quarta-feira, 13 de novembro de 2013

PAS160. Um tiro na copa de um flamejante chapéu negro

- Quero comprar um revólver.
- Ah! Um revólver! – exclamou Pinckin. E guiando Ron para a secção de ferragens, adrescentou: - Aqui só vendemos armas novas.
- Já sei – respondeu o jovem. – Por isso aqui vim comprar.
- O «Colt» 45 é o que mais se usa por estas terras – assegurou Pinckin, pondo-se detrás do balcão.
- Então ficarei com um quarenta e cinco, ao menos para seguir a moda.
- Temos de repetição, extra luxo e corrente – disse Pinckin, uma série de revólveres novos untados.
- Fico com um corrente – respondeu Ron, pegando no «Colt» de acção simples e romando-lhe o peso. – Também quero um coldre, cartucheira e cartuchos.
Pickin foi diligentemente buscar o que o cliente lhe pedia. Entregou a Ron o «Colt» limpo de vaselina,a cartucheira, o coldre e duas caixas de cartuchos. Depois, enquanto Ron carregava a arma, fez uma conta sobre o balcão com um bocado de lápis que levava À boca constantemente.
- São sessenta dólares por tudo – anunciou depois de resolver com dificuldade a simples soma.
Ron meteu a arma no coldre e começou a contar o dinheiro sobre o balcão. Enquanto o fazia, via de soslaio, pelos espelhos da armação, «miss» Patrícia Diamond que acabava de sair do «Golden Empire» e atravessava a rua exibindo um flamejante chapéu preto.

- Sessenta dólares, veja se está certo.
Pinckin contou o dinheiro.
- Justo, sessenta dólares – confirmou. E, apontando para o revólver que pendia da anca de Ron, acrescentou: - Assenta-te bem, Rapaz. Certamente saberás fazer uso dele se for preciso?
Ron Stephens deu um ágil salto, voltou-se e, como por arte mágica, o «Colt» apareceu na sua mão direita e começou a vomitar chumbo, chamas e trovões, de baixa altura, em direção à porta.
«Miss» Patrícia Diamond, que acabava de transpor a porta, parou de repente ao sentir que o chapéu lhe era arrancado da cabeça, uma segunda bala foi cravar-se no chão a seus pés, arrancando-lhe um bocado da biqueira da bota e uma terceira passou-lhe a pouca distância do nariz para se cravar na porta.
Rápida como o relâmpago, «miss» Diamond sacou do revólver voltando-se na direção do sítio donde vinham os tiros.
Pum! Pum! Pum!
Troou de novo o revólver de Ron Stephens. O primeiro tiro fez saltar da mão de «miss» Diamond o revólver que acabava de tirar do coldre. A segunda bala voltou a acertar na arma que ainda ia no ar; e o terceiro tiro voltou a acertar no «colt» que foi parar aos pés dos homens que, ao fundo do restaurante, mudavam as cadeiras e as mesas, ante o olhar petrificado da jovem.
Pálida de cólera e de susto, «miss» Patrícia Diamond viu Ron Stephens que surgia por entre uma nuvem de fumo empunhando um «colt» à altura da anca. O jovem sorria amplamente, enquanto por detrás do balcão Pinckin olhava de boca aberta para Ron e para a sua patroa.
Ron Stephens, fazendo girar o «colt» no seu dedo indicador, guardou-o no coldre murmurando:
- É um «colt» bem ensinado. E não está mal de pontaria.
«Miss» Diamond abaixou-se e apanhou o seu flamejante chapéu do chão. O buraco que este apresentava na copa pareceu desencadear a sua cólera.
- Estúpido – gritou avançando para Ron. – Podia ter-me matado!
Ron tirou o chapéu e mostrou-lhe o buraco que ele também tinha na copa e disse:
- Sim. Tal como você a mim.
- Oh! – gemeu a rapariga atirando com o chapéu ao chão. – Não tem o direito de me fazer isto a mim! Quem julga que eu sou?
- O mesmo digo eu – respondeu Ron com toda a calma. – Quem julga que eu sou?
- Ninguém se pode gabar de levar a melhor com Patrícia Diamond! – vociferou a jovem com lágrimas de raiva nos olhos.
- Nem com Ron Stephens – replicou o ex-oficial.. – Assim, estamos pagos… menos no que se refere ao assunto desta manhã.
- Saia daqui! – gritou «miss Diamond apontando a porta.
- Oh! Obrigado! – riu Ron. E, cumprimentando Pinckin com um gesto, abandonou o estabelecimento, sentindo nas costas o mordente olhar de «miss» Patricia Diamond.
(Coleção Búfalo, nº 44)

Sem comentários:

Enviar um comentário