Wendy contemplava as obras da nova escola, que avançavam lentamente. Uns operários mestiços trabalhavam com vontade para que as crianças se pudessem sentir ali comodamente. À jovem parecia ver já a sala repleta de crianças, junto do quadro onde ela explicava as lições. Bem depressa, muito depressa, seria possível ver realizados os seus sonhos. E tudo havia começado graças ao dinheiro com que Stuart contribuiu.
Ruborizou-se ao dar conta de que já lhe chamava pelo seu nome e que os seus pensamentos se dirigiam muito para ele. «Que significava aquilo?» Ficou enleada ao pensar que a resposta lhe fazia medo e, ao mesmo tempo, lhe dava uma grande alegria.
Dirigiu-se ao mestiço encarregado dos operários:
— Baldwin, amanhã tudo deve estar concluído, não é verdade?
Ele assentiu:
— Com certeza, senhorita.
Era, portanto, preciso afastar aquele homem da sua vida. Não podia continuar a pensar nele. Naquele momento ouviu uma voz que dizia:
— Isto é o que me fazia falta.
Baldwin, inquieto, aconselhou:
— Não faça caso, senhorita.
Surpreendida, a jovem ia perguntar o que sucedia quando ouviu uma voz, alterada pela bebida, que dizia:
— Essa rapariga é para mim.
—Calma, rapazes, tiraremos à sorte. Mas primeiro vamos falar. Antes que desse conta do que estava a acontecer, a jovem viu-se rodeada por três vaqueiros sujos e de olhos turvos pelo álcool, sorrindo selvaticamente.
— Vem connosco — disse um deles.
— Sim, vamos divertir-nos de verdade — continuou o segundo, que cambaleava.
O terceiro, por sua vez, não fez mais que rir estupidamente. Baldwin deu um passo em frente, exclamando:
— Deixem-na em paz!
Um dos vaqueiros voltou-se com presteza e deu-lhe um soco na cabeça. Baldwin cambaleou aturdido, sangrando.
— Assim, aprenderás a não te meteres no que não te diz respeito.
O que se encontrava mais próximo da jovem agarrou-a por um braço:
— Vamos, vem connosco.
Wendy gritou, assustada e bateu com fúria no que a sujeitava. As suas forças, porém, não podiam medir-se com as daquele homem que a arrastava violentamente. Mas, do súbito, uma voz autoritária e dominadora gritou:
— Quietos, todos!
A jovem, num esforço, voltou-se e os vaqueiros fizeram o mesmo ao verem Stuart, que avançava decidido, direito a eles. Wendy estremeceu. Bem sabia que esse homem a salvaria, mas compreendeu o perigo em que ele se encontrava. É que Stuart levava as armas enfundadas e um dos homens já tinha uma empunhada. Mas, com grande espanto seu, viu como os três homens se afastavam dela, pálidos e aterrorizados, como se só a presença de Kleber bastasse para os aturdir.
— Esta espécie de homens por aqui? — perguntou o jovem sem fazer o menor caso do revólver que o outro tinha. — Merecem que os trate a chicote, como as mulas.
A jovem sentia-se maravilhada perante o que via. A atitude de Stuart era dominadora e ao mesmo tempo serena. Resplandeciam as suas pupilas e na sua expressão notava-se a agressividade que aterrorizava, mas que, ao mesmo tempo subjugava.
— Não são melhores que os coiotes — prosseguiu — e há que persegui-los como animais selvagens. Vou dar-lhes o tratamento que merecem.
Naquele momento, o que estava armado advertiu:
— Cuidado, porque eu...
Não concluiu a frase. De um salto, o rapaz arrebatou-lhe a arma e descarregou-lhe um direto aos queixos que o lançou como um fardo contra a parede, sangrando e aturdido.
O jovem voltou-se para os outros dois e olhou-os em silêncio. Lentamente aproximou a mão do revólver. Toda a valentia dos seus inimigos segundos depois, diante da perspetiva de terem de se enfrentar com o temível pistoleiro. Pálidos e trementes gritaram, suplicando e gemendo:
— Não, não, por favor...
Wendy compreendeu que Stuart ia disparar e segurando-lhe o braço, suplicou:
— Não, Stuart, não dispare. Kleber baixou o braço.
— Pede-me e eu não lho posso negar, Wendy. Mas não quero que vão assim.
De novo lançou a direita com grande rapidez contra a mandíbula do que se encontrava à sua esquerda, lançando o outro punho ao que estava à direita. Ambos caíram para trás, aturdidos e doridos. Kleber ordenou:
— Fora daqui e levem esse imbecil.
Sem protestarem, arrastaram o seu companheiro, que começava a restabelecer-se do tremendo golpe recebido. Stuart voltou-se então solícito para a jovem e pondo-lhe a mão no braço perguntou:
— Como se sente, Wendy?
Ela sorriu debilmente.
—Já estou bem. Obrigada, Stuart.
O nome dele tinha saído espontaneamente. Naquele momento Baldwin ergueu-se do chão e levou a mão ao ferimento do crânio. Stuart voltou-se para ele.
— Como te encontras?
O mestiço sorriu.
— Ainda não estou morto.
O rapaz estendeu-lhe duas moedas de dólar.
— Curaste e bebe alguma coisa: Isso te aliviará.
O mestiço voltou a sorrir.
— Obrigado, senhor Kleber. Por este preço, deixar-me-ei bater todos os dias.
O cavaleiro voltou-se para a jovem:
— Será melhor retirarmo-nos daqui.
Acompanhou-a até junto do cavalo e ajudou-a a montar. Depois saltou sobre o seu e os dois avançaram a trote curto, afastando-se da povoação.
Wendy não sabia que pensar daquele homem, endurecido e amável. Havia-o considerado um cavaleiro como tantos outros, mas não podia imaginar que exercesse sobre alguns uma influência tão grande. A sua maneira de pôr fim ao conflito tinha sido contundente. Inclusivamente, bastou uma só das suas mãos para desarmar aquele bêbado. E todos pareciam temê-lo, até o mestiço. Avançaram até umas árvores e ali se detiveram a descansar. O rapaz ajudou-a a descer e sorriu-lhe.
— Às vezes, as cidades mais ricas são as mais desagradáveis! — disse ele.
Para Stuart só eram ricas aquelas cidades onde a Lei não imperava, pois eram as únicas onde tinha vivido e nas quais era possível obter grandeza. Wendy sorriu debilmente.
— Pelos vistos assim é, mas não devia ser.
— Em todas essas cidades de fama, como Dodge, Virgínia, S. Francisco ou Santa Fé, o sangue corre de mistura com o ouro. Há que ser mais rápido para vencer e poder subsistir.
Wendy moveu a cabeça, impressionada.
— Aqueles homens pareciam feras. Não tiveram pena de Baldwin, que era o único que pretendia defender-me. --Voltou a cabeça para o seu companheiro: —Graças a si, tudo acabou bem. Aqueles homens nem se atreveram a enfrentá-lo.
— Eram mais que cobardes.
— Mas estavam armados — insistiu a jovem. — Correu um grande perigo. Stuart negou com a cabeça.
— Não, não corria nenhum perigo — respondeu ele no código bárbaro e cavalheiresco da fronteira. — Quem maltrata uma mulher não é capaz de se enfrentar cara a cara com um homem.
Wendy olhou-o apaixonadamente:
— Mas eu agradeço da mesma maneira a sua intervenção. Eu vi o perigo e...
Stuart, incapaz de conter-se por mais tempo, acercou-se dela, tomou-lhe a mão e mostrando tudo o que sentia, acrescentou:
—Por si, Wendy, não há perigo que eu não suporte com prazer. Ainda que se tratasse de homens valentes, não me teria importado fazê-lo.
Por instantes olharam-se e, de repente, descobriram o que ambos sentiam e acharam-se nos braços ou do outro. Wendy, envolvida nos braços musculosos do cavaleiro que parecia querer defendê-la do mundo inteiro, levantou as suas mãos para as prender em volta do pescoço daquele homem que, enfim, compreendia amar desesperadamente.
Stuart viu junto do seu o formoso rosto da mulher que amava e a luz da paixão nos olhos claros, cuja recordação o perseguia constantemente. Inclinou-se buscando os lábios que, tremendo, se rendiam ao seus.
Ruborizou-se ao dar conta de que já lhe chamava pelo seu nome e que os seus pensamentos se dirigiam muito para ele. «Que significava aquilo?» Ficou enleada ao pensar que a resposta lhe fazia medo e, ao mesmo tempo, lhe dava uma grande alegria.
Dirigiu-se ao mestiço encarregado dos operários:
— Baldwin, amanhã tudo deve estar concluído, não é verdade?
Ele assentiu:
— Com certeza, senhorita.
Era, portanto, preciso afastar aquele homem da sua vida. Não podia continuar a pensar nele. Naquele momento ouviu uma voz que dizia:
— Isto é o que me fazia falta.
Baldwin, inquieto, aconselhou:
— Não faça caso, senhorita.
Surpreendida, a jovem ia perguntar o que sucedia quando ouviu uma voz, alterada pela bebida, que dizia:
— Essa rapariga é para mim.
—Calma, rapazes, tiraremos à sorte. Mas primeiro vamos falar. Antes que desse conta do que estava a acontecer, a jovem viu-se rodeada por três vaqueiros sujos e de olhos turvos pelo álcool, sorrindo selvaticamente.
— Vem connosco — disse um deles.
— Sim, vamos divertir-nos de verdade — continuou o segundo, que cambaleava.
O terceiro, por sua vez, não fez mais que rir estupidamente. Baldwin deu um passo em frente, exclamando:
— Deixem-na em paz!
Um dos vaqueiros voltou-se com presteza e deu-lhe um soco na cabeça. Baldwin cambaleou aturdido, sangrando.
— Assim, aprenderás a não te meteres no que não te diz respeito.
O que se encontrava mais próximo da jovem agarrou-a por um braço:
— Vamos, vem connosco.
Wendy gritou, assustada e bateu com fúria no que a sujeitava. As suas forças, porém, não podiam medir-se com as daquele homem que a arrastava violentamente. Mas, do súbito, uma voz autoritária e dominadora gritou:
— Quietos, todos!
A jovem, num esforço, voltou-se e os vaqueiros fizeram o mesmo ao verem Stuart, que avançava decidido, direito a eles. Wendy estremeceu. Bem sabia que esse homem a salvaria, mas compreendeu o perigo em que ele se encontrava. É que Stuart levava as armas enfundadas e um dos homens já tinha uma empunhada. Mas, com grande espanto seu, viu como os três homens se afastavam dela, pálidos e aterrorizados, como se só a presença de Kleber bastasse para os aturdir.
— Esta espécie de homens por aqui? — perguntou o jovem sem fazer o menor caso do revólver que o outro tinha. — Merecem que os trate a chicote, como as mulas.
A jovem sentia-se maravilhada perante o que via. A atitude de Stuart era dominadora e ao mesmo tempo serena. Resplandeciam as suas pupilas e na sua expressão notava-se a agressividade que aterrorizava, mas que, ao mesmo tempo subjugava.
— Não são melhores que os coiotes — prosseguiu — e há que persegui-los como animais selvagens. Vou dar-lhes o tratamento que merecem.
Naquele momento, o que estava armado advertiu:
— Cuidado, porque eu...
Não concluiu a frase. De um salto, o rapaz arrebatou-lhe a arma e descarregou-lhe um direto aos queixos que o lançou como um fardo contra a parede, sangrando e aturdido.
O jovem voltou-se para os outros dois e olhou-os em silêncio. Lentamente aproximou a mão do revólver. Toda a valentia dos seus inimigos segundos depois, diante da perspetiva de terem de se enfrentar com o temível pistoleiro. Pálidos e trementes gritaram, suplicando e gemendo:
— Não, não, por favor...
Wendy compreendeu que Stuart ia disparar e segurando-lhe o braço, suplicou:
— Não, Stuart, não dispare. Kleber baixou o braço.
— Pede-me e eu não lho posso negar, Wendy. Mas não quero que vão assim.
De novo lançou a direita com grande rapidez contra a mandíbula do que se encontrava à sua esquerda, lançando o outro punho ao que estava à direita. Ambos caíram para trás, aturdidos e doridos. Kleber ordenou:
— Fora daqui e levem esse imbecil.
Sem protestarem, arrastaram o seu companheiro, que começava a restabelecer-se do tremendo golpe recebido. Stuart voltou-se então solícito para a jovem e pondo-lhe a mão no braço perguntou:
— Como se sente, Wendy?
Ela sorriu debilmente.
—Já estou bem. Obrigada, Stuart.
O nome dele tinha saído espontaneamente. Naquele momento Baldwin ergueu-se do chão e levou a mão ao ferimento do crânio. Stuart voltou-se para ele.
— Como te encontras?
O mestiço sorriu.
— Ainda não estou morto.
O rapaz estendeu-lhe duas moedas de dólar.
— Curaste e bebe alguma coisa: Isso te aliviará.
O mestiço voltou a sorrir.
— Obrigado, senhor Kleber. Por este preço, deixar-me-ei bater todos os dias.
O cavaleiro voltou-se para a jovem:
— Será melhor retirarmo-nos daqui.
Acompanhou-a até junto do cavalo e ajudou-a a montar. Depois saltou sobre o seu e os dois avançaram a trote curto, afastando-se da povoação.
Wendy não sabia que pensar daquele homem, endurecido e amável. Havia-o considerado um cavaleiro como tantos outros, mas não podia imaginar que exercesse sobre alguns uma influência tão grande. A sua maneira de pôr fim ao conflito tinha sido contundente. Inclusivamente, bastou uma só das suas mãos para desarmar aquele bêbado. E todos pareciam temê-lo, até o mestiço. Avançaram até umas árvores e ali se detiveram a descansar. O rapaz ajudou-a a descer e sorriu-lhe.
— Às vezes, as cidades mais ricas são as mais desagradáveis! — disse ele.
Para Stuart só eram ricas aquelas cidades onde a Lei não imperava, pois eram as únicas onde tinha vivido e nas quais era possível obter grandeza. Wendy sorriu debilmente.
— Pelos vistos assim é, mas não devia ser.
— Em todas essas cidades de fama, como Dodge, Virgínia, S. Francisco ou Santa Fé, o sangue corre de mistura com o ouro. Há que ser mais rápido para vencer e poder subsistir.
Wendy moveu a cabeça, impressionada.
— Aqueles homens pareciam feras. Não tiveram pena de Baldwin, que era o único que pretendia defender-me. --Voltou a cabeça para o seu companheiro: —Graças a si, tudo acabou bem. Aqueles homens nem se atreveram a enfrentá-lo.
— Eram mais que cobardes.
— Mas estavam armados — insistiu a jovem. — Correu um grande perigo. Stuart negou com a cabeça.
— Não, não corria nenhum perigo — respondeu ele no código bárbaro e cavalheiresco da fronteira. — Quem maltrata uma mulher não é capaz de se enfrentar cara a cara com um homem.
Wendy olhou-o apaixonadamente:
— Mas eu agradeço da mesma maneira a sua intervenção. Eu vi o perigo e...
Stuart, incapaz de conter-se por mais tempo, acercou-se dela, tomou-lhe a mão e mostrando tudo o que sentia, acrescentou:
—Por si, Wendy, não há perigo que eu não suporte com prazer. Ainda que se tratasse de homens valentes, não me teria importado fazê-lo.
Por instantes olharam-se e, de repente, descobriram o que ambos sentiam e acharam-se nos braços ou do outro. Wendy, envolvida nos braços musculosos do cavaleiro que parecia querer defendê-la do mundo inteiro, levantou as suas mãos para as prender em volta do pescoço daquele homem que, enfim, compreendia amar desesperadamente.
Stuart viu junto do seu o formoso rosto da mulher que amava e a luz da paixão nos olhos claros, cuja recordação o perseguia constantemente. Inclinou-se buscando os lábios que, tremendo, se rendiam ao seus.
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