A cantina estava repleta de vaqueiros e de cavaleiros sujos c barbudos. O álcool corria livremente e os ânimos estavam muito exaltados.
Havia os que falavam das ações de Stuart Kleber, referindo como matou os seus três inimigos e aqueles que presenciaram a luta viam-se rodeados de um grupo que os convidava a beber.
Um vaqueiro jovem e sujo, de olhar turvo pelo álcool, contemplou aquele que se estava referindo à proeza de Kleber e perguntou:
— Acreditas, de verdade, que esse tipo seja tão rápido como dizem?
— Sim, é como um raio!
O vaqueiro sorriu, divertido.
— Mais rápido do que eu?
Sem mais palavras, empunhou o «Colt» e premiu o gatilho, disparando sobre uma estante com garrafas. O estampido sobressaltou os clientes, que se voltaram levando a mão ao revólver. O proprietário lançou um grito e corajosamente avançou ao encontro do vaqueiro.
— Não admito tiroteios na minha casa — disse com pressão agressiva. — Isto quero que fique bem claro.
Mas o vaqueiro desejava manter a atenção dos outros sobre si.
— Amigo, aqui só se fala com o «Colt».
O locatário olhou-o dos pés à cabeça. Era um adversário perigoso, pois estava bêbado, mas outros, piores do que ele, já se haviam enfrentado consigo.
-- Digo-lhe que se vá embora.
O vaqueiro brincou com o revólver e convidou:
— Vem pôr-me na rua...
Por momentos, ambos ficaram silenciosos, olhando-se. Os clientes puseram-se a um lado, esperando o resultado daquela disputa que não tardaria a resolver-se.
O taberneiro, como muitos do Oeste, tinha o revólver debaixo do avental.
— Leva-me vantagem — disse o vaqueiro. —Tem a arma na mão.
O outro sorriu e enfundou a arma.
— Agora estamos iguais.
De novo se olharam. O silêncio começava a pesar sobre todos aqueles que observavam a cena. Parecia não acabar. Mas, de repente o vaqueiro deitou a mão ao revólver. Quando soaram os estampidos, quase em uníssono, o proprietário cambaleou sem vida. O taberneiro imitou-o, mas foi um pouco mais lento. Enquanto os clientes rodeavam o vencedor e uma mulher se ajoelhava junto do corpo caído, dois cavaleiros de barba branca e rosto encarquilhado, olharam-se em silêncio para depois murmurarem:
— É o começo — disse um deles. — Sim, o exemplo de Kleber está-nos perdendo e a violência vai dominar tudo.
O «saloon» estava repleto de gente. A notícia da morte do taberneiro já não era mais do que um comentário passado, que nada podia interessar, sobretudo quando no «saloon» circulava uma mulher tão formosa como Cynthia, a bailarina. Esta, com um justo vestido de saia aberta, sorria ante os aplausos do público e os gritos de entusiasmo dos seus admiradores.
Beckette contemplava, satisfeito, a sala atestada de gente, com maior número de clientes que o seu rival. Não há dúvida nenhuma de que tinha feito uma boa aquisição.
Stuart Kleber não só o defendia como atraía público ansioso de ver de perto o grande homem e poder depois dizer aos seus amigos o que ele era na realidade. Este, afastado dos demais, sem reparar na admiração que todos mostravam por ele, encontrava-se num extremo do balcão, falando com um velho criado, que tinha uma profunda cicatriz na face.
— Tão pouco Cynthia tem mais público do que tu —disse o criado que lhe servia o «whisky». — És o homem da cidade.
Kleber sorriu encolhendo os ombros.
— Mais importante seria o que me matasse, tio Ned —respondeu, dando-lhe o apelido que amistosamente empregavam os vaqueiros às pessoas de idade. — Mas isso é mais difícil de conseguir do que parece.
Ned contemplou-o por instantes em silêncio.
— Já vi muitas fronteiras, Kleber — exclamou com uma expressão estranha. — E todos se julgam invencíveis até ao momento em que alguém os derruba.
Stuart respondeu:
— A mim isso não pode acontecer.
— Já foste ferido alguma vez, Kleber?
— Não, nunca.
Ned moveu a cabeça.
— É algo que destroça a vontade e o desejo de combater, Kleber. Tu sentes-te impotente ante os outros.
Havia os que falavam das ações de Stuart Kleber, referindo como matou os seus três inimigos e aqueles que presenciaram a luta viam-se rodeados de um grupo que os convidava a beber.
Um vaqueiro jovem e sujo, de olhar turvo pelo álcool, contemplou aquele que se estava referindo à proeza de Kleber e perguntou:
— Acreditas, de verdade, que esse tipo seja tão rápido como dizem?
— Sim, é como um raio!
O vaqueiro sorriu, divertido.
— Mais rápido do que eu?
Sem mais palavras, empunhou o «Colt» e premiu o gatilho, disparando sobre uma estante com garrafas. O estampido sobressaltou os clientes, que se voltaram levando a mão ao revólver. O proprietário lançou um grito e corajosamente avançou ao encontro do vaqueiro.
— Não admito tiroteios na minha casa — disse com pressão agressiva. — Isto quero que fique bem claro.
Mas o vaqueiro desejava manter a atenção dos outros sobre si.
— Amigo, aqui só se fala com o «Colt».
O locatário olhou-o dos pés à cabeça. Era um adversário perigoso, pois estava bêbado, mas outros, piores do que ele, já se haviam enfrentado consigo.
-- Digo-lhe que se vá embora.
O vaqueiro brincou com o revólver e convidou:
— Vem pôr-me na rua...
Por momentos, ambos ficaram silenciosos, olhando-se. Os clientes puseram-se a um lado, esperando o resultado daquela disputa que não tardaria a resolver-se.
O taberneiro, como muitos do Oeste, tinha o revólver debaixo do avental.
— Leva-me vantagem — disse o vaqueiro. —Tem a arma na mão.
O outro sorriu e enfundou a arma.
— Agora estamos iguais.
De novo se olharam. O silêncio começava a pesar sobre todos aqueles que observavam a cena. Parecia não acabar. Mas, de repente o vaqueiro deitou a mão ao revólver. Quando soaram os estampidos, quase em uníssono, o proprietário cambaleou sem vida. O taberneiro imitou-o, mas foi um pouco mais lento. Enquanto os clientes rodeavam o vencedor e uma mulher se ajoelhava junto do corpo caído, dois cavaleiros de barba branca e rosto encarquilhado, olharam-se em silêncio para depois murmurarem:
— É o começo — disse um deles. — Sim, o exemplo de Kleber está-nos perdendo e a violência vai dominar tudo.
O «saloon» estava repleto de gente. A notícia da morte do taberneiro já não era mais do que um comentário passado, que nada podia interessar, sobretudo quando no «saloon» circulava uma mulher tão formosa como Cynthia, a bailarina. Esta, com um justo vestido de saia aberta, sorria ante os aplausos do público e os gritos de entusiasmo dos seus admiradores.
Beckette contemplava, satisfeito, a sala atestada de gente, com maior número de clientes que o seu rival. Não há dúvida nenhuma de que tinha feito uma boa aquisição.
Stuart Kleber não só o defendia como atraía público ansioso de ver de perto o grande homem e poder depois dizer aos seus amigos o que ele era na realidade. Este, afastado dos demais, sem reparar na admiração que todos mostravam por ele, encontrava-se num extremo do balcão, falando com um velho criado, que tinha uma profunda cicatriz na face.
— Tão pouco Cynthia tem mais público do que tu —disse o criado que lhe servia o «whisky». — És o homem da cidade.
Kleber sorriu encolhendo os ombros.
— Mais importante seria o que me matasse, tio Ned —respondeu, dando-lhe o apelido que amistosamente empregavam os vaqueiros às pessoas de idade. — Mas isso é mais difícil de conseguir do que parece.
Ned contemplou-o por instantes em silêncio.
— Já vi muitas fronteiras, Kleber — exclamou com uma expressão estranha. — E todos se julgam invencíveis até ao momento em que alguém os derruba.
Stuart respondeu:
— A mim isso não pode acontecer.
— Já foste ferido alguma vez, Kleber?
— Não, nunca.
Ned moveu a cabeça.
— É algo que destroça a vontade e o desejo de combater, Kleber. Tu sentes-te impotente ante os outros.
*
Caldwell contemplou os dois vaqueiros que se encontravam diante dele.
— Já ouviram a minha proposta. Será que não vos atreveis a levá-la a cabo?
Os vaqueiros olharam-se em silencio e depois um deles falou:
— Não é fácil o que nos pede, senhor Caldwell.
Caldwell largou uma risada nervosa.
— Vamos, que classe de gente sois? Pago-lhes bem e ainda querem que as coisas sejam fáceis? Porque havia eu de lhes dar essa quantia?
Um deles insinuou:
— Suba vinte dólares mais.
— Por cabeça — acrescentou o outro.
Caldwell debruçou-se diante deles.
— E se lhes der o que pedem, quando se decidem?
— Esta mesma noite.
Caldwell assentiu:
— Está bem. Sejam vinte dólares mais por cabeça. E o que ficar vivo ficará com tudo. — Fez uma pausa e continuou: — E depois, terei mais trabalho para vocês. Eu nunca esqueço quem me serve bem.
Os vaqueiros sorriram pela primeira vez.
—Não terá de que se queixar.
Cynthia concluíra o seu número e um vaqueiro bêbado acercou-se dela, sorrindo com um ar estúpido.
— Rapariga, agora tens de vir beber comigo.
A bailarina, com o seu melhor sorriso profissional, respondeu:
— Sinto, querido, mas agora não pode ser. Estou muito ocupada. Será outro dia, sim, rapaz?
Mas ao vaqueiro a resposta pareceu não lhe agradar insistiu:
—O meu dinheiro vale tanto como o de outro e hás de acompanhar-me. Para isso aqui estás.
Cynthia resolveu que era mais cómodo ir-se embora e afastou-se sem dar resposta. O vaqueiro, enfurecido, agarrou-a por um braço, puxando-a com força.
— Vamos, rapariga, vem cá.
Cynthia deu um grito de dor, ao mesmo tempo que dizia:
—Solta-me, bruto, solta-me!
O vaqueiro ria, enquanto a arrastava para uma mesa e lhe vociferava:
— Vim a este «saloon» para me divertir à grande e hei de consegui-lo.
Naquele momento, Kleber, abrindo passagem por entre a multidão, acercou-se dele e tocou-lhe no ombro:
— Vamos, rapaz, não é preciso tanto alvoroço.
Os clientes contiveram a respiração, imaginando que algo de grave se iria passar. O vaqueiro não se sentia bastante sereno não se dando conta de que estava em perigo, e Kleber não era dos que perdoavam. Como todos previam, o vaqueiro voltou-se, furioso, encarando o jovem:
—Solta-me, assassino! Eu não tenho nada a tratar com homens da tua classe.
Kleber manteve a sua expressão tranquila.
— Vamos, rapaz vai para casa. E o melhor que podes fazer.
Mas o outro sentia-se valente e ripostou:
—Se não te vais embora, parto-te a cabeça com um soco.
E antes que o jovem pudesse responder, o borracho dirigiu-lhe um formidável direto ao queixo. Kleber esquivou a cabeça e o outro perdeu o equilíbrio. Então, Stuart dirigiu--lhe um gancho à mandíbula.
O vaqueiro deu um salto para trás, como que impulsionado por uma estranha força e ficou sem sentidos. Kleber fez um sinal a um dos criados e ordenou:
— Vamos, tira-o daqui.
Quando se dispunha a regressar ao balcão, Cynthia deteve-o, sorrindo-lhe:
—Stuart, quero agradecer-te.
Os clientes sentiam-se defraudados, mas muitos deles discutiam a força do golpe que abateu o bêbado e a firmeza co que o jovem tinha respondido ao ataque. Se alguém tentasse vencê-lo, só com as mãos, teria perdido igualmente. Kleber sorriu.
— Não é necessário agradeceres-me. Não fiz mais que cumprir a minha obrigação ainda que, neste caso, essa obrigação me fosse agradável.
Cynthia crispou os lábios.
— Creio que tu e eu, poderíamos chegar a ser muito bons amigos, Stuart.
Kleber contemplou-a por instantes: formosa, sedutora, insinuante. Sorriu mais uma vez e disse:
— A minha amizade já tu a tens, mas devo voltar para o meu posto.
Cynthia ficou algo surpreendida, contemplando-o em silêncio. Era a primeira vez que isto lhe sucedia. Até ali, bastava fazer um sinal a um homem para que este acudisse, pressuroso, a seu lado. Contemplou de novo o jovem. Era muito diferente de todos os pistoleiros com quem até ali tinha tratado e também muito mais atrativo. Kleber ocupou o seu posto junto de Ned. Certamente que era muito formosa a bailarina e, uns dias antes, certa mente não teria deixado passar despercebida a insinuação.
No entanto, desde que travara conhecimento com aquela jovem que tinha tão altos ideais e uma conversa tão profunda, sentia-se deslumbrado pela luz dos seus olhos. Nem sequer a criada da taberna, com a qual estava em magníficas relações, o tinha feito esquecer.
Naquela manhã tinham passeado a cavalo e tinham ficado mais unidos do que nunca. Ansiava, portanto, voltar a encontrar-se com ela e escutar a sua voz, revendo-se nos seus olhos. Nenhuma mulher o tinha impressionado tanto como aquela jovem, por quem sentia já tão profunda paixão.
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