sábado, 14 de setembro de 2013

PAS080. Requiem por um amigo

Encontrou o corpo ensanguentado de Tyler na rocha que fora seu último acampamento. Haviam-lhe arrancado o couro cabeludo e o seu aspeto era tão horrível que o simples facto de o ver foi superior Às forças ainda não renascidas do caçador, que se sentiu prestes a desmaiar.
De joelhos e apoiando a cabeça no peito sem alento do que tinha sido o seu melhor amigo de sempre, chorou como uma criança, incapaz de reter a explosão de tão grande amargura. Não soube quanto tempo se conservou assim, mas Alan era de fibra estóica e em breve se recompôs. Enxugou os olhos e, com renovadas energias, indiferente ao perigo, ao cansaço que lhe adormentava os músculos e à dor que lhe causava nos ossos todo e qualquer movimento, realizou a incrível proeza de descer por onde tinha subido mas, agora, carregado com o corpo de Tyler.
Levou mais de duas horas a abrir, junto da escarpa, uma cova suficientemente profunda, para ter a certeza que não seria violada pelas feras carnívoras. Depois, colocou dentro dela o corpo do malogrado companheiro e, tapando-lhe o rosto com um lenço, cobriu-o de terra.
(Coleção Búfalo, nº 27)
 
 
A seguir: coleção Búfalo, nº 28

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