso animal que ia
possuir. Bem podia até perdoar-lhe as quedas que o obrigara a dar quando se
propôs domá-lo. A fidelidade e eficiência de «Falcão» eram bem merecedoras
desse perdão.
Mas… sofrera muito até deixar de ser um potro selvagem?
«Falcão» recebeu mais do que a disciplina da corda e do chicote: carinho, muito
carinho mesmo. O animal sabia pagar a estima do dono e nesta altura de tal modo
procedia, brindando-o com a rítmica e segura correria. Os seus cascos caiam com
precisão, faiscavam nas pedras do caminho,, pareciam saltar como se fossem
disparados por um arco, produzindo no silêncio da noite m eco que podia ser
considerado com um hino de vitória.
- Bravo, «Falcão» - murmurava Jack entre enternecido e
admirado.
E o animal prosseguia na sua maravilhosa corrida como se na
realidade compreendesse as palavras do dono.
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