domingo, 27 de outubro de 2019

ARZ140.12 Perseguição Implacável chega a Deming

O homem que avançava penosamente entre os rochedos ouviu o cavalo relinchar segunda vez, o que parecia indicar que farejara à distância a presença de algum outro ser humano.
Pouco antes tinham-se ouvido tiros e a isso se devia o facto de o cavaleiro se ter desviado do seu caminho para se meter por aquele labirinto rochoso. Mas estava convencido de que, quando chegasse, já não encontraria o autor das detonações.
O relincho do cavalo fez-lhe conceber a esperança de que talvez ainda chegasse a tampo. Picou de esporas e obrigou-o a avançar mais depressa na escuridão, embora com risco de que o animal partisse uma pata.
 Pouco depois julgou distinguir um leve clarão entre umas rochas. Ao aproximar-se mais, viu que se tratava de uma fogueira prestes a extinguir-se. Em torno dela descobriu uns vultos que não tardou a verificar serem cadáveres de homens.
O recém-chegado desmontou e, à luz da fogueira, observou os rostos dos mortos. Conhecia-os, conhecia-os muito bem. Eram todos bandidos da fronteira, tipos que cometiam os seus crimes no Sul do Novo México, valendo-se da relativa impunidade que lhes proporcionava o poderem passar com facilidade de um país para o outro.
Eram procurados em vários condados, entre os quais o dele. Porque o homem que acabava de chegar à cena da matança e de desmontar junto da fogueira, não era senão o xerife Rocket. Desta vez vinha só. Nenhum pistoleiro a soldo o quisera seguir para capturar um tipo tão perigoso como Larsen e nenhum voluntário se oferecera também para aquele trabalho. E como Rocket não tinha autoridade para isso na região, tão--pouco pudera formar uma milícia. Mas ele continuava sozinho. Seguiria a pista até à última pegada, até ao fim.
— Até à morte de um dos dois.


Ao ver os cadáveres, a primeira coisa que pensou foi que o xerife daquele condado os surpreendera e lhes dera o que mereciam. Mas imediatamente pôs de parte essa ideia, porque um representante da Lei não teria desaparecido depois de um trabalho tão sinistro como aquele, deixando os cadáveres à disposição das feras. Além disso, um dos mortos recebera a descarga fatal à queima-roupa e quando não tinha armas. Entre isso e um assassínio, não descobriu Rocket diferença alguma. De modo que uma ruga profunda se lhe cavou na testa, enquanto procurava encontrar a causa de tudo aquilo.
Por fim, acabou por encolher os ombros com indiferença. Aquilo não lhe dizia respeito. Estava no Novo México para caçar Larsen e tudo o que o distraísse desse propósito só significava perder tempo.
Voltou a montar, tirou o cavalo dali e dirigiu-se a pouca velocidade para a povoação de Deming. Depois da fuga de Larsen, procurara-o por toda a parte, seguindo a pista mais lógica, ou seja, a que levava à fronteira mexicana. Mas, inexplicavelmente, em nenhum dos postos fronteiriços fora assinalada a passagem de Larsen. Todos os informadores estacionados ao longo da fronteira, e aos quais oferecera uma boa recompensa se falassem, pareciam ter estado cegos e mudos.
Contudo, Rocket sabia que, se tivessem visto passar Larsen, lho teriam dito. Por conseguinte, o fugitivo fizera o mais imprudente, isto é, ficar em alguma das povoações fronteiriças. Decisão inexplicável, tendo em conta que em qualquer delas a presença de um forasteiro chamava em seguida a atenção. Claro que o xerife ignorava a existência de Ingrid e os motivos que tivera o fugitivo para tomar semelhante decisão.
Mas a verdade é que Larsen estava encurralado, estava mais do que nunca na última fronteira. Um passo mais e cairia no inferno. O xerife não se importaria de apostar as suas mãos em como o encontraria em Deming.
Após uma meia hora de seguir a passo, distinguiu as luzes da pequena povoação. Deming parecia um lugar tranquilo, onde a presença de Larsen seria notada.
O xerife fez uma careta e pensou que talvez na manhã seguinte se enfrentassem os dois num duelo de morte. Mas primeiro precisava de descansar e por isso pediu alojamento no único hotel da povoação.
Pediu que lhe mostrassem o livro de registo e nele viu inscrito o nome de Larsen, que chegara poucos dias antes, de passagem. Nem sequer tomara a precaução de dar um nome falso. Muito bem: para lhe agradecer tantas facilidades, faria que o enterrassem com todas as honras.

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