segunda-feira, 11 de novembro de 2013

PAS156. Em paz com a condessa

- É o cavalo mais bonito e inteligente que ainda vi – disse inesperadamente uma voz agradável e de ricas tonalidades com ligeiro acento estrangeiro, que fez dar um salto a Gary, que estava selando «Flash» com quem ia chalaceando como se o nobre bruto pudesse entendê-lo. Velho hábito adquirido nas longas jornadas solitárias nas planícies do Texas, quando durante dias e dias o cavalo era o seu único companheiro.
- Alteza – sorriu, tirando o chapéu depois de uns instantes em que ficou paralisado pelo assombro. – A verdade é que me alegro duplamente de vê-la antes de marchar.
- Duplamente? – perguntou ela com um gracioso sorriso de estranheza.
- Sim, condessa. Sempre…
- Por favor, Mac Call. É certo que na Rússia tinha esse título, mas aqui não sou mais que «miss» Olga Selanova.
- Aqui e em qualquer parte merece a senhora um trono por ser bonita. E sempre digo que é agradável poder admirar uma beleza como a sua, mas neste caso, além disso, queria pedir-lhe perdão pelo meu brutal comportamento desta manhã. Não consigo explicar como pude chegar a semelhantes extremos, e, ainda que não possa esperar que me desculpe, uns olhos tão maravilhosos como os seus só podem conceder perdão, porque seria um crime anuviá-los com rancor.
-É verdade… o senhor afirma coisas muito bonitas – sorriu encantadoramente a condessita.
Gary não saia do seu assombro. Aquela nova versão de uma Olga sensível e sorridente parecia-lhe impossível. A rapariga embelezava-se extraordinariamente de cada vez que o coral dos seus lábios frescos e carnudos se entreabria para mostrar o nacarado tesouro do seus dentes iguais e pequenos.
(Coleção Búfalo, nº 42)

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