domingo, 8 de agosto de 2021

RB007.03 Casamento por vingança

Cavalgando.

Para Fowler.

Os dois muito juntos, mas sem se olharem. Com os olhos fixos em frente. Sem falarem, como se tivessem medo de dar largas aos seus pensamentos. Como se tivessem medo de expressar um ao outro o que sentiam.

Chegaram por volta das onze da manhã. E, como sempre quando os viam juntos, a expectativa crescera por momentos, e ainda mais, quando viram que, sem desmontar, Durgan fazia um sinal ao sheriff Mitchell, que naquele momento se encontrava à porta do escritório.

O representante da lei aproximou-se deles com um sorriso nos lábios. Levou a mão ao «Stetson» para cumprimentar Sadie e perguntou:

— Que deseja do mim, miss Farrow?

Olhando por cima do ombro, sem desmontar, tal como se o representante da lei se tratasse de um leproso ou de um simples animal, disse:

—Que nos acompanhe a casa do juiz, sheriff.

Este desviou o olhar de Sadie para o cravar em Durgan.

— Passa-se alguma coisa, mister Durgan?

— Por enquanto nada, mas não tardará muito que isto se passe. O senhor vem, sheriff?

O homem confirmou com um gesto, um pouco perplexo, e depois disse:

—Sim, claro. Agora mesmo.

— Então vamos, sheriff.

A resposta foi dada por Sadie, enquanto fazia trotar o cavalo até ao fim da rua principal, sinuosa e coberta de pó. Em frente da casa do juiz, Durgan desmontou, mas não se aproximou do cavalo que ela montava para a ajudar a descer da sela.

A seguir, aproximaram-se os três da entrada. Foi Mitchell quem bateu à porta. Pouco depois esta abriu-se para deixar ver no umbral a figura idosa, enrugada e simpática do juiz Red.

Sem perder o sorriso, Red Collins afastou-se da porta depois de cumprimentar com deferência e mandou-os entrar para o escritório. Cravou os seus olhos pequenos, mas vivazes, no rosto de Sadie e perguntou:

—A que devo a sua grata visita, miss Farrow?

Ela fez uma careta, como se duvidasse da autenticidade das palavras do juiz. Replicou olhando para Durgan.

— Quero casar-me com este homem — disse friamente. — Agora mesmo. Suponho que não haverá inconveniente, não é verdade?

O sheriff abriu desmedidamente a boca, olhando-os alternadamente.

—Mas não diziam que ele e ela?...

Por seu lado, o juiz Collins ficou aturdido por segundos, até que a voz fria de Sadie o tirou das suas vacilações:

— Pode casar-nos? Sim ou não, juiz?

— Pois claro que posso—disse por fim. — Ou seja... — hesitou uns segundos olhando para Durgan—, se o seu... Bem, se o engenheiro estiver de acordo, miss Farrow.

Durgan olhou-o, esboçando um sorriso irónico.

—Pois claro que estou, juiz. Se assim não fosse, não teria vindo.

— Bem — replicou, mais perplexo que nunca. — Se assim é—olhou para o sheriff. — O senhor servirá de testemunha, não?

O representante tossiu para aclarar a voz e coçou a revolta peruca. Ali havia qualquer coisa que não percebia. No entanto, respondeu:

— Claro. Quando o senhor quiser, juiz Collins.

No mais completo silêncio levou-se a cabo a simples e rápida cerimónia. Quando terminou, Durgan voltou-se para ela. Deu um passo em frente e agarrou-a pelos ombros, deslizando em seguida as mãos até à fina cintura.

Sadie abriu muito os olhos, depois estes brilharam com luz intensa, abriu os lábios talvez para iniciar uma frase de protesto, sem ter em conta o lugar onde se encontravam, nem que havia testemunhas presentes. Mas não pode fazê-lo, Durgan adiantou-se beijando-a nos lábios. Foi um beijo longo. Tão longo que, quando a largou, Sadie abriu de novo a boca, mas agora não foi para dizer nada, mas para recuperar o ar que faltava nos seus pulmões.

Durgan foi o primeiro a recompor-se. Então falou dando às suas palavras um tom brincalhão:

— Agora é melhor voltares para o rancho, querida. Os homens com os carros de material devem estar há bastante tempo à tua espera.

Sem esperar resposta, sem olhar para ninguém, Durgan deu meia-volta e dirigiu-se para a porta. Chegava a esta, quando um objeto duro lhe bateu nas costas.

—Será melhor, para teu bem, que estejas quieto, rufião—e voltando a cabeça para olhar para o juiz e para o sheriff, que por sua vez a olhavam sem dar crédito ao que viam, Sadie acrescentou: — Detenha esse homem, sheriff I Acuso-o de assassinato, entre outras coisas.

Durante mais de três minutos, a cena que se desenrolou no escritório do juiz não variou absolutamente em nada. Um silêncio tenso e pesado caiu sobre os componentes daquela estranha reunião. Finalmente, o sheriff agiu.

— O que tem para responder a isto, mister Durgan?

Sadie adivinhou que ele se ia voltar e retrocedeu uns passos sem deixar de apontar para ele. Não se enganou, uma vez que Durgan girou lentamente sobre os calcanhares. Encarou o sheriff e replicou:

— Antes de responder à sua pergunta, sheriff, por que não pergunta a esta dama qual é o seu jogo?

Olharam-se admirados, enquanto os dedos de Sadie se apertavam em volta da coronha do colt.

— Fale, miss Farrow — disse o sheriff, que optou por tratá-la pelo apelido de solteira. Creio que a petição de mister Durgan é justa.

— Não, não é. E um bandido. Um ladrão. Um ...um...

Vacilou, dando a impressão de que se afogava, enquanto o seu altivo e desafiador peito se movia ao compasso da respiração agitada. Depois, mais calma, Sadie Farrow deu saída à torrente de palavras.

Aos ouvidos do sheriff e do juiz Collins foi-se desenrolando rapidamente uma história passada tempo atrás, cujo resultado imprevisto tinha sido aquele casamento. Um casamento por vingança. Por vingança e para calar o seu orgulho de mulher violentamente ferido.

O sheriff pensou tudo isto em frações de segundo, sem afastar o olhar do rosto impassível de Durgan. Perguntou finalmente.

—O que tem a dizer a isto?

—Que poderia eu dizer, sheriff? —respondeu ele, sem afirmar, nem negar nada daquela história.

—Então, não tenho outro remédio senão pedir-lhe a arma e detê-lo até ao julgamento.

Durgan olhou-o. Depois desviou os olhos para o semblante sério do juiz, e, finalmente cravou-os no rosto de Sadie.

— Creio que vou ter que te dececionar, Sadie, querida—disse ironicamente, tanto que ela o tomou como um tom cínico. — Não me vão prender, sabes? Não o farão, uma vez que neste Estado não cometi delito nenhum. Portanto, não estou fora da lei. Além disso, há outra coisa, minha joia: não há qualquer pedido de captura contra mim. Num julgamento, tanto tu como eu não podemos provar nada. E a tua palavra contra a minha. A verdade é que estão agora, na nossa frente, o sheriff e o juiz. Mas isso não quer dizer nada. Eles podem afirmar o que quiserem, mas tenho a certeza de que um bom advogado, anulará a acusação. Nem sequer podes provar a última parte deste teu relato insólito! E, como é lógico, nego tudo o que dizes. Prova o contrário, riqueza! Além disso, és minha mulher e duvido que possas declarar contra mim.

Sem dizer mais nada, deu meia-volta voltando-se para a porta. Sadie levantou a arma, mas o sheriff estava atento. Desarmou-a batendo-lhe com a mão na arma quando Durgan já atravessava o umbral.

—Mas será que não vai fazer nada, sheriff? Esse homem...

—E agora seu marido, mister Durgan. Portanto, detendo-o baseando-nos numa acusação desse género, feita pela sua própria mulher, creio que não iria muito longe num tribunal. Não se esqueça que mister Durgan podia ser transferido para a capital.

Sadie olhou-o cheia de fúria.

— Então — tremeu. — QCavalgando.

Para Fowler.

Os dois muito juntos, mas sem se olharem. Com os olhos fixos em frente. Sem falarem, como se tivessem medo de dar largas aos seus pensamentos. Como se tivessem medo de expressar um ao outro o que sentiam.

Chegaram por volta das onze da manhã. E, como sempre quando os viam juntos, a expectativa crescera por momentos, e ainda mais, quando viram que, sem desmontar, Durgan fazia um sinal ao sheriff Mitchell, que naquele momento se encontrava à porta do escritório.

O representante da lei aproximou-se deles com um sorriso nos lábios. Levou a mão ao «Stetson» para cumprimentar Sadie e perguntou:

— Que deseja do mim, miss Farrow?

Olhando por cima do ombro, sem desmontar, tal como se o representante da lei se tratasse de um leproso ou de um simples animal, disse:

—Que nos acompanhe a casa do juiz, sheriff.

Este desviou o olhar de Sadie para o cravar em Durgan.

— Passa-se alguma coisa, mister Durgan?

— Por enquanto nada, mas não tardará muito que isto se passe. O senhor vem, sheriff?

O homem confirmou com um gesto, um pouco perplexo, e depois disse:

—Sim, claro. Agora mesmo.

— Então vamos, sheriff.

A resposta foi dada por Sadie, enquanto fazia trotar o cavalo até ao fim da rua principal, sinuosa e coberta de pó. Em frente da casa do juiz, Durgan desmontou, mas não se aproximou do cavalo que ela montava para a ajudar a descer da sela.

A seguir, aproximaram-se os três da entrada. Foi Mitchell quem bateu à porta. Pouco depois esta abriu-se para deixar ver no umbral a figura idosa, enrugada e simpática do juiz Red.

Sem perder o sorriso, Red Collins afastou-se da porta depois de cumprimentar com deferência e mandou-os entrar para o escritório. Cravou os seus olhos pequenos, mas vivazes, no rosto de Sadie e perguntou:

—A que devo a sua grata visita, miss Farrow?

Ela fez uma careta, como se duvidasse da autenticidade das palavras do juiz. Replicou olhando para Durgan.

— Quero casar-me com este homem — disse friamente. — Agora mesmo. Suponho que não haverá inconveniente, não é verdade?

O sheriff abriu desmedidamente a boca, olhando-os alternadamente.

—Mas não diziam que ele e ela?...

Por seu lado, o juiz Collins ficou aturdido por segundos, até que a voz fria de Sadie o tirou das suas vacilações:

— Pode casar-nos? Sim ou não, juiz?

— Pois claro que posso—disse por fim. — Ou seja... — hesitou uns segundos olhando para Durgan—, se o seu... Bem, se o engenheiro estiver de acordo, miss Farrow.

Durgan olhou-o, esboçando um sorriso irónico.

—Pois claro que estou, juiz. Se assim não fosse, não teria vindo.

— Bem — replicou, mais perplexo que nunca. — Se assim é—olhou para o sheriff. — O senhor servirá de testemunha, não?

O representante tossiu para aclarar a voz e coçou a revolta peruca. Ali havia qualquer coisa que não percebia. No entanto, respondeu:

— Claro. Quando o senhor quiser, juiz Collins.

No mais completo silêncio levou-se a cabo a simples e rápida cerimónia. Quando terminou, Durgan voltou-se para ela. Deu um passo em frente e agarrou-a pelos ombros, deslizando em seguida as mãos até à fina cintura.

Sadie abriu muito os olhos, depois estes brilharam com luz intensa, abriu os lábios talvez para iniciar uma frase de protesto, sem ter em conta o lugar onde se encontravam, nem que havia testemunhas presentes. Mas não pode fazê-lo, Durgan adiantou-se beijando-a nos lábios. Foi um beijo longo. Tão longo que, quando a largou, Sadie abriu de novo a boca, mas agora não foi para dizer nada, mas para recuperar o ar que faltava nos seus pulmões.

Durgan foi o primeiro a recompor-se. Então falou dando às suas palavras um tom brincalhão:

— Agora é melhor voltares para o rancho, querida. Os homens com os carros de material devem estar há bastante tempo à tua espera.

Sem esperar resposta, sem olhar para ninguém, Durgan deu meia-volta e dirigiu-se para a porta. Chegava a esta, quando um objeto duro lhe bateu nas costas.

—Será melhor, para teu bem, que estejas quieto, rufião—e voltando a cabeça para olhar para o juiz e para o sheriff, que por sua vez a olhavam sem dar crédito ao que viam, Sadie acrescentou: — Detenha esse homem, sheriff I Acuso-o de assassinato, entre outras coisas.

Durante mais de três minutos, a cena que se desenrolou no escritório do juiz não variou absolutamente em nada. Um silêncio tenso e pesado caiu sobre os componentes daquela estranha reunião. Finalmente, o sheriff agiu.

— O que tem para responder a isto, mister Durgan?

Sadie adivinhou que ele se ia voltar e retrocedeu uns passos sem deixar de apontar para ele. Não se enganou, uma vez que Durgan girou lentamente sobre os calcanhares. Encarou o sheriff e replicou:

— Antes de responder à sua pergunta, sheriff, por que não pergunta a esta dama qual é o seu jogo?

Olharam-se admirados, enquanto os dedos de Sadie se apertavam em volta da coronha do colt.

— Fale, miss Farrow — disse o sheriff, que optou por tratá-la pelo apelido de solteira. Creio que a petição de mister Durgan é justa.

— Não, não é. E um bandido. Um ladrão. Um ...um...

Vacilou, dando a impressão de que se afogava, enquanto o seu altivo e desafiador peito se movia ao compasso da respiração agitada. Depois, mais calma, Sadie Farrow deu saída à torrente de palavras.

Aos ouvidos do sheriff e do juiz Collins foi-se desenrolando rapidamente uma história passada tempo atrás, cujo resultado imprevisto tinha sido aquele casamento. Um casamento por vingança. Por vingança e para calar o seu orgulho de mulher violentamente ferido.

O sheriff pensou tudo isto em frações de segundo, sem afastar o olhar do rosto impassível de Durgan. Perguntou finalmente.

—O que tem a dizer a isto?

—Que poderia eu dizer, sheriff? —respondeu ele, sem afirmar, nem negar nada daquela história.

—Então, não tenho outro remédio senão pedir-lhe a arma e detê-lo até ao julgamento.

Durgan olhou-o. Depois desviou os olhos para o semblante sério do juiz, e, finalmente cravou-os no rosto de Sadie.

— Creio que vou ter que te dececionar, Sadie, querida—disse ironicamente, tanto que ela o tomou como um tom cínico. — Não me vão prender, sabes? Não o farão, uma vez que neste Estado não cometi delito nenhum. Portanto, não estou fora da lei. Além disso, há outra coisa, minha joia: não há qualquer pedido de captura contra mim. Num julgamento, tanto tu como eu não podemos provar nada. E a tua palavra contra a minha. A verdade é que estão agora, na nossa frente, o sheriff e o juiz. Mas isso não quer dizer nada. Eles podem afirmar o que quiserem, mas tenho a certeza de que um bom advogado, anulará a acusação. Nem sequer podes provar a última parte deste teu relato insólito! E, como é lógico, nego tudo o que dizes. Prova o contrário, riqueza! Além disso, és minha mulher e duvido que possas declarar contra mim.

Sem dizer mais nada, deu meia-volta voltando-se para a porta. Sadie levantou a arma, mas o sheriff estava atento. Desarmou-a batendo-lhe com a mão na arma quando Durgan já atravessava o umbral.

—Mas será que não vai fazer nada, sheriff? Esse homem...

—E agora seu marido, mister Durgan. Portanto, detendo-o baseando-nos numa acusação desse género, feita pela sua própria mulher, creio que não iria muito longe num tribunal. Não se esqueça que mister Durgan podia ser transferido para a capital.

Sadie olhou-o cheia de fúria.

— Então — tremeu. — Que diabos quer que eu faça?

— Ter paciência. Ele acaba de reparar em parte o dano que lhe causou um dia, se é que na realidade foi ele um daqueles homens.

Sadie olhou-o friamente.

--Já vi que o senhor está do lado dele, sheriff l E o juiz também! Mas não esqueçam isto que lhes vou dizer! Não estarei sossegada até ver esse homem atrás das grades, mesmo sendo seu irmão. Não descansarei tão-pouco até conseguir que me diga onde está...

Sem terminar a última frase, deu meia-volta e saiu para a rua. Entretanto, o sheriff e o juiz olhavam-se entre si, perguntando-se se ela tinha razão, mas deixando para o futuro a solução daquele problema. Ouviram o barulho feito pelo cavalo de Sadie, quando esta picou as esporas para se lançar a todo o galope pela rua principal, procuranue diabos quer que eu faça?

— Ter paciência. Ele acaba de reparar em parte o dano que lhe causou um dia, se é que na realidade foi ele um daqueles homens.

Sadie olhou-o friamente.

--Já vi que o senhor está do lado dele, sheriff l E o juiz também! Mas não esqueçam isto que lhes vou dizer! Não estarei sossegada até ver esse homem atrás das grades, mesmo sendo seu irmão. Não descansarei tão-pouco até conseguir que me diga onde está...

Sem terminar a última frase, deu meia-volta e saiu para a rua. Entretanto, o sheriff e o juiz olhavam-se entre si, perguntando-se se ela tinha razão, mas deixando para o futuro a solução daquele problema. Ouviram o barulho feito pelo cavalo de Sadie, quando esta picou as esporas para se lançar a todo o galope pela rua principal, procuran

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