sábado, 20 de outubro de 2018

BIS163.07 Encontro sob a tormenta

A tormenta que há muito se anunciava, aproximava-se rapidamente. O céu apresentava-se encoberto, pardacento e ameaçador; de quando em quando, o clarão de um relâmpago rasgava as trevas, iluminando o horizonte...
Lupe fustigou a parelha de cavalos que puxavam a carruagem que ela mesma conduzia. Sentia-se possuída de um medo terrível; de um pânico atroz; uma força desconhecida, porém, impelia-a para a frente, no intuito de se desempenhar da tarefa de que Lou Twerlin a incumbira. Mais uma vez ia servir de engodo...
Subitamente, numa curva do caminho, sentiu um sobressalto no coração. Um grupo de cavaleiros, cavalgando em sentido contrário ao seu, cortaram-lhe a marcha. Lupe reconheceu Bart Lackwood.
A avaliar pela descrição que Twerlin lhe fizera, o «venerável» Lockwood não podia ser outro senão aquele cavaleiro de porte altivo e distinto que se avantajava um palmo acima de todos os outros. Era um homem de altura fora do normal, de cabelo grisalho, rosto agradável e com um aspeto de excelente pessoa.
Sim, aquele homem era Bart Lockwood. O cínico, astuto, duro, cruel e implacável Bart Lockwood. Os cavaleiros que formavam a escolta do «venerável» eram homens vulgares; vulgares pistoleiros...
Com um esticão enérgico, Lupe retesou as rédeas obrigando a carruagem a deter-se. Um instante depois, estava rodeada de pistoleiros.
— Que significa isto? Porque me atalhou o passo? — perguntou, colericamente, a rapariga.
Descobrindo-se com a maior cortesia, Bart Lockwood fez à jovem uma rasgada reverência.
— Peço-lhe que nos desculpe, senhora; mas, pode saber-se qual é o seu destino, metendo-se ao caminho com esta ameaçadora borrasca?
O homem expressara-se num tom delicado e cerimonioso. Lupe contemplou-o dos pés à cabeça com a maior firmeza e particular interesse.
— Para onde me dirijo? Para minha casa, naturalmente.
— E onde fica situada a sua casa?
— Estou instalada no Silver Hotel, e a verdade é que não faço a menor ideia acerca do caminho — explicou ela com uma expressão de susto admiravelmente fingido. — Sou uma simples forasteira e não conheço a cidade.
Calou-se, ofegante. Tinha o estofo de uma boa atriz. Estava representando às mil maravilhas a comédia que Twerlin lhe tinha ensinado.
— Volte para trás, rapidamente,— ordenou Lockwood. — Não há tempo a perder. A tempestade não tarda a rebentar, de um momento para o outro.
— Mas...
— Faça o que lhe digo, menina Montez! — disse Lockwood em tom autoritário; e a seguir, amenizando a sua expressão: —Porque a menina deve ser Lupe, a bailarina, não é isso?
— O meu nome é Montez. Lupe Montez. E não recebo ordens seja de quem for.
Lockwood esboçou um sorriso.
— Está bem — ripostou. —O meu nome é Bart Lockwood... Nunca ouviu falar de mim?
Naquele mesmo instante, um estrondo colossal retumbou no espaço, ao mesmo tempo que a chuva começou a cair em fortes bátegas.
— Depressa! — gritou Lockwood. — Venha comigo, ou vai passar um mau bocado.
O homem inclinou-se para a carruagem e pegando na jovem em peso, colocou-a com a maior facilidade na parte dianteira da sela. Esporeou a montada e lançou-se a galope em direção a uma cabana situada num outeiro próximo.
Lupe sentiu-se verdadeiramente espantada por se encontrar assim, de repente, nos braços do «venerável» Lockwood. Pensou tirar da situação o melhor partido possível, e tratou de se agarrar com ambas as mãos ao homem. Era o melhor começo da comédia que Twerlin lhe pedira que representasse.
Momentos depois, quando se desencadeava um tremendo aguaceiro, Bart Lockwood depositava o seu galante fardo sob o desconjuntado alpendre da arruinada cabana. Rápido, ágil e flexível — demasiado ágil para a sua idade —, o cavaleiro apeou-se e tomando a jovem pela mão, conduziu-a para debaixo do telheiro.
— Pronto! Um pouco mais de demora e...
O terrível aguaceiro descambou num autêntico dilúvio. Rugia o vendaval, inclinavam-se as árvores e rangia o tecto da cabana como se sobre ele estivesse caindo uma chuva de balas.
— Espantoso! — murmurou Lupe.
Estava hirta, tiritando de medo, enquanto contemplava a chuva que continuava a cair impiedosamente, através das fendas das tábuas que tapavam a única janela existente.
— Será melhor que envergue a minha samarra — disse Lockwood.
Despiu o agasalho e colocou-lho delicadamente sobre os ombros. Enquanto assim procedia, sentiu-se tentado a cingir-lhe a cintura. Resistiu, porém, aquela tentação.
— Obrigada -- murmurou ela, voltando-se. —Ê um homem muito atencioso, senhor Lockwood. E muito valente!
 O «venerável» Lockwood viu-se obrigado a pigarrear para aliviar a garganta; tinha a boca ressequida e teve dificuldade em articular as palavras.
— Espero... espero que não lhe tenha inutilizado o seu belo vestido, menina Montez — balbuciou. — Que desagradável temporal!
— Não, de modo nenhum. O senhor é que está completamente encharcado— disse a jovem apalpando com as suas mimosas mãos, os braços e o peito do seu companheiro de ocasião e verificando que tinha a camisa como uma esponja.
Um estremecimento percorreu o corpo de Lockwood que sentiu o sangue referver-lhe nas veias.
— Este refúgio é que não é dos melhores... cai água por todos os buracos...
A voz do «venerável» era débil, trémula, quase ininteligível.
-- Venha para aqui; este recanto é um pouco mais abrigado.
A meiga e cálida voz de Lupe sacudiu o homem de alto a baixo. Fora ela ...ela que dissera aquilo. Não havia dúvida: a jovem aproximava-se dele...
Bart Lockwood aventurou-se a cingi-la nos seus braços. Permaneceram silenciosos e anelantes durante alguns momentos, até que a jovem pareceu aperceber-se da ousadia do companheiro.
— O senhor é sempre assim tão atrevido com as mulheres ?
— Não! Não sou atrevido. A verdade é que você, Lupe, me transtornou o juízo por completo...
Foi entre o ruído dos trovões e o chamejar dos relâmpagos que a voz da jovem retorquiu:
— Diz isso para me envaidecer, senhor Lockwood?
— Juro-lhe que é a expressão da verdade. Enlouque-se-me, Lupe. Adoro-a...
Em face da apaixonada declaração do homem, ela respondeu com aparente ingenuidade e candura:
— Não posso acreditá-lo. Tem dito isso a tantas outras raparigas!
— Nunca conheci nenhuma como você, Lupe. Amo-a!
— Como é possível que um homem como o senhor, possa interessar-se por uma mulher que mal acaba de conhecer ?
Apertaram as mãos com mais força. Lockwood sentiu que o peito da jovem batia desordenadamente de encontro ao seu.
-- Sinto que você também gosta de mim, Lupe. Adivinho-o.
Debruçou-se para a jovem, procurando beijá-la. No último instante, porém, Lupe esquivou-se, agilmente, desviando os lábios que apenas lhe roçaram pelas faces.
— Não, senhor Lockwood, assim...
— Então que mal há nisso ?...
—Parece-lhe bem que duas pessoas que mal acabam de conhecer-se, se beijem sem mais nem menos?...
— Para os diabos as formalidades! Tenho ouvido já falar tanto a seu respeito que me parece, até, que somos velhos amigos.
— Como assim? Se o senhor nem sequer se deu ao , trabalho de ir ver-me dançar?
Após aquelas palavras de censura, Lupe afastou-se pouco mais do que uma polegada.
— Nem eu próprio sei como hei-de explicar-lho. Eu... dirigia-me agora, exatamente, para a cidade para ter, o gosto de vê-la. Ia convidá-la a visitar o meu rancho.
— Se eu pudesse acreditá-lo!
— Juro, por todos os diabos, que é verdade. Quero que venha a minha casa e que dance apenas para mim.
Do lado exterior da cabana, começou a ouvir-se um certo movimento. A chuva começara a diminuir de intensidade, com a mesma rapidez como tinha começado e os homens de Lockwood que se abrigaram sob o alpendre, parecia darem mostras de impaciência.
Lupe soltou um gemido.
— Oh! se nos descobrissem assim, que escândalo!
Bart Lockwood proferiu uma praga. A sua mão direita empunhou o revólver num movimento repentino.
— Bastardos! Vou corrê-los todos a tiro — resmungou.
A jovem atravessou-se-lhe na frente.
—Já acabou de chover. Vamos?
— Mas...
Naquele preciso momento, Lupe saiu-se com qualquer coisa de inesperado: lançou-lhe os braços ao pescoço e beijou-o na boca.
Voltou-se rapidamente e sem se importar com a chuva que continuava a cair, saiu a correr de dentro da cabana e encaminhou-se para junto da carruagem que os homens do «venerável» tinham conduzido para ali.
Lockwood correu atrás da rapariga e só se lembrou que estava em mangas de camisa quando um dos seus homens lhe ofereceu um agasalho.
— Vai-te para o inferno — gritou. — Quem é que se preocupa com uns pingos de chuva, quando está perto de uma mulher como aquela, imbecil?
A carruagem pôs-se em movimento levando Lupe consigo. Mal humorado, Lockwood ordenou que lhe trouxessem o seu cavalo.
— Rebanho de palermas — rugiu ele, ameaçando os seus homens. — Se não consigo alcançar a rapariga, juro que vos corro todos a chicote.
Correu, galopou furiosamente em perseguição da pequena berlinda, como um desvairado. Completamento em vão! Quando conseguiu avistá-la, estava já às portas de Silver City. Nenhum homem, por mais importante que fosse, poderia cometer o menor deslize e continuar a gozar do respeito do povo, ainda que esse homem se chamasse Bart Lockwood. As comunidades rurais usam de um critério muito apertado. Os maus juízos tem os seus inconvenientes. Como ia o «venerável» esquecer-se de uma coisa dessas ?
Refreando os seus ímpetos, acalmou a efervescência do sangue e adotando uma atitude mais de harmonia com a sua reputação de cavalheiro, limitou-se a servir de pajem a Lupe Montez, acompanhando-a cortesmente até à porta do hotel.
— Voltaremos a encontrar-nos? Quer dignar-se aceitar o meu convite, Lupe? — perguntou no momento da despedida.
Ela envolveu-o num olhar dominador.
— Não sei... pode ser que sim — respondeu.
E desapareceu por detrás da porta do hotel, deixando atrás de si o embriagante perfume do seu corpo, dos seus inefáveis encantos e do seu sorriso provocante e sedutor...
— Mata-se ou não se mata o homem, Walker ?
— Já te disse que não! São ordens do chefe.
Dodge segurou nervosamente a espingarda que empunhava junto da janela, de onde dominava completamente toda a rua que se estendia na sua frente.
— Corto o pescoço se esse Twerlin não é totalmente idiota — resmungou. — Onde vai ele descobrir uma ocasião melhor do que esta para acabar com Lockwood?
Tiktin divertiu-se à custa do seu companheiro.
— Já te deste ao trabalho de pensar que espécie de personagem é Lockwood?
— um homem como qualquer outro. Ou não é ?
— Estás enganado. Não é como qualquer outro e Twerlin sabe-o perfeitamente. E mesmo por isso que não se arrisca!
— Mas decide-se ou não se decide a fazer alguma coisa? — perguntou Teylor. — Confesso que, pela minha parte, ainda não consegui perceber o que ele quer. Não estará mas é maluco?
— Porque seria que Newman lhe concedeu auxílio?
— Sabe-se lá!...
Tiktin aproximou-se da janela.
— Mas que diabo estou eu a ver lá em baixo? Lockwood que conversa com Lupe e bem sorridente que ela parece.
— Twerlin é que foi da Ideia. Convenceu-a a fingir-se acessível — explicou Walker. — Que é que sairá dali?
— Para mim não passa de um tolo. Permitir que outro homem lhe corteje a companheira...
Teylor sorriu-se.
—E ele não a roubou a Newman?
— Segundo ele diz, foi o próprio Newman que consentiu nesta farsa.
— Se assim é...
Walker soltou um palavrão.
— Por que diabo se não calarão vocês? Assim não poderemos ouvir nada do que eles dizem.
—E que importância tem isso?...
— Lupe deve estar a preparar alguma tramoia.
— Melhor do que esta? — resmungou Dodge, levando a espingarda à cara.
Walker meteu-se de permeio, desviando o cano da arma para o tecto.
— Não estarás maluco de todo? Atreves-te a desobedecer às ordens do chefe?
— Idiota! E porque havemos nós de obedecer-lhe? Começo a aborrecer-me de tudo isto. .
— Também a mim me não agrada, mas a verdade é que ele que nos paga. Ou não?
— Pois paga. Mas é ou não é, para matar ?
— Mas quer que seja lá a seu modo.
—E ele não é tão assassino como qualquer de nós?
— Lá isso é verdade.
— Então que diferença pode haver?
— Não faço ideia. Sei apenas que ele só pensa na sua vingança.
— Bem digo eu que ele está louco. Não há dúvida de que está maluco de todo.
— O que ele deseja é fazê-lo lá a seu modo...
— Olha, lá entrou a rapariga para casa e ele já está rodeado pelos seus homens — informou Tiktin. — Despedem-se. Depois é que se vai ver...
Retirou-se da janela. Aborrecido e mal humorado, Dodge desarmou a espingarda e atirou-a para sobre a cama.
— Se me tivesses deixado, podia tê-lo liquidado com a maior limpeza — resmungou.
— Twerlin disse que era ainda cedo — insistiu Walker.
— Vai para o diabo mais o Twerlin!
— Está a lembrar-me uma coisa. Porque não havemos nós de deixar que Twerlin resolva sozinho os negócios à sua vontade ? — disse Teylor. — Convenceu-se de que é um ás? Pois então que dê provas disso...
— Abandoná-lo e deixá-lo sozinho a contas com Lockwood?
— Para que o matem, não ? Newman nunca nos perdoaria uma coisa dessas.
— Porquê ? Twerlin não é capaz de liquidar Lockwood?
— Deixa-te de dizer asneiras. Se o apanhassem sozinho não teria nem mais um segundo de vida. Desde que aqui chegámos não pôs ainda um pé na rua. Está convencido de que é por medo? Lembra-te de que Lockwood, tem aqui muitos amigos. Se Twerlin quer ajustar as contas com ele sem arriscar a pele, parece que é lógico que recorra à astúcia. Não concordas?
Walker olhou seguidamente, com ar carrancudo, para cada um dos seus companheiros.
— Talvez estejas dentro da razão — murmurou Teylor. — Então não se perde nada por esperar...
— É certo.
— Não vos parece que estamos a perder o tempo a discutir este assunto? Se estamos, afinal, todos de acordo, porque não o deixamos executar o seu plano?
— Ótimo. Que faremos então?
— Absolutamente nada. Esperar, simplesmente.
— Esperar... o quê?
— Que a rapariga consiga levar Lockwood para o campo que mais convenha a Twerlin.
— Pois esperemos...
Os quatro pistoleiros voltaram a refastelar-se nas camas e nos sofás do aposento pegando, de novo, nos copos de uísque que tinham poisado, momentos antes, ao aperceberem-se da chegada de Lupe em companhia de Bart Lockwood.
Na verdade, não tinham qualquer urgência na resolução daquele assunto. Mais cedo ou mais tarde, Twerlin acabaria por eliminar o seu inimigo e tudo ficaria resolvido a seu gosto...
Se as coisas saíssem mal e fossem eles próprios as vítimas, que necessidade tinham de se apressar? Aquela hora, a rua, completamente encharcada pela chuva que tinha caído, estava tranquila, deserta, silenciosa...
Era evidente que a cabeça de Lou Twerlin não servia apenas para pôr o chapéu. Depois do regresso de Lupe e perfeitamente informado do êxito da sua missão, sabendo que Lockwood estava completamente nas mãos dela, perdido de amores, começou a amadurecer o plano que traçara e que pretendia levar a cabo da mais cruel e da mais impiedosa das maneiras.
— Lockwood possui um pequeno rancho ao sul da cidade, junto do rio — explicou ele à rapariga. — é um lugar bastante solitário que raras vezes costuma frequentar. Fala-lhe nisso e diz-lhe que gostarias de o visitar na sua companhia... mas apenas os dois, libertos da presença dos seus antipáticos guarda-costas, compreendes?
— Compreendo perfeitamente, mas...
— Mas... quê?
— Não te estarás arriscando demasiado, Lou?
—  É certo. Estou a meter-me numa aventura demasiado perigosa e da qual me arrisco a sair sabe Deus como, mas estou na disposição de defrontar todas as contrariedades para dar a Lockwood o castigo que merece.
— Não seria preferível dar cabo dele aqui mesmo? Recebo-o no meu quarto e...
— És demasiado ingénua, Lupe! Convences-te de que me satisfaria o facto de o despachar com um tiro ou com uma simples punhalada? Não! Tem de ser de outra maneira...
— Mas porquê, afinal?...
— Não me faças perguntas, querida. Limita-te a obedecer às minhas ordens. Está bem?
A jovem abriu os lábios num sorriso forçado.
—Nunca gostei de trabalhar às cegas, compreendes?
Twerlin olhou-a durante alguns segundos, em silêncio, e resmungou:
— Sei muito bem que és uma rapariga inteligente, mas será bom que não te faças esperta de mais...
Lupe fez de conta que não ouviu.
— Lembra-te de que não podes tratar-me da mesma maneira como tratas Walker e os outros — disse Lupe em ar de desafio. — Tu não podes dispensar a minha ajuda ao passo que eu... posso oferecer-te...
—O mesmo que tens oferecido a outros, não? — ripostou ele, escarninham ente.
A jovem acusou a dureza daquelas palavras, mas sorriu-se abertamente, replicando com ironia:
— Posso oferecer-te o que até hoje não ofereci a homem nenhum: fidelidade!
O pistoleiro pôs-se vivamente em pé, como se fosse impelido por uma mola.
— Não pensas, certamente, em atraiçoar-me... — disse Twerlin, encaminhando-se vagarosamente para Lupe. —Pode saber-se quais são os teus planos? O velho Lockwood? A sua riqueza? As suas fazendas?...
—Não estás bom de cabeça! — disse. — Desde que encontrei na tua pessoa aquele homem forte, valente e decidido que sempre tinha sonhado, nunca mais formei planos..,
Twerlin dirigiu-lhe um olhar furioso. Levantou a mão com rapidez e aplicou-lhe uma violenta bofetada que lhe fez rebentar as lágrimas.
A jovem levou a mão à face e encarou-o quase com incredulidade.
— Nunca consenti que alguém falasse nesse tom a Lou Twerlin! — explodiu o pistoleiro.
A jovem hesitou um instante, acabando por lhe lançar os braços ao pescoço. A raiva assomara por um momento aos seus olhos, mas desaparecera assim como viera. Parecia que se transformara em gelo, mas voltou de novo a ser de fogo abrasador.
— Oh, Lou! Beija-me, meu amor!
Twerlin atraiu-a para si e beijou-a, avidamente, loucamente, desesperadamente...
Quando, por fim, a deixou. Lupe rodou sobre os calcanhares e afastou-se silenciosamente, em direção à porta. Abriu-a, relanceou os olhos pelo corredor e como verificasse que estava deserto, saiu. Excitado, furioso, Twerlin fechou a porta com duas voltas de chave. Se os seus planos de vingança se não realizassem rapidamente, acabaria por dar em doido!

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