segunda-feira, 9 de setembro de 2013

PAS066. Um grito na noite

A brisa noturna era fria e ao sair do «Frank’s» , cuja atmosfera carregada cheirava a sangue, estremeceu. O seu olhar perscrutava na noite clara iluminada pela lua cheia. Em sua volta reinava um silêncio fúnebre que tinha como fundo a longínqua algaraviada do «saloon». Caminhava devagar, fumando um cigarro e fingindo despreocupação, embora soubesse que Crackett o estava espiando. Não esperava ainda o tiro, pois sabia que o pistoleiro, que dispararia certamente contra as suas costas, não cometeria essa ação desonrosa para qualquer homem do «Far West», fosse ele qual fosse, enquanto estivesse perto do «saloon». Que necessidade teria disso se tinha ante si o solitário caminho onde haveria melhores possibilidades de cometer o assassínio sem necessidade de se apresentar como executor?
Larry atravessava um momento de terrível tensão nervosa. Podia fazer quantas hipóteses quisesse sobre o possível procedimento de Crackett seguindo a lógica, mas quem é capaz de adivinhar ao certo os impulsos de um homem? Também de um momento para o outro poderia surgir do «Colt» do humilhado pistoleiro uma chuva de balas como definitiva expressão do seu ódio mortal.
Larry seguia cozido com as paredes das casas, embora procurasse aparentar naturalidade. Não ouvia sinal algum que lhe indicasse que era seguido. Chegara ao fim da rua. Para se dirigir ao hotel tinha de atravessar uma praça deserta.
Deitou fora o cigarro.
 Os segundos eram longos como séculos. Frente a frente era um lutador com suficiente confiança em sipróprio para demonstrar a sua têmpera de aço, mas, ante o perigo desconhecido, na iminência de um ataque traiçoeiro, a respiração tornava-se-lhe agitada. Principiava a considerar quanto seria estúpido morrer às mãos de Crackett, a quem tinha ensinado como um homem deve lutar. Estaria a esperá-lo ou seguia-o à distância? 
«Lobo cobarde!» - murmurou.
O local não podia ser mais solitário. Nenhum melhor que aquele para ser levado a cabo o plano que atribuía a Crackett. Colou-se com a parede. Esperaria ali, a pé firme. A sorte estava lançada.
De súbito, pareceu-lhe ver uma sombra. Mal a distinguira logo viu brilhar um clarão. Perante a simples suspeita, Larry lançou-se rapidamente para o solo e mais rápido ainda disparou para o fulgor avermelhado que já apenas existia na sua imaginação. Fora seguido. O ataque era efetuado pelas costas, agora milagrosamente salvas pela parede de uma casa em construção que o cobria. Sentiu o chiar de uma bala que se alojava perto do seu corpo. Uma nova detonação e depressa se originou um verdadeiro tiroteio.
Um grito soou na noite, um grito de dor e agonia. Larry acertara na alvo.

Sem comentários:

Enviar um comentário