O xerife despertou sobressaltado ao ouvir aqueles golpes na porta. Estava numa das suas melhores sestas quando teve de despertar pelas imperiosas pancadas que ecoavam em todo o edifício. Meio adormecido, encaminhou-se para a porta para a abrir, mas logo retrocedeu, assustado. Roberts, seguido de Reed e de outros vaqueiros, avançavam ao seu encontro e a expressão deles não era das mais agradáveis.
— Winton — disse o velho rancheiro, — creio que não são necessárias muitas explicações: necessitamos que imponha a ordem antes que aconteça o pior.
O xerife humedeceu os lábios.
— Tenho contido os tumultos o melhor que posso — explicou. — Ontem mesmo, sem ir mais longe, tive de enfrentar-me com uns desordeiros que tentavam um linchamento.
Reed atalhou de mau modo:
— Sabe muito bem o que queremos dizer. Isto era uma cidade tranquila e nós procurámos sempre conservá-la assim. Alguém chegou e tem sido um mau exemplo. É por aí onde terá de cortar o mal.
Winton engoliu a saliva. Todos pareciam estar de acordo para exigir-lhe que se deixasse matar. Enfrentar-se com Kleber, era caminhar para a morte.
— Não cometeu nenhum crime... — atreveu-se Winton dizer.
— Ontem teve uma luta na rua, por causa de uma mulher —disse Reed. —Se continua assim, isto aqui será pior do que Tombstone. Enfrente-o de uma vez.
Sem mais palavras, saíram todos do escritório, deixando o xerife entregue à sua sorte. Que poderia fazer? De que meios se valeria para aparece diante daqueles homens que não tinham outra lei senão a do revólver?
De novo se abriu a porta para deixar passar Caldwell, que olhou sorridente.
— Parece-me que o melhor que tenho a fazer, é apoiar a petição de Roberts e dos seus amigos.
O xerife contemplou-o em silêncio.
— Você teve negociações com Kleber! — acusou Wintor.
Caldwell desatou a rir.
—E depois? Isso não tem nenhuma importância, mas já sabe o que pode acontecer senão o atacar. Deve expulsá-lo da cidade — disse firmemente. —Todo o pistoleiro tem falhas. Sei que é difícil que Kleber se descuide, mas isso suceder-lhe-á um dia qualquer. Não percebeu ainda que tarda muito em decidir-se a lutar e fala durante bastante tempo? Aproveite enquanto ele fala para se colocar de modo que esteja a seu lado e então... Não lhe diga cara a cara que o vai deter. Ele não deve esperar o ataque. Acredite, se fizer assim, triunfará.
Winton contemplou, com surpresa, o seu interlocutor. Na verdade, ainda não tinha pensado nisso. Caldwell continuou:
— Se o detiver, terá a minha amizade para sempre. E farei com que o elejam novamente para o cargo. Mas, agora, tem de me servir se quiser a minha ajuda.
Winton compreendeu que não tinha outra saída e decidiu fazer o que lhe indicavam. Sim, o melhor era surpreender Kleber antes que ele desse conta. Então poderia desarmá-lo e levá-lo para o calabouço. Seria o seu maior triunfo e mais ninguém se atreveria a discutir a sua autoridade. E, decidido, saiu para a rua.
Caldwell sorria com ar de triunfo. A cidade seria sua, tal como tinha previsto. Dusty Parker seria quem se encarregaria de consegui-lo e se as coisas não corressem bem, ele próprio empunharia o revólver.
No «saloon» não prestaram muita atenção à entrada do xerife, ainda que o não vissem com frequência. Como não tinham contas pendentes com a Lei...
Ned não se preocupou e acercou-se dele para o saudar com um sorriso.
— Bons-dias, xerife. Que vai ser? A casa paga.
Winton decidiu:
— «Whisky»! —E acrescentou de seguida: —Tomá-lo-ei naquele canto.
Era onde Kleber se encontrava sozinho. O álcool iria fazer falta. A presença do seu inimigo, apesar da sua atitude pacífica, excitava-lhe os nervos. O melhor era animar-se com o álcool e depois dirigir-se a ele, simulando naturalidade e depois detê-lo. Caldwell tinha razão.
Ned, surpreendido, seguiu-o, até que o xerife se encontrou junto do rapaz.
— Importa-se que beba um trago na sua companhia? — perguntou Winton.
— Não faltava mais nada —animou-o Kleber. — O senhor é um convidado, Winton.
— Pelo que ouço, sabe o meu nome, Kleber — disse o outro.
— Todos o conhecem por aqui.
Ned tinha servido o «whisky» e o xerife levou-o aos lábios, decidido a bebê-lo dum trago.
— É um bom «whisky» — disse.
— Tratamos bem os clientes — declarou Ned.
Winton começou a examinar o seu interlocutor, enquanto tirava uma bolsa de tabaco e explicava:
— A cidade anda um pouco revoltada.
Kleber assentiu:
— Isso acontece sempre quando uma cidade começa a crescer. É uma etapa pela qual todas passam.
Winton olhou à sua volta. No «saloon», àquelas horas, encontravam-se poucos clientes e as bailarinas falavam com eles. Ninguém se decidiria a intervir na luta e poderia actuar a seu gosto. Mas se não havia ali ninguém capaz de ajudar Kleber, havia, no entanto, bastante gente que poderia relatar a sua façanha a todo o mundo.
— Você tem tido ultimamente alguns tropeços disse o xerife.
Kleber confirmou:
— Vêm procurar-me e eu nunca fujo ao ataque.
— Sim, assim parece. Mas é preferível que o evite — disse Winton. — Você já não necessita adquirir fama de valente: já a tem.
Winton alegrava-se de si mesmo e sentia-se maravilhosamente inteligente pela maneira como se estava a conduzir. Enquanto distraía o outro, tiraria o revólver.
— Vejo que têm uma nova empregada disse, de súbito.
— Nova? — repetiu Kleber. — Creio que não!
— Então quem é aquela rapariga? — perguntou Winton, apontando para o outro extremo da sala.
Kleber olhou para onde ele indicava e naquele momento Winton puxou da pistola e cravou-a entre as costelas do jovem.
— Bem — advertiu. — Mãos no ar.
No «saloon» ouve uma reviravolta de assombro, enquanto as bailarinas se afastavam para o lado, gritando e Ned se tornava muito pálido. Kleber, com toda a tranquilidade, obedeceu às ordens do xerife.
— Se alguém me atacar, a primeira bala será para Kleber — disse o xerife. — Agora não se mova; vou tirar-lhe as pistolas.
Stuart permaneceu imóvel, sentindo o frio da arma pegada ao seu corpo. Era um contacto pouco agradável, que o irritava, mas ao mesmo tempo se tornava ridículo. Nenhum xerife se atreveria a fazê-lo daquela maneira. Winton, entretanto, tirava-lhe as pistolas e ordenava:
— Vamos.
Imaginava a sua saída do local, conduzindo prisioneiro o temível Kleber. Desde aquele momento, o seu nome seria um dos mais famosos de todo o Oeste.
Stuart obedeceu sem protestar, mantendo as mãos ao alto. Avançava em silêncio para a porta. Winton supunha que o medo não o deixava falar. Ao fim e ao cabo, era muito possível que lhe estivesse guardada uma corda. Ser ele o homem que levaria à forca Stuart Kleber valeria para que todos o respeitassem. De repente Kleber começou a deter a marcha, como se não lhe agradasse sair dali.
— Não pode fazer isso, xerife -- disse. — Não tem nenhuma acusação contra mim.
Winton, orgulhoso e satisfeito de si mesmo, empurrou-o com o revólver enquanto dizia:
— Siga para a frente. E mais vale que não cometa parvoíce. Tenho o dedo nervoso e o revólver junto às suas costas.
Como Kleber não lhe obedecesse, empurrou-o de novo. Isto era o que Stuart queria. Mais tarde foi difícil explicar como tinha sucedido tudo. Os presentes tiveram a sensação de que o xerife ia alojar uma bala no corpo de Kleber, mas nesse instante, impulsionada por um pontapé do jovem, a arma saiu despedida pelo ar.
Winton encontrou-se desarmado e quando foi empunhar um dos revólveres do pistoleiro que tinha prendido no cinto, o punho de Kleber estatelou-se contra a sua mandíbula. Tudo girou em torno dele e pareceu-lhe elevar-se até ao céu. Depois voltou a cair aturdido.
Quando entreabriu os olhos, encontrava-se no chão e o outro tinha-lhe tirado os revólveres, que voltavam a luzir nas fundas. Winton pôs-se em pé, aterrado temendo que ele o assassinasse. De improviso, Kleber agarrou-o pela camisa e puxou-o para si.
— Aborrecem-me os traidores — disse.
Winton julgou que ia morrer e gemeu:
— A culpa não é minha, Kleber. Juro-lhe.
O jovem tirou-lhe a «estrela» e lançou-a para a rua. Desde então, Winton contemplava-o com terror, enquanto o outro, na porta ainda, o mirava desdenhoso. De repente Kleber disse algo a um empregado e este trouxe-lhe o revólver do xerife. Stuart entregou-o a Winton.
— Agora estamos iguais. Luta, Winton.
Mas Winton não estava disposto a expor-se. Aturdido, mirou-o negando com a cabeça. Então, Kleber arrojou-lhe com desprezo a «estrela» de xerife que fora buscar à rua.
— Aí tens o teu emblema. Se queres lutar recolhe-o. Caso contrário, vai-te depressa.
Não foi necessário que o voltassem a repetir. Winton pôs--se em pé e desatou a correr a toda a velocidade.
— Winton — disse o velho rancheiro, — creio que não são necessárias muitas explicações: necessitamos que imponha a ordem antes que aconteça o pior.
O xerife humedeceu os lábios.
— Tenho contido os tumultos o melhor que posso — explicou. — Ontem mesmo, sem ir mais longe, tive de enfrentar-me com uns desordeiros que tentavam um linchamento.
Reed atalhou de mau modo:
— Sabe muito bem o que queremos dizer. Isto era uma cidade tranquila e nós procurámos sempre conservá-la assim. Alguém chegou e tem sido um mau exemplo. É por aí onde terá de cortar o mal.
Winton engoliu a saliva. Todos pareciam estar de acordo para exigir-lhe que se deixasse matar. Enfrentar-se com Kleber, era caminhar para a morte.
— Não cometeu nenhum crime... — atreveu-se Winton dizer.
— Ontem teve uma luta na rua, por causa de uma mulher —disse Reed. —Se continua assim, isto aqui será pior do que Tombstone. Enfrente-o de uma vez.
Sem mais palavras, saíram todos do escritório, deixando o xerife entregue à sua sorte. Que poderia fazer? De que meios se valeria para aparece diante daqueles homens que não tinham outra lei senão a do revólver?
De novo se abriu a porta para deixar passar Caldwell, que olhou sorridente.
— Parece-me que o melhor que tenho a fazer, é apoiar a petição de Roberts e dos seus amigos.
O xerife contemplou-o em silêncio.
— Você teve negociações com Kleber! — acusou Wintor.
Caldwell desatou a rir.
—E depois? Isso não tem nenhuma importância, mas já sabe o que pode acontecer senão o atacar. Deve expulsá-lo da cidade — disse firmemente. —Todo o pistoleiro tem falhas. Sei que é difícil que Kleber se descuide, mas isso suceder-lhe-á um dia qualquer. Não percebeu ainda que tarda muito em decidir-se a lutar e fala durante bastante tempo? Aproveite enquanto ele fala para se colocar de modo que esteja a seu lado e então... Não lhe diga cara a cara que o vai deter. Ele não deve esperar o ataque. Acredite, se fizer assim, triunfará.
Winton contemplou, com surpresa, o seu interlocutor. Na verdade, ainda não tinha pensado nisso. Caldwell continuou:
— Se o detiver, terá a minha amizade para sempre. E farei com que o elejam novamente para o cargo. Mas, agora, tem de me servir se quiser a minha ajuda.
Winton compreendeu que não tinha outra saída e decidiu fazer o que lhe indicavam. Sim, o melhor era surpreender Kleber antes que ele desse conta. Então poderia desarmá-lo e levá-lo para o calabouço. Seria o seu maior triunfo e mais ninguém se atreveria a discutir a sua autoridade. E, decidido, saiu para a rua.
Caldwell sorria com ar de triunfo. A cidade seria sua, tal como tinha previsto. Dusty Parker seria quem se encarregaria de consegui-lo e se as coisas não corressem bem, ele próprio empunharia o revólver.
No «saloon» não prestaram muita atenção à entrada do xerife, ainda que o não vissem com frequência. Como não tinham contas pendentes com a Lei...
Ned não se preocupou e acercou-se dele para o saudar com um sorriso.
— Bons-dias, xerife. Que vai ser? A casa paga.
Winton decidiu:
— «Whisky»! —E acrescentou de seguida: —Tomá-lo-ei naquele canto.
Era onde Kleber se encontrava sozinho. O álcool iria fazer falta. A presença do seu inimigo, apesar da sua atitude pacífica, excitava-lhe os nervos. O melhor era animar-se com o álcool e depois dirigir-se a ele, simulando naturalidade e depois detê-lo. Caldwell tinha razão.
Ned, surpreendido, seguiu-o, até que o xerife se encontrou junto do rapaz.
— Importa-se que beba um trago na sua companhia? — perguntou Winton.
— Não faltava mais nada —animou-o Kleber. — O senhor é um convidado, Winton.
— Pelo que ouço, sabe o meu nome, Kleber — disse o outro.
— Todos o conhecem por aqui.
Ned tinha servido o «whisky» e o xerife levou-o aos lábios, decidido a bebê-lo dum trago.
— É um bom «whisky» — disse.
— Tratamos bem os clientes — declarou Ned.
Winton começou a examinar o seu interlocutor, enquanto tirava uma bolsa de tabaco e explicava:
— A cidade anda um pouco revoltada.
Kleber assentiu:
— Isso acontece sempre quando uma cidade começa a crescer. É uma etapa pela qual todas passam.
Winton olhou à sua volta. No «saloon», àquelas horas, encontravam-se poucos clientes e as bailarinas falavam com eles. Ninguém se decidiria a intervir na luta e poderia actuar a seu gosto. Mas se não havia ali ninguém capaz de ajudar Kleber, havia, no entanto, bastante gente que poderia relatar a sua façanha a todo o mundo.
— Você tem tido ultimamente alguns tropeços disse o xerife.
Kleber confirmou:
— Vêm procurar-me e eu nunca fujo ao ataque.
— Sim, assim parece. Mas é preferível que o evite — disse Winton. — Você já não necessita adquirir fama de valente: já a tem.
Winton alegrava-se de si mesmo e sentia-se maravilhosamente inteligente pela maneira como se estava a conduzir. Enquanto distraía o outro, tiraria o revólver.
— Vejo que têm uma nova empregada disse, de súbito.
— Nova? — repetiu Kleber. — Creio que não!
— Então quem é aquela rapariga? — perguntou Winton, apontando para o outro extremo da sala.
Kleber olhou para onde ele indicava e naquele momento Winton puxou da pistola e cravou-a entre as costelas do jovem.
— Bem — advertiu. — Mãos no ar.
No «saloon» ouve uma reviravolta de assombro, enquanto as bailarinas se afastavam para o lado, gritando e Ned se tornava muito pálido. Kleber, com toda a tranquilidade, obedeceu às ordens do xerife.
— Se alguém me atacar, a primeira bala será para Kleber — disse o xerife. — Agora não se mova; vou tirar-lhe as pistolas.
Stuart permaneceu imóvel, sentindo o frio da arma pegada ao seu corpo. Era um contacto pouco agradável, que o irritava, mas ao mesmo tempo se tornava ridículo. Nenhum xerife se atreveria a fazê-lo daquela maneira. Winton, entretanto, tirava-lhe as pistolas e ordenava:
— Vamos.
Imaginava a sua saída do local, conduzindo prisioneiro o temível Kleber. Desde aquele momento, o seu nome seria um dos mais famosos de todo o Oeste.
Stuart obedeceu sem protestar, mantendo as mãos ao alto. Avançava em silêncio para a porta. Winton supunha que o medo não o deixava falar. Ao fim e ao cabo, era muito possível que lhe estivesse guardada uma corda. Ser ele o homem que levaria à forca Stuart Kleber valeria para que todos o respeitassem. De repente Kleber começou a deter a marcha, como se não lhe agradasse sair dali.
— Não pode fazer isso, xerife -- disse. — Não tem nenhuma acusação contra mim.
Winton, orgulhoso e satisfeito de si mesmo, empurrou-o com o revólver enquanto dizia:
— Siga para a frente. E mais vale que não cometa parvoíce. Tenho o dedo nervoso e o revólver junto às suas costas.
Como Kleber não lhe obedecesse, empurrou-o de novo. Isto era o que Stuart queria. Mais tarde foi difícil explicar como tinha sucedido tudo. Os presentes tiveram a sensação de que o xerife ia alojar uma bala no corpo de Kleber, mas nesse instante, impulsionada por um pontapé do jovem, a arma saiu despedida pelo ar.
Winton encontrou-se desarmado e quando foi empunhar um dos revólveres do pistoleiro que tinha prendido no cinto, o punho de Kleber estatelou-se contra a sua mandíbula. Tudo girou em torno dele e pareceu-lhe elevar-se até ao céu. Depois voltou a cair aturdido.
Quando entreabriu os olhos, encontrava-se no chão e o outro tinha-lhe tirado os revólveres, que voltavam a luzir nas fundas. Winton pôs-se em pé, aterrado temendo que ele o assassinasse. De improviso, Kleber agarrou-o pela camisa e puxou-o para si.
— Aborrecem-me os traidores — disse.
Winton julgou que ia morrer e gemeu:
— A culpa não é minha, Kleber. Juro-lhe.
O jovem tirou-lhe a «estrela» e lançou-a para a rua. Desde então, Winton contemplava-o com terror, enquanto o outro, na porta ainda, o mirava desdenhoso. De repente Kleber disse algo a um empregado e este trouxe-lhe o revólver do xerife. Stuart entregou-o a Winton.
— Agora estamos iguais. Luta, Winton.
Mas Winton não estava disposto a expor-se. Aturdido, mirou-o negando com a cabeça. Então, Kleber arrojou-lhe com desprezo a «estrela» de xerife que fora buscar à rua.
— Aí tens o teu emblema. Se queres lutar recolhe-o. Caso contrário, vai-te depressa.
Não foi necessário que o voltassem a repetir. Winton pôs--se em pé e desatou a correr a toda a velocidade.
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