sexta-feira, 11 de outubro de 2013

PAS112. Uma missão sublime

Correu para a casa que a Morte ensombrara. O quadro era desolador. A mulher e os órfãos soluçavam abraçados ao corpo sem vida, cujo rosto, contraído pelo último sofrimento, parecia implorar vingança.
Também ele chorou, sem que lhe ocorressem palavras de consolo. Maldisse o doutor Davis, pensando que os verdadeiros homens de ciência não teriam fracassado naquele caso.
Não pôde resistir ao angustioso espetáculo e retirou-se em silêncio.
Deambulou várias horas. Se encontrasse o pistoleiro Grimme naquele dia ter-lhe–ia descarregado em cima todo o tambor do revólver.
- Quando me vais mandar estudar, tio? – foram as sua primeiras palavras mal se achou na presença de Somerset, o tutor.
- Rapidamente, rapaz. Na verdade, tenho tantas ocupações que não me dediquei ainda ao assunto. Mas… a que propósito vem essa pergunta agora? Estás transfigurado. Sucedeu-te alguma coisa desagradável?
Deixando.se cair sobre uma cadeira, o jovem articulou:
- Max Brety morreu. O velho Davis não foi capaz de o curar. Eu tê-lo-ia salvo se soubesse o que um médico deve saber.
Tolerante, persuasivo, Clak replicou:
- Imaginas que no dia em que tiveres o teu curso já não morrerá mais gente? Pensas que a tua ciência poderá alterar a marcha do mundo? Que será o bastante encarregares-te de um enfermo para que esteja certa a sua cura?
Bradley declarou, com admirável firmeza:
- Não, não sou nenhum néscio! Do que estou convencido é de que a Medicina deve ser uma espécie de sacerdócio, no qual não devia ser permitida a entrada a quem não a considerasse assim. O médico é obrigado a estudar, estudar sempre, nos doentes e nos livros, consagrando-se a arrebatar vidas À morte, missão sublime e que perde a sua grandeza quando se lhe não rende o tributo que merece.

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