O longo e desconfortável corredor do pavilhão estava completamente deserto. Nada. Ninguém. Silêncio absoluto.
O olhar agudo e frio de Lou Twerlin, esquadrinhou minuciosamente o corredor. As suas pupilas fixaram-se na porta do fundo, a única que se encontrava aberta de entre as muitas que havia nas duas paredes laterais.
Pertenciam todas a outras tantas celas iguais àquele que ele acabava de abandonar: «aquela» era a da repartição dos carcereiros. Com o revólver engatilhado na mão, avançou cautelosamente em direção da porta dos carcereiros.
— Está já pronto o condenado, amigo Bush ?
O guarda de serviço, único ocupante daquela dependência, ficou um instante como que petrificado, quando, ao erguer os olhos, reconheceu o homem que acabava de surgir à porta da casa da guarda, vendo-lhe na mão a arma que lhe apontava. Perplexo, tentou reagir. Empurrou a cadeira para trás, procurando atabalhoadamente lançar mão do revólver.
— Nem um gesto! Quietinho como se encontra e nada se passará, meu amigo...
A voz de Lou Twerlin soou como um sopro gelado. O carcereiro compreendeu que aquele homem não queria disparar a arma. Se assim não fosse já teria disparado, certamente. Mas... obedeceu. Ao vê-lo erguer as mãos, resignadamente, Twerlin sorriu-se.
— Assim está bem — disse com ar trocista. — Nem a mim me convém fazer barulho demasiado... nem a ti te convém ficar estendido, não é isto?
O carcereiro passou a língua pelos lábios. Estava incrivelmente pálido. Olhou com ar de ódio para o prisioneiro e murmurou:
— De nada te servirá tudo isto, Twerlin. Nada será capaz de te livrar da forca.
— Tanto pior para ti, bastardo maldito...
Cheio de raiva, Lou Twerlin descarregou uma violenta coronhada na cabeça do carcereiro. O homem soltou um leve gemido, dobraram-se-lhe as pernas e caiu enroscado como um novelo, aos pés do seu agressor. Voltou-o de barriga para cima: estava morto.
Twerlin franziu os lábios num trejeito frio e indiferente. Não era sua intenção agredir aquele tipo com tanta dureza. Mas, que diabo! O seu ofício era ou não matar? Despojou o morto do cinturão e do revólver. Agora dispunha já de dois magníficos «seis tiros». Aquilo ia-se compondo... bem!
Subitamente, Lou Twerlin apercebeu-se de que estava sentindo novamente aquela estranha sensação de gozo selvagem, quase animalesco. Sensação enervante aquela.
Qualquer pessoa com um revólver na mão se deixava arrastar pelas mais violentas e imprevistas reações, acreditando que, para ele, não haverá nada impossível...
— Olá!...
Que haveria de novo? Alguém batia fortemente à porta de ferro do pavilhão que dava para as celas. Dirigiu-se para ali com a mesma serenidade com que se prepararia para abrir a porta a um velho amigo que o visitasse.
— Com todos os demónios! Abrem ou não abrem? Sou eu, o alcaide.
Lou Twerlin sorriu-se Intimamente, ao ouvir o tom furioso daquela voz. Impaciência! Simplesmente impaciência ele dependurado na ponta de uma corda, para o ver a era o que se
adivinhava através da voz colérica do homem. Maldito!...
Correu o ferrolho do postigo de vigia e espreitou para fora. Nem o governador da prisão nem os quatro guardas que o acompanhavam notaram fosse o que fosse de anormal, além de dois olhos frios e duros que os fixavam...
— Está porventura bêbado, Bush? Abra!
O estranho sorriso de Lou Twerlin voltou a aflorar--lhe aos lábios. A sólida porta do pavilhão abriu-se de repente. E Twerlin, o prisioneiro, condenado à morte, saltou agilmente para fora, com a mesma flexibilidade de um gato montês.
Os homens, que se encontravam da parte de fora, ainda que um tanto desconfiados, nada puderam fazer.
Num abrir e fechar de olhos, Lou Twerlin, sem demonstrar o menor receio ou a mínima hesitação, avançou alguns passos e agarrando o alcaide por um braço, encostou-lhe ferozmente à barriga o cano do revólver:
— Explique aos seus homens o que poderá suceder, se algum deles se lembrar de levantar contra mim nem que seja um simples dedo.
O prisioneiro falava com um tal ar de segurança e de triunfo, que o governador das prisões viu a morte a um palmo dos seus olhos. E não hesitou:
— Quietos. Nem um simples gesto! — ordenou com a voz estrangulada na garganta.
Os quatro guardas ficaram imóveis como se fossem estátuas. A sua surpresa foi de tal ordem que nem sabiam o que deviam fazer nem que perguntar... Tão seguro se encontrava da situação que nem a perspetiva de se ver em liberdade lhe causava a menor emoção.
Lou Twerlin, ordenou:
— Todos para dentro. Rápido!
Encostou o revólver com tanta violência contra a barriga do alcaide que foi ele mesmo a empurrar os homens na sua frente.
— Vocês não ouviram? Rápido!
Entraram para o pavilhão. Twerlin abandou a pressão mas não largou o alcaide das mãos.
— Bem, rapazes — disse. — Vou ser condescendente para convosco apesar da vossa intenção ser enviar-me para a forca. Todos para dentro da casa da guarda.
Esperou tranquilamente que se tivessem recolhido no exíguo compartimento. A sinistra visão do camarada caído no meio do solo, de barriga para cima, com os olhos fora das órbitras e uma expressão macabra, acabou por amachucar o já abalado moral dos guardas federais.
— Todos em fila e de cara voltada para a parede. Mãos ao alto. E nada de habilidades se quereis conservar a pele isenta de buracos.
Os quatro homens encararam-no, imóveis, sem se decidirem a obedecer, mas também sem ânimo para resistir. Twerlin fez-se vermelho de cólera.
— Estais com vontade de que comece aos tiros, bastardos dos infernos?
Era mais do que evidente que aquele terrível criminoso não ameaçava em vão. Acabaram por obedecer.
— Quer fazer-me um favor, alcaide?
— Naturalmente... Claro... Claro que sim, Twerlin...
— Recolha todas as armas e atire-as para esse barril de água, está bem?
O alcaide engoliu em seco, ou antes, tentou engolir mas baldadamente. Sentia um nó na garganta... mas cumpriu as ordens recebidas. Lou Twerlin, impassível, vigiava a manobra, observando o lívido e tremebundo alcaide com os olhos atentos.
— Ordene, agora, a esse grandalhão da esquerda que dispa a peliça. Necessito de encobrir este flamante uniforme de presidiário.
O alcaide olhou-o, meio incrédulo e absolutamente perplexo.
-- Está louco, porventura? Faça o que fizer não poderá...
A duríssima e pesada mão de Lou Twerlin foi chocar violentamente numa das pálidas faces do governador da prisões.
— Nem um pio! A sua opinião não me interessa par coisa alguma.
O alcaide despojou o guarda da samarra que o prisioneiro lhe havia indicado e entregou-lha com a maio das submissões. Sem deixar, nem por um momento, de apontar a arma aos cinco homens, Twerlin, envergou a vestimenta, encasquetando, a seguir, um dos chapéus dos guardas. Vestido com aquela indumentária, ordenou, sempre de revólver assestado:
— Vamos, sair da minha frente.
Ante a sua ameaçadora expressão, o governado voltou para o corredor, de costas voltadas. Lou Twerlin fechou a porta do compartimento e cor reu o ferrolho. E a seguir:
— Vá abrindo as portas das celas. Rápido! Meia dúzia de reclusos precipitou-se ruidosamente para o corredor assim que, por artes mágicas, os ferrolho das portas das suas celas se foram abrindo um por um Morgan. Kansk. Pass. Cooper. Building. Weston. Seis foragidos da pior espécie. Seis criminosos, qualquer deles mais implacável e indiferente perante a vida do seus semelhantes, se reuniram ali, excitados e surpreendidos.
— Eh, lá, vocês: fora daqui... Rápido!
Os seis reclusos voltaram a cabeça na direção daquela voz imperiosa e autoritária e só então viram, quem? Lou Twerlin? Junto da porta de saída do pavilhão, com urre revólver em cada mão, olhando-os, frio e indiferente, estava, com efeito, Lou Twerlin. Morgan e os demais encaminharam-se, receosos, na sua direção.
— Que significa isto, Twerlin? Que pensas fazer?
— Disse-vos já que... fora daqui. Estais livres!
A voz seca e áspera do seu camarada, parecia acicatá-los. Saíram para o pátio. Não faziam ideia alguma do que iriam fazer nem para onde deviam dirigir-se. Também não sabiam como, nem porque se encontravam livres... Twerlin voltou-se para o alcaide.
— Bem, amigo — disse ele, encostando-lhe o cano do revólver aos rins. — Agora, enquanto os seus sabujos se ocupam em dar caça a todos esses estúpidos, o senhor vai conduzir-me para fora desta ratoeira, entendido?
Como se fosse um autómato, o alcaide saiu do pavilhão. Twerlin caminhava logo em seu seguimento. Procurou com os olhos os seis fugitivos e viu que, tanto Kansk como os outros, corriam como coelhos assustados em direção aos inacessíveis muros que cercavam a prisão. Sorriu-se. E apontando um dos seus revólveres, disparou. Demonstrou que era um atirador de primeira. Cooper soltou um grito, levou as mãos aos ombros e estendeu-se, surdamente, a todo o comprimento. A detonação repercutiu-se com um estrondo colossal, perturbando aquela pardacenta madrugada. Uma voz vinda do corpo da guarda, reboou pelo espaço:
— As armas!
Os guardas, sonolentos, saíram, a correr, precipitadamente, dos diversos pavilhões. Weston e os seus companheiros, acocoraram-se contra a parede, rangendo os dentes com o desespero da raiva.
— Maldito Twerlin! Javardo traidor!...
Algumas espingardas vomitaram chumbo candente. Uns, após outros, todos os fugitivos foram caindo mortos. Uns, após outros, os guardas foram dando caça aos foragidos. O último foi Morgan.
Através das lágrimas de dor e do sangrento véu que a morte lhe colocava ante os olhos, o foragido dirigiu um olhar ansioso para todo o pátio procurando, debalde, o homem que tinha sido capaz de os impelir a sangue frio para aquela horrível matança: Lou Twerlin. E gritou:
— Mas... mas... porquê?...
Enquanto ele tombava no solo, primeiro de joelhos e logo a seguir de bruços para não mais se levantar, estava q alcaide, no outro extremo do presídio, abrindo com a sua própria mão a porta falsa, destinada apenas ao seu uso pessoal, e que se escancarava para deixar desimpedido a Lou Twerlin, o caminho da liberdade. E da vingança.
O olhar agudo e frio de Lou Twerlin, esquadrinhou minuciosamente o corredor. As suas pupilas fixaram-se na porta do fundo, a única que se encontrava aberta de entre as muitas que havia nas duas paredes laterais.
Pertenciam todas a outras tantas celas iguais àquele que ele acabava de abandonar: «aquela» era a da repartição dos carcereiros. Com o revólver engatilhado na mão, avançou cautelosamente em direção da porta dos carcereiros.
— Está já pronto o condenado, amigo Bush ?
O guarda de serviço, único ocupante daquela dependência, ficou um instante como que petrificado, quando, ao erguer os olhos, reconheceu o homem que acabava de surgir à porta da casa da guarda, vendo-lhe na mão a arma que lhe apontava. Perplexo, tentou reagir. Empurrou a cadeira para trás, procurando atabalhoadamente lançar mão do revólver.
— Nem um gesto! Quietinho como se encontra e nada se passará, meu amigo...
A voz de Lou Twerlin soou como um sopro gelado. O carcereiro compreendeu que aquele homem não queria disparar a arma. Se assim não fosse já teria disparado, certamente. Mas... obedeceu. Ao vê-lo erguer as mãos, resignadamente, Twerlin sorriu-se.
— Assim está bem — disse com ar trocista. — Nem a mim me convém fazer barulho demasiado... nem a ti te convém ficar estendido, não é isto?
O carcereiro passou a língua pelos lábios. Estava incrivelmente pálido. Olhou com ar de ódio para o prisioneiro e murmurou:
— De nada te servirá tudo isto, Twerlin. Nada será capaz de te livrar da forca.
— Tanto pior para ti, bastardo maldito...
Cheio de raiva, Lou Twerlin descarregou uma violenta coronhada na cabeça do carcereiro. O homem soltou um leve gemido, dobraram-se-lhe as pernas e caiu enroscado como um novelo, aos pés do seu agressor. Voltou-o de barriga para cima: estava morto.
Twerlin franziu os lábios num trejeito frio e indiferente. Não era sua intenção agredir aquele tipo com tanta dureza. Mas, que diabo! O seu ofício era ou não matar? Despojou o morto do cinturão e do revólver. Agora dispunha já de dois magníficos «seis tiros». Aquilo ia-se compondo... bem!
Subitamente, Lou Twerlin apercebeu-se de que estava sentindo novamente aquela estranha sensação de gozo selvagem, quase animalesco. Sensação enervante aquela.
Qualquer pessoa com um revólver na mão se deixava arrastar pelas mais violentas e imprevistas reações, acreditando que, para ele, não haverá nada impossível...
— Olá!...
Que haveria de novo? Alguém batia fortemente à porta de ferro do pavilhão que dava para as celas. Dirigiu-se para ali com a mesma serenidade com que se prepararia para abrir a porta a um velho amigo que o visitasse.
— Com todos os demónios! Abrem ou não abrem? Sou eu, o alcaide.
Lou Twerlin sorriu-se Intimamente, ao ouvir o tom furioso daquela voz. Impaciência! Simplesmente impaciência ele dependurado na ponta de uma corda, para o ver a era o que se
adivinhava através da voz colérica do homem. Maldito!...
Correu o ferrolho do postigo de vigia e espreitou para fora. Nem o governador da prisão nem os quatro guardas que o acompanhavam notaram fosse o que fosse de anormal, além de dois olhos frios e duros que os fixavam...
— Está porventura bêbado, Bush? Abra!
O estranho sorriso de Lou Twerlin voltou a aflorar--lhe aos lábios. A sólida porta do pavilhão abriu-se de repente. E Twerlin, o prisioneiro, condenado à morte, saltou agilmente para fora, com a mesma flexibilidade de um gato montês.
Os homens, que se encontravam da parte de fora, ainda que um tanto desconfiados, nada puderam fazer.
Num abrir e fechar de olhos, Lou Twerlin, sem demonstrar o menor receio ou a mínima hesitação, avançou alguns passos e agarrando o alcaide por um braço, encostou-lhe ferozmente à barriga o cano do revólver:
— Explique aos seus homens o que poderá suceder, se algum deles se lembrar de levantar contra mim nem que seja um simples dedo.
O prisioneiro falava com um tal ar de segurança e de triunfo, que o governador das prisões viu a morte a um palmo dos seus olhos. E não hesitou:
— Quietos. Nem um simples gesto! — ordenou com a voz estrangulada na garganta.
Os quatro guardas ficaram imóveis como se fossem estátuas. A sua surpresa foi de tal ordem que nem sabiam o que deviam fazer nem que perguntar... Tão seguro se encontrava da situação que nem a perspetiva de se ver em liberdade lhe causava a menor emoção.
Lou Twerlin, ordenou:
— Todos para dentro. Rápido!
Encostou o revólver com tanta violência contra a barriga do alcaide que foi ele mesmo a empurrar os homens na sua frente.
— Vocês não ouviram? Rápido!
Entraram para o pavilhão. Twerlin abandou a pressão mas não largou o alcaide das mãos.
— Bem, rapazes — disse. — Vou ser condescendente para convosco apesar da vossa intenção ser enviar-me para a forca. Todos para dentro da casa da guarda.
Esperou tranquilamente que se tivessem recolhido no exíguo compartimento. A sinistra visão do camarada caído no meio do solo, de barriga para cima, com os olhos fora das órbitras e uma expressão macabra, acabou por amachucar o já abalado moral dos guardas federais.
— Todos em fila e de cara voltada para a parede. Mãos ao alto. E nada de habilidades se quereis conservar a pele isenta de buracos.
Os quatro homens encararam-no, imóveis, sem se decidirem a obedecer, mas também sem ânimo para resistir. Twerlin fez-se vermelho de cólera.
— Estais com vontade de que comece aos tiros, bastardos dos infernos?
Era mais do que evidente que aquele terrível criminoso não ameaçava em vão. Acabaram por obedecer.
— Quer fazer-me um favor, alcaide?
— Naturalmente... Claro... Claro que sim, Twerlin...
— Recolha todas as armas e atire-as para esse barril de água, está bem?
O alcaide engoliu em seco, ou antes, tentou engolir mas baldadamente. Sentia um nó na garganta... mas cumpriu as ordens recebidas. Lou Twerlin, impassível, vigiava a manobra, observando o lívido e tremebundo alcaide com os olhos atentos.
— Ordene, agora, a esse grandalhão da esquerda que dispa a peliça. Necessito de encobrir este flamante uniforme de presidiário.
O alcaide olhou-o, meio incrédulo e absolutamente perplexo.
-- Está louco, porventura? Faça o que fizer não poderá...
A duríssima e pesada mão de Lou Twerlin foi chocar violentamente numa das pálidas faces do governador da prisões.
— Nem um pio! A sua opinião não me interessa par coisa alguma.
O alcaide despojou o guarda da samarra que o prisioneiro lhe havia indicado e entregou-lha com a maio das submissões. Sem deixar, nem por um momento, de apontar a arma aos cinco homens, Twerlin, envergou a vestimenta, encasquetando, a seguir, um dos chapéus dos guardas. Vestido com aquela indumentária, ordenou, sempre de revólver assestado:
— Vamos, sair da minha frente.
Ante a sua ameaçadora expressão, o governado voltou para o corredor, de costas voltadas. Lou Twerlin fechou a porta do compartimento e cor reu o ferrolho. E a seguir:
— Vá abrindo as portas das celas. Rápido! Meia dúzia de reclusos precipitou-se ruidosamente para o corredor assim que, por artes mágicas, os ferrolho das portas das suas celas se foram abrindo um por um Morgan. Kansk. Pass. Cooper. Building. Weston. Seis foragidos da pior espécie. Seis criminosos, qualquer deles mais implacável e indiferente perante a vida do seus semelhantes, se reuniram ali, excitados e surpreendidos.
— Eh, lá, vocês: fora daqui... Rápido!
Os seis reclusos voltaram a cabeça na direção daquela voz imperiosa e autoritária e só então viram, quem? Lou Twerlin? Junto da porta de saída do pavilhão, com urre revólver em cada mão, olhando-os, frio e indiferente, estava, com efeito, Lou Twerlin. Morgan e os demais encaminharam-se, receosos, na sua direção.
— Que significa isto, Twerlin? Que pensas fazer?
— Disse-vos já que... fora daqui. Estais livres!
A voz seca e áspera do seu camarada, parecia acicatá-los. Saíram para o pátio. Não faziam ideia alguma do que iriam fazer nem para onde deviam dirigir-se. Também não sabiam como, nem porque se encontravam livres... Twerlin voltou-se para o alcaide.
— Bem, amigo — disse ele, encostando-lhe o cano do revólver aos rins. — Agora, enquanto os seus sabujos se ocupam em dar caça a todos esses estúpidos, o senhor vai conduzir-me para fora desta ratoeira, entendido?
Como se fosse um autómato, o alcaide saiu do pavilhão. Twerlin caminhava logo em seu seguimento. Procurou com os olhos os seis fugitivos e viu que, tanto Kansk como os outros, corriam como coelhos assustados em direção aos inacessíveis muros que cercavam a prisão. Sorriu-se. E apontando um dos seus revólveres, disparou. Demonstrou que era um atirador de primeira. Cooper soltou um grito, levou as mãos aos ombros e estendeu-se, surdamente, a todo o comprimento. A detonação repercutiu-se com um estrondo colossal, perturbando aquela pardacenta madrugada. Uma voz vinda do corpo da guarda, reboou pelo espaço:
— As armas!
Os guardas, sonolentos, saíram, a correr, precipitadamente, dos diversos pavilhões. Weston e os seus companheiros, acocoraram-se contra a parede, rangendo os dentes com o desespero da raiva.
— Maldito Twerlin! Javardo traidor!...
Algumas espingardas vomitaram chumbo candente. Uns, após outros, todos os fugitivos foram caindo mortos. Uns, após outros, os guardas foram dando caça aos foragidos. O último foi Morgan.
Através das lágrimas de dor e do sangrento véu que a morte lhe colocava ante os olhos, o foragido dirigiu um olhar ansioso para todo o pátio procurando, debalde, o homem que tinha sido capaz de os impelir a sangue frio para aquela horrível matança: Lou Twerlin. E gritou:
— Mas... mas... porquê?...
Enquanto ele tombava no solo, primeiro de joelhos e logo a seguir de bruços para não mais se levantar, estava q alcaide, no outro extremo do presídio, abrindo com a sua própria mão a porta falsa, destinada apenas ao seu uso pessoal, e que se escancarava para deixar desimpedido a Lou Twerlin, o caminho da liberdade. E da vingança.
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