quarta-feira, 4 de setembro de 2013

PAS058. Dois Olhares

Em pleno deserto, perseguida por uma nuvem de poeira, a diligência rodava entre os enormes catos e os sinais das patas de um ou outro animal extraviado nos miseráveis pastos do alto Gila River.
Balouçado pelos solavancos da carruagem, alheio aos gritos do condutor e ao barulho das portinholas desengonçadas, o senhor Walter Autry dormitava a um canto, deixando que a poeira do caminho fosse formando nas pregas do seu melhor fato pequenos sulcos amarelos.
Do outro lado da velhíssima carruagem, cujos forros interiores estavam comidos pelo Sol, pelo vento e pela poeira, Stela Autry pousava os lindos olhos azuis na figura de seu pai.
A posição que cada um ocupava poderia ser tomada como símbolo dos seus estados de espírito: O senhor Autry ia sentado na direção da marcha do veículo, de frente para as terras que pareciam vir ao seu encontro – quer dizer, para o futuro. Stela contemplava a longínqua linha do horizonte que ia ficando para trás – dir-se-ia que olhava para o passado.



A seguir: respeitar os direitos alheios

Sem comentários:

Enviar um comentário